6829 – Psiquiatria – O que são as Psicoses?


Em clínica psiquiátrica, dá-se o nome de psicose a uma ampla variedade de perturbações graves do comportamento que revelam a existência de profundas alterações mentais. Muitos autores identificam psicose com doença mental em sentido estrito e estudam à parte as neuroses, as psicopatias de inadaptação e as anormalidades de origem genética ou traumática.
O termo psicose designa genericamente os processos mórbidos de desintegração da personalidade, com grave desajustamento do indivíduo ao meio social. Corresponde, até certo ponto, ao conceito popular de loucura. O juízo — operação pela qual se afirma ou se nega a relação entre duas idéias, ou se aplicam os conceitos de falso e verdadeiro — é a função mental tipicamente alterada em todas as psicoses. Nos psicóticos, essa função está tão alterada que suas elaborações se tornam evidentemente absurdas, grosseiramente divergentes não só das experiências e idéias das demais pessoas, mas também daquelas que o paciente apresentava antes de adoecer. É o que se observa, por exemplo, nas idéias delirantes, sintomas dos mais caracteristicamente psicóticos: o paciente, conforme o caso, acredita-se vazio, de outro sexo, o maior pecador do mundo, culpado das guerras e revoluções, perseguido por selenitas ou marcianos, chefe de estado ou dono de fabulosos tesouros.
São também sintomas psicóticos as alucinações, ou percepções sem objeto: o doente vê animais nas paredes brancas e nuas do quarto, ouve vozes de perseguidores inexistentes e sente o sabor do veneno que seus inimigos lhe administram. Os psicóticos têm absoluta e irredutível convicção da verdade de suas irreais percepções internas. Não lhes reconhecem o caráter mórbido, ao contrário dos neuróticos, que têm exata consciência do caráter patológico de seus distúrbios e não negam flagrantemente a realidade objetiva.
Nem sempre, no entanto, as psicoses determinam caos mental flagrante ou desarrazoados tão óbvios. Certas funções podem permanecer íntegras, ao lado do juízo perturbado. A inteligência, a memória, o cabedal de conhecimentos adquiridos, por exemplo, conservam-se inalterados em alguns tipos de psicoses. Mesmo o juízo, em alguns casos, só apresenta desvarios em relação a determinados temas. Em todos os casos, existe transformação radical das relações entre o indivíduo e o mundo, de tal modo que a personalidade total se desintegra. Essa desintegração pode ser episódica ou permanente, reversível ou irreversível, progressiva ou estacionária e completa ou parcial.
Os psicóticos tornam-se incapazes, em grau maior ou menor, de ajuste social. Não podem viver sem conflito, dependência ou proteção incomuns nos grupos sociais. Tornam-se, na maioria das vezes, alienados mentais, isto é, incapazes de reger a própria pessoa e seus próprios bens, e irresponsáveis diante das leis penais.
Costuma-se dividir as psicoses em dois grupos fundamentais: orgânicas, que são as psicoses derivadas de anormalidades físicas conhecidas, embora também possam ser produto de transtornos psicológicos ou comportamentais; e funcionais, que compreendem as demais psicoses. Os partidários da abordagem psicanalítica das doenças mentais sustentam que as psicoses se devem à regressão do paciente a estados de desenvolvimento anteriores, nos quais sofreram frustrações ou perdas traumáticas que afetaram seu senso de realidade. Por essa razão, os psicóticos procurariam criar um novo mundo interior que os compensasse de alguma forma pela perda.
Psicoses orgânicas. Existem alguns estados psicóticos cuja causa orgânica é conhecida. Os mais importantes são os que correspondem à psicose senil, à que aparece por vezes nos alcoólatras crônicos e às psicoses puerperais, ou do pós-parto. A psicose senil caracteriza-se por estados de confusão mental, perda de memória e, por vezes, pela aparição de sintomas paranóicos. Costuma ser associada a fases avançadas de degeneração cerebral, provocada pela falta de irrigação sangüínea nesse órgão, que pode resultar, por sua vez, de um quadro de arteriosclerose grave.
Os alcoólatras em situação de abstinência podem sofrer tremores, estados de ansiedade e alucinações. O álcool danifica os tecidos cerebrais, o que provoca no doente uma perda de memória e das capacidades intelectuais, assim como uma progressiva deterioração da capacidade de estabelecer relações sociais normais e a manifestação da tendência a exibir condutas extravagantes e, por vezes, agressivas.
As psicoses do pós-parto são do tipo orgânico, mas tão semelhantes às psicoses funcionais que às vezes é difícil distingui-las. Contribui para aumentar essa dificuldade o fato de que um leque de perturbações orgânicas, como a ingestão de tóxicos, os traumas cerebrais, a sífilis, a epilepsia e os tumores cerebrais, podem provocar a aparição de sintomas parecidos com os da neurose. Trata-se, nesses casos, de síndromes cujo tratamento corresponde mais ao âmbito neurológico que ao psiquiátrico.

As psicoses de caráter funcional compreendem várias síndromes diferentes: a esquizofrenia, a paranóia, as psicoses afetivas e as psicoses involutivas. A esquizofrenia é a variedade mais freqüente de psicose. Caracteriza-se por um isolamento do mundo exterior, que concorre com perturbações do pensamento, da percepção do meio externo e da percepção da própria personalidade. Embora a remoção dos sintomas seja sempre possível, nos pacientes crônicos a esquizofrenia chega a produzir uma grave degenerescência geral.
A paranóia, que é por vezes considerada uma variedade da esquizofrenia, abrange a elaboração de um mundo de fantasias que é internamente coerente e lógico. É freqüente que ocorra a identificação do doente com um personagem famoso, assim como que apareça um sentimento de ameaça contínua ou perseguição.
As psicoses afetivas incluem a depressão psicótica e a psicose maníaco-depressiva. Esta caracteriza-se pela periodicidade e se manifesta sob as formas de crises, separadas por intervalos mais ou menos longos, às vezes com uma ou duas em toda a vida do paciente. Em cada intervalo entre as crises pode haver perfeita normalidade, manifestações dissimuladas da doença ou peculiaridades temperamentais mais ou menos acentuadas (temperamento ciclóide). As crises se caracterizam por estados de intensa tonalidade afetiva, que dominam toda a vida psíquica. Há dois tipos de crises: (1) crises maníacas (humor exaltado, com alegria exagerada ou cólera, excitação psíquica e motora); (2) crises melancólicas (humor deprimido, tristeza, inibição psíquica e motora, auto-recriminação, tendência ao suicídio). Os dois tipos de crises sucedem-se ou combinam-se, no mesmo indivíduo, sob diversas formas — alternadas, intermitentes, circulares, mistas etc.
As psicoses involutivas às vezes são estudadas como psicoses afetivas. Aparecem em geral entre os cinqüenta e os sessenta anos sob a forma de intensa melancolia e depressão, sobretudo em mulheres, ou com sintomas paranóides.
As psicoses funcionais se manifestam em indivíduos organicamente sadios e suas causas ainda não estão bem esclarecidas ou provadas. São provavelmente determinadas por causas múltiplas e resultam de fórmulas individualizadas. Entre os fatores que exercem influência na sua gênese, apontam-se a predisposição hereditária e a constituição somatopsíquica e, de outro, as carências de todo tipo, as atmosferas emocionais e educativas inadequadas e traumatizantes (inclusive a superproteção materna) e os conflitos intensos no interior da família. Todos esses elementos foram vividos durante a infância e a adolescência, acrescidos, em muitos casos, com desencadeantes atuais, de traumatismos psíquicos ou situações externas de grave tensão. Conforme as diversas posições doutrinárias sobre quais desses fatores têm maior importância geral, as psicoses funcionais são chamadas também endógenas, hereditárias, constitucionais ou psicogênicas. Os mais prudentes preferem o termo “psicoses criptogenéticas”, ou psicoses de causas ocultas ou desconhecidas.
Tratamento. Na tentativa de ressocializar o doente psicótico, diversos meios de tratamento são utilizados de maneira conjugada, tais como a administração de psicofármacos, combinados se possível à psicoterapia e o eletrochoque no caso de psicoses agudas. Em algumas situações, como último recurso, no caso de pacientes violentos e irrecuperáveis, empregam-se técnicas de neurocirurgia. A hospitalização é quase sempre necessária, com um período de isolamento muitas vezes benéfico para o paciente, embora algumas correntes psiquiátricas defendam a permanência do paciente no ambiente familiar.

6828 – Psiquiatria – As Paranóias


Usada originalmente como sinônimo de insanidade, a palavra paranóia, no século XIX, passou a designar um distúrbio mental específico a que estão quase sempre associados delírios de grandeza e de perseguição.
Paranóia é uma doença mental que se caracteriza por um estado de delírio permanente, internamente bem estruturado, cuja aparente coerência externa resiste à argumentação lógica. Idéias delirantes são concepções falsas que o indivíduo toma repetidamente como verdadeiras e lentamente se transformam num sistema complexo, intrincado e logicamente elaborado, sem alucinações e sem desorganização da personalidade.
O mais comum dos delírios paranóides é o de perseguição, em que o indivíduo se sente prejudicado ou enganado por aqueles que o cercam. São também freqüentes os delírios de grandeza, os eróticos e os depressivos. A exagerada tendência à auto-referência é sintomática do delírio paranóide. Ela se manifesta como a interpretação dos gestos, observações e atitudes dos outros como sinais inequívocos de atitudes hostis ou insinuações contra o indivíduo. Os sinais que identificam a convicção paranóide são a disposição de aceitar as menores evidências que apóiam as idéias delirantes e a incapacidade de aceitar qualquer evidência em contrário.
O paranóico, exceto no que se refere ao delírio, apresenta inteligência normal, além de capacidade de memória e de raciocínio pleno. Em quase todos os casos, há uma predisposição constitucional para a doença, que leva a paranóias do tipo endógeno. Nas de tipo reativo, muito menos freqüentes, é dominante a influência de uma experiência anterior.

Síndrome paranóide
Quando os sintomas paranóides são leves ou surgem juntamente com outras características psicopatológicas, costuma-se usar o termo síndrome paranóide. Nas crianças, a necessidade exagerada de aprovação pode aparecer como traço paranóide do caráter, enquanto nos adultos se manifesta sob a forma de desconfiança, orgulho e falta de adaptação social. Na prática psiquiátrica contemporânea, o termo paranóia é em geral reservado aos casos extremos de delírios crônicos altamente sistematizados. Alguns psiquiatras, no entanto, põem em dúvida o conceito de paranóia como categoria de diagnóstico. Para eles, o que no passado era descrito como paranóia não passa de um tipo de esquizofrenia.

