7736 – Oceanos – O Mar do Norte está para surfistas


O Atlântico Norte está cada vez mais bravo. Na metade da década de 1980, cientistas constataram que a média de altura das ondas estava 25% maior que vinte anos antes. Recentemente, um estudo do Instituto Oceanográfico de Wormley, na Inglaterra, demonstrou que o crescimento continua: hoje as ondas são cerca de 50% maiores que nos anos 60, fenômeno que já tinha sido percebido pelos marinheiros veteranos e engenheiros responsáveis pelas plataformas de petróleo da região.
A causa das ondas mais altas intriga os cientistas, pois é certo que os ventos não aumentaram de intensidade nos últimos trinta anos. Ou seja, os maiores responsáveis pela formação das ondas não estão trabalhando com mais força. A hipótese mais verossímil é de que os ventos estejam simplesmente se orientando com mais freqüência numa mesma direção.

7735 – Curiosidades – Ouro no Quintal


Dinheiro não dá em árvore, mas pepitas de ouro podem brotar no seu jardim, se você tiver paciência para esperar uns 100 mil anos. Esse é o tempo que leva para microorganismos dissolverem o ouro de sua fonte original e condensar o mineral no quintal mais próximo.
Há muito tempo se pensava que o ouro só era encontrado junto de rochas como o quartzo. Mas o mineral começou a aparecer a quilômetros das jazidas e a despertar a curiosidade de pesquisadores. Reith pegou amostras de três diferentes tipos de solo da Austrália e colocou microorganismos para interagir com a terra. Descobriu que, nas jazidas, bactérias e fungos separam o ouro de outros minerais e fazem com que pequenas quantidades se dissolvam em água. Assim, o ouro pode viajar por lençóis freáticos. Esse ouro pode chegar à superfície se for absorvido pela raiz das plantas. Ou ser atacado novamente por bactérias que vão, dessa vez, formar pepitas.
A boa notícia é: “Pepitas de ouro cobertas por fósseis de micróbios foram achadas na Venezuela. É provável que também ocorram no Brasil, em regiões de chuva e altas temperaturas”. Agora é correr para o jardim e cavar.

Da jazida para o seu jardim
Na jazida microorganismos tornam o ouro solúvel por meio de reações químicas
A solução é levada pela água subterrânea por longas distâncias
Absorvido pelas raízes das plantas, o ouro é liberado na terra quando as folhas caem
Microorganismos condensam o ouro em pepitas. Com a erosão, elas surgem no solo 4 – Nesse ouro, aparecem microfósseis das bactérias.

7734 – Nutrição – Comer ovo pode ser tão ruim quanto fumar


É, melhor diminuir a presença do ovo no seu cardápio. Pesquisadores da Western University, no Canadá, descobriram que comer 3 ovos ou mais por semana pode fazer tão mal para a saúde quanto ser viciado em cigarros.
Eles mediram como estava a obstrução arterial de 1,2 mil homens, com idade média de 61,5 anos, que haviam procurado clínicas de saúde para fazer exames do coração. E pediram a eles para responder um questionário sobre o estilo de vida: uso de medicamentos, cigarros e consumo de ovos.
Entre os participantes com pouco mais de 40 anos, aqueles que comiam no mínimo 3 ovos por semana apresentavam um aumento significativo no acúmulo de placas de gordura nas artérias, em comparação aos que consumiam 2 ou menos. No geral, 20% dos fãs convictos de ovo tinham uma saúde arterial tão ruim quanto os mais viciados em nicotina – aqueles que fumam quase um maço por dia.
Essa gordura atrapalha o transporte de sangue pelo corpo e pode resultar em um infarto ou derrame. “Essa tendência em ignorar o colesterol como um fator de risco para doenças cardíacas precisa ser reavaliada, inclusive o consumo de colesterol proveniente das gemas de ovos”, diz a pesquisa.
Logo mais começam a vender ovos em embalagens enfeitadas com fotos medonhas e um alerta: o Ministério da Saúde adverte: ovo faz mal para o coração e pode matar.

7733 – Atmosfera – Ozônio, herói ou bandido?


A troposfera terrestre é a camada da atmosfera que vai da superfície até cerca de 12 quilômetros de altitude. Localizada sobre o Oceano Atlântico, entre a América do Sul e a África, a nuvem aparece todos os anos, desde 1984, durante os meses mais secos no Hemisfério Sul, de setembro a novembro. Conforme indicam as imagens dos satélites, a mancha de ozônio vem aumentando, tendo atingido, este ano, quase as dimensões do território brasileiro. Não se sabe o que a mancha está fazendo ali. As imagens mostram que a atmosfera do planeta tem outras manchas de ozônio, só que localizadas no Hemisfério Norte, próximas a grandes centros industriais. Estas não despertam tanto a atenção dos cientistas, pois são evidentes sinais de poluição. Mas a mancha no Atlântico está sobre um ecossistema natural, longe de qualquer centro urbano e, portanto livre de poluição.
Para determinar as causas do aparecimento do ozônio sobre o Atlântico, a NASA, agência espacial dos Estados Unidos, comanda um esforço internacional de pesquisa que reúne mais de 200 cientistas de treze países, do qual participam duas instituições brasileiras. É o projeto TRACE-A, sigla em inglês de Transporte e Química Atmosférica próximos ao Equador — Atlântico” um programa multidisciplinar de experimentos, com duração prevista de três anos, que pretende não só conhecer a origem da mancha de ozônio sobre o Atlântico, como também vai examinar in foco a concentração de gases de que é formada e determinar seu tamanho exato.
Em todas as reações de combustão, o monóxido de carbono está presente. Quando a queimada é muito extensa, como acontece em regiões de cerrado, na floresta tropical brasileira e nas savanas africanas, há uma grande liberação do gás que, na atmosfera, reage com a oxidrila (OH) e outros elementos. Depois de uma série de reações, surge o ozônio ( O3 ). Sobre as regiões industriais do Hemisfério Norte, o ozônio de baixa altitude é resultado da queima de combustíveis fósseis, como o carvão. No Atlântico Sul, é provável que ele tenha aparecido como resultado da queima de biomassa, ou seja, florestas e campos.
Nas primeiras medições feitas atmosfera do Brasil por estações do INPE, na Região Centro-Oeste, constataram concentrações de monóxido de carbono superiores às normais. Medidas complementares com resultados semelhantes foram realizadas em baixas altitudes por dois aviões Bandeirante, um do INPE e outro da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que participam do projeto TRACE – A. Os dados obtidos pelo DC – 8 da NASA confirmaram as pesquisas preliminares e apontaram o Estado do Tocantins como a principal fonte emissora de gases poluentes.

