Os 10 últimos Papas – Que antecederam o atual papa


Segue abaixo a lista dos 10 últimos Papas. À exceção de Bento XVI e João Paulo II, todos eram italianos:

  • Bento XVI (Joseph Aloisius Ratzinger, abril 2005/fevereiro 2013): Oito anos de pontificado. De nacionalidade alemã, foi o “Papa teólogo”, considerado um grande intelectual e conhecedor profundo dos dogmas. Surpreendeu ao anunciar sua renúncia – um ato sem precedentes em sete séculos – alegando “falta de forças”. Recebeu o título de “Papa emérito” e coabitará no Vaticano com seu sucessor.
  • João Paulo II (Karol Jozef Wojtyla, outubro 1978/abril 2005): 26 anos. Primeiro Papa não italiano desde Adriano VI (século XVI) e o único Papa polonês. Seu pontificado foi um dos mais longos da história.
  • João Paulo I (Albino Luciani, agosto 1978/setembro de 1978): morreu subitamente 33 dias após a sua eleição.
  • Paulo VI (Giovanni Battista Montini, junho de 1963/agosto de 1978): 15 anos. Nomeou cardeais seus três sucessores.
  • João XXIII (Angelo Giuseppe Roncalli, outubro 1958/junho 1963): Cinco anos. Foi o artífice do Concílio Vaticano II, que renovou a Igreja.
  • Pio XII (Eugenio Pacelli, março de 1939/outubro de 1958): 19 anos. Foi Papa durante a Segunda Guerra Mundial e foi acusado por historiadores e pela comunidade judaica de permanecer em silêncio frente ao Holocausto nazista.
  • Pio XI (Achille Ratti, fevereiro 1922/fevereiro 1939): 17 anos. Enfrentou a eclosão do comunismo e do fascismo na Europa.
  • Bento XV (Giacomo della Chiesa, setembro de 1914/janeiro de 1922): Oito anos. Teve intensa atividade diplomática durante a Primeira Guerra Mundial.
  • Pio X (Giuseppe Melchiorre Sarto, agosto de 1903/agosto de 1914): Onze anos. Primeiro Papa desde o século XVI que foi canonizado.
  • Leão XIII (Vincenzo Gioacchino Pecci, fevereiro 1878/julho de 1903): 25 anos. Foi um grande defensor da doutrina social da Igreja.

História da Humanidade – sociedades complexas criam deuses éticos


Uma predisposição mental típica do “Homo sapiens”: somos criaturas intensamente sociais, cuja vida e bem-estar dependem do relacionamento mais ou menos equilibrado e “justo” com outras criaturas do mesmo
tipo. E se fosse possível conceber os agentes intencionais sobrenaturais como seres que têm um interesse especial por justiça? É o que muitas sociedades andaram fazendo desde a aurora dos tempos e o resultado foram os deuses, que punem transgressões, segundo a crença de seus seguidores.
Tanto no mundo de hoje quanto no passado remoto, as pessoas se unem para enviar doações a gente que está passando fome do outro lado do planeta,ções a gente que está passando fome do outro lado do planeta (gente, aliás, que elas nunca viram nem verão), formam exércitos gigantescos para lutar contra inimigos comuns, obedecem a autoridades que elegeram, caminham em meio a multidões de desconhecidos sem nenhum sinal de hostilidade.É o que os teóricos costumam chamar de altruísmo recíproco indireto: mesmo quem nunca interagiu com você já ouviu dizer que fulano é um bom sujeito ou um traíra e agirá de acordo com tais informações.
Em parte, é claro que a resposta é inventar um Estado que funcione: burocratas para cobrar impostos; soldados para manter a ordem; tribunais, cadeias e carrascos para punir os malfeitores, e por aí vai. No entanto, durante milênios, da Mesopotâmia antiga até o século 19, até os Estados mais poderosos em geral eram “mínimos” no mau sentido. Funcionavam mal, em especial para os pobres (90% da população antes da modernidade).
Para o bem e para o mal, pessoas comuns tinham de se virar sem governo e sem polícia quase sempre. Sem polícia e sem governo, mas pelo menos com Deus ou os deuses.
Um levantamento feito pelo antropólogo Christopher Boehm, da Universidade do Sul da Califórnia, que examinou as crenças religiosas de 18 sociedades de caçadores-coletores, mostrou que apenas quatro delas. adoram deuses que proíbem enganar os outros, e só sete possuem divindades que condenam o assassinato.
Outro estudo da Universidade Baylor (EUA), examinou um banco de dados sobre as religiões de mais de 400 culturas pré-industriais diferentes mundo afora. Resultado: só um quarto delas reverencia deuses que se interessam pelos assuntos humanos e pregam o comportamento ético.
Parece que, do ponto de vista psicológico, o problema que os crentes em Deus têm com os ateus é essencialmente de confiança. Em outras palavras, as pessoas parecem enxergar a adesão a um Deus Grande
como parte importante da fé do sujeito no “contrato social”, ou seja, nas regras que governam a justiça e moralidade na vida em grupo.

Psicologia-A Mente Humana é Programada para Criar Deuses


O sujeito corta um pão de queijo no meio e vê o perfil da Virgem Maria gravado na massa quentinha; a dona de casa está prestes a jogar o tomate estragado fora quando percebe que as manchas na casca produzidas por um fungo são, imagine só, idênticas ao rosto barbudo e amoroso de Jesus Cristo. Essas manifestações culinárias do sagrado às vezes parecem tão convincentes que desencadeiam peregrinações e veneração.
Os princípios da filosofia e da ciência nunca teriam saído do ovo se nossos ancestrais jamais fossem capazes de se perguntar sobre o significado dos raios do Sol ou das nuvens da tempestade.
O  fato, porém, é que, em algum momento do passado remoto, esse tipo muito especial de raciocínio começou a tomar forma no cérebro dos primeiros candidatos a gente.É virtualmente impossível dizer quando foi esse momento. Podemos, entretanto, tentar inferir mais ou menos o que se passava dentro das cucas cabeludas de nossos ancestrais com a ajuda de alguns resquícios fósseis e do estudo de nossos parentes vivos hoje.
Tudo indica que somos a única espécie atual a acreditar em deuses ou outros seres sobrenaturais, como espíritos dos mortos, das árvores ou das águas.
Até uns 2 milhões de anos atrás, o cérebro das espécies da linhagem dos hominídeos, prováveis ancestrais diretos do ser humano, tinha o mesmo tamanho do de um chimpanzé típico (ou seja, um terço do nosso ou menos), aparentemente impossibilitando grandes arroubos de pensamento simbólico ou espiritual.