Tratamento
É difícil e prolongado o tratamento do paranóico. A doença pode torná-lo perigoso e, em alguns casos, levá-lo à internação. As paranóias reativas ou exógenas são mais suscetíveis de tratamento do que as endógenas. Em ambas, busca-se separar o doente das circunstâncias que desencadeiam o mal. O indivíduo é então submetido à ação de psicofármacos, que permitem o acesso eficaz a uma psicoterapia.

6827 – Psiquiatria – A Loucura


Sob intenso processo de reavaliação em todos os países civilizados, a loucura, no século XX, despertou interesse crescente não só dos especialistas em suas manifestações emocionais e mentais, como dos estudiosos de suas conseqüências para a imaginação e a criação estética.
Loucura é toda alteração grave e duradoura da personalidade que leva a um comportamento dissociado da realidade ambiente, capaz de contrariar os padrões culturais do meio em que o indivíduo se insere. O termo loucura não define, em sentido estrito, um conceito psiquiátrico. Trata-se, antes, de expressão usada tradicionalmente para referir-se a qualquer conduta em que se denote, reiteradamente, a “perda da razão”, a falta de sentido diante das normas adotadas em determinado contexto.
Loucura em psiquiatria
Quando, em psiquiatria, se emprega o adjetivo louco, ou o substantivo loucura, sua significação é bastante precisa, pois designa certas formas complexas de neurose, de psicopatia ou determinadas características da conduta do paranóico. Assim, costuma-se falar, nesse sentido, dos loucos racionais, isto é, de doentes que raciocinam perfeitamente quando o tema apresentado é alheio ao complexo temático que lhes desperta as idéias ou motivos de delírio.
Do ponto de vista crítico, o tema da loucura também foi abordado pelos autores que integraram o movimento antipsiquiátrico, fundamentalmente para tentar eliminar o caráter marginalizante do tratamento das demências e pôr em evidência que estas derivam da impossibilidade de aceitar uma ordem social severa, incapaz de assimilar os desejos profundos das pessoas e de tornar-se projeção desses desejos.
Aspectos culturais da loucura
A valorização e avaliação social da loucura dependeram historicamente, em grande parte, de fatores que tinham pouco ou nada a ver com seu estudo científico. Em muitas das culturas antigas, o louco era tido como possuído pela divindade e, por isso, digno de todo respeito (em alguns casos, sucedia o mesmo com os retardados). Na Idade Média, enquanto a razão ainda não predominara, a loucura era aceita como fato normal da vida cotidiana e também podia ser vista como manifestação benéfica ou maléfica do além. Foi a partir do Renascimento que se iniciou a marginalização da loucura, como algo contrário à ordenação equilibrada e progressiva da vida social e econômica.
Modernamente, alguns movimentos culturais, como o surrealismo, reivindicaram a necessidade de preservar a atividade criativa do artista exatamente como a de um “louco”, capaz de propiciar expressões que ultrapassem os limites do razoável e permitam assim a livre manifestação do talento criador.
O filósofo e historiador francês Michel Foucault revelou, em obras como Histoire de la folie à l”âge classique (1961; História da loucura na idade clássica), a raiz antropológica e lingüística da atitude pela qual se classifica um indivíduo como louco ou demente, e procurou evidenciar o caráter normalizador do discurso psiquiátrico, que teria por propósito principal marginalizar e desqualificar todos os comportamentos que se afastassem do proposto como válido e universal por determinada sociedade.

6826 – Medicina – O Cretinismo


Pode ocorrer esporadicamente ou sob forma endêmica, sobretudo em regiões onde o bócio, ou papeira, é também endêmico e severo.
Afecção crônica, resultante da deficiência ou falta total de produção do hormônio da tireóide, o cretinismo caracteriza-se pela interrupção do desenvolvimento físico e mental, distrofias ósseas e queda na atividade do metabolismo basal. Também conhecido como mixedema congênito, faz-se acompanhar, muitas vezes, de volumoso bócio.
O cretino pode parecer normal ao nascer, mas já nos dois primeiros anos de vida as anomalias aparecem. A criança custa a andar e a falar, e é incapaz de sentar-se sem ajuda; tem a cabeça grande, os braços e pernas curtos, rosto largo e nariz achatado; as pálpebras mostram-se inchadas e a língua se projeta um pouco para fora. O quadro sintomatológico inclui secura e aspereza da pele, abdome protuberante, impassibilidade, apatia e retardamento na formação dos dentes e ossos. Se não medicado, o cretino raramente chega ao terceiro decênio de vida.
O tratamento à base de extrato da tireóide e iodo pode obter resultados bastante satisfatórios. Mesmo assim, nos casos de cretinismo congênito, é muito difícil conseguir o desenvolvimento mental completo.

6825 – Psiquiatria – A Toxicomania


Preconizado, na década de 1960, pelos profetas do psicodelismo que buscavam “paraísos artificiais” para onde fugir de uma realidade social, política e econômica que julgavam opressiva, o consumo de drogas se transformou num dos problemas mais graves do mundo moderno.
Toxicomania é o estado de intoxicação periódica ou crônica causada pelo consumo de uma ou mais drogas, naturais ou sintéticas, por parte de um indivíduo. A dependência das drogas é hoje a causa direta da degradação física, mental e moral de milhões de pessoas em todo o mundo.
Características gerais. As drogas foram utilizadas desde a antiguidade em diversas civilizações com várias finalidades, principalmente religiosas e médicas, mas também como meio de fugir do mundo cotidiano e reduzir o sofrimento ou o esforço físico. Alguns desses motivos se acham na base do uso secular do ópio no Oriente, da maconha (cânhamo) em diversas regiões da Ásia e das folhas de coca entre algumas tribos indígenas da América do Sul.
No Ocidente, o consumo do álcool é aceito culturalmente há séculos. A ele veio somar-se, após o descobrimento da América, o fumo. Posteriormente, outras drogas viriam ampliar a gama de produtos dessa natureza conhecidos e empregados na Europa e na América: ópio, haxixe, cocaína e outros alucinógenos produzidos sinteticamente, como o LSD (dietilamida do ácido lisérgico), as anfetaminas e um grande número de produtos farmacêuticos, além de artigos industriais, como colas, vernizes e tintas. Todas essas substâncias, e outras mais, podem originar intoxicação crônica.

Assim se resumem as principais características das toxicomanias:
(1) invencível impulso para usar a droga, razão por que o intoxicado recorre a todos os meios e paga qualquer preço para obtê-la;
(2) tendência do intoxicado a aumentar progressivamente as doses para conseguir os mesmos efeitos que no início eram obtidos com quantidades menores, o que se conhece por tolerância;
(3) dependência de ordem psíquica e, às vezes, física, sobretudo no período de abstinência.
Entre as drogas mais comuns que dão origem às toxicomanias se encontram: o ópio e seus derivados, como morfina, heroína e outros, obtidos da papoula; cocaína, alcalóide extraído das folhas da coca; haxixe e maconha, derivados do cânhamo; e barbitúricos e anfetaminas.

Efeitos e incidência
O uso de determinadas drogas produz no princípio sensações prazerosas, insensibilidade à dor, distorções sensoriais que produzem efeitos singulares na percepção, como ocorre com os derivados do ópio; excitação e momentâneo aumento da lucidez e das faculdades associativas, no caso da cocaína; e alucinações visuais e sensação de bem-estar, como acontece com o uso da maconha por determinadas pessoas (em outras origina sensações de terror).
Na medida em que o tempo passa e o hábito se estabelece, no entanto, as conseqüências físicas, psíquicas, mentais e sociais do uso de drogas se tornam negativas. O indivíduo se escraviza a elas, já que, por um lado, tem de aumentar a dose para obter o mesmo efeito e, por outro, experimenta sintomas muito desagradáveis, que podem chegar a autênticas síndromes de abstinência, quando deixa de utilizá-las. O usuário vê-se, então, impelido a obter por qualquer meio a substância, da qual é inteiramente dependente, em quantidades crescentes, o que exige o desembolso de grandes somas de dinheiro. Ao mesmo tempo, sua vida afetiva, familiar, social e profissional desmorona e seu estado físico e mental degenera.
As toxicomanias se estenderam na segunda metade do século XX pelos países mais desenvolvidos em velocidade crescente, devido a uma série de problemas de índole social, moral, cultural, econômica e política. Paralelamente, desenvolveu-se um tráfico internacional extraordinariamente ativo, respaldado por organizações criminosas que obtêm grandes lucros com o tráfico desses produtos.
A solução do problema é, portanto, complexa, e compreende medidas globais que ataquem o problema em suas múltiplas frentes: sanitária, reabilitadora, policial, legal, política, social, educativa, moral e econômica. Não se pode esquecer que no fundo desse emaranhado de males se encontram os mais íntimos conflitos que afetam a sociedade e a civilização modernas, relacionados com a desumanidade, a perda de valores, a instabilidade social e econômica, os conflitos de gerações e muitos outros.

6824 – Medicina – A Hemofilia


Os sintomas da hemofilia são conhecidos desde a antiguidade. No século II da era cristã, o Talmude hebraico dispensava da circuncisão o terceiro filho de uma família cujos dois primeiros filhos homens tivessem morrido de hemorragia.
Hemofilia é uma doença do sangue, transmitida geneticamente pelas mulheres, que afeta os homens. É caracterizada por coagulação lenta ou inexistente, o que representa uma ameaça constante de hemorragias causadas por traumatismos. Manifesta-se quase exclusivamente em homens cujos filhos são sadios e cujas filhas, apesar de aparentemente normais, podem transmitir a característica, como uma deficiência, para a metade do número de filhos homens, e, como traço recessivo, para a metade do número de filhas.
O quadro clínico e o modelo de transmissão da doença começaram a ser analisados no século XIX. Uma vez definidos os sintomas, chegou-se à determinação do caráter hereditário da doença por meio de estudos genealógicos das famílias de hemofílicos. A descoberta de uma afecção idêntica em cães também permitiu que se realizassem vários cruzamentos em caráter de investigação.
A incapacidade de coagulação do sangue na hemofilia está relacionada com a deficiência, quantitativa ou de função, de fatores coaguladores. Existem três tipos de hemofilia, difíceis de serem diferenciados clinicamente: (1) a hemofilia A, na qual há carência de globulina anti-hemofílica A, ou fator VIII; (2) a hemofilia B (ou doença de Christmas), na qual a alteração afeta o fator IX; e (3) a hemofilia C, em que falta o fator XI.
Distinguem-se, igualmente, outras variedades, tais como a hemofilia calcioprívica, relacionada com carência de cálcio no sangue; a hemofilia renal, ou epistaxe renal de Gull, processo que dá origem à hematúria (sangue na urina), de difícil tratamento; e a hemofilia esporádica. Esse último quadro clínico não apresenta as mesmas causas das outras variedades. Caracteriza-se pela ocorrência de hemorragias espontâneas em indivíduos que não têm pais hemofílicos.
Sintomatologia e tratamento. O principal sintoma da hemofilia são as hemorragias de difícil controle, ocasionadas por traumatismos cuja intensidade não está relacionada, geralmente, com a perda de sangue. A doença se manifesta, na maior parte das vezes, na infância. As hemorragias podem estar localizadas na pele e nas mucosas (como hematomas e hemorragias bucais), nos músculos, nas articulações e nas vísceras (hemorragias digestivas, cerebrais e das meninges, entre outras).
O indivíduo que sofre de hemofilia deve evitar atividades que possam provocar feridas. Quando a hemorragia não é grande, pode ser contida por compressão local e administração, também local, de substância coaguladora. Quando, ao contrário, a hemorragia é intensa, deve-se pôr na circulação sangüínea uma concentração suficiente do fator coagulador que não está atuando. Isso pode ser conseguido por meio de transfusões de sangue, de plasma ou pela administração direta do fator coagulador.