Na estratosfera o ozônio atua no papel de heroi
Em altitudes elevadas, na estratosfera, o ozônio forma um escudo que filtra a perigosa radiação ultravioleta emitida pelo Sol. protegendo a vida na Terra. O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida, detectado há sete; anos já mede 23.4 milhões de quilômetros quadrados quase três vezes o tamanho do Brasil. Ele é provocado pelo clorofluorcarbono, ou CFC, um gás usado em aerossóis e refrigeradores, que reage com os átomos de oxigênio e destrói a molécula de ozônio. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, cada redução de 1% no ozônio da estratosfera permitirá a passagem de raios ultravioleta em quantidade suficiente para cegar 100 000 pessoas que sofrem de catarata e aumentar os casos de câncer de pele em 3%. A exposição dos seres humanos a esses raios pode afetar as defesas imunológicas do organismo e acelerar o aparecimento de doenças infecciosas.

Gás tóxico, ao nível do mar o ozônio vira bandido
Gás azulado, formado por três moléculas de oxigênio, o ozônio em baixa altitude passa de protetor a ameaçador. Isso acontece porque ele é extremamente reativo, ou seja, seus átomos de oxigênio ligam-se facilmente a outras substâncias. Quando aspirado pelos animais, provoca reações de oxidação, reagindo com as substâncias químicas do corpo. O estrago começa já nas mucosas das vias respiratórias.
O ozônio queima – as. Nas plantas, a presença do ozônio é ainda mais devastadora. Quando os vegetais retiram o gás carbônico do ar, para realizar a fotossíntese, absorvem o ozônio junto. Reagindo também com as substâncias químicas da própria planta, o ozônio impede a fotossíntese. A planta não morre, mas definha ou cresce muito pouco. Quando isso acontece numa lavoura, não há salvação para a colheita.

7732 – Biologia Marinha – Óculos para ver imagem sonora


A perícia do golfinho como navegador está sendo estudada no computador capaz de reconstituir os contornos de sua cabeça, a partir de imagens desenhadas por um tomógrafo. A conclusão é que o crânio do animal contém sacos de ar que funcionam como uma espécie de lente de aumento – só que eles ampliam imagens sonoras, em vez de imagens luminosas. A explicação é que o golfinho vê como os morcegos: ele emite ondas sonoras que batem nos objetos e voltam, dando ao animal uma percepção do que está à sua volta. Ou seja, uma imagem sonora – só que os sacos de ar podem focalizar melhor esse retrato. Algo muito sofisticado, dizem pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos, autores do estudo. Outra descoberta é que provavelmente o som não é produzido pela laringe, mas por uma região de tecido gorduroso localizada na cabeça. Segundo James Aroyan, coordenador da pesquisa, essa região vibra, talvez como os lábios de um tocador de trompete.

7731 – Biologia – O pavão-branco é albino?


Ele é parcialmente albino. Esse pavão pertence a espécie Povo cristatus, conhecida como pavão-azul, mas se diferencia das outras variedades pela ausência quase total de melanina – substância o responsável pela cor – na sua pele e nas penas. “O albinismo do pavão é semelhante ao do homem, mas não é visto pelos criadores como uma anomalia”, explica um ornitólogo da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Por sua beleza, os criadores foram fazendo cruzamentos entre pavões que apresentavam alguma ausência de melanina, até chegar à variedade de pavões-brancos. O albinismo não atinge apenas o homem, mas também animais como aves, coelhos e ratos. Contudo, não conseguem sobreviver na natureza por muito tempo porque são muito mais sensíveis aos males causados pela luz do sol. Além disso, têm grande dificuldade em se esconder dos predadores naturais devido a sua cor.

7730 – Biologia – Onde fica o relógio biológico?


Este relógio é fundamental para manter vivo praticamente todos os seres, das borboletas às plantas – incluindo o homem, é claro! Ele é diferente do relógio mecânico, do relógio digital e do relógio de sol, mas sua função é a mesma: marcar o tempo. Na verdade, mais do que isso, pois cada atividade diária – do sono até a sensação de fome, passando pelo controle da pressão arterial – é virtualmente regulada pelo relógio biológico.
Mas onde ele fica e como funciona? Bem, o relógio não é algo palpável que se encontra em alguma parte obscura do corpo. Mas, sim, um intrincado sistema de glândula, hormônio e proteína que ainda não está totalmente desvendado. A melatonina, por exemplo, um neuro-hormônio liberado pela glândula pineal (situada na base do hipotálamo) é um importante ponteiro do relógio e tem grande influência sobre o sono. Sua secreção é determinada por estruturas fotossensíveis. À noite, no escuro, é o momento em que a melatonina circula em maior quantidade pelo organismo. Durante o dia, na presença da luz solar, sua liberação é suprimida.
O relógio biológico, porém, não funciona apenas com um ponteiro. Em 1999, pesquisadores descobriram mais um deles. Trata-se do peptídeo ativador da adenilciclase da glândula pituitária (PACAP). De acordo com os estudos feitos em animais, este peptídeo interage com o glutamato (um tipo de neurotransmissor) para “informar” o relógio sobre a luz ambiente. Tanto o glutamato como o PACAP parecem ser liberados numa razão proporcional à intensidade do estímulo luminoso. O PACAP faz o ajuste fino do sinal emitido pelo neurotransmissor e, os dois, em conjunto, abastecem o relógio com dados sobre a luz, permitindo que ele se atrase ou se adiante.
Dois ponteiros, portanto, já parecem ter sido encontrados. Sua engrenagem surgiu somente este ano e foi revelada pelo casal de pesquisadores James e Dorothy Morré. Eles constataram que uma única proteína (sem nome específico) pode ser responsável por toda a essência do funcionamento do relógio humano. Isso porque ela cuidaria do ciclo de expansão das células que, segundo o casal, dura 24 minutos (assim como o dia tem 24 horas). A proteína faria a célula crescer por 12 minutos e depois descansar por mais 12 antes de crescer novamente.

7729 – Sociedade – Poligamia gera mais filhas


Estudo realizado pelo antropólogo americano John Whiting, da Universidade Harvard, com Famílias de sete grupos étnicos do Quênia, concluiu que casamentos por poligâmicos em que um homem tem mais de um esposa- geram mais filhas do que filhos. Segundo Whiting, o fenômeno se explica pela conjugação de fatores. Como na poligamia as esposas dividem o mesmo marido, elas acabam tendo maior poder de decisão sobre a hora de estar com o parceiro e o procuram somente no momento de excitação.
Ou seja, exatamente quando começa a ovular, período que estaticamente, as mães tendem a gerar mais filhas. O antropólogo adverte, porém, que não está pregando a poligamia como método eficiente de seleção do sexo dos bebes: embora exista, a diferença entre o número de meninas e meninos não chega a ser significativa a ponto de justificar uma mudança de comportamento tão radical.