Por volta de 500 mil anos antes do presente, criaturas conhecidas como “Homo heidelbergensis”, que podem ter sido um ancestral comum entre a nossa espécie e os neandertais, já contavam com um cérebro igual o das pessoas de hoje. A capacidade craniana dos neandertais, aliás, era até superior à nossa.
Acredita-se que cérebros com esse nível de complexidade sejam necessários para que surja um dos pré-requisitos para a crença no sobrenatural, o pensamento simbólico. Acredita-se que cérebros com esse nível de complexidade sejam necessários para que surja um dos pré-requisitos para a crença no sobrenatural, o pensamento simbólico.
Mas descobertas feitas em sítios arqueológicos da Espanha, com idades entre 115 mil e 65 mil anos atrás, indicam que os neandertais já estavam produzindo desenhos geométricos e colares de conchas antes de seu contato com os seres humanos anatomicamente modernos, ou “Homo sapiens”.
São obras extremamente simples, mas que sugerem ao menos o potencial para o pensamento simbólico em ambas as linhagens,a dos neandertais e a nossa, que se separaram há cerca de meio milhão de anos. Os dois grupos humanos se reencontraram na Europa e no Oriente Médio por volta de 50 mil anos atrás e, no fim das contas, os neandertais desapareceram,não sem antes se reproduzir com alguns dos humanos modernos, deixando resquícios de seu DNA conosco até hoje. No fim desse processo, 40 mil anos antes do tempo presente, as cavernas da Europa viraram imensas galerias de arte. De repente, as feras gigantescas da Era do Gelo passam a povoar as paredes de pedra, junto com coisas aparentemente sobrenaturais. Os artistas da Era do Gelo não se interessavam apenas em retratar a fauna da qual dependiam para sobreviver, mas também criaturas que nunca foram parte de nenhuma fauna do planeta. Temos sujeitos com membros e tronco de gente e cabeça de leão, uma figura bípede com cauda e galhada de cervo seres que parecem antecipar monstrengos de mitologias bem mais recentes cujos registros escritos chegaram até nós. Essa, aliás, é uma das muitas hipóteses que tentam explicar o que são essas figuras: elas não passariam de equivalentes paleolíticos do Minotauro e da Esfinge. Não basta a arqueologia. É preciso analisar como funcionam as mentes dos seres humanos hoje e, a partir daí, tentar imaginar como tais propriedades mentais podem ter influenciado as origens da crença.A paixão por detectar agentes em tudo quanto é canto vale inclusive para os que não podem ser vistos ou ouvidos,como mostra um dos fenômenos mais curiosos da cognição infantil: o dos amigos invisíveis, que “aparecem” para quase metade dos meninos e das meninas no começo da infância. Curiosamente, esses amigos invisíveis costumam ter superpoderes e conhecimento sobre-humano, criando uma analogia tentadora com as mitologias em que seres desse tipo aparecem.
É um argumento que não dá para descartar de um jeito casual e que precisa ser levado a sério caso você não queira simplesmente recorrer à fé cega. É preciso ter a humildade de reconhecer que o instinto religioso, assim como qualquer outro instinto, às vezes pode se enganar feio.
Se isso nos rouba algumas certezas, talvez valha, ao menos, como um antídoto contra o fanatismo.

Bíblia – A Batalha de Armagedom


É identificado na Bíblia como a batalha final de Deus contra a sociedade humana iníqua, em que numerosos exércitos de todas as nações da Terra iriam se encontrar numa condição ou situação, em oposição a Deus e seu Reino por Jesus Cristo no simbólico “Monte Megido”. Segundo Jeremias (46,10) essa guerra seria perto do rio Eufrates.
No Livro do Apocalipse, conta-se que antes da batalha final, os exércitos se reúnem na planície abaixo de “Har Megido” (a colina de Megido). Entretanto, a tradução foi malfeita e “Har Megido” foi erroneamente traduzido para “Armagedom”, fazendo os exércitos se reunirem na planície antes do Armagedom, a batalha final.
Essa batalha é citada duas vezes no último livro da Bíblia (Apocalipse 16 14:16), mas ultimamente o nome Armagedom tem sido mais associado a uma catástrofe mundial ou a uma guerra nuclear global. A Bíblia fala do Armagedom como uma guerra que preparará o caminho para um tempo de paz e justiça e que destruirá a iniquidade (Salmos 92:7).
Em novembro de 2005 surgiu a notícia de que arqueólogos israelenses encontraram na atual prisão de Megido (na mesma região onde algumas correntes religiosas afirmam que irá ocorrer o Armagedom) resquícios arquitetônicos muito antigos de uma igreja cristã do século III ou IV, de uma época em que Roma ainda perseguia os primeiros cristãos.