6823 – Banditismo – Cabo Bruno é morto a tiros um mês após sair da prisão em SP


Cabo Bruno, quando preso, década de 80

Pouco mais de um mês após deixar a prisão, o ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira, 53, conhecido como Cabo Bruno, foi morto a tiros, na Chácara Galega, em Pindamonhangaba (a 145 km de São Paulo), no final da noite de quarta-feira (26-set-2012).
O cabo Bruno retornava de um culto religioso e estacionou o Chevrolet Astra às 23h45 em frente a uma casa na rua Doutor Álvaro Leme Celidônio. Segundo a polícia civil, dois homens a pé se aproximaram, dispararam vários tiros e fugiram sem levar nada. A mulher do ex-policial e o genro, que ainda estavam dentro do carro, não foram atingidos pelos tiros.
Familiares de Bruno ligaram para o 190, para informar sobre o crime. Quando os policiais chegaram ao local encontraram o carro com várias marcas de tiros e o homem caído ao lado da porta do veículo.
Major da PM, o deputado estadual Olímpio Gomes (PDT) diz que o ex-soldado Florisvaldo de Oliveira, Cabo Bruno, tinha um forte sentimento de Justiça, mas acabou se tornando um justiceiro.

Olímpio Gomes – Era muito bom policial no serviço e um sujeito com sentimento de Justiça. Ao longo do tempo, ele acabou tendo um comportamento de justiceiro. Em um momento, começou-se a ter a cultura que, se não foi ninguém, foi o Bruno. Ele acabou assumindo problemas que não eram dele.

Mas ele foi condenado.
Sim, teve uma série de condenações porque assumiu um perfil de justiceiro e cometeu crimes. Acho que foi uma das pessoas que mais cumpriram pena no país. Foi preso com 25 anos e ficou 27 preso. Ficou mais em confinamento do que em liberdade.

Qual é a sua relação com ele?
Não trabalhamos juntos. O Bruno pintava quadros no presídio e a mulher dele, que estava com extrema dificuldade financeira, pediu para ajudá-la. Comprei alguns quadros e indiquei algumas pessoas para ela vender. Tive contatos com ele quando precisei visitar o presídio.

E como ele é?
É um cara absolutamente tranquilo, calmo.

O sr. tem ideia do motivo de ele ter praticado esses crimes?
Muitas pessoas sonham em ser polícia. Alguns realizam esse sonho, mas vários ficam com um sentimento de que a Justiça não foi feita. Infelizmente, há uma minoria que, por causa dessa decepção, acaba desviando o caminho e se tornando justiceiro.

Um Pouco +
Florisvaldo de Oliveira, mais conhecido como Cabo Bruno (nascido em 1958 ou 1959 — Pindamonhangaba, 26 de setembro de 2012), foi um ex-policial militar criminoso acusado de mais de cinquenta mortes na periferia de São Paulo durante os anos 1980. Considerado “um dos personagens mais polêmicos da crônica policial”, ele chegou a admitir essas mortes, mas depois negou-as em depoimento.
Cabo Bruno era o que se conhece como “justiceiro”, pessoa que é contratada para matar outras, geralmente nas periferias. Dizia-se que ele matava “por odiar marginais”, embora depoimentos sugerissem que algumas execuções teriam sido motivadas pela aparência das vítimas. Ele agia, quase sempre em suas folgas, no bairro de Pedreira (região do Jabaquara, zona sul de São Paulo), e alguns moradores dizem que “no tempo dele não havia tanta insegurança”.
Comerciantes costumavam ser seus maiores “clientes”. José Aparecido Benedito foi o único sobrevivente das chacinas de Cabo Bruno: depois de tomar um tiro, fingiu-se de morto e conseguiu escapar. Comerciantes costumavam ser seus maiores “clientes”. José Aparecido Benedito foi o único sobrevivente das chacinas de Cabo Bruno: depois de tomar um tiro, fingiu-se de morto e conseguiu escapar. Reportagens do jornalista Caco Barcellos tornaram-no notório. Foi ele que cobriu a última prisão do criminoso para o Jornal Nacional.
A maioria dos fuzilamentos de que foi acusado deu-se em 1982, e os muitos corpos crivados de balas encontrados na região durante aquele ano causaram pânico. Os carros que ele usava — um Chevette, um Maverick e um Opala —, cujas cores sempre era mudadas, ajudaram a criar sua fama.
Foi preso pela primeira vez, em 22 de setembro de 1983, por determinação da Justiça, depois de ser acusado de mais de vinte assassinatos (sendo reconhecido por várias testemunhas), embora só tivesse confessado um, em 6 de fevereiro de 1982, na favela do Jardim Selma, em que foi denunciado por um amigo da vítima, que sobreviveu. Nessa época, a Polícia Militar de São Paulo estimava que Cabo Bruno e mais pelo menos doze policiais, incluindo dois oficiais (um capitão e um tenente), seriam os responsáveis por diversas execuções na Zona Sul da cidade. A polícia ainda divulgou que muitas das execuções teriam sido feitas com base apenas na aparência das vítimas, incluindo um rapaz morto por causa de uma pequena cruz que levava tatuada no pulso — para Cabo Bruno, qualquer tatuagem indicaria um criminoso, ainda que aquela especificamente tivesse sido feita por motivos religiosos. Quando as investigações começaram, o bando aparentemente era protegido por escalões mais altos, mas o avanço da coleta de pistas e provas fez com que toda a corporação passasse a colaborar.
Depois de fugir três vezes, pela última vez em 30 de maio de 1991, ficou detido na Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, em Tremembé, São Paulo. Garante ter se convertido a evangélico e diz preferir não ser mais chamado de Cabo Bruno.
Em 2009, após cumprir um sexto de sua pena, solicitou a conversão para o regime semiaberto. O Ministério Público Estadual pediu uma avaliação psicossocial criminológica, feita em duas etapas e com pareceres favoráveis à progressão de pena, que foi concedida em 19 de agosto.

Cabo Bruno, últimos dias como pastor evangélico.

Morte
Pouco mais de um mês após deixar a prisão, Cabo Bruno foi morto com dezoito ou vinte tiros no bairro Quadra Coberta, em Pindamonhangaba, por volta das 23h30 da noite de 26 de setembro de 2012. Ele retornava de um culto religioso no município de Aparecida acompanhado por parentes, que nada sofreram, e os disparos foram dados por dois homens. “Segundo testemunhas, eram dois homens que chegaram a pé e atiraram somente contra ele”, explicou o tenente da 2ª Companhia do 5º Batalhão da Polícia Militar. “Não foi anunciado assalto. Havia um carro próximo do local, possivelmente utilizado pelos atiradores na fuga. Não temos pistas ainda sobre a autoria. Provavelmente foi um crime de execução, porém isso ficará agora a cargo de a Polícia Civil investigar.” Morto na mesma hora, não foi levado ao hospital, e os peritos recolheram cápsulas de uma pistola ponto 40 e de outra arma calibre 380.

6822 – Mega Games – Qual o jogo de videogame mais vendido da história?


Se considerarmos o jogo mais bem sucedido aquele com o maior sucesso de vendas, nada bate Call of Duty: Modern Warfare 3, lançado em dezembro de 2011. “Foram cifras medonhas em questão de dias, provocando verdadeiras filas para pegar o jogo no lançamento”, lembra André Pase, PhD em Estudos Comparados de Mídia, com ênfase em jogos e, claro, gamer de carteirinha. O novo Call of Duty alcançou US$ 1 bilhão em vendas em apenas 16 dias de prateleira.
A marca rendeu ao jogo o título de “produto de entretenimento mais vendido de todos os tempos”, de acordo com o jornal britânico The Guardian. O último filme da saga Harry Potter, por exemplo, demorou 17 dias, um a mais que Call of Duty, para atingir US$ 1 bi.

Um Pouco +
Tal jogo é um simulador de guerra de infantaria, onde combina o uso de armas da Segunda Guerra Mundial. O jogo foi distribuído pela empresa Activision e desenvolvido pela Infinity Ward. É o primeiro jogo da série Call of Duty.

Veja a versão de zumbis:

6821 – Mega Personalidades – A Morte de Hebe Camargo


Hebe piorou muito do câncer há uma semana e preferiu ficar em casa
A morte da apresentadora Hebe Camargo ocorreu depois de ela ter piorado muito há uma semana de um câncer, descoberto em 2010. Ela preferiu ficar em casa em vez de enfrentar mais uma internação, segundo o oncologista Sérgio Simon, um dos médicos que a acompanhava.
O tumor piorou muito nos últimos três meses. Ela não conseguia mais se alimentar, estava vivendo à base de soro. Há uma semana ficou pior, o rim estava parando. Foi uma opção dela e da família ficar em casa.
Hebe morreu em sua casa de uma parada cardíaca que ocorreu por causa das complicações de um tumor no peritônio (membrana que envolve os órgãos digestivos) que estava obstruindo o intestino.
Ele afirma que, nas cirurgias pelas quais Hebe passou, não foi possível retirar todo o tumor. Como a apresentadora não respondia mais à quimioterapia, o tratamento foi suspenso pelos médicos.
O cirurgião oncológico e diretor do núcleo de tumores colorretais do A.C. Camargo Samuel Aguiar Júnior, que não integrava a equipe de médicos de Hebe, afirma que é comum que, em pacientes de idade avançada como Hebe, nem todos os tumores sejam removidos para evitar uma cirurgia de grande porte.
Aguiar Júnior disse ainda que, em uma pessoa com a idade de Hebe, com um tumor avançado e um histórico recente de cirurgias e tratamentos, um problema cardiovascular é esperado.
Hebe foi internada em janeiro de 2010 para remover nódulos do peritônio (membrana que envolve os órgãos digestivos). Ela também fez tratamento com químio.
Em março deste ano (2012), ela voltou ao hospital Albert Einstein para fazer uma cirurgia de emergência, já que o mesmo tumor estava obstruindo o intestino. A quimioterapia foi recomendada, mas a apresentadora não respondia mais ao tratamento.
Poucos meses depois, em junho, Hebe teve que ser operada novamente, dessa vez para a retirada da vesícula.