7728 – Biologia – Supermoscas mutantes e resistentes


Uma mutação recém descoberta pode dar às moscas devoradoras de frutas a resistência que exibem contra os inseticidas. A mutação atingiria os receptores gaba, que tem função de desligar certas células nervosas, mais podem ser desativados. Basta um inseticida se prenda aos receptores e os impeça de agir: como resultado, as moscas entrem em convulsões fatais por excesso de atividade nervosa. Mas nem todas. Algumas sofrem mudanças químicas essenciais em seus receptores gaba – eles deixam de reagir com o inseticida e não são mais desativados. O mais impressionante é que a mesma mutação foi detectada nos agentes 58 variedades de moscas-das-frutas, encontradas nos cinco continentes. Ou seja, as pragas parecem ter mobilidade inimaginada: estão circulando de uma região para outra e transferindo a mutação salvadora (do ponto de vista dela) para insetos ainda vulneráveis.

7727 – Neurociência – Gramática se aprende de fralda


Quem recebe noções básicas antes dos 3 anos de idade desenvolve um sistema de neurônios, no lado esquerdo do cérebro, só para processar esse tipo de informação. Essa notável sugestão foi feita por neurologistas do Instituto Salk, nos Estados Unidos, que compararam a atividade elétrica do cérebro de diversos voluntários em laboratório. Assim, verificaram que o grupo de neurônios “gramaticais” está sempre ativo nos americanos nativos ou em pessoas que imigraram nos primeiros anos de vida. Mas não se detecta a mesma atividade neuronal em pessoas que imigraram com mais de 3 anos ou nos surdos que só passam a ter contato com a gramática quando começam a escrever. Para os pesquisadores, se uma pessoa não aprende a falar no início da vida, nunca conseguirá dominar completamente a gramática.

7726 – Astrofísica – Mais sobre os buracos negros


Os buracos negros, que são os astros mais densos existentes, aparecem na natureza em duas categorias. Os menores têm massa entre três e dez vezes a massa do Sol e os maiores variam de 1 milhão a 1 bilhão de vezes a massa solar. Isso é o que dizem os especialistas, mas é um desafio conseguir provas concretas porque esses estranhos objetos não emitem luz. Por terem massa tão grande e tão concentrada, eles geram imensa força gravitacional, que é capaz de aprisionar até a luz que fosse emitida por sua superfície.
Mas há um meio de detectar a presença de um deles. É que, se houver gás nas vizinhanças, ele será atraído com violência para o astro escuro e, ao precipitar-se em sua direção, formando espirais em alta velocidade, se aquece e emite luz. Essa luz consegue escapar à gravidade porque é emitida antes que o gás alcance os limites do buraco.
Com isso abre-se uma possibilidade interessante: será que essa luz não teria características peculiares, isto é, que só aparecessem no brilho desses gases aquecidos? A vantagem é que, se essas características existirem, elas servirão como meio de identificar os buracos negros. Uma espécie de impressão digital desses astros.
Esse tipo de acontecimento é comum em ciência. Descobre-se alguma coisa, consegue-se uma boa explicação e, com base nisso, faz-se uma previsão. Se ela, em seguida, não puder ser confirmada, a explicação precisa ser revista. Mas, se houver confirmação, a credibilidade da explicação aumenta tremendamente. Nesse caso, a ideia de que a NGC 1097 tem um buraco negro em seu centro ficou muito forte.

7725 – Arqueologia – Ossada de Nicolau II


Crânios e pedaços de ossos enviados a laboratórios ingleses vão dizer se cinco esqueletos encontrados em uma cova na floresta de Ekaterinbourg, na Rússia, são mesmo do czar Nicolau II e de sua família. A polêmica em torno das ossadas vem desde 1991, quando o geofísico Alexander Avdonine encontrou uma sepultura, perto de uma vila onde teria se refugiado o monarca russo ao explodir a Revolução de 1917.
Até onde se sabe, a família real foi vista pela última vez na noite de 17 de julho de 1918, quando, talvez, tenha sido fuzilada: o czar, a czarina Alexandra e três dos cinco filhos do casal. O governo russo jamais confirmou a execução e, em vários países (inclusive no Brasil), há quem diga ser um dos dois herdeiros que escaparam do fuzilamento. De certo mesmo existem descendentes da família real na Inglaterra. Os ossos serão agora comparados com amostras de tecidos e de sangue para se estabelecer se são, de fato, do czar e sua família.

7724 – Flagrado o cometa Lemmon passando pelo céu


cometa lemmon

Um astrônomo amador de Poços de Caldas (a 466 km de Belo Horizonte), em Minas Gerais, fotografou no final da tarde de quarta-feira (27-02-2013) o momento em que o cometa Lemmon (C/2012 F6) cruzava o céu.
Por volta das 19h20, David Coutinho, fez o registro com sua câmera Nikon DSLR utilizando lentes de 50mm com tempo de exposição de 30s e ISO 2400.
Em destaque no quadro, o cometa Lemmon é representado por uma pequena mancha verde quase no centro da imagem. O comenta encontra-se a 172 milhões de quilômetros da Terra e possui um brilho esverdeado de nona magnitude (invisível a olho nu).
A coloração esverdeada é resultado de sua composição química. Os cometas são corpos celestes compostos por gelo, poeira e pequenos fragmentos rochosos cercado por um envoltório gasoso que se move em torno do Sol em trajetória mais excêntrica que a dos planetas e com maior grau de inclinação em relação à eclíptica –plano da órbita da Terra.
Segundo Coutinho, o interesse se “deve ao fato da raridade e beleza de fenômenos como estes, especialmente, a aparição de dois cometas no mesmo período de tempo”.
O cometa Lemmon (C/2012 F6), juntamente com o cometa PanSTARRS (C/2011 L4), encontram-se visíveis no Hemisfério Sul desde meados de janeiro, período em que se aproximam do Sol.

Trata-se de um cometa rasante descoberto em 21 de setembro de 2012 por Vitali Nevski de Vitebsk, Bielorrússia e Artyom Novichonok de Kondopoga, Rússia. A descoberta foi realizada utilizando um telescópio refletor de 400 mm de abertura do observatório da ISON nos arredores de Kislovodsk na Rússia.
Foram rapidamente obtidas imagens para precovery do Mount Lemmon Survey do dia 28 de dezembro de 2011 e do Pan-STARRS do dia 28 de janeiro de 2012.
A órbita preliminar mostra que o cometa atingirá o periélio (maior aproximação do Sol) no dia 28 de novembro de 2013 a uma distância de 0,012 UA (1 800 000 km) do centro do Sol Levando em conta o raio solar de 6,955×105 km o cometa passará aproximadamente a 110 000 km da superfície do Sol.