A Bíblia e a Arqueologia


Templo de 3 mil anos descoberto em Israel põe em xeque textos da Bíblia
Escavações em Tel Motza, à leste de Israel, revelaram a presença de um templo antigo contruído no mesmo período em que o Templo de Salomão, também conhecido como Primeiro Templo. Segundo um estudo publicado no Biblical Archaeology Review Professor, a descoberta desafia algumas passagens da Bíblia sobre aquela época.
Em 2012, um complexo monumental de templos da Idade do Ferro, datado do final do século 10 e início do século 9 a.C., foi descoberto em Tel Motza, perto de Jerusalém. O local, identificado como a cidade bíblica de Moẓa, está situada dentro dos limites da antiga tribo de Benjamim e serviu como centro administrativo para armazenamento e redistribuição de grãos.
A primeira escavação acadêmica do local, entretanto, só ocorreu em 2019, quando os especialistas focaram em estudar as construções, erguidas uma sobre o outra. Segundo os pesquisadores, eles encontraram diversos objetos no sítio arqueológico que indicavam que as construções eram templos religiosos, o que foi uma surpresa.
“Poderia realmente existir um templo monumental no coração de Judá, nos arredores de Jerusalém? Jerusalém sabia disso? Se sim, esse outro templo poderia ter sido parte do sistema administrativo judaíta?”, questionou um dos estudiosos, Shua Kisilevitz, em declaração à imprensa. “A Bíblia detalha as reformas religiosas do rei Ezequias e do rei Josias, que consolidaram práticas de adoração ao templo de Salomão, em Jerusalém, e eliminaram atividades ligadas a cultos além de seus limites.”
De acordo com o especialista, sua descoberta indica que provavelmente o Primeiro Templo não era o único local de adoração, como apontam os textos bíblicos. “Ficou claro que templos como o de Motza não só poderiam, mas também devem ter existido durante a maior parte da Idade do Ferro”, disse Kisilevitz.
Os diversos artefatos e destroços encontrados na cidade de Motza, como estátuas, um altar, uma mesa de oferendas e até uma cova, foram muito importantes para os estudos da equipe, indicando também pistas sobre como funcionavam os rituais daquele período.
“Apesar das narrativas bíblicas que descrevem as reformas de Ezequia e Josias, havia templos sancionados em Judá, além do oficial em Jerusalém”, afirmou Oded Lipschits, outro pesquisador, em comunicado. “Nossas descobertas até agora mudaram fundamentalmente a maneira como entendemos as práticas religiosas dos judaítas.”
Uma das hipóteses criadas pela equipe para explicar a existência dos templos fora de Jerusalém é simples: a cidade estava crescendo, e outro templo era necessário para atender a demanda dos povos da região. Segundo os pesquisadores, estudando a economia da época em conjunto com sua função religiosa, a ideia de que uma política local surgiu na região de Motza é reforçada.”Sugerimos que o templo de Tel Motza fosse o empreendimento de um grupo local, inicialmente representando várias famílias grandes ou talvez aldeias que se uniram para reunir seus recursos e maximizar a produção e o rendimento”, escrevem os pesquisadores. “O resto ainda está para ser descoberto.”

Livro – Atentado contra o Autor dos “Versos Satãnicos”


Jurado de morte pelo Irã por ter escrito o livro Os Versos Satânicos, o autor anglo-indiano Salman Rushdie, de 75 anos, foi atacado por um desconhecido em Nova York nesta sexta-feira, 12. De acordo com a Associated Press, Rushdie estava prestes a dar uma palestra na Chautauqua Institution, um centro educacional sem fins lucrativos no oeste da cidade, quando foi surpreendido por um homem que desferiu facadas nele. O escritor caiu no chão, e o agressor foi contido por testemunhas. Momentos depois, a polícia de Nova York confirmou que Salman Rushdie foi esfaqueado no pescoço, e ainda não se sabe seu estado de saúde. Vídeos mostram ele sendo socorrido de maca e sendo colocado em um helicóptero. É possível ver que ele está ensanguentado. A polícia também informou que o suspeito foi detido.
De acordo com relatos de testemunhas à imprensa estrangeira, um homem mascarado correu para o palco quando Rushdie estava prestes a começar sua palestra, desferindo as facadas no escritor. O agressor também acertou Henry Reese, que entrevistaria o autor durante a palestra. Reese é cofundador de uma organização sem fins lucrativos que oferece refúgio a escritores exilados sob ameaça de perseguição e sofreu um pequeno ferimento na cabeça.
Salman Rushdie foi submetido a uma cirurgia de emergência. Mais tarde, a polícia de Nova York divulgou o nome do suspeito: Hadi Matar, um jovem de 24 anos de Nova Jersey. O agressor conseguiu acesso ao local onde o autor iria dar a palestra, mas estaria agindo sozinho, segundo autoridades. Investigadores não encontraram ameaçadas enviadas anteriormente ao evento e ainda não há indicativo da motivação por trás do ataque.
Publicada originalmente com o título The Satanic Verses, a obra é proibida no Irã desde 1989, pois muitos muçulmanos a consideram uma blasfêmia. Em 1989, o então líder do Irã, Ruhollah Khomeini, emitiu uma fatwa, um decreto pedindo a morte de Salman Rushdie. Houve também a oferta de recompensa de 3 milhões de dólares para quem matasse Rushdie.

