Localiza-se no interior nordeste da Baía de Guanabara, no bairro de Paquetá, na cidade do Rio de Janeiro, no Brasil. A principal forma de acesso à ilha é através das barcas que partem da Praça XV. Há também uma linha não oficial (possivelmente pirata) de embarcações de pequeno porte ligando a Ilha de Paquetá à Ilha de Itaóca, no município de São Gonçalo.
“Paquetá” é uma palavra com origem na língua tupi. Significa “muitas pacas”, pela junção de paka (paca) e etá (muitos).
Os séculos XVI e XVII
Atribui-se ao cosmógrafo francês André Thevet, integrante da expedição de Nicolas Durand de Villegagnon, a descoberta da ilha pelos europeus, ainda em 1555, quando da fundação da chamada França Antártica. Na época, a ilha era habitada pelos índios tamoios, também chamados tupinambás, os quais se aliaram aos franceses contra os colonizadores portugueses. Na ilha, houve uma importante batalha da guerra entre tupinambás e franceses, de um lado, e portugueses e índios temiminós, de outro. Na batalha, morreu o grande líder tupinambá Guaixará.
No contexto da campanha para a expulsão definitiva dos franceses pelas forças portuguesas comandadas por Estácio de Sá e da fundação da cidade do Rio de Janeiro em 1565, nesse mesmo ano a ilha de Paquetá foi doada, sob a forma de duas sesmarias, a dois dos capitães portugueses: a parte norte da ilha, atual bairro do Campo, coube a Inácio de Bulhões, e a parte sul, atual bairro da Ponte, a Fernão Valdez.
A parte sul da ilha teve uma colonização mais acelerada em comparação com a parte norte, onde, em sua maior parte, se constituiu a Fazenda São Roque, dedicada à agricultura e à pecuária. Foi nas terras da São Roque que se ergueu, em 1697, a primeira capela da ilha, a Capela de São Roque, padroeiro de Paquetá.Em 1903, os distritos da ilha de Paquetá e da ilha do Governador foram unidos no Distrito das Ilhas, incorporando as ilhas e ilhotas ao redor de ambas.
Em 1961, o estado da Guanabara criou o Distrito Administrativo de Paquetá e, em 1975, com a fusão dos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, a ilha passou a pertencer à cidade do Rio de Janeiro.
É a principal ilha do arquipélago de mesmo nome, que é integrado ainda por:
Ilha do Braço Forte
Ilha do Brocoió
Ilha da Casa da Pedra
Ilha Comprida
Ilha dos Ferros
Ilha das Folhas
as duas ilhas de Jurubaíba (interligadas por um banco de areia)
Ilha dos Lobos
Ilha do Manguinho
Ilha Pancaraíba (antiga Colônia de Férias da Companhia de Petróleo Ipiranga)
Ilha Pita
Ilha Redonda
Ilha dos Itapacis
Ilha de Tapuama (Ilha do Sol)
A ilha de Paquetá apresenta o formato de um oito, com 1,2 quilômetro quadrado de área e 8 quilômetros de perímetro. Em sua maior extensão, da ponta do Lameirão à ponta da Imbuca, mede 2 316 metros e, na menor, na ladeira do Vicente, aproximadamente 100 metros.
Em seu relevo, contam-se nove morros, o mais elevado dos quais o morro do Vigário, na cota de 69 metros acima do nível do mar. As demais elevações são:
Morro de São Roque ou morro da Moreninha
Morro do Castelo
Morro da Covanca
Morro do Costallat
Morro das Pedreiras
Morro das Paineiras
Morro do Vigário
Morro do Veloso
Morro da Cruz
As praias da ilha são:
Praia dos Tamoios
Praia do Catimbau
Praia do Lameirão (também conhecida como Praia das Águas)
Praia da Covanca
Praia Pintor Castagneto (Praia dos Coqueiros)
Praia de São Roque
Praia da Moreninha (Praia Dr. Aristão)
Praia Manuel Luís (Praia dos Frades)
Praia da Imbuca, Iracema e Moema
Praia da Mesbla
Praia Grossa
Praia José Bonifácio (Praia da Guarda)
As praias de Paquetá são um patrimônio nacional, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), na data de 30 de junho de 1938, sob o processo de nº 99-T-1938.
A ilha dista aproximadamente quinze quilômetros da Praça XV de Novembro, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. Constitui-se no bairro de Paquetá, um tradicional e pacato recanto turístico da cidade.
Originalmente, a ilha era recoberta pela Mata Atlântica. Com a colonização europeia, ao longo dos séculos, foram sendo introduzidas espécies exógenas, particularmente árvores frutíferas, palmeiras e flamboyants, destacando-se um exemplar de baobá carinhosamente apelidado pela população de “Maria Gorda”. Essa vegetação oferece suporte a uma variedade de espécies de aves silvestres, marinhas e migratórias.
Tradicionalmente, a ilha constituiu-se em um polo abastecedor da cidade do Rio de Janeiro, com os produtos oriundos, principalmente, da Fazenda São Roque. A coleta de mariscos e a atividade de pesca também foram importantes no período colonial e após. A partir do século XVII, começou a se desenvolver na ilha uma pequena atividade de construção naval, paralelamente à exploração de pedras e de cal para a construção civil na cidade. A atividade de fabricação de cal era facilitada pela abundância de conchas como matéria-prima e de madeira oriunda dos manguezais, utilizada como combustível nos fornos.
A ocupação da ilha adensou-se a partir das frequentes visitas de dom João VI, do estabelecimento de uma linha regular de barcas, a partir de 1838, e, principalmente, através da divulgação obtida através do romance A moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844, que se tornou um best-seller na corte, à época. Isso permitiu o aumento de visitantes, atraídos ainda pela devoção a São Roque, assumindo a ilha a feição de polo turístico que, gradualmente, se impôs, passando a ser a principal atividade da ilha, função que conserva até aos nossos dias.
Atualmente, os visitantes contam, além das praias e pedras, com passeios de charrete e de bicicleta e com as visitas ao solar que hospedou dom João, à casa de José Bonifácio de Andrada e Silva, e à Casa de Cultura, instalada em um prédio de estilo eclético, recém-reformado.
Saneamento
A ilha não dispunha de fontes naturais de água potável e desse modo, os seus moradores recorriam ao uso de poços para solucionar a demanda de abastecimento. O poço de São Roque era, à época, o mais utilizado pela qualidade de suas águas, o que envolveu o seu nome em uma série de lendas locais.
Em 1908, foi inaugurado o sistema de captação de águas do Alto Suruí, no município de Magé, e a sua adução por dutos submarinos até a ilha, na ponta do Lameirão.
Mais tarde, foi necessária a construção de uma estação elevatória na ponta do Lameirão para conduzir as águas até o reservatório no alto do morro do Marechal, de onde eram distribuídas por gravidade para as diversas partes da ilha.
Atualmente, o serviço é prestado pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, sendo o abastecimento oriundo do Sistema Imunana-Laranjal.
O sistema de coleta e tratamento de esgotos em Paquetá foi um dos pioneiros no país, tendo sido concluído em 1912 pela Companhia City Improvements, empresa de capital britânico, concessionária da exploração desses serviços no Rio de Janeiro. Parte desta histórica estação de tratamento ainda é preservada, na sede da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro na ilha.
A iluminação das ruas, assim como o serviço de distribuição de eletricidade às residências foi inaugurado em 1918 pela Rio-Light. A energia era oriunda da ilha do Governador, através de cabos submarinos, ligados a uma subestação na praia da Guarda.