7723 – Águas de Março – Depois da tempestade vem a vida


Encarapitados nas folhas de lentilhas-d’água, pequenos insetos do grupo dos lepismatídeos, de corpo alongado e cauda franjada que lembram peixinhos de prata, se aquecem aos raios do sol, enquanto são embalados pelo suave balanço das ondas provocadas pelos besouros em sua incessante busca por comida. Espalhados um pouco adiante, alguns diminutos periscópios aparecem fora da água: são os condutos abdominais que permitem aos percevejos nepídeos e ao escorpião aquático respirarem. E mais abaixo, o mistério do desconhecido: uma infinidade de organismos ignorados e criaturas implacáveis que dão forma a um universo único e fascinante.
Charcos, tanques, diques, canais, lagoas, brejos, alagados, mangues ou pântanos: existem muitos nomes para designar essas pequenas massas de água que talvez constituam a manifestação da natureza que mais chama a atenção do homem.
E a característica mais notável desses lugares é a enorme biodiversidade que acumulam em tão pequeno espaço. Não devemos esquecer que a vida surgiu na água, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos. E ali permaneceu durante milhões de anos, até que começou a colonizar a terra. Hoje, muitas formas de vida desses alagados são incapazes de viver em terra firme, enquanto outras necessitam desses ecossistemas peculiares para desenvolver alguma fase de sua existência.
O motivo de semelhante acumulação de seres tão distintos entre si está na composição da água. Apesar de muitas vezes apresentarem um aspecto limpo e cristalino, os brejos estão longe de possuir água pura. A água pura não pode manter organismos vivos em seu interior durante muito tempo, ao contrário das águas naturais, que são ricas em substâncias gasosas e sólidas. Entre os gases, destacam-se o oxigênio e o dióxido de carbono. Outras matérias de grande importância são os nitratos, sulfatos, cloritos e fosfatos, além de minerais como o sódio, potássio, ferro, magnésio e cálcio. Sua maior ou menor abundância condiciona a presença de uma flora e uma fauna determinadas. Nas águas pobres em cálcio ficou comprovado que não sobrevivem caracóis nem outros moluscos aquáticos.
A falta de pureza das águas dos pântanos não significa que estejam contaminadas. Ao contrário: seus elementos são impurezas naturais que favorecem a proliferação da vida. Existem, entretanto, outras substâncias, como os óleos, detergentes e demais resíduos típicos de certas atividades humanas que sujam artificialmente as águas, ou seja, as contaminam. Então, o volume de vida que podem acolher é inversamente proporcional a seu grau de poluição: quanto mais contaminadas estejam as águas, menos organismos contêm.
Exemplos de espécies associados aos brejos são o sapo comum e, sobretudo, o sapo-corredor, que proliferam especialmente nesses tanques, acrescenta Dorda. Sua curta existência faz com que a qualquer momento, normalmente após um forte aguaceiro, se produza uma autêntica concentração desses anfíbios, em uma estratégia claramente oportunista com que evitam os predadores que se constituiriam em uma séria ameaça para a espécie.
Excluindo-se esses alagados temporários, os habitantes dos alagados naturais e dos tanques artificiais de uma mesma região são idênticos, exceto os animais exóticos introduzidos pelo homem. Além disso, todos esses espaços são colonizados de forma parecida.
Os mais madrugadores de todos são os insetos voadores: espécies como os mosquitos e outros dípteros são os primeiros a chegar, seguidos logo mais tarde pelas libélulas e os escaravelhos.
O vento e alguns animais — insetos, aves, anfíbios e pequenos mamíferos — são o meio de transporte adequado para que ovos de outros insetos, como os copépodos, um tipo de crustáceos de água doce e salgada, cheguem a um tanque. Pouco depois vêm outros crustáceos e moluscos, que chegam ainda como ovos nas patas das libélulas e dos escarevelhos.
Ao contrário do que ocorre em outras zonas úmidas, como os grandes lagos — onde se pode falar de uma estratificação em suas formas de vida, conforme ocorram em águas superficiais ou profundas —, as pequenas massas de água têm um único substrato, já que em geral são pouco profundas. Convém falar aqui do que os cientistas denominam película superficial; isto é, a superfície das águas. Sua função no mundo dos alagados é igual à da pele no corpo humano, isolando e separando a massa de água da atmosfera, abrigando formas de vida sumamente especializadas, como as larvas de mosquito, para citar apenas um exemplo bem conhecido.

No mundo dos invertebrados dos mangues, além da libélula, outras duas espécies ocupam o posto de grandes caçadores: os nepídeos, um tipo de percevejo parecido com o louva-deus, e o escorpião aquático. De corpo estreito e comprido, com os olhos grandes e negros sobressaindo de uma das extremidades e pernas longas e finas, os nepídeos têm o primeiro par de pernas semelhante ao do louva-deus. Da parte final da barriga sai um tubo pequeno e fino, que emerge da água e pelo qual ele respira. É também um nadador exímio e rápido, capaz ainda de caminhar pelo fundo dos brejos, onde se torna um caçador infalível atacando presas que podem chegar a seu próprio tamanho.
O escorpião aquático prefere as águas com lodo ou barro no fundo, onde oculta seu corpo maciço e de cor parda. Dotado de grandes e poderosas patas anteriores, nada com vigor para aproximar-se de suas vítimas e depois as domina com facilidade.
Os ditiscos, besouros que se adaptaram à vida na água, são outros grandes predadores dos charcos. Escaravelhos que trocaram sua primitiva vida terrestre pela aquática, eles constituem mais de 2 000 espécies, divididas por diversos ambientes aquáticos, como as correntes de montanhas, águas subterrâneas e determinadas zonas litorâneas marítimas, embora demonstrem uma clara preferência pelas águas doces estagnadas.
Habilíssimos caçadores, é freqüente ver um grupo de ditiscos devorando um alevino de peixe, um batráquio ou um caranguejo de rio. Por outro lado, possuem um surpreendente mecanismo de defesa, que consiste em uma série de orifícios que recobrem seu corpo longitudinalmente e através dos quais expelem um líquido fétido.
Sua adaptação à água é também curiosa: com relativa freqüência pode-se contemplar ditiscos carregando uma volumosa bolha de ar na parte traseira do abdômen enquanto mergulham. É a continuação da bolha de ar que guardam sob seus élitros — duas pequenas peças córneas que lhes recobrem as asas — e que lhes permite respirar como se levassem cilindros de mergulho.
Mas essa diversidade biológica é de extrema fragilidade, já que como um ecossistema quase completamente fechado em si mesmo e com espaço reduzido, qualquer mudança ambiental lhes afeta diretamente. Assim, os poluentes, esgotos e as variações das condições ambientais podem acarretar a destruição desses autênticos cadinhos biológicos que são as lagoas.
Assim é o mundo dos alagados, um universo cheio de vida ao alcance de nossa mão, porém tão extraordinariamente frágil que podemos destruí-lo com a mesma facilidade com que arrancamos um ramo de lírio-do-brejo de sua tranquila superfície.
Encarapitados nas folhas de lentilhas-d’água, pequenos insetos do grupo dos lepismatídeos, de corpo alongado e cauda franjada que lembram peixinhos de prata, se aquecem aos raios do sol, enquanto são embalados pelo suave balanço das ondas provocadas pelos besouros em sua incessante busca por comida. Espalhados um pouco adiante, alguns diminutos periscópios aparecem fora da água: são os condutos abdominais que permitem aos percevejos nepídeos e ao escorpião aquático respirarem. E mais abaixo, o mistério do desconhecido: uma infinidade de organismos ignorados e criaturas implacáveis que dão forma a um universo único e fascinante.
Charcos, tanques, diques, canais, lagoas, brejos, alagados, mangues ou pântanos: existem muitos nomes para designar essas pequenas massas de água que talvez constituam a manifestação da natureza que mais chama a atenção do homem.
E a característica mais notável desses lugares é a enorme biodiversidade que acumulam em tão pequeno espaço. Não devemos esquecer que a vida surgiu na água, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos. E ali permaneceu durante milhões de anos, até que começou a colonizar a terra. Hoje, muitas formas de vida desses alagados são incapazes de viver em terra firme, enquanto outras necessitam desses ecossistemas peculiares para desenvolver alguma fase de sua existência.
O motivo de semelhante acumulação de seres tão distintos entre si está na composição da água. Apesar de muitas vezes apresentarem um aspecto limpo e cristalino, os brejos estão longe de possuir água pura. A água pura não pode manter organismos vivos em seu interior durante muito tempo, ao contrário das águas naturais, que são ricas em substâncias gasosas e sólidas. Entre os gases, destacam-se o oxigênio e o dióxido de carbono. Outras matérias de grande importância são os nitratos, sulfatos, cloritos e fosfatos, além de minerais como o sódio, potássio, ferro, magnésio e cálcio. Sua maior ou menor abundância condiciona a presença de uma flora e uma fauna determinadas. Nas águas pobres em cálcio ficou comprovado que não sobrevivem caracóis nem outros moluscos aquáticos.
A falta de pureza das águas dos pântanos não significa que estejam contaminadas. Ao contrário: seus elementos são impurezas naturais que favorecem a proliferação da vida. Existem, entretanto, outras substâncias, como os óleos, detergentes e demais resíduos típicos de certas atividades humanas que sujam artificialmente as águas, ou seja, as contaminam. Então, o volume de vida que podem acolher é inversamente proporcional a seu grau de poluição: quanto mais contaminadas estejam as águas, menos organismos contêm.
Exemplos de espécies associados aos brejos são o sapo comum e, sobretudo, o sapo-corredor, que proliferam especialmente nesses tanques, acrescenta Dorda. Sua curta existência faz com que a quaquer momento, normalmente após um forte aguaceiro, se produza uma autêntica concentração desses anfíbios, em uma estratégia claramente oportunista com que evitam os predadores que se constituiriam em uma séria ameaça para a espécie.
Excluindo-se esses alagados temporários, os habitantes dos alagados naturais e dos tanques artificiais de uma mesma região são idênticos, exceto os animais exóticos introduzidos pelo homem. Além disso, todos esses espaços são colonizados de forma parecida.
Os mais madrugadores de todos são os insetos voadores: espécies como os mosquitos e outros dípteros são os primeiros a chegar, seguidos logo mais tarde pelas libélulas e os escaravelhos.
O vento e alguns animais — insetos, aves, anfíbios e pequenos mamíferos — são o meio de transporte adequado para que ovos de outros insetos, como os copépodos, um tipo de crustáceos de água doce e salgada, cheguem a um tanque. Pouco depois vêm outros crustáceos e moluscos, que chegam ainda como ovos nas patas das libélulas e dos escaravelhos.
Ao contrário do que ocorre em outras zonas úmidas, como os grandes lagos — onde se pode falar de uma estratificação em suas formas de vida, conforme ocorram em águas superficiais ou profundas —, as pequenas massas de água têm um único substrato, já que em geral são pouco profundas. Convém falar aqui do que os cientistas denominam película superficial; isto é, a superfície das águas. Sua função no mundo dos alagados é igual à da pele no corpo humano, isolando e separando a massa de água da atmosfera, abrigando formas de vida sumamente especializadas, como as larvas de mosquito, para citar apenas um exemplo bem conhecido.

No mundo dos invertebrados dos mangues, além da libélula, outras duas espécies ocupam o posto de grandes caçadores: os nepídeos, um tipo de percevejo parecido com o louva-deus, e o escorpião aquático. De corpo estreito e comprido, com os olhos grandes e negros sobressaindo de uma das extremidades e pernas longas e finas, os nepídeos têm o primeiro par de pernas semelhante ao do louva-deus. Da parte final da barriga sai um tubo pequeno e fino, que emerge da água e pelo qual ele respira. É também um nadador exímio e rápido, capaz ainda de caminhar pelo fundo dos brejos, onde se torna um caçador infalível atacando presas que podem chegar a seu próprio tamanho.
O escorpião aquático prefere as águas com lodo ou barro no fundo, onde oculta seu corpo maciço e de cor parda. Dotado de grandes e poderosas patas anteriores, nada com vigor para aproximar-se de suas vítimas e depois as domina com facilidade.
Os ditiscos, besouros que se adaptaram à vida na água, são outros grandes predadores dos charcos. Escaravelhos que trocaram sua primitiva vida terrestre pela aquática, eles constituem mais de 2 000 espécies, divididas por diversos ambientes aquáticos, como as correntes de montanhas, águas subterrâneas e determinadas zonas litorâneas marítimas, embora demonstrem uma clara preferência pelas águas doces estagnadas.
Habilíssimos caçadores, é freqüente ver um grupo de ditiscos devorando um alevino de peixe, um batráquio ou um caranguejo de rio. Por outro lado, possuem um surpreendente mecanismo de defesa, que consiste em uma série de orifícios que recobrem seu corpo longitudinalmente e através dos quais expelem um líquido fétido.
Sua adaptação à água é também curiosa: com relativa freqüência pode-se contemplar ditiscos carregando uma volumosa bolha de ar na parte traseira do abdômen enquanto mergulham. É a continuação da bolha de ar que guardam sob seus élitros — duas pequenas peças córneas que lhes recobrem as asas — e que lhes permite respirar como se levassem cilindros de mergulho.
Mas essa diversidade biológica é de extrema fragilidade, já que como um ecossistema quase completamente fechado em si mesmo e com espaço reduzido, qualquer mudança ambiental lhes afeta diretamente. Assim, os poluentes, esgotos e as variações das condições ambientais podem acarretar a destruição desses autênticos cadinhos biológicos que são as lagoas.
Assim é o mundo dos alagados, um universo cheio de vida ao alcance de nossa mão, porém tão extraordinariamente frágil que podemos destruí-lo com a mesma facilidade com que arrancamos um ramo de lírio-do-brejo de sua tranquila superfície.

7722 – Um carro movido a Água


Pode ser água potável, do mar, da chuva ou até chá. O carro, com 1 litro do combustível, consegue rodar a 8 km/h durante uma hora. O sistema quebra as partículas das moléculas e separa o hidrogênio do oxigênio, que é captado por uma membrana que, por sua vez, libera elétrons para que o automóvel funcione.
Por enquanto, há só o protótipo. Só o sistema de quebra e captação do hidrogênio – sem o carro! – custa cerca de 2 milhões de ienes (ou R$ 30,2 mil), mas a empresa japonesa acredita que se for produzido em larga escala, o custo pode ser reduzido para cerca de 5 mil ienes (ou R$ 7.550).

carro a água

7721 – Acidente Nuclear em Tokaimura


A manhã começou banal no dia 30 de setembro na usina de processamento de Tokaimura, a 150 quilômetros de Tóquio, no Japão. Em suas instalações, o urânio bruto, usado como combustível nuclear, é purificado antes de seguir para os 51 reatores atômicos que geram 35% da eletricidade do país.
Três funcionários fizeram sua tarefa: deram um banho de ácido nítrico no urânio para dissolver suas impurezas. Cometeram só um erro. Puseram no tanque de ácido 16 quilos de mineral radioativo, sete vezes mais do que o permitido. Com isso, os nêutrons do urânio, partículas atômicas que brotam da substância em raios invisíveis, iniciaram uma reação em cadeia nunca vista na usina.
Em minutos, os três homens absorveram pela pele nêutrons suficientes para deixá-los entre a vida e a morte.
No total, 49 japoneses foram afetados – 39 funcionários, 3 bombeiros e 7 moradores das redondezas. Todos correm risco de desenvolver câncer nas próximas décadas ou de terem seus filhos afetados. Os vizinhos foram contaminados pelo ar, que absorveu radioatividade na hora do bombardeio de nêutrons. A ausência de vento evitou que o veneno se espalhasse, mas, por precaução, 320 000 cidadãos, num raio de 10 quilômetros em torno da usina, tiveram que deixar suas casas por 24 horas.
A gravidade da possível tragédia resultante de um mero descuido de manuseio com combustível nuclear abala a opinião pública. Há 437 centrais atômicas em operação em 32 países, produzindo 17% da eletricidade do planeta. Para esses países, trata-se de conviver com o risco sob controle.

Césio 137 – Em Goiânia, 249 cidadãos foram contaminados com átomos de césio 137, radioativo, contido em aparelhos de raios X. Uma das máquinas foi parar num ferro-velho e lá ficou exposta à curiosidade dos moradores. Houve quatro mortes.

A radioatividade causa muitos problemas nas células humanas.
Ao atingir os seres humanos, os nêutrons quebram as moléculas de água, tornando-as eletricamente carregadas. Essa carga é nociva a várias partes do organismo porque desfaz as ligações químicas.

Células inteiras do intestino podem ser destruídas. Param de funcionar e perdem muita água. O efeito imediato é uma diarreia incontrolável. Muitas vezes mortal.

O DNA de óvulos e espermatozoides também é atacado. O resultado é que os danos são transmitidos aos descendentes das vítimas.

7720 – Genética – O que os genes podem explicar?


Afinal, homossexualismo e violência são características hereditárias ou comportamentos adquiridos? Melhor perguntando, a pessoa nasce gay ou criminosa, ou torna-se gay ou criminosa? A questão rende panos para mangas há muito tempo, mas ganhou especial destaque nos últimos cinco anos, quando foi lançado o projeto internacional de mapeamento do DNA humano, batizado Genoma: desde então, constantemente pesquisadores anunciam a descoberta de genes que seriam responsáveis pelo alcoolismo, a depressão, a criminalidade, a esquizofrenia, mesmo o autismo.
Há alguns anos atrás, uma equipe do Laboratório de Bioquímica do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, liderada por Dean Hamer, anunciou a descoberta de evidências de que o homossexualismo estaria inscrito em um gene do cromossomo X. Publicado na revista Science, órgão oficial da Associação Americana para o Progresso da Ciência, o estudo foi saudado pelos editores como capaz, “eventualmente, de levar a um melhor entendimento das bases biológicas da homossexualidade e da orientação sexual em geral”. A frase, em todo caso, fôra precedida pela ressalva “se confirmado”. E isso não parece fácil.
A esquizofrenia é uma doença mental, provoca alucinações e não tem cura. Mas a tarefa é enorme, quase insuperável. Se um dia conseguir descobrir uma mutação genética comum a todos os doentes que estuda, Valladan terá em seguida de provar que ela não aparece em pessoas não doentes. Todas essas pesquisas revelam evidências, em geral baseadas em dados estatísticos, mas ninguém ainda conseguiu provar que algum desses comportamentos tenha origem exclusivamente genética. Filhos de pais alcoólatras ou violentos podem se tornar também alcoólatras ou violentos por influência do meio em que vivem.
Os crimes estão aumentando na mesma proporção em que crescem a pobreza e a desigualdade. Do mesmo modo, ouço dizer que há mais violência nas favelas do Rio de Janeiro do que nos bairros chiques da cidade.
Há quatro anos, Brunner foi procurado por uma família em que cinco dos dezessete homens sofriam incontroláveis explosões de violência. Os cientistas descobriram que os cinco homens violentos carregam uma rara mutação genética que, segundo publicaram, altera a química cerebral e provoca uma espécie de superexcitação das células nervosas. Como o estudo envolve uma única família, a descoberta pode revelar apenas uma coincidência; e também não foi possível demonstrar que mutação igual não ocorre em pessoas não violentas.
Há quem veja na distância entre diagnóstico e cura um dos principais problemas éticos das pesquisas genéticas sobre comportamento humano e doenças mentais. “A abordagem da Genética certamente vai produzir um frenesi de novos medicamentos no mercado”, escreveu o biólogo molecular alemão Benno Muller-Hill numa das edições da revista inglesa Nature de abril passado.
Pesados os prós e os contras, resta fazer uma reflexão sobre os caminhos da ciência nesse terreno delicado.
Assim, a pesquisa sobre as raízes genéticas de qualquer comportamento humano não pode parar por causa do perigo de que usem apressadamente seus dados — como, por exemplo, definir a homossexualidade como uma doença. É um absurdo — mas não se pode esquecer que até 1974 ela estava na relação das enfermidades mentais referendada por ninguém menos que a Associação Americana de Psiquiatria.
Como qualquer obeso pode explicar, há um gene responsável por sua irresistível tendência a engordar; mas o verdadeiro tamanho de sua cintura tem mais a ver com o número e o tamanho das refeições que faz, e o tipo de alimentos que aprendeu a preferir desde criancinha.

O sucesso de um erro há 150 anos
A ideia de que a criminalidade é hereditária chegou a ser a principal teoria “científica” sobre a criminalidade. Cesare Lombroso, autor da idéia, nascido em Verona, Itália, em 1835, fez tanto sucesso que, de médico de prisão passou a catedrático de Medicina Legal na Universidade de Turim e se tornou símbolo da criminologia científica. Lombroso dizia saber identificar um criminoso por certos traços como a forma do crânio (assimétrico), orelhas de abano, narizes chatos ou baixa sensibilidade à dor, entre muitos outros. Assim, chegou a inspirar condutas educacionais e de saúde pública em vários países. Onde fosse possível, sugeria ele, se deviam observar e “medir” as características das pessoas. A começar pelas crianças, nas escolas. Conforme o caso, se usaria o confinamento perpétuo, a execução ou mesmo a castração dos indivíduos para isolar o perigo latente.
A violência de padrastos com seus enteados pode ter razões evolutivas. Essa é a teoria de dois psicólogos da Universidade McMaster, na Inglaterra. A dupla de pesquisadores baseou-se em estatísticas policiais do Canadá e da Grã-Bretanha, realizadas nas últimas duas décadas. Assim, concluíram que enteados correm um risco muito maior de serem assassinados por seus padrastos do que filhos legítimos por seus pais. Os dados canadenses mostram, por exemplo, que crianças com menos de 2 anos estão sessenta a setenta vezes mais sujei-tas a serem molestadas sexualmente e mortas por seus padrastos do que crianças da mesma idade que moram com seus pais genéticos.
Os cientistas explicam a violência dos padastros com teorias sobre a evolução. Na perspectiva evolutiva, se dá bem aquele que tem o maior número de crias. Por isso é que pássaros, ratos e macacos — espécies observadas pelos pesquisadores — tendem a matar os filhotes de seu companheiro ou companheira, quando estes são frutos de outras ligações. Em geral, é o macho que possui esse instinto assassino, liberando a fêmea para cuidar dos herdeiros de seus genes. Para os psicólogos, os seres humanos não são muito diferentes: “As pessoas são menos pacientes com o choro de bebês que não são seus filhos biológicos”, exemplifica Margo Wilson, uma das responsáveis pelo estudo.

Vejamos a opinião de alguns especialistas:

Oswaldo Frota-Pessoa, geneticista
“Os genes e o meio em que se vive são igualmente importantes. Antes, havia cientistas que acreditavam no inatismo, ou seja, que as pessoas já nasciam fadadas a expressar determinada personalidade. Outros cientistas defendiam o comportamentismo, isto é, tudo era determinado pelo ambiente. Esse confronto, em voga no final do século passado, não existe mais.”

Newton Freire Maia, geneticista
“Diversas teorias tentam explicar as causas da homossexualidade. A dos genes é defendida dentro da própria comunidade gay. Seja como for, há um lado positivo na tese dos geneticistas: ela descarta a homossexualidade como um desvio moral. O lado negativo, porém, é supor um controle na gravidez, que permita o aborto dos futuros homossexuais”.

Luiz Mott, antropólogo, presidente do Grupo Gay da Bahia
“A biologia não é destino em se tratando de seres humanos. No caso da estatura, os genes não definem a altura, mas um leque de probabilidades de tamanhos. Se a pessoa for subnutrida, chegará apenas à altura mínima. E quanto às emoções, também há várias maneiras do ser humano expressá-las. A agressividade, por exemplo, não é necessariamente ruim. Sem ela, Van Gogh não teria produzido quadros maravilhosos.”

Lídia Rosemberg Aratangy, psicóloga
“Como definir a homossexualidade? Pode ser uma forma de relação sexual ou uma paixão platônica por alguém do mesmo sexo, por exemplo. O fato é que a atração homossexual ocorre de diversas maneiras. As diferenças entre os comportamentos sexuais são tantas que parece impossível a ideia de um único gene reunir todas as suas características”.

7.719 – Automóvel – O Hidrogênio sobre rodas


carro a hidrogênio

Promessa antiga de combustível limpo e eterno, o hidrogênio acaba de chegar ao tanque de um automóvel. A Mazda, fábrica japonesa de automóveis, desenvolveu o primeiro protótipo, chamado HR-X. Suas vantagens são econômicas e ecológicas. Obtido a partir da eletrólise da água – a passagem de uma corrente elétrica que separa átomos de hidrogênio dos de oxigênio – o hidrogênio combustível é uma fonte de energia renovável. Além disso, não polui o ar, pois sua combustão produz apenas água. Não há informação de monóxido ou dióxido de carbono, os principais responsáveis pela poluição nas grandes cidades.
O HR-X usa motor do tipo rotativo, bastante diferente dos tradicionais. Em vez de pistões que se movimentam para cima e para baixo, possui um rotor horizontal. Assim, a entrada do combustível e a câmara de combustão ficam separadas, impedindo que o hidrogênio – altamente inflamável – sofra explosão fora do cilindro. Os resultados surpreendem: 100HP de potência, para apenas 998 cm³. Páreo para os melhores carros a gasolina.

7718 – Transporte – O Carro Elétrico


Erro – Ter trocado os motores elétricos, que equipavam a maioria dos carros no fim do século 19, pelos movidos a gasolina e diesel pelos cartéis do petróleo e da indústria automotiva.
Consequências – Problemas de saúde decorrentes do aumento da poluição, aquecimento global provocado pela maior liberação de CO2 na atmosfera e 100 anos de atraso na adaptação das cidades para frotas de veículos elétricos.
Pouco ou nada poluentes e muito mais silenciosos, os carros equipados com motor elétrico nunca estiveram tão na moda. Nunca mesmo? Quase ninguém sabe que essa tecnologia não tem nada de novidade. O automóvel elétrico foi inventado em 1830, assim como a célula combustível de hidrogênio. Em 1900, cerca de 90% dos táxis de Nova York eram movidos a eletricidade e milhões de pessoas andavam de bondinhos elétricos no mundo todo, inclusive no Brasil.
Ora: se o transporte individual e coletivo um dia já foi elétrico, por que hoje impera o motor a combustão, com todos os problemas ambientais e de saúde pública que a queima de combustíveis fósseis como a gasolina e o óleo diesel provoca? Resposta: por causa de manobras feitas pelos cartéis do transporte e do petróleo.
No final do século 19, quase todos os carros dos EUA eram elétricos. Eles integravam o monopólio da empresa EVC, dona de táxis e estações de recarga”, diz o jornalista. No início do século 20, porém, a EVC uniu-se às montadoras de automóveis a gasolina e formou a Associação de Fabricantes de Automóveis Licenciados, (Alam em inglês) – um monopólio que controlava a produção tanto de carros elétricos quanto de veículos a combustão.
O interesse das indústrias na substituição dos motores elétricos pelos a combustão era duplo: primeiro, atender à crescente demanda dos consumidores por carros mais velozes e potentes (leia mais no quadro abaixo); consequentemente, vender automóveis mais caros.
Nos anos 30, o lobby do motor a combustão voltou-se contra a segunda vítima: o transporte coletivo. Dessa vez, a ação partiu da montadora General Motors, que liderou uma conspiração para acabar com os ônibus elétricos dos EUA.
O fim das linhas elétricas ocorreu em 40 cidades americanas. Até que, em 1949, a GM e suas aliadas acabaram sendo acusadas de conspiração pelo governo. Foram condenadas. Mas era tarde. Naquela altura, o mundo já tinha se rendido aos motores a combustão.

NEW YORK TIMES

• Há 102 anos, em 1911, um editorial do periódico americano dizia o seguinte: “O carro elétrico já é reconhecido há tempos como a solução ideal porque é mais limpo, mais silencioso e muito mais econômico”.

Estatísticas alarmantes

• O setor de transportes responde hoje por 22% das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2) – um dos vilões do aquecimento global.

• No Reino Unido, a poluição do ar – provocada em boa parte pelos automóveis a gasolina e diesel – causa aproximadamente 50 mil mortes por ano.

• Na França, a fumaça preta liberada pelo escapamento de veículos de passeio, ônibus e caminhões mata mais que os acidentes de trânsito.

• Em Belo Horizonte (MG), a poluição gerada pelos carros mata quase 400 pessoas por ano – média superior a uma morte por dia.

• Na cidade de São Paulo, o ar é quase 3x mais “pesado” que o limite considerado seguro pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo os especialistas, jamais teremos uma frota mundial totalmente elétrica

O interesse de consumidores e montadoras de automóveis na troca do motor a combustão pelo elétrico agora é cada vez maior. Mas, segundo os especialistas, uma frota mundial totalmente elétrica não passa de utopia. Os mais otimistas dizem que ainda serão necessários pelo menos mais 10 ou 20 anos para que os modelos movidos a eletricidade conquistem uma fatia minimamente significativa de mercado.
O primeiro obstáculo é o preço – as baterias mais avançadas, de lítio, custam em média US$ 50 mil. O segundo é a autonomia – hoje, elas não passam de 300 quilômetros entre uma recarga e outra. “A gasolina tem 80 vezes mais densidade energética que a melhor bateria de lítio”, explica o jornalista americano Robert Bryce, autor do livro Power Hungry – The Myths of Green Energy and the Real Fuels of the Future (“Fome de Energia – Os Mitos da Energia Verde e os Verdadeiros Combustíveis do Futuro”, sem tradução para o português). Em outras palavras: apenas um litro do combustível fóssil rende 80 vezes mais energia que uma bateria de peso equivalente.
Há também o problema da infraestrutura. Para que os carros elétricos se tornem viáveis, será necessário instalar pontos de recarga não apenas em diferentes pontos da cidade, mas também nas estradas e, principalmente, na casa das pessoas. “Acontece que a criação dessa infraestrutura, hoje, ainda é incrivelmente cara”.

7717 – Mega Curiosidades – Reflexo da mosca é devido à sua visão


Eles conferem à mosca uma visão de praticamente 360 graus. Com isso, esses insetos conseguem detectar tudo o que acontece à sua volta e fogem ao menor sinal de perigo. Para levantar vôo, as moscas contam com asas membranosas, de músculos bastante potentes que lhes conferem movimentos rápidos e manobras precisas.

Um Pouco +

O Besouro-Hércules
(Dynastes hercules) é um coleóptero. Habita os bosques tropicais e equatoriais da América Central e do Sul. É um dos maiores besouros que existem, já que os machos adultos chegam à alcançar 17 cm de comprimento incluindo o seu enorme chifre torácico. É a maior das espécies conhecidas do gênero Dynastes, sendo que existem apenas duas espécies de besouros maiores do que esta, os cerambicídeos: Macrodontia cervicornis e o Titanus giganteus da Amazônia.
Os machos da espécie possuem dois chifres, um na parte superior da cabeça e outro no tórax. Em algumas ocasiões estes chifres costumam crescer a ponto de ficarem maiores que o próprio corpo. As fêmeas não possuem estes chifres, já que a espécie apresenta um significativo dimorfismo sexual. A finalidade destes apêndices está relacionada com a reprodução, uma vez que os machos os utilizam como “armas” para disputas na conquista de fêmeas. É comum encontrar uma fileira de pelugem alaranjada por toda a parte inferior do chifre torácico.
Além de não possuírem chifres, as fêmeas são bastante menores e apresentam uma coloração mais escura do que os machos, que possuem élitros de cor amarela com manchas pretas. O besouro-hércules, capaz de levantar 850 vezes seu próprio peso, é considerado o animal mais forte do mundo.O estado larval deste besouro tem uma duração de um a dois anos, no qual a larva alcança um tamanho de 110 mm e pesa aproximadamente 120 gramas. Em grande parte do tempo, a larva vive perfurando a madeira em decomposição, que é sua maior fonte de alimento. Após esse período a larva se transforma em pupa, onde ocorre a metamorfose da qual emerge o besouro adulto, que se alimenta principalmente de frutos caídos no solo da floresta.