Literatura – Polêmica em Versos Satãnicos


Por décadas, até séculos, diversos escritores foram acusados dos mais diversos crimes contra a moral e a ordem, resultando na proibição das suas obras ou mesmo em ameaças à vida dos próprios autores. Ao longo da história, as artes sempre desempenharam esse papel de suscitar discussões intensas e ações extremas das alas mais reacionárias da sociedade — e a literatura não é exceção.
O caso do exílio do romancista indiano Salman Rushdie é emblemático desse poder divisivo da arte. Após a publicação de um dos seus romances mais conhecidos, Os Versos Satânicos, em 1988, o escritor foi condenado por publicar obra considerada ofensiva à fé islâmica e enfrentou ameaças de morte. Forçado a deixar seu país sob proteção do governo britânico, o autor vive radicado nos Estados Unidos desde 2000.
Em sua escrita, Rushdie mescla os artifícios fantásticos do realismo mágico com a precisão descritiva da ficção histórica, resultando em uma obra que destrincha minuciosamente as relações de poder e opressão que permeiam as dinâmicas entre colônia e metrópole, entre nativos e imigrantes, entre o Ocidente e o Oriente –– análise que Rushdie empreende com tremenda técnica e sensibilidade.
Opostos em confronto
Os Versos Satânicos narra a história de dois protagonistas antagônicos: Gibreel Farishta, célebre estrela de Bollywood, e o soturno ator e dublador Saladin Chamcha. Somos apresentados à dupla em meio ao primeiro episódio fantástico da trama: a queda de ambos dos céus acima de Londres após a explosão do avião em que viajavam da Índia para a capital inglesa.
É apenas mais adiante que descobrimos o contexto por trás do terrível acidente que, milagrosamente, poupa a vida dos protagonistas, que conseguem sobreviver à queda graças à interferência de poderes sobrenaturais. A queda reflete a brutalidade da chegada dos imigrantes ao antigo centro do poder colonial, e é o evento que dará início à lenta metamorfose de ambos.
Como personagens, Gibreel e Chamcha não podiam ser mais diferentes: enquanto o primeiro é uma figura envolta em escândalos e atitudes reprováveis, o segundo é um homem que se leva a sério demais; enquanto Gibreel tece comentários irônicos sobre a colônia, Chamcha defende fervorosamente a honra britânica em detrimento de sua terra natal.
Logo após tombar à terra, Chamcha descobre chifres em sua testa e aos poucos se converte na imagem do próprio Diabo, e passa a ser tratado com asco e repulsa pelas autoridades britânicas que tanto estimava. Gibreel, por sua vez, recebe visões do Arcanjo Gabriel e perde lentamente a sanidade, assombrado por eventos fantásticos da história islâmica (e outros episódios enigmáticos inteiramente inventados por Rushdie).
Contudo, as posições das personagens –- o demônio e o messias –– são desafiadas e revertidas diversas vezes ao longo da trama, e à medida que a narrativa avança torna-se cada vez mais claro que os dois são adversários escolhidos por uma força maior para enfrentarem-se em um terrível confronto no clímax da história.
O silenciamento da arte
É justamente nas visões fornecidas pelo espírito do Arcanjo que está a polêmica que resultou na intensa reação por parte da comunidade muçulmana mais conservadora. Os Versos Satânicos do título se referem a um episódio controverso na religião islâmica, visto pelas autoridades muçulmanas como blasfêmia. Segundo a lenda, o profeta Maomé teria sido enganado pelo Diabo, que teria sussurrado versos que acabaram incorporados ao Corão e depois retratados pelo profeta após perceber seu erro.
A inclusão desse evento na narrativa, bem como o título que o evoca, resultou em uma extrema reação negativa por parte das comunidades islâmicas. Em fevereiro de 1989, após uma manifestação violenta contra o livro no Paquistão, o aiatolá Khomeini, então líder supremo do Irã, emitiu uma fatwa (poderoso pronunciamento legal na lei islâmica) pedindo a morte de Rushdie e de seus editores.
Todavia, a intensidade de tais reações extremistas diante de obras de arte polêmicas acaba por prolongar a relevância da obra, cumprindo o propósito contrário dos seus proponentes, que é o de silenciar os questionamentos levantados pela arte. O livro de Rushdie é um grande exemplo disso, pois permanece leitura essencial para todos que se interessam por realismo mágico e questões pós-coloniais.
Os Versos Satânicos é uma narrativa em que mundos contrastantes entram em colisão: os mundos pessoais de Gibreel e Chamcha, a Índia e o Reino Unido, a ex-colônia e a metrópole, os imigrantes e os nativos, fiéis e ateus, e outras dicotomias realçadas pelos elementos fantásticos cuidadosamente introduzidos por Rushdie. Além das intrigantes temáticas tratadas com grande inteligência e profundidade pelo autor, a prosa de Rushdie é rica em experimentação narrativa e metáforas e é a força que arrasta o leitor até a última página.
Seus críticos, portanto, falharam: Rushdie não somente vive, mas viverá para sempre no cânone da literatura contemporânea.

OS VERSOS SATÂNICOS | Salman Rushdie
Editora: Companhia de Bolso;
Tradução: Misael H. Dursan;
Tamanho: 600 págs.;
Lançamento: Agosto, 2008 (atual edição).gi

História – Massacre da noite de São Bartolomeu


O massacre da noite de São Bartolomeu ou a noite de São Bartolomeu, foi um episódio, da história da França, na repressão ao protestantismo, engendrado pelos reis franceses, que eram católicos.
Esses assassinatos aconteceram em 23 e 24 de agosto de 1572, em Paris, no dia de São Bartolomeu. Estima-se que entre 5 000 e 30 000 pessoas tenham sido mortas, dependendo da fonte atribuída.
As matanças foram organizadas e começaram em 24 de agosto de 1572 durando vários meses, inicialmente em Paris e depois em outras cidades francesas. Números precisos para as vítimas nunca foram compilados, e até mesmo nos escritos de historiadores modernos há uma escala considerável de diferença, que tem variado de 2 000 vítimas por um apologista católico, até a afirmação de 70 000, pelo contemporâneo apologista huguenote duque de Sully, que escapou por pouco da morte.
Este massacre veio dez anos depois do Édito de Saint-Germain, pelo qual Catarina de Médici tinha oferecido tréguas aos protestantes.
Em 1572, quatro incidentes inter-relacionados têm lugar após o casamento real de Margarida de Valois, irmã do rei da França, com Henrique III de Navarra (chefe da dinastia dos huguenotes), numa aliança que supostamente deveria acalmar as hostilidades entre protestantes e católicos romanos, e fortalecer as aspirações de Henrique ao trono. Em 22 de agosto, um agente de Catarina de Médici (a mãe do rei da França de então, Carlos IX de França, o qual tinha apenas 22 anos e não detinha verdadeiramente o controle),um católico chamado Maurevert, invadiu a casa do almirante Gaspar II de Coligny, líder huguenote de Paris, de madrugada e o assassinou, ato que enfureceu os protestantes.
Nas primeiras horas da madrugada de 24 de agosto, no dia de São Bartolomeu, dezenas de líderes huguenotes foram assassinados em Paris, numa série coordenada de ataques planejados pela família real.
Este foi início de um massacre mais vasto, apesar do rei ter enviado mensageiros às províncias para manter os termos do tratado de 1570.Começando em 24 de agosto e durando até outubro, houve uma onda organizada de assassínios de huguenotes em doze cidades francesas, como Toulouse, Bordéus, Lyon, Bourges, Ruão, e Orleães.
O historiador Claude Manschrek traz o relato de um contemporâneo da seguinte maneira: “As ruas estavam cobertas de corpos mortos, os rios ficaram manchados, as portas e os portões do palácio respingados com sangue. Carroças carregadas de cadáveres, homens, mulheres, garotas e até mesmo crianças eram jogadas no Sena, enquanto que torrentes de sangue corriam em muitas áreas da cidade (…) Uma menininha foi banhada no sangue de seus pais assassinados e ameaçada com o mesmo destino caso viesse um dia tornar-se huguenote”
O papa encomendou um Te Deum para ser cantado em ação de graças (uma prática que persistiu em anos seguintes) e uma medalha foi cunhada com a frase Ugonottorum strages 1572 mostrando um anjo empunhando uma cruz e uma espada perto dos protestantes mortos.
A história foi relatada por Alexandre Dumas em sua obra A Rainha Margot, um romance de 1845, historicamente acurado, apesar de Dumas ter inserido tons de romantismo e aventuras em seu texto. O romance de Dumas foi adaptado ao cinema em 1994, em A Rainha Margot, de Patrice Chéreau.
O massacre já tinha sido representado no cinema por D. W. Griffith no filme mudo Intolerance (“Intolerância”), de 1916.
Também contada pelo escritor Michel Zevaco (autor francês, nasceu em Ajaccio, em 1860 na mesma cidade de Napoleão Bonaparte cem anos depois, conhecedor profundo da Historia Francesa Medieval e Renascentista) no romance inicial Os Pardaillans, onde ele era mestre em ficção dentro da realidade.
Para os espíritas o massacre é relatado com destaque em duas obras: A Noite de São Bartolomeu e Ecos de São Bartolomeu.
Allan Kardec traz o artigo Os Gritos da Noite de São Bartolomeu.O episódio do massacre também é retratado na série inglesa Doctor Who – Arco 022 – The Massacre – transmitido entre 5 e 26 de fevereiro de 1966.

Importantes referências ao Massacre da Noite de São Bartolomeu constam no livro Elizabetta de la Paz, obra da médium espírita Helaine Coutinho Sabadini, pelo espírito Nathanael (um dos 12 discípulos de Jesus Cristo), que relata de forma romanceada a história de rainha consorte de Felipe II da Espanha, Isabel de Valois, filha da rainha da França Catarina de Medici.

Estudo sobre Santo Sudário afirma que Jesus morreu devido a ombro deslocado


O Santo Sudário é um artefato polêmico, alvo de discussões sobre sua autenticidade: há quem diga que a peça de linho cobriu Jesus Cristo após a crucificação e, por outro lado, quem afirme que o objeto não passa de uma fraude histórica. Desta vez, um novo estudo diz ter identificado indícios no pano de que o líder religioso teria morrido ao sangrar por um ombro gravemente deslocado.
A pesquisa publicada no jornal Catholic Medical Quarterly sugere que a lesão ocorreu supostamente enquanto Cristo carregava sua pesada cruz. O autor da pesquisa é Patrick Pullicino — um neurologista que se tornou padre — e analisou dados de estudos anteriores realizados por especialistas forenses e médicos que tiveram acesso às imagens do Santo Sudário.
Com 4,4 metros de comprimento, a mortalha de linho apresenta uma imagem enfraquecida de um homem barbudo cujos olhos estão fechados. O indivíduo parece ter sofrido ferimentos por todo o corpo e o pano contém manchas que podem ter vindo de sangue. Pullicino acredita que o sujeito sofreu uma luxação do ombro que foi fatal.
Com 4,4 metros de comprimento, a mortalha de linho apresenta uma imagem enfraquecida de um homem barbudo cujos olhos estão fechados. O indivíduo parece ter sofrido ferimentos por todo o corpo e o pano contém manchas que podem ter vindo de sangue. Pullicino acredita que o sujeito sofreu uma luxação do ombro que foi fatal.
O médico londrino, que atuou como consultor do East Kent Universities Hospitals NHS Trust, notou que o homem estava com o ombro tão deslocado que sua mão direita se esticava a 10 cm abaixo da esquerda. Isso teria feito com que sua artéria subclávia, que fornece sangue ao tórax, cabeça, pescoço, ombro e braços, se rompesse causando um sangramento interno.
O resultado foi o colapso do sistema circulatório, ocasionando a morte. Se a teoria estiver correta, cerca de três litros de sangue encheram a cavidade entre a caixa torácica e o pulmão. Isso explicaria, segundo Pullicino, porque Cristo jorrou “sangue e água” depois de ser perfurado por um soldado romano com uma lança logo após a crucificação.
Conforme explica o The Telegraph, o especialista argumentou que a “água” seria, na verdade, o líquido cefalorraquidiano, que tem uma aparência translúcida, e que vazou em direção ao pulmão de Jesus.

“Este artigo postula que ao longo de três horas, a artéria subclávia ficou escoriada, ferida e sua parede atenuou até que finalmente a artéria se rompeu e o sangramento profuso se seguiu”, resume Pullicino, no estudo.

Contudo, vale reiteirar que o Santo Sudário, preservado desde 1578 na capela real da catedral de San Giovanni Battista em Turim, Itália, é ainda alvo de muitas dúvidas. Embora estudos realizados na década de 2010 argumentem que o lençol data da época de Jesus, uma análise de 2014 sugeriu que as manchas no pano eram de várias pessoas crucificadas com as mãos cruzadas acima da cabeça. Já um estudo publicado em 2018 no Journal of Forensic Sciences, defende que os padrões de sangue que estão no tecido não correspondem a ferimentos reais no corpo humano.

Religião e Ceticismo – O cérebro humano já nasce predisposto a acreditar em deus


O cérebro nasce programado para acreditar em algum tipo de deus, e a fé não é opção pessoal nem chamado divino: é uma tendência biológica, que se desenvolveu ao longo de milhares de anos de evolução. Essa ideia, que desagrada a crentes e ateus e é uma das teorias mais polêmicas entre os cientistas, parece ter sido finalmente comprovada por um estudo, realizado por pesquisadores do Instituto de Saúde dos EUA (NIH).
Eles monitoraram o cérebro de pessoas religiosas e descobriram que, quando elas pensam em deus, ativam os mesmos neurônios que todo mundo (crente ou não) usa para formar a chamada “teoria da mente” — a capacidade de entender o que outras pessoas estão sentindo e simpatizar com elas. E essa habilidade é primordial para as relações humanas: se cada pessoa fosse alheia aos sentimentos das outras, a sociedade como a conhecemos não existiria, seria apenas uma multidão de psicopatas. Quando o homem começou a formar sociedades complexas, quem tinha o cérebro mais crente se dava melhor — pois, além de acreditar em mitos, também era mais sociável. E isso ajudaria a explicar por que hoje, mesmo com todos os avanços da ciência, a crença no sobrenatural ainda é tão forte. Acreditar está no nosso DNA.

“Se um grupo de crianças fosse deixado numa ilha deserta, elas acabariam se tornando religiosas”, afirma o psicólogo Justin Barrett, da Universidade de Oxford. Ele é diretor de um projeto ambicioso, que passou os últimos anos investigando uma dúvida perene: por que algumas pessoas acreditam em deus e outras não? Barrett não antecipa os resultados do estudo, que deve ser concluído em 2010, mas já tem um palpite. As pessoas não escolhem acreditar ou não; elas já nascem acreditando. “As crianças são propensas a acreditar na criação divina. Já a ideia de evolução não é natural para elas”, diz. É como se você saísse de fábrica com um cérebro crédulo, e só conseguisse transformá-lo em cético depois de muito tempo. Amém.

Perguntas Sem Resposta – Se Deus Existe Porque ele Permite o Sofrimento e a Desgraça Humana?


No meio do caos desse mundo é difícil acreditar que existe Deus. Assistimos a guerra, fome, miséria e a violência todos os dias, e sabemos que isso assusta, não é mesmo? Por isso só nos resta falar de esperança, afinal ela é a última que morre.
Na bíblia existem diversas passagens que abordam a questão da prosperidade dos maus e do sofrimento dos justos. Aliás, nela há até um livro em que seu personagem principal é descrito como alguém “íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1:1), mas que ainda assim sofreu muito, um exemplo nada animador, mas se lendo o livro todo vemos que seria esse sofrimento uma tentação do “diabo” para que Jó perdesse a fé e blasfemasse.
Na filosofia esse tema também despertou interesses. O polímata (indivíduo que conhece ou estuda muitas ciências) e filósofo alemão, G. W. Leibniz, a partir de 1710, escreveu seus “Ensaios sobre Teodiceia, sobre a Bondade de Deus, a Liberdade do Homem e a Origem do Mal”, e sob a ótica racionalista do pensamento filosófico tentou desvendar alguns dos mistérios do Criador.
Mais um grande pensador a se debruçar sobre o tema foi C. S. Lewis. Na obra “O problema do sofrimento” (1940) ele aborda temas como a onipotência divina, a bondade divina, a maldade humana, a queda do homem, o sofrimento humano, tudo com a intenção de trazer um pouco de alento para essa tão antiga questão.
Um livro mais atual e de grande repercussão sobre o assunto é “Quando Coisas Ruins Acontecem às Pessoas Boas” (1981), do Rabino Harold Kushner, que parte da premissa (que, data vênia, reputo falsa) de que Deus não é onipotente. Ele tenta nos dar conforto com o fato de que o Criador nos dá força para enfrentar qualquer situação. Na obra “Se Deus é bom, porque o mundo é tão ruim?”. O autor parte da ideia de que não podemos simplificar o assunto, reduzindo-o a apenas uma ou outra resposta. Mas devemos analisar o sofrimento sob diversos prismas, para, quem sabe, chegarmos a compreensão do porquê aquilo está acontecendo.
O rabino começa a jornada em busca de respostas para questionamentos tão profundos explicando que diante do sofrimento devemos ter basicamente duas posturas.

Se é outra pessoa quem está sofrendo, não devemos julgar ou tampouco apontar erros, mas agir com compaixão e dar-lhe o benefício da dúvida, porque talvez aquela dor não tenha haver com qualquer transgressão que tenha praticado, mas seja por outra razões que só o Criador conhece.
Por outro lado, se somos nós mesmos quem sofremos, devemos agir com introspecção e avaliar sincera e intimamente nossas atitudes, estilo de vida, forma de pensar, de crer, enfim, tudo em nós precisa passar por uma auto-reflexão a fim de procurar porque estamos passando por aquilo.
As ações, nós escolhemos; as consequências, são automáticas
Ao criar o homem, Deus teria estabelecido que ele teria livre-arbítrio e para que esse atributo fosse respeitado resolveu não interferir em nossas escolhas e ações. A partir de então, é como se Ele “pairasse” sobre os homens, procurando apenas influenciá-los para que hajam em conformidade com Seus mandamentos. Contudo, a decisão é sempre do homem.
Só Ele conhece o todo e a verdade sobre cada um de nós
Quando vemos coisas ruins acontecendo a pessoas que acreditamos ser “boas”, ou também o inverso, isto é, coisas “boas” em favor de pessoas “ruins”, devemos nos precaver em julgar aquilo que aparentemente está acontecendo.
Apenas e tão somente Deus sabe quem é realmente bom e quem é verdadeiramente mal. Nós julgamos segundo as aparências, enquanto Ele (só Ele) conhece as verdadeiras intenções dos corações. Às vezes temos certeza de que determinada pessoa é boa e é temente a Deus, entretanto, ninguém pode estar completamente seguro acerca daquilo que ela faz quando está sozinha, quando não está sendo observada, ou mesmo que tipo de pensamentos e também de sentimentos alimenta em seu interior.
Por outro lado, também devemos considerar que um determinado acontecimento que parece ser ruim, as vezes não é. Nossa visão é demasiadamente limitada e só Ele, que conhece o todo, tanto o pretérito como o porvir, tem condições de fazer essa avaliação.
Frequentemente, alguns fatos que inicialmente parecem ser muito ruins, ao longo dos anos demonstram que não poderia ter ocorrido algo melhor. Além do mais, também existem acontecimentos que só na Eternidade compreenderemos.
Na maioria das filisofias acredita – se que este mundo é apenas uma temporada para decidir como será a morada eterna.
No Judaísmo por exemplo, Antes de virmos ao este mundo, somos todos espíritos juntos ao Pai. Porém, mesmo estando num lugar pleno, ansiamos por descer a este mundo a fim de praticar boas obras (afastando-nos do mal e fazendo o bem, segundo os parâmetros dos Mandamentos Divinos), para consequentemente acumular mérito (galardão) e, assim, efetivamente merecer um local e uma posição no Reino Celestial. O problema é que quando chega neste plano terreno a maioria simplesmente desperdiça a grande oportunidade da existência terrena e passa a dedicar muito tempo a coisas que não possuirão valor real quando tiver as obras (atitudes) julgadas.
A morte como decreto divino
Algumas vezes, a morte ocorre simplesmente porque a pessoa já cumpriu aquilo que veio fazer. Até pode ser que ela tinha um propósito que em nada se relacionava com sua própria vinda, pois tinha como função influenciar outras pessoas, os familiares, uma comunidade etc.
Também pode ser que Deus tenha recolhido a pessoa por misericórdia dela mesma, uma vez que, antevendo o futuro, sabe que no exercício de seu livre arbítrio o caminho que ela está trilhando a levará lugares muito ruins. Relata-se, inclusive, que Enoque foi levado justamente por isso, porque sua geração estava tão corrupta que até ele acabaria pecando.
Outras vezes, uma inocente vida é prematuramente ceifada não por um decreto de Deus, mas pela maldade ou até mesmo simples imprudência do próprio homem, o que não significa, entretanto, que deixará de haver justiça.
Enfim, a morte ainda pode ser o alívio para um sofrimento.
Envelhecimento, dor e doença
Segundo o modo de pensar habitual do ocidente, a velhice, a dor e a doença são maldições e não deveriam existir. Entretanto, a partir das concepções judaicas, o rabino Benjamin Blech apresenta uma visão bastante diferente e ensina que essas três condições da vida humana são “presentes” de Deus em resposta a orações feitas pelos três patriarcas: Abraão, Isaac e Jacó.
Para melhor compreender o que será explicado, importante saber que os sábios do Talmud ensinam um princípio segundo o qual a primeira aparição de algo na bíblia é de suma importância. Significa que antes de ser relatado na bíblia aquilo não acontecia anteriormente. Por isso, analisar as circunstâncias da primeira vez que algo é descrito, é de grande importância.
Segundo contam esses sábios, Abraão pediu a Deus que Ele distinguisse os homens maduros dos jovens, para que as pessoas soubessem a quem deveriam render mais honras (lembremos: na cultura oriental pensam bem diferente de na ocidental). Abraão não pediu as doenças e as limitações da velhice, mas apenas os sinais exteriores que demonstrassem que a pessoa está amadurecendo. Então, Ele percebeu que era algo bom e concedeu, a começar por Abraão.
Até Isaac, todo sofrimento descrito na bíblia acontecia como alguma punição, sendo apenas a partir dele que isso mudou. Contam os sábios que Isaac pediu a Deus que houvesse sofrimento porque como todos somos imperfeitos, teríamos muitas “contas para acertar” no Mundo Vindouro, então, se pudéssemos ir adiantando os pagamentos aqui neste mundo, isso reduziria o tormento ao qual seremos submetidos na Eternidade. Diante disso, Isaac foi o primeiro que passou por isso, ao ficar cego.
Jacó questionou com Deus o fato de que as pessoas morriam de modo súbito, sem tempo de despedirem-se de suas famílias, de pedirem perdão, de consertarem algumas coisas que pudessem estar pendentes. Deus concordou com o pedido e Jacó foi o primeiro a sofrer com uma doença que logo o levaria à morte.
Assim, tanto a velhice como a doença terminal servem para que tenhamos a consciência de que nosso tempo nesta jornada terrena está acabando e para que nos preparemos para o encontro com o Eterno, que avaliará cada uma de nossas atitudes, pensamentos, palavras e motivações.
A meu ver, essas explicações acerca da velhice e da doença que anuncia a morte são razoáveis. Entretanto, talvez nossa maior dificuldade seja compreender a função do sofrimento humano, especialmente quando nos parece imotivado e injusto.
Porque o sofrimento?
Não foi à toa que o imperador romano, Júlio Cesar, certa vez disse que “é mais fácil encontrar homens que irão se voluntariar para morrer, do que encontrar aqueles dispostos a suportar a dor com paciência”.
Até mesmo no âmbito dos processos judiciais a distinção do sofrimento e da morte se percebem. Muitos juízes atribuem maior indenização para as vítimas de lesões permanentes do que para os herdeiros que perdem um ente querido, exatamente com a ideia de que a dor permanente é pior que a morte. Nietzsche afirmava que “o que realmente eleva a indignação de uma pessoa em relação ao sofrimento não é o sofrimento em si, mas sua falta de sentido”. Conhecendo a razão ou o propósito, podemos suportar quase qualquer dor.
Diante do sofrimento aparentemente sem causa, muitos questionamentos surgem, especialmente com relação a presença de Deus durante todo o tempo de dor, sua onipotência, sua bondade, sua justiça. Enfim, num mundo governado por um Deus bom, justo e todo-poderoso não faz sentido uma pessoa inocente sofrer.
O sofrimento pode ter sido enviado por Deus não como uma punição, mas apenas e tão somente como uma lição que Ele entende necessário que passemos em nossa existência terrena. Nunca sabemos os infinitos desdobramentos que cada situação pode causar, por isso jamais devemos julga-lo ou acusá-lo de injusto.
Então, precisaríamos confiar que em algum momento todas as equações farão sentido e que compreenderemos como Ele cuidou de cada detalhe, em que pese isso ser muito difícil de entender quando estamos atravessando a fase de angústia, especialmente diante de alguns sofrimentos que quase não conseguimos suporta como, por exemplo, um filho pequeno com uma doença grave e incurável.Apesar de Deus ser onisciente, Ele não cria a realidade, apenas a prevê. A realidade é criada a partir das atitudes decorrentes de nossas escolhas, segundo nosso livre-arbítrio.
Por isso, mesmo o Eterno sabendo que somos capazes de suportar determinada situação e sermos aprovados (isto é, sem murmurar etc.), é necessário que isso se torne realidade. Ou seja, precisamos de fato enfrentar aquilo, pois somente após vencermos ou perdermos é que teremos isso creditado ou debitado em nossa “conta”.
Deus tinha grandes coisas para fazer com Abraão. Ele sabia se tratar de um homem de fé. Mesmo assim Abraão precisou passar por vários testes, para que aquilo que já se sabia de antemão, pois já estava “escrito”, efetivamente se tornasse realidade. Além do mais, tudo contribuiu para forjar seu caráter.
“Quando a pessoa não consegue ler os sinais que Deus nos deixa ao longo de nossa jornada, para que nos voltemos a Ele e aos seus Mandamentos, pode acontecer de ser absolutamente necessário uma dose de sofrimento para que haja despertamento e mudança de rumo de vida. Nesses casos, diz-se que a pessoa buscou a Deus “pela dor”. Nas palavras do rabino Benjamin Blech:
“Então o sofrimento – de acordo com esta ideia, que é somente uma de várias abordagens que devemos ter em mente – cumpre esse papel. Ele serve como uma vivência educativa enviada por Deus para trazer a pessoa de volta para uma realidade com a qual ela perdeu contato quando as coisas iam bem demais.”
Ainda pode ser que determinada situação de dor esteja ocorrendo para haver pagamento por um pecado cometido, isto é, uma expiação. É fato que todos somos pecadores e que nenhum homem consegue viver em absoluta santidade. Por isso, sempre há transgressões a serem acertadas e vale recordar que pecado não prescreve. Inclusive, quando ocorre algo ruim, alguns judeus têm o hábito de pronunciar a expressão ídiche: Que isso seja por expiação! (“Oy, zol zein a capure!”). É quase uma forma de agradecimento porque poderia ter ocorrido algo pior. Sem dúvida, é uma demonstração de rendição à soberania absoluta do Eterno.
É somente o Criador, em seu absoluto poder, quem sabe se algo precisa ser resolvido logo ou se convém esperar para o Mundo Vindouro.
Aqui vale um parênteses: da mesma forma que ninguém é completamente santo, tampouco existe alguém totalmente mal. Até nas mais desprezíveis pessoas, há algum traço de bondade, seja quando está num ambiente diferente, com outras pessoas, ou mesmo quando está absorto em seus pensamentos.
Por outro lado, como ninguém é absolutamente bom, as pessoas boas padecem temporariamente aqui neste mundo por causa de suas transgressões, ainda que poucas, porém lhes estão reservadas infindáveis recompensas no Mundo Eterno.
Óbvio que não são más todas as pessoas que desfrutam de bençãos neste mundo, pois esse princípio de intercâmbio comporta exceções.
O filósofo judeu Maimônides faz uma interessante abordagem sobre isso. Ele usa como base a passagem de Deuteronômio 11:13-14 e explica que as pessoas boas que são prósperas não estão recebendo “recompensa” propriamente dita, mas apenas “sustento”, “provisão”, “semente”, porque Deus percebe nelas um “parceiro” confiável para Seus propósitos. A “recompensa” pelas boas obras continua guardada para a Eternidade.
☻ Nota
Explanações desse artigo baseadas na obra do Rabino Benjamim Blech são ilustrativas e não necessariamente são a opinião do autor do Mega Arquivo

João Ferreira de Almeida, o tradutor da Bíblia



(Torre de Tavares, Várzea de Tavares, Portugal, 1628 — Batávia, Indonésia, 1691), foi um ministro pregador da Igreja Reformada nas Índias Orientais Holandesas, reconhecido especialmente por ter sido o primeiro a traduzir a Bíblia Sagrada para a língua portuguesa. A sua tradução do Novo Testamento foi publicada pela primeira vez em 1681, em Amsterdam. Almeida faleceu antes de concluir a tradução dos livros do Antigo Testamento, chegando aos versículos finais do Livro de Ezequiel. A tradução dos demais livros do Antigo Testamento foi concluída em 1694, por Jacobus op den Akker. Os volumes da tradução do Antigo Testamento em português foram publicados somente a partir do século XVIII, em Tranquebar e Batávia, no Oriente. A primeira edição em um único volume de uma tradução completa da Bíblia em português foi impressa somente em 1819, em Londres. Além da tradução da Bíblia, João Ferreira de Almeida também escreveu algumas obras contra os ensinos da Igreja Católica Apostólica Romana.
Almeida nasceu na localidade de Torre de Tavares, no Reino de Portugal. Ficou órfão ainda em criança e veio a ser criado na cidade de Lisboa por um tio que era membro de uma ordem religiosa. Pouco se sabe sobre a infância e início da adolescência de Almeida, mas afirma-se que teria recebido uma excelente educação visando a sua entrada no sacerdócio. Não se sabe o que teria levado Almeida a sair de Portugal, mas em 1642, aos quatorze anos de idade, já se encontrava na Ásia, passando por Batávia (atual Jacarta, na Indonésia) e, em seguida, Malaca (na atual Malásia). Naquela época, Batávia era o centro administrativo da Companhia Holandesa das Índias Orientais, e Malaca, ex-colônia portuguesa, havia sido conquistada pelos holandeses em 1641.

A conversão ao protestantismo
Em 1642, aos quatorze anos de idade, João Ferreira de Almeida deixou a Igreja Católica Apostólica Romana e se converteu ao protestantismo. Ao velejar entre Batávia e Malaca, ambas possessões holandesas no Oriente, Almeida pôde ler um tratado anticatólico em castelhano, intitulado “Differença d’a Christandade”, posteriormente traduzido por ele em língua portuguesa. Este panfleto atacava algumas das doutrinas e conceitos do catolicismo e a utilização do latim durante os ofícios religiosos. Isto provocou um grande efeito em Almeida, de modo que, ao chegar a Malaca naquele mesmo ano, juntou-se à Igreja