Trechos da última entrevista
“Quero mais é trabalhar, viver, viajar, ver meus amigos”, disse ela ao jornal Folha de São Paulo. “Não sinto ter a idade que tenho. Sinto ter 52, 53 anos”, brinca, gargalhando. “Tenho meu público fiel, que não me abandona. Tenho as pessoas queridas que sempre me cercam. Para que vou querer ficar quietinha no meu canto?”
Hebe retornou ao trabalho na emissora após enfrentar a segunda rodada de uma luta contra o câncer.
Em 11 de março, foi internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde passou por uma cirurgia para a remoção de um tumor que causava obstrução intestinal.
Hebe teve um câncer no peritônio, membrana que envolve o aparelho digestivo, detectado no início de 2010.
A apresentadora teve alta no dia 22 de março e ficou descansando em casa até se restabelecer por completo.
“Recebi tanto carinho, tantas flores e telefonemas…”, conta ela. “O pessoal da Record foi muito carinhoso comigo, parecia que eu era funcionária deles.”
Mas ela não pensava em trocar de emissora. Estava contente na RedeTV!, onde dizia ser tratada como rainha.
“Estou muito feliz lá. O duro é que andaram vendendo muitos horários para os pastores, isso atrapalha a audiência”, comentou.
“Ai, eu falo demais, né? Mas sempre fui assim, viu? Não é coisa da idade, não.”

Roberto Carlos nos funerais de Hebe

Funerais
O corpo de Hebe Camargo, morta no sábado (29-09-2012), foi enterrado no cemitério Gethsemani, no Morumbi, sob aplausos de amigos, familiares e admiradores.
Havia cerca de 600 pessoas no local, muitas com rosas colombianas de cor vermelha, as preferidas da apresentadora, além de quase uma centena de coroas de flores. Pétalas foram jogadas em cima do caixão.
Durante o enterro, admiradores cantavam “Como É Grande o meu Amor por Você”. Também eram ouvidos gritos de “Hebe maravilhosa” e “Hebe gracinha”.
O filho da apresentadora, Marcelo, não foi visto nas primeiras fila durante a cerimônia.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse algumas palavras antes do sepultamento. Diversas personalidades acompanharam a cerimônia, entre elas Luciana Gimenez, Serginho Groisman, Maria Paula, Ticiane Pinheiro e Mônica Serra.
O caixão com a apresentadora estava coberto por uma bandeira do Brasil e saiu em um carro dos Bombeiros por volta de 10h do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, onde o corpo foi velado. De acordo com a assessoria do palácio, 8.000 pessoas passaram pelo velório.

Um Pouco +
Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani, mais conhecida como Hebe Camargo ou simplesmente Hebe (Taubaté, 8 de março de 1929 — São Paulo, 29 de setembro de 2012) foi uma apresentadora de televisão, atriz, humorísta e cantora brasileira, tida como a “rainha da televisão brasileira”. Ravagnani é seu sobrenome de casada. Morreu no dia 29 de setembro de 2012 por uma parada cardíaca em São Paulo.
Nascida em Taubaté, filha de Esther Magalhães Camargo e Segesfredo Monteiro Camargo, Hebe teve uma infância humilde. Na década de 1940, formou, com sua irmã Stella Monteiro de Camargo Reis, a dupla caipira “Rosalinda e Florisbela”. Seguiu na carreira de cantora com apresentações de sambas e boleros em boates, quando abandonou a carreira musical para se dedicar mais ao rádio e à televisão.
Hebe ajudou o grupo que foi ao porto da cidade de Santos pegar os equipamentos para dar início a primeira rede de televisão brasileira, a Rede Tupi. Foi convidada por Assis Chateaubriand para participar da primeira transmissão ao vivo da televisão brasileira, no bairro do Sumaré, na cidade de São Paulo, em 1950. No primeiro dia de transmissões da Rede Tupi, Hebe Camargo viria a cantar no início do TV na Taba (que representava o início das trasmissões) o “Hino da Televisão”, mas teve que faltar ao evento e sendo substituída por Lolita Rodrigues.
O programa Rancho Alegre (1950) foi um dos primeiros programas em que Hebe participou na TV Tupi de São Paulo: sentada em um balanço de parquinho infantil Hebe fez um dueto com o cantor Ivon Curi. Tal apresentação está gravada em filme e é considerada uma relíquia da televisão brasileira, uma vez que o videotape ainda não existia e na época não se guardava a programação em acervos, como atualmente.
Em 1955 Hebe deu início ao primeiro programa feminino da TV brasileira, O Mundo é das Mulheres, onde chegou a apresentar cinco programas por semana. Em 1957, Hebe, originalmente com os cabelos escuros passou a se apresentar com os cabelos tingidos de louro, os quais tornaram-se uma de suas marcas registradas. Em 1964 a apresentadora abandonou o programa para casar-se com o empresário Décio Cupuano, união da qual nasceu Marcello.
Em 1960 é contratada pela TV Continental para apresentar Hebe Comanda o Espetáculo, cuja edição especial em 1961 é lançada em disco.
Em 10 de abril de 1966, vai ao ar pela primeira vez o seu programa dominical homônimo Hebe Camargo, acompanhada do músico Caçulinha e seu regional TV Record; o programa a consagrou como entrevistadora e a tornou líder absoluta de audiência da época.
Durante a Jovem Guarda muitas personalidades e novos talentos passaram pelo “sofá da Hebe”, no qual eram entrevistados em um papo descontraído. Seus temas preferidos na época eram separações, erotismo, fofoca e macumba.
Logo depois, a apresentadora Cidinha Campos veio ajudá-la nas entrevistas. Hebe também arranjava tempo para o seu programa diário na Jovem Pan – Rádio Panamericana.
Hebe passou por quase todas as emissoras de TV do Brasil, entre elas a Record e a Bandeirantes, nas décadas de 1970 e 1980. Na Bandeirantes, ficou até 1985, quando foi contratada pelo SBT.
Em 1986, Hebe foi para o SBT, onde apresentou três programas: Hebe, no ar até 2010, Hebe por Elas e Fora do Ar, além de participar do Teleton e em especiais humorísticos, como um quadro do espetáculo da entrega do Troféu Roquette Pinto, Romeu e Julieta, em que contracenou com Ronald Golias e Nair Bello, já falecidos, artistas que foram grandes amigos da apresentadora.
O programa Hebe entrou no ar em 4 de março de 1986. Entre 1986 e 1993, o programa foi ao ar nas terças-feiras. Em 1993, migrou para as tardes de domingo. No ano seguinte, foi para a segunda. Durante um período, foi exibido aos sábados. A apresentadora recebe convidados para pequenos debates e apresentações musicais: todos se sentam em um confortável sofá, que é quase uma instituição da televisão brasileira.
Em 1995, a gravadora EMI lançou um CD com os maiores sucessos de Hebe. Em 1999 voltou a lançar um CD. Em 22 de abril de 2006 comemorou o 1 000º programa pelo SBT.

Doença
Em 8 de janeiro de 2010, Hebe foi internada no hospital Albert Einstein, na Cidade de São Paulo. Informações preliminares adiantavam que ela passaria por uma cirurgia para a retirada de um tumor no estômago. Um boletim emitido posteriormente pelo hospital divulgou que Hebe foi submetida a uma laparoscopia diagnóstica, que encontrou nódulos, atestando ser um tipo raro e de difícil tratamento do câncer no peritônio. O resultado da análise confirmou a existência de um tumor primário na região. Em junho de 2012, Hebe foi internada para ser submetida a uma cirurgia de retirada da vesícula biliar.
Dois dias antes de anunciar a saída do SBT, no dia 11 de dezembro, Hebe, com permissão do SBT, gravou com o apresentador Fausto Silva o Domingão do Faustão, da Rede Globo, onde recebeu uma homenagem (este programa foi ao ar no dia 26 de dezembro de 2010). Após sua saída do SBT, ela assinou contrato com a RedeTV! em 15 de dezembro de 2010 para receber 500 mil reais por mês mais 50% de todos os merchandisings.
A confirmação da rescisão do contrato com a RedeTV! saiu em 17 de setembro. A última exibição do programa Hebe na RedeTV! ocorreu no dia 25 de setembro de 2012 em uma edição especial de despedida da emissora.
Hebe morreu em 29 de setembro de 2012, em São Paulo aos 83 anos após sofrer uma parada cardíaca de madrugada, enquanto dormia.

“Eu queria dizer que Silvio Santos é um ‘pai’ que respeita seus empregados. Jamais atrasou os pagamentos um dia sequer, é um grande empresário.”

6820 – A Geofísica


☻ Mega Bloco – Ciências Biológicas

O progresso da geofísica determinou a superação de antigas concepções sobre as características físicas da Terra. A aplicação dos princípios geofísicos a questões como a busca de fontes de energia e a previsão de terremotos e erupções vulcânicas fazem dessa ciência um campo de máximo interesse.
Geofísica é a ciência que estuda a estrutura e a composição do globo terrestre, inclusive a hidrosfera e a atmosfera, aplicando métodos da física. Distingue-se da geologia por utilizar instrumentos na obtenção de dados quantitativos da área em estudo, enquanto a geologia se baseia na observação direta. Divide-se em várias especialidades, cada uma das quais constitui por si mesma uma ciência: a geodésia, relativa ao tamanho e à forma da Terra; a sismologia, que estuda os terremotos; a tectônica, que pesquisa as deformações da crosta terrestre; a oceanografia; a hidrologia; a glaciologia e a meteorologia.
As pesquisas geofísicas realizadas com técnicas e instrumentos avançados levaram a um conhecimento mais profundo do comportamento da Terra, o que possibilitou a elaboração das atuais teorias sobre a formação e configuração do planeta — tectônica de placas — e facilitou a busca de depósitos minerais.
Embora sejam muitos os ramos da geofísica, distinguem-se, para fins práticos, apenas a geofísica pura e a geofísica aplicada. A primeira, também chamada geofísica acadêmica, dedica-se a pesquisas de caráter geral, sem fins práticos imediatos. Encara a Terra como unidade e o principal objeto de seu interesse são os fenômenos físicos de escala universal. A geofísica aplicada, ou prospecção geofísica, visa sempre a um fim econômico imediato e investiga apenas estruturas geológicas de amplitude relativamente restrita. Seus principais objetivos são a prospecção de jazidas minerais, água subterrânea, petróleo, e estudos sobre a viabilidade de obras de engenharia civil.

A característica mais geral das pesquisas geofísicas é que a maior parte das observações e medidas são feitas na superfície da Terra, ou em pontos próximos. As medidas diretas, nas minas, nas sondagens e nas profundidades oceânicas, não vão além de alguns quilômetros. Como o raio da Terra tem mais de seis mil quilômetros, complementa-se a pesquisa com diversos métodos indiretos, que dão informações sobre pontos mais profundos.
No estudo da atmosfera, as observações e medidas feitas na superfície também são insuficientes, mas o acesso é mais fácil que ao interior do globo e diversos métodos permitem obter informações diretas em alturas cada vez maiores. Um dos instrumentos utilizados para esse fim são os balões-sondas, cheios de hidrogênio, que podem atingir alturas de dezenas de quilômetros. Também se utilizam foguetes, por meio dos quais são postos em órbita satélites artificiais capazes de transportar verdadeiros laboratórios. O fato de o satélite poder realizar em poucas horas uma rotação em torno da Terra permite o estudo de uma propriedade terrestre quase simultaneamente em vários pontos do globo, o que facilita a obtenção de medidas comparativas. O advento dos computadores, que tornaram o tratamento dos dados, antes longo e fastidioso, muito mais rápido e preciso, também representou uma verdadeira revolução da geofísica.
Importância da geofísica aplicada. O progresso da civilização industrial tem exigido um consumo cada vez maior de minério e materiais de construção, além de fontes de energia, especialmente petróleo. O problema do suprimento de água torna-se também cada vez mais grave em muitos centros urbanos. Daí a importância da geofísica aplicada, que busca métodos de reduzir os custos das pesquisas realizadas no subsolo.
A geofísica aplicada deve ser encarada como uma ferramenta à disposição da geologia. O trabalho do geólogo encontra grande auxílio na topografia, nas fotografias aéreas e nos sensores remotos, que fornecem apenas dados de superfície. Se houver necessidade de informações mais precisas, o geólogo lança mão dos métodos geofísicos e de prospecção convencional, que o capacitam a completar e confirmar suas hipóteses sobre as condições geológicas de subsuperfície. A grande vantagem desses métodos é poderem dar essa visão do interior da crosta terrestre num tempo rápido e por um custo operacional pequeno, em comparação com sondagens e abertura de galerias.

6819 – De ☻lho no Mapa – A Tasmânia



Ligada fisicamente à Oceania até aproximadamente dez mil anos atrás, a ilha de Tasmânia, com forma triangular, surgiu com a elevação do nível do mar e a posterior formação do estreito de Bass.
Tasmânia é uma ilha do oceano Índico que, com outras ilhas menores, forma o estado australiano também chamado Tasmânia. Está separada do continente pelo estreito de Bass, que liga o mar da Tasmânia ao oceano Índico. As outras ilhas que integram o arquipélago-estado são a Bruny, na costa sudeste, próximo a Hobart, a capital tasmaniana; as ilhas de Flinders e King, no estreito de Bass; e numerosas ilhotas. Com uma área de 68.332km2, a Tasmânia está situada a sudeste da Austrália. É banhada pelo mar de Tasmânia a leste e a oeste pelas águas do oceano Índico. O clima é subtropical.
Descoberta em 1642 pelo navegador holandês Abel Tasman, foi chamada até 1856 de terra de Van Diemen, em homenagem a outro explorador que ali esteve. Depois de passar ao domínio inglês, começou em 1803 a ser aproveitada inicialmente apenas como colônia penal. Entre 1870 e 1880 passou a ser povoada por mineradores na exploração de estanho, ouro, chumbo e cobre, até que em 1901 tornou-se um dos estados da Austrália. Toda sua população é de origem inglesa, uma vez que os nativos foram dizimados em lutas com colonos no século XIX.
A economia da ilha baseia-se nas culturas de cereais, batata, feno e árvores frutíferas, atividade pecuária, mineração e exploração de produtos florestais. Tem uma vida cultural vigorosa, com numerosos grupos musicais amadores e realização de festivais de cinema. Conta ainda com a Universidade de Tasmânia, fundada em 1890.

A Tasmânia era, antigamente, habitada por populações indígenas, os aborígenes tasmanianos, existindo evidências que indicam sua presença nesse território, que mais tarde se tornaria uma ilha, há pelo menos 35 000 anos. A população indígena, em 1803, na época da colonização britânica, foi estimada em 5000. Os aborígenes da Tasmânia não produziam fogo ou armas e, por isso, eram considerados pelos colonizadores europeus como sendo uma raça inferior. A limpeza étnica era vista como algo necessário para evitar a contaminação da humanidade por raças inferiores e os aborígenes foram caçados como animais. Sua pele foi usada para produzir couro, adultos foram esterilizados e muitos morreram em consequência de doenças. A população foi dizimada, mas alguns descendentes mestiços ainda sobrevivem. O impacto das doenças introduzidas, anteriores às primeiras estimações europeias sobre a população da Tasmânia, significa que a população indígena original poderia ter sido algo superior a 5000. O último aborígene de sangue puramente tasmaniano foi Truganini – que morreu em Hobart em 1876.
O primeiro europeu a avistar a Tasmânia de maneira comprovada foi o explorador neerlandês Abel Tasman em 24 de novembro de 1642, o qual chamou a ilha de Anthoonij van Diemenslandt em homenagem a seu patrocinador, o Governador-geral das Índias Orientais Neerlandesas. O nome foi mais tarde encurtado para Terra de Van Diemen (Van Diemens Land) pelos britânicos. O Capitão Marc-Joseph Marion du Fresne também avistou a ilha em 1772, James Cook em 1777, Antoine Raymond Joseph de Bruni d’Entrecasteaux em 1792 e 1793, Nicolas Baudin em 1802 e diversos outros navegadores europeus acostaram na ilha.
A primeira colônia foi iniciada pelos britânicos em Risdon Cove na margem oriental do estuário do Derwent em 1803 por um pequeno grupo enviado de Sydney sob o comando do tenente John Bowen. Uma segunda colônia foi estabelecida pelo capitão David Collins 5 km ao sul da primeira em 1804 em Sullivan’s Cove na margem ocidental do Derwent onde a água doce era mais abundante. Esta última colônia ficou conhecida como Hobart Town ou Hobarton, mais tarde encurtado para Hobart, em homenagem ao secretário colonial britânico da época, Lord Hobart. A colônia de Risdon foi mais tarde abandonada.

Uma praia na Tasmânia

Embora esteja raramente nas manchetes dos jornais, a Tasmânia atraiu a atenção mundial diversas vezes, principalmente durante a década de 1970, quando o governo da época anunciou planos para inundar o Lago Pedder, de grande importância ambiental; em 29 de abril de 1996, quando o caçador Martin Bryant abriu fogo, matando 35 turistas e residentes e ferindo 37 outras pessoas, em um incidente hoje conhecido como o Massacre de Port Arthur; e, mais recentemente, com o casamento da antiga cidadã de Hobart, Mary Donaldson, com Frederico, Príncipe Herdeiro da Dinamarca, em 14 de maio de 2004.
A Tasmânia é uma ilha acidentada de clima temperado, tão similar ao da Inglaterra no período pré-industrial que alguns colonos ingleses chamavam-na a “Inglaterra do Sul”.
Geograficamente, a Tasmânia é similar à Nova Zelândia a leste. Como a Tasmânia não teve atividade vulcânica nas recentes eras geológicas, ela tem montanhas arredondadas semelhantes às encontradas no interior da Austrália, ao contrário da maior parte da Nova Zelândia. A parte mais elevada é a região central, que cobre a maior parte do centro-oeste do Estado. A área centro-leste é plana, sendo usada principalmente para a agricultura, embora atividades pecuárias existam no estado.

Diabo da Tasmânia, a rara espécie exclusiva do local

Língua Oficial: Inglês
Capital: Hobart

6818 – Biologia – O Porco Selvagem


É um dos animais mais agressivos e perigosos de que se conhece. Esse terrível animal vive em bandos que chegam a ter 30, 50 e até 100 exemplares. Existem 2 espécies de porcos selvagens no Brasil: o caitetú e a queixada como são conhecidos pelos caçadores e agricultores. O primeiro é menor e menos perigoso. Quando perseguido pelos cães foge, escondendo-se em tocas na terra ou em pedreiras. O método usado pelos caçadores para fazê-lo sair é o fogo colocado na ponta de uma vara e introduzido na toca. Asfixiado ele sai e é abatido.
Ao contrário, as queixadas, quando perseguidas param e procuram fazer cerco ao seu perseguidor ou perseguidores, sejam cães, onça ou homem. Então,o esfacelam a dentadas. Os cães de caça novos são as maiores vítimas. Desconhecendo o perigo, chegam muito perto e são postos fora de combate, mortos ou gravemente feridos. O porco não morde como muitos supõem. Em violenta carga, passa rente a sua vítima e atira a foiçada sempre certeira, que consiste em 2 enormes e afiadas presas que lhe saem da boca. Na maioria dos casos, o cão fica rasgado de uma extremidade a outra, quase sempre morrendo no local.
Tais porcos não desfrutam de grande simpatia, pois são muito daninhos, atacando e destruindo plantações. São bastante sujos. É certo que comem de tudo. São tão vorazes que estariam sempre comendo se encontrassem alimento. Além de comerem frutas, raízes, etc, devoram o que deparam, por mais repugnante que seja. Vivem em grandes varas nas florestas, de onde saem para os charcos, margens de rios e roças, quase sempre de madrugada.

O Javali
É um mamífero artiodáctilo, da família Suidae, de médio porte e corpo robusto. É a mais conhecida e a principal das espécies de porcos selvagens.
Tem ampla distribuição geográfica, sendo nativo da Europa, Ásia e Norte da África. Em tempos recentes, foi introduzido nas Américas e na Oceania.
É o antepassado a partir do qual evoluiu o actual porco doméstico (Sus domesticus ou Sus scrofa domesticus).
Os javalis são animais de grandes dimensões, podendo os machos pesar entre 130 e 250 kg e as fêmeas entre 80 e 130 kg. Medem entre 125 e 180 cm de comprimento e podem alcançar uma altura no garrote de 100 cm. Os machos são consideravelmente maiores que as fêmeas, além de terem dentes caninos maiores. Na Europa, os animais do norte tendem a ser mais pesados que os do sul.
O corpo do javali é robusto e estreito, com patas relativamente curtas. Tem uma cabeça grande, triangular, com olhos pequenos, mas quando é criado junto aos porcos domésticos, para criar o híbrido javaporco, o crânio começa a mudar ficando mais assemelhado ao do porco doméstico.
Os quartos dianteiros do javali são mais robustos que os traseiros, enquanto que no porco doméstico ocorre o contrário; a diferença se deve à intensa seleção por variedades de porcos domésticos com mais carne levada a cabo pelos criadores.
A boca é provida de enormes caninos que se projetam para fora e crescem continuamente. Os caninos superiores são curvados para cima, enquanto os inferiores, maiores ainda, chegam a ter 20 cm de comprimento. Os caninos são usados como armas em lutas entre machos e contra inimigos.
Ao contrário de certas raças de porcos domésticos, os javalis são cobertos de pelagem. Os pelos são rijos e nos adultos variam de cor entre o cinza-escuro e o acastanhado. Os filhotes apresentam cor de terra clara com listras negras, o que lhes dá uma camuflagem muito eficiente. A pelagem dos filhotes escurece com a idade.
Os javalis preferem bosques com bastante vegetação onde possam esconder-se, mas também frequentam à noite áreas abertas, assim como áreas cultivadas. Em sua ampla área de distribuição, ocupam bosques temperados até florestas tropicais. Não ocorrem em desertos nem em alta montanha.

6817 – Sonda encontra vestígios de antigo riacho em Marte


Passo a Passo da Odisséia Terra-Marte no ☻Mega Arquivo

O jipe-robô Curiosity, que há quase dois meses explora a superfície marciana, encontrou evidências do que parece ter sido um riacho que um dia correu vigorosamente pelo solo de Marte.
Já existiam evidências anteriores da existência de água no planeta vermelho, mas as imagens registradas pela sonda são o que há de mais representativo até agora.
Nas fotos, é possível ver as marcas da ação da água sobre as rochas marcianas.
Os cientistas estão estudando agora as imagens de pedras “concretadas” em uma camada de rocha agrupada. O tamanho e a forma dessas pedras oferecem pistas sobre a velocidade e o comprimento do fluxo desse riacho há muito desaparecido.
Segundo os cientistas, a água bateria em algum lugar entre o tornozelo e o quadril de um adulto.
“Muitos artigos foram escritos sobre os canais de água em Marte, com muitas hipóteses diferentes sobre seus fluxos. Esta é a primeira vez que nós estamos realmente vendo cascalho transportado por água no planeta. É uma transição entre a especulação do tamanho do material dos riachos para a observação direta deles”, avalia William Dietrich, coinvestigador científico do Curiosity e pesquisador da Universidade da Califórnia em Berkeley.
O local da descoberta é próximo da área em que o Curiosity pousou, entre o norte da cratera Gale e a base do monte Sharp, uma montanha dentro da cratera. Imagens anteriores do local permitiram interpretações adicionais do conglomerado.
A forma arredondada de algumas pedras do conglomerado indica que elas foram transportadas por longas distâncias. A abundância de canais entre a margem e o aglomerado de pedras sugere que o fluxo continuou ou se repetiu durante muito tempo, e não apenas uma vez ou por só alguns anos.
A descoberta foi feita a partir do estudo de dois afloramentos, batizados de “Hottah” e “Link”. As imagens foram feitas durante os 40 primeiros dias após o pouso do Curiosity. Essas observações seguiram pistas anteriores de um outro afloramento, que foi descoberto quando o robô estava pousando.
O cascalho encontrado nos conglomerados varia em tamanho e forma. Alguns não são maiores do que um grão de areia, enquanto outros chegam ao tamanho de uma bola de golfe. Alguns são angulosos, mas muitos são arredondados.
“Os formatos mostram que eles foram transportados e e o tamanho indica que isso não pode acontecer pelo vento. Foram transportados pelo fluxo da água”, diz Rebecca Williams, uma das pesquisadoras do Curiosity.
A equipe científica pode usar o Curiosity para aprender mais sobre a composição química desse material e o que mantém esse aglomerado junto, revelando mais características desse ambiente molhado que formou os depósitos.
E isso, dizem os cientistas, é só o começo. A missão do Curiosity está prevista pra durar dois anos. Os pesquisadores irão usar os dez instrumentos científicos da sonda para investigar se a cratera Gale e seus arredores um dia já ofereceram condições ambientais favoráveis à vida de micróbios.

Possivelmente um riacho extinto em Marte

6816 – Geologia – O Giro Interno da Terra


O núcleo interno da Terra é constituído de ferro derretido, praticamente líquido. Quando ele gira, junto com o movimento de rotação, o atrito com a área sólida formada por rochas faz com que se formem redemoinhos que parecem cilíndros. As cargas elétricas que correm nos cilíndros formam o campo magnético.

O campo magnético terrestre assemelha-se a um dipolo magnético com seus pólos próximos aos pólos geográficos da Terra. Uma linha imaginária traçada entre os pólos sul e norte magnéticos apresenta uma inclinação de aproximadamente 11,3º relativa ao eixo de rotação da Terra. A teoria do dínamo é a mais aceita para explicar a origem do campo. Um campo magnético, genericamente, se estende infinitamente. Um campo magnético vai se tornando mais fraco com o aumento da distância da sua fonte. Como o efeito do campo magnético terrestre se estende por várias dezenas de milhares de quilómetros, no espaço ele é chamado de magnetosfera da Terra.
Pólo magnético
A localização dos pólos não é estática, chegando a oscilar vários quilômetros por ano. Os dois pólos oscilam independentemente um do outro e não estão em posição diretamente opostas no globo. Atualmente o pólo sul magnético distancia-se mais do pólo norte geográfico que o pólo norte magnético do pólo sul geográfico.
O campo é semelhante ao de um ímã de barra, mas essa semelhança é superficial. O campo magnético de um ímã de barra, ou qualquer outro tipo de ímã permanente, é criado pelo movimento coordenado de elétrons (partículas negativamente carregadas) dentro dos átomos de ferro. O núcleo da Terra, no entanto, é mais quente que 1043 K, a temperatura de Curie em que a orientação dos orbitais do elétron dentro do ferro se torna aleatória. Tal aleatorização tende a fazer a substância perder o seu campo magnético. Portanto, o campo magnético da Terra não é causado por depósitos magnetizados de ferro, mas em grande parte por correntes elétricas do núcleo externo líquido.
Outra característica que distingue a Terra magneticamente de um ímã em barra é sua magnetosfera. A grandes distâncias do planeta, isso domina o campo magnético da superfície.
Correntes elétricas induzidas na ionosfera também geram campos magnéticos. Tal campo é sempre gerado perto de onde a atmosfera é mais próxima do Sol, criando alterações diárias que podem deflectir campos magnéticos superficiais de até um grau.

A intensidade do campo na superfície da Terra neste momento varia de menos de 30 microteslas (0,3 gauss), numa área que inclui a maioria da América do Sul e África Meridional, até superior a 60 microteslas (0,6 gauss) ao redor dos pólos magnéticos no norte do Canadá e sul da Austrália, e em parte da Sibéria.
Magnetômetros detectaram desvios diminutos no campo magnético da Terra causados por artefatos de ferro, fornos para queima de argila e tijolos, alguns tipos de estruturas de pedra, e até mesmo valas e sambaquis em pesquisa geofísica. Usando instrumentos magnéticos adaptados a partir de dispositivos de uso aéreo desenvolvidos durante a Segunda Guerra Mundial para detectar submarinos, as variações magnéticas através do fundo do oceano foram mapeadas. O basalto – rocha vulcânica rica em ferro que compõe o fundo do oceano – contém um forte mineral magnético (magnetita) e pode distorcer a leitura de uma bússola. A distorção foi percebida por marinheiros islandeses no início do século XVIII. Como a presença da magnetita dá ao basalto propriedades magnéticas mensuráveis, estas variações magnéticas forneceram novos meios para o estudo do fundo do oceano. Quando novas rochas formadas resfriam, tais materiais magnéticos gravam o campo magnético da Terra no tempo.
Em Outubro de 2003, a magnetosfera da Terra foi atingida por uma chama solar que causou uma breve, mas intensa tempestade geomagnética, provocando a ocorrência de Aurora boreal|auroras boreais.

Reversões do campo magnético
O campo magnético da Terra é revertido em intervalos que variam entre dezenas de milhares de anos a alguns milhões de anos, com um intervalo médio de aproximadamente 250.000 anos. Acredita-se que a última ocorreu 780.000 anos atrás, referida como a reversão Brunhes-Matuyama.
O mecanismo responsável pelas reversões magnéticas não é bem compreendido. Alguns cientistas produziram modelos para o centro da Terra, onde o campo magnético é apenas quase-estável e os pólos podem migrar espontaneamente de uma orientação para outra durante o curso de algumas centenas a alguns milhares de anos. Outros cientistas propuseram que primeiro o geodínamo pára, espontaneamente ou através da ação de algum agente externo, como o impacto de um cometa, e então reinicia com o pólo norte apontando para o norte ou para o sul. Quando o norte reaparece na direção oposta, interpretamos isso como uma reversão, enquanto parar e retornar na mesma direção é chamado excursão geomagnética.
A intensidade do campo geomagnético foi medida pela primeira vez por Carl Friedrich Gauss em 1835 e foi medida repetidamente desde então, sendo observado um decaimento exponencial com uma meia-vida de 1400 anos, o que corresponde a um decaimento de 10 a 15% durante os últimos 150 anos.

6815 – Neurociência


Só nos EUA são 3 mil casos nos tribunais, baseados no depoimento de gente que garante ter recuperado lembranças traumáticas. São acusações de estupro e abusos sexuais. Muitas de tais recordações podem ser memórias imaginárias e o acusador nem sabe que está mentindo. Medicos fazem testes com estímulos cerebrais para saber a velocidade e intensidade do tráfego de informações no cérebro.

Um Pouco +
Neurociência é o estudo científico do sistema nervoso. Tradicionalmente, a neurociência tem sido vista como um ramo da biologia. Entretanto, atualmente ela é uma ciência interdisciplinar que colabora com outros campos como a química, ciência da computação, engenharia, linguística, matemática, medicina e disciplinas afins, filosofia, física e psicologia. O termo neurobiologia é usualmente usado alternadamente com o termo neurociência, embora o primeiro se refira especificamente a biologia do sistema nervoso, enquanto o último se refere à inteira ciência do sistema nervoso.
O escopo da neurociência tem sido ampliado para incluir diferentes abordagens usadas para estudar os aspectos moleculares, celulares, de desenvolvimento, estruturais, funcionais, evolutivos, e médicos do sistema nervoso, ainda sendo ampliado para incluir a cibernética como estudo da comunicação e controle no animal e na máquina com resultados fecundos para ambas áreas do conhecimento. As técnicas usadas pelos neurocientistas tem sido expandida enormemente, de estudos moleculares e celulares de neurônios individuais até imageamento de tarefas sensoriais e motoras no cérebro. Avanços teóricos recentes na neurociência têm sido auxiliados pelo estudo das redes neurais.
Dado o número crescente de cientistas que estudam o sistema nervoso, várias proeminentes organizações de neurociência tem sido formadas para prover um fórum para todos os neurociêntistas e educadores.
Observe-se que a maioria dos vocábulos com prefixo neuro podem ser substituídos ou associados ao prefixo psico, a moderna neurociência tende a reunir as produções isoladas face ao risco de perder a visão global do seu objeto de estudo: o sistema nervoso, contudo a complexidade deste, e em especial do sistema nervoso central da espécie humana, exige o estudo isolado de cada campo e o exercício da inter-relação de pesquisas.

O cérebro, a mente e os seus problemas
Além da tarefa ainda não concluída em milhares de anos de pesquisas, especulações, tentativas, erros e acertos sobre a anatomia e fisiologia do cérebro e de suas funções, sejam o comportamento/pensamento (psique) ou os mecanismos de regulação orgânica e interação psicossocial alguns problemas se impõem aos pesquisadores, destacando-se entre estes os que podem ser reunidos pela patologia.
Ressalte-se, porém, a inconveniência de reduzir a neurociência à clínica e anatomia patológica como na história da medicina já se fez, e perdermos de vista a possibilidade de construção de um conhecimento da saúde (não redutível ao oposto qualificativo da doença) considerando também as dificuldades de aplicação dos conceitos da patologia às variações genéticas e bioquímicas das espécies e natureza da psique e/ou comportamento.

6814 – A Maior Célula Sexual do Mundo é de uma Mosca


Diferentemente do homem, que produz dezenas de milhões de minúsculos espermatozóides (de 6 centésimos de milímetro cada um), alguns insetos, como as moscas-de-vinagre, da família das Drosophilas produzem um único e imenso gameta masculino, de 2 centímetros de comprimento. Curioso é que a Drosophila não mede mais do que 3 milímetros, ou seja, o espermatozóide é até sete vezes maior do que seu portador. Segundo os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas, na França, que estudam o caso, o espermatozóide da mosca-de-vinagre carrega muito mais informações e materiais para o óvulo do que o do homem, sendo responsável, inclusive, por parte do desenvolvimento do embrião – o que não acontece na maioria das espécies.

6813 – Biologia – O Morcego


Morcego marrom

O traço mais remoto da separação da linhagem humana dos demais primatas tem entre 5 e 6 milhões de anos. Os morcegos chegaram bem antes. Dos mamíferos que começaram a ocupar o planeta após a extinção dos grandes lagartos, que dominaram o mundo até 65 milhões de anos atrás, eles estão entre os mais antigos. O fóssil de morcego mais velho já encontrado tem cerca de 50 milhões de anos e mostra que os espécimes atuais se parecem muito com seu antepassado distante.
A capacidade de adaptação desses mamíferos levou-os a quase todos os lugares do planeta. Eles só não vivem em lugares muito frios. No total, são cerca de 1000 espécies identificadas. Ou seja: aproximadamente um em cada quatro mamíferos é morcego. No Brasil, há 138 espécies, espalhadas por todo o país. Há morcegos pequenos e leves, grandes e pesados, pretos, marrons e até vermelhos.
A maior espécie do mundo é a Pteropus giganteus, uma raposa-voadora que vive na Ásia e Oceania e pode chegar a quase 2 metros de envergadura. O menor morcego conhecido é o tailandês Craseonycteris tonglongyaii, que pesa cerca de 2 gramas – menos que uma azeitona – e está entre os menores mamíferos do planeta. No Brasil, a maior espécie é o carnívoro Vampyrum spectrum, encontrado na Amazônia, que atinge 1 metro com as asas abertas.
A maior peculiaridade desses animais, comum a todas as espécies, é sua capacidade de voar. O morcego é o único mamífero que se locomove pelo ar. E para isso ele utiliza as mãos, que a evolução transformou em asas. A estrutura dos ossos da mão do morcego é parecida com a da mão humana. A principal diferença é a proporção. Nos morcegos, as falanges são finas e compridas, quase do tamanho do corpo. Os dedos são unidos por uma membrana elástica, que também é ligada às pernas. Para voar, basta afastar os dedos e mover os braços para cima e para baixo. Mas a operação não é simples. De fato, ela requer muita energia. Para contornar esse problema, o morcego normalmente alça vôo a partir de um ponto mais alto, cai alguns centímetros e, após ganhar velocidade, retoma a altitude.
A membrana lisa e contínua que forma suas asas impede a passagem de ar, ao contrário do que ocorre com as penas das aves, que são aerodinâmicas. Isso, aliado à enorme flexibilidade das asas articuladas, permite manobras radicais. Um leve ajuste nos dedos é capaz de gerar ângulos variáveis, fazendo com que o vôo do morcego seja muito mais dinâmico que o de qualquer ave. Algumas espécies atingem velocidades de até 50 km/h.
Seu jeito de voar ajuda a explicar outra peculiaridade: o hábito de ficar de cabeça para baixo. Pousados dessa forma, os morcegos facilitam o início de seu vôo: basta deixar a gravidade atuar e iniciar o movimento das asas. Sua pelagem é vasta e pesada e eles não possuem as estruturas adaptadas ao vôo que as aves têm – ossos mais leves e penas impermeáveis –, por isso precisam de toda a energia disponível para alçar vôo.
Outra razão para ficarem de ponta-cabeça é que a transformação de seus membros superiores em asas diminuiu-lhes a capacidade de ficarem eretos e suas pernas e pés não têm força para agüentar longos percursos. Além disso, de cabeça para baixo os morcegos têm mais equilíbrio e, fechando as asas, conseguem se proteger melhor. Para dormir nessa posição, eles possuem um eficiente sistema que trava os tendões das patas traseiras na base em que tiverem atracado para tirar uma soneca.

Morcegos não são cegos. Algumas espécies enxergam até dez vezes melhor que os seres humanos. No entanto, a imensa maioria vê o mundo em preto-e-branco, o que não é exatamente um problema para um animal que tem hábitos noturnos. De fato, a visão dos morcegos é perfeitamente adaptada aos ambientes com pouca luminosidade. Além disso, eles contam com uma ajudinha ainda mais sofisticada para se orientar no escuro: a ecolocalização, um sistema que funciona como um biossonar. O morcego emite ondas sonoras em freqüências inaudíveis para o ser humano que, ao encontrar um obstáculo, retornam e são captadas por seu ouvido especial. Pelo sinal reverberado, o morcego consegue medir a que distância está o objeto, qual seu tamanho, velocidade e até detalhes de sua textura.
Das quase 1000 espécies de morcegos, apenas três são hematófagas, isto é, alimentam-se exclusivamente de sangue. Os temidos morcegos-vampiros são pequenos – o maior deles tem apenas 10 centímetros – e vivem na América do Sul, inclusive no Brasil. Ou seja: a maioria dos morcegos come frutas e insetos e nada tem a ver com Bela Lugosi e Christopher Lee. Segundo explica um biólogo da Unicamp, duas espécies bebem exclusivamente sangue de aves: Diphylla ecaudata e Diaemus youngii. A terceira espécie – Desmodus rotundus, conhecido como morcego-vampiro comum – alimenta-se do sangue de aves e mamíferos. Ataques a seres humanos não são habituais, contudo tem havido relatos recentes de episódios assim em vilarejos remotos no Pará e no Amazonas.

O morcego-vampiro consegue perceber o calor da circulação sanguínea sob a pele das vítimas e usa este dom, chamado de termorrecepção, para mapear os vasos mais próximos da pele. Por isso sua mordida é cirúrgica, superficial e quase indolor. Ele usa a língua dobrada como um canudinho para colher o fluido até se saciar.
Totalmente adaptados ao alimento líquido, eles têm menos dentes que outros, com molares e pré-molares pouco desenvolvidos, abrindo espaço para grandes e afiados incisivos e caninos. É comum que os vampiros voltem a atacar a mesma vítima, usando a mesma ferida, para poupar o trabalho da mordida.
Em sua saliva há uma substância anticoagulante, que faz a ferida continuar sangrando além do tempo normal.
Essa substância, a desmoteplase, é atualmente alvo de inúmeras pesquisas justamente por suas propriedades anticoagulantes. De acordo com um artigo publicado em julho na revista inglesa New Scientist, o laboratório alemão Paion, baseado em Berlim, isolou a substância e a está testando no tratamento de coágulos sanguíneos que se formam após ataques cardíacos e derrames em seres humanos. Segundo o artigo, há estudos sendo conduzidos com o objetivo de sintetizar a desmoteplase para lançá-la comercialmente.
As fezes do morcego, quando acumuladas em grande quantidade em locais úmidos e abafados, podem produzir um fungo chamado histoplasma, um pó branco e tóxico que, quando inalado, causa uma doença respiratória grave. A histoplasmose pode ser controlada, mas não tem cura.
A diversidade entre as espécies de morcegos é muito grande, mas há características comuns a todas. A reprodução, por exemplo. A maior parte das fêmeas tem apenas um filhote por ninhada. Os bebês-morcegos nascem sem pêlos e totalmente dependentes da mãe. Mamam por períodos que variam de duas a quatro semanas e daí em diante estão prontos para a vida adulta que pode ser relativamente longa, quando comparada à de outros mamíferos do mesmo porte. Há morcegos que chegam a viver até 30 anos.
Os morcegos costumam ser animais gregários, mas não são fiéis a um único grupo. Quando estão prestes a parir, as fêmeas se concentram em um mesmo abrigo, onde permanecem juntas até seus filhotes estarem aptos a buscar o próprio alimento. Em algumas espécies hematófagas, as fêmeas que não conseguem se alimentar são ajudadas por outras, que trazem comida para elas.

Os hábitos alimentares dos morcegos são os mais diversos dentro de uma única ordem de mamíferos. Há um numeroso contingente de devoradores de insetos (insetívoros), amantes de frutas (frugívoros), apaixonados por néctar (nectarívoros), gourmets de peixes (piscívoros), apreciadores de pequenos vertebrados (carnívoros), glutões que comem de tudo um pouco, como frutos, flores e pequenos vertebrados (onívoros), e os já citados hematófagos. Ah, sim, na luta pela sobrevivência, vale tudo: há morcegos que comem outros morcegos.
Entre seus predadores naturais estão as cobras e os gambás. Mas os gatos domésticos, quem diria, costumam ser seus assassinos mais comuns.
Os morcegos são animais noturnos. Normalmente, saem para se alimentar logo após o pôr-do-sol e se a comilança for boa podem ser vistos ainda ao alvorecer. Moram em árvores, cavernas, grutas e preferem locais quentes e relativamente úmidos. O morcego não constrói ninhos.
As espécies que vivem em lugares mais frios costumam hibernar, quando a oferta de alimentos é pequena. Elas se recolhem aos abrigos e, sempre de cabeça para baixo, são capazes de passar dois ou três meses dormindo. Para economizar energia, reduzem a temperatura corporal para cerca de 12 ºC (o normal é 36 ºC) e seus batimentos cardíacos caem para 25 por minuto – em vôo o coração do morcego chega a bater 1000 vezes por minuto, o equivalente aos motores de 1000 rpm que equipam pequenas lanchas.

O segredo do morcego
Ratos de asas. Cegos. Sujos e doentes. Pobres morcegos. Seus hábitos noturnos, a vida nas cavernas, a aversão à luz fizeram com que as pessoas associassem-nos ao mal. Dos vários mitos envolvendo morcegos, o mais difundido é sua associação com seres maléficos e com o próprio diabo. Na Europa, antes mesmo dos primeiros relatos de morcegos sugadores de sangue chegarem da América, já se difundiam lendas sobre vampiros e demônios, sempre representados com asas de morcegos. Na época, os pobres bichinhos ocupavam papel principal em rituais de bruxaria, onde era comum tomar seu sangue para selar um pacto com o sobrenatural.
Em muitas culturas da antiguidade, no entanto, a imagem do morcego não era tão ruim. Nas fábulas gregas, eles eram descritos como espertos e medrosos.
Entre os maias, eram adorados com o nome de Z’otz. No mito da Quichémaia um morcego de cabeça cortada aparece como deus do mundo inferior. Tribos nativas norte-americanas os veneravam como entidades protetoras.
Ainda hoje, em algumas regiões da Escócia, o valor de casas e castelos aumenta se há morcegos morando na propriedade. Na África e no Sudeste Asiático, eles são caçados pelos humanos, que apreciam o sabor dos peludos bichos e os consideram uma iguaria. Já na China, o morcego é símbolo de felicidade. O som da palavra chinesa que designa morcego – FU – também significa riqueza. Lá, cinco morcegos juntos representam longevidade, saúde, fortuna, amor e morte natural. Entre os aborígenes australianos, morcegos são símbolos de fertilidade.

6812 – Medicina – Prevenindo o Câncer de Próstata


O câncer de próstata é uma doença desconcertante. O paradigma de diagnóstico precoce e tratamento imediato, válido para os demais tumores malignos, está sendo questionado para um número significante dos que recebem o diagnóstico da doença.
Nos anos 1970, câncer de próstata era uma doença relativamente rara, característica de homens idosos, portadores de outros problemas de saúde geralmente mais graves. O diagnóstico só era feito quando surgia dificuldade para urinar, obstrução urinária, sangramento, dores na região ou os sintomas das metástases ósseas, complicações tardias, típicas dos tumores avançados localmente e daqueles que já se disseminaram pelo esqueleto.
O tratamento se limitava à retirada dos testículos para bloquear a produção de testosterona e à administração de hormônios femininos. Boa parte dos pacientes entrava em remissões prolongadas, enquanto outros não sobreviviam à progressão
da enfermidade.
A partir dos anos 1990, o emprego do toque retal rotineiro e de um exame de sangue, o PSA, como teste de triagem, levou à indicação de biópsias de próstata capazes de identificar tumores iniciais em homens completamente assintomáticos.
O diagnóstico precoce permitiu que os cirurgiões aprimorassem as técnicas para a retirada radical da próstata e possibilitou o desenvolvimento de métodos modernos de radioterapia, nos quais os raios incidem diretamente sobre o órgão com o mínimo de “escape” para os tecidos vizinhos.
Infelizmente, esses avanços tiveram um preço: as complicações do tratamento. Em cerca de 50% dos casos, surge impotência sexual; incontinência urinária, em 5% a 10%; cistitess e efeitos tóxicos da ação da radioterapia sobre o reto (diarreia, sangramento retal e inflamações crônicas), em 5%a 20%.
Os benefícios coletivos da aplicação desses métodos de triagem (PSA e toque retal) têm provocado discussões acaloradas entre os especialistas, depois que alguns estudos americanos e europeus demonstraram que perseguir o diagnóstico precoce tem pequeno impacto na redução da mortalidade. Na melhor das hipóteses, seria
capaz de evitar uma morte para cada 48 pacientes tratados, num período de 10 anos.
A história natural da doença costuma ser tão lenta que na maioria dos casos nos quais o tumor é identificado depois dos 60 anos, não haveria necessidade de tratamento imediato, porque os pacientes morreriam precocemente por outras causas ou conviveriam em equilíbrio com o tumor, sem manifestações que lhes prejudicasse a qualidade de vida. O que complica essa equação é que alguns homens desenvolvem tumores muito agressivos, que se disseminam rapidamente.
Nos últimos anos, surgiram modelos que levam em conta a idade, os valores do PSA, as características das células malignas e a área da próstata invadida por elas, entre outros parâmetros, para identificar o grupo que teria a vida salva graças ao tratamento precoce e radical.
Embora útil, a aplicação prática desses modelos está distante do rigor matemático. Há tumores classificados como de baixo risco que se disseminam, enquanto outros de risco elevado evoluem sem complicações.

6811 – Medicina – Controle do Colesterol


Artéria entupida pelo colesterol

Níveis de colesterol devem ser avaliados a partir dos 30 anos

Nem todos sabem que o colesterol é uma substância necessária para o organismo. Sem ele, as células não formam a membrana que as envolve. No entanto, o desequilíbrio na produção desse tipo de gordura pode ter sérias implicações no organismo.
O intrigante é que existem dois tipos de colesterol: o HDL, ou bom colesterol, que protege contra ataques cardíacos e o LDL, ou mau colesterol, que facilita a formação de placas de ateroma nas veias e artérias e favorece o aparecimento de doenças cardiovasculares.
Nem sempre os níveis de colesterol são determinados pela dieta e estilo de vida. Colesterol alto não dá sintomas a não ser quando o estrago já está feito, o que torna seu controle uma medida indispensável para evitar riscos, uma vez que há relação entre colesterol elevado e acidentes cardiovasculares, no Brasil, a principal causa de morte em homens e mulheres.
A aterosclerose é causa, por exemplo, de ataques cardíacos como infarto do miocárdio e angina (o principal sintoma é dor intensa no peito), de intervenções como pontes de safena e angioplastias e é causa também de acidentes vasculares cerebrais. Portanto, estamos falando de uma patologia, a aterosclerose, que tem como um dos fatores desencadeantes o colesterol aumentado.
Recentemente, um estudo realizado no Incor que serviu de base para a tese da pós-graduanda Dra. Silmara Coimbra, comparando a ingestão de vinho tinto e suco de uva na reatividade vascular da artéria braquial de pessoas cuja única alteração era o colesterol aumentado, demonstrou que ambos apresentam bons resultados. Ou seja, é possível obter efeitos benéficos no sistema circulatório tomando suco de uva que não contém álcool. Entretanto, a ingestão de uma quantidade moderada de álcool pode ser benéfica para pessoas acostumadas a tomar vinho e que não apresentem contra-indicações como diabetes, arritmia, miocardiopatia ou insuficiência cardíaca.
No que se refere ao consumo de grãos, a vantagem é incorporar o número necessário de calorias por uma via que não envolve a ingestão de gordura saturada. Nesse aspecto, a dieta mediterrânea é benéfica, pois é composta basicamente por grãos, frutas e vegetais.
Em relação às mulheres, existe um conceito fundamental que pouca gente conhece. A principal causa de morte no sexo feminino, maior do que os cânceres ginecológicos ou qualquer outra doença, é o acidente cardiovascular. Por isso, ela precisa dos mesmos cuidados que os homens especialmente depois da menopausa. Em certas circunstâncias, a evolução da doença na mulher é pior porque as alterações aparecem mais tarde, quando a probabilidade de serem diabéticas e/ou hipertensas é maior.
Nos idosos, a causa mais frequente de morte também é a cardiovascular, mas muitos chegam aos 70, 80 anos sem grandes alterações de lípides e sem doença cardiovascular. Para esses não há por que indicar condutas rigorosas, penalizando-os com restrições desnecessárias. No entanto, se o indivíduo tiver lípides francamente alterados, sobretudo se estiverem associados a outros fatores de risco como hipertensão, fumo e diabetes, ou se já tiver sofrido acidente cardíaco ou cerebral, precisa de tratamento. Nesses casos, não há regra geral. Cada pessoa deve ser analisada individualmente, sabendo que o colesterol aumentado é um componente importante da principal causa de morte nesse grupo etário.

6810 – Física – O que são os Ráios Catódicos?


A propriedade de produzir fluorescência a partir de certos materiais tornou os tubos de raios catódicos a base técnica de televisores e outros aparelhos, como osciloscópios e telas de radar.
Raios catódicos são radiações compostas de elétrons que se originam no interior de tubos cheios de gás rarefeito (tubos de Crookes) e submetidos a uma diferença de potencial elétrico entre suas extremidades metálicas, ou pólos. Os elétrons emergem do pólo positivo do eletrodo, chamado catodo, e se propagam na forma de um feixe de partículas negativas.
A pesquisa dos raios catódicos teve início em 1838, quando Michael Faraday começou a estudar as descargas elétricas em gases submetidos a baixas pressões. A pesquisa alcançou maior desenvolvimento depois que o alemão Heinrich Geissler conseguiu construir tubos de vidro selados que continham eletrodos de metal. Com esses tubos, o matemático e físico alemão Julius Plücker realizou, em 1858, uma série de experiências. Plücker notou que, próximo ao catodo, formava-se uma luminescência de cor verde e, mais ainda, que sua posição variava com a proximidade de campos magnéticos.
Estudos posteriores realizados pelo físico alemão Eugen Goldstein mostraram que a luminosidade era provocada por raios que partiam do catodo e atravessavam o tubo em linha reta, em direção perpendicular à superfície do catodo. Por essa razão, Goldstein chamou essas radiações de raios catódicos. Com base na descoberta de Goldstein foram construídos, mais tarde, catodos côncavos com a finalidade de produzir raios dirigidos e concentrados, fundamentais na realização de numerosas experiências.
Por volta de 1878, William Crookes concluiu que os raios catódicos são formados de feixes de partículas com carga negativa, emitidas do catodo com velocidade muito alta. O fato foi comprovado em 1879 pelo físico Joseph John Thomson, que demonstrou serem as radiações desviadas pela ação de campos elétricos.
Os raios catódicos produzem ionização nos gases que atravessam, causam fluorescência nas paredes de vidro dos tubos de Crookes e em algumas substâncias como o sulfato de zinco. Além disso, têm baixo poder de penetração, aquecem as superfícies sobre as quais incidem e são independentes da natureza do gás existente no tubo.