Essa mistura de jogo, dança e pugilismo está presente em 48 países e por incrível que pareça, nenhum da África. A palavra capoeira vem do tupi e significa “mato ralo” e é provável que tenha surgido no campo, entre os escravos, mas há defensores da teoria de que seja urbana. A existência de jogos corporais semelhantes em Cuba comprovam que a semente de todas as especulações está nos costumes trazidos nos porões dos navios negreiros que também seguiram para o Caribe. A lei punia a capoeiragem com sentenças de até 300 açoites e o calabouço.
O auge da repressão foi em 1890, quando ficou instituída a deportação dos capoeiristas do RJ para Fernando de Noronha. Na Bahia foram desorganizados pela convocação para a Guerra do Paraguai, em 1864. As do Recife acabaram em 1912, quando o jogo voltou a ser brincadeira, dando origem ao chato frevo.
De 1890 a 1937 foi crime previsto pelo código penal da República. Exercícios na rua davam até 6 meses de prisão. As escolas sobreviviam clandestinamente nso subúrbios. Uma nova capoeira com outro nome surgiu, reunindo técnicas do boxe e do jiu-jitsu. Um pontapé no tórax ou na cabeça pode ser fatal.
Um pouco +
Desenvolvida no Brasil principalmente por descendentes de escravos africanos com alguma influência indígena, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.
Uma característica que distingue a capoeira da maioria das outras artes marciais é a sua musicalidade. Praticantes desta arte marcial brasileira aprendem não apenas a lutar e a jogar, mas também a tocar os instrumentos típicos e a cantar. Um capoeirista experiente que ignora a musicalidade é considerado incompleto.
A palavra capoeira é originária do tupi-guarani, que significa “o que foi mata”, através da junção dos termos ka’a (“mata”) e pûer (“que foi”).
A capoeira ainda é motivo de controvérsia entre os estudiosos de sua história, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu surgimento e o início do século XIX, quando aparecem os primeiros registros confiáveis com descrições sobre sua prática.
O escravo, vivendo em condições humilhantes e desumanas, era forçado a trabalhar à exaustão, frequentemente sofrendo castigos e punições físicas.
Neste meio, começou a nascer a capoeira. Mais do que uma técnica de combate, surgiu como uma esperança de liberdade e de sobrevivência, uma ferramenta para que o negro foragido, totalmente desequipado, pudesse sobreviver ao ambiente hostil e enfrentar a caça dos capitães-do-mato, sempre armados e montados a cavalo.
Não tardou para que grupos de escravos fugitivos começassem a estabelecer assentamentos em áreas remotas da colônia, conhecidos como quilombos. Inicialmente assentamentos simples, alguns quilombos evoluíam atraindo mais escravos fugitivos, indígenas ou até mesmo europeus que fugiam da lei ou da repressão religiosa católica, até tornarem-se verdadeiros estados multiétnicos independentes.
Neste tipo de comunidade formada por diversas etnias, constantemente ameaçada pelas invasões portuguesas, a capoeira passou de uma ferramenta para a sobrevivência individual a uma arte marcial com escopo militar.
O maior dos quilombos, o Quilombo dos Palmares, resistiu por mais de cem anos aos ataques das tropas coloniais.
O Quilombo dos Palmares localizava-se na então capitania de Pernambuco, na serra da Barriga, região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado brasileiro de Alagoas.
Conheceu o seu auge na segunda metade do século XVII, constituindo-se no mais emblemático dos quilombos formados no período colonial. Resistiu por mais de um século, o seu mito transformando-se em moderno símbolo da resistência do africano à escravatura.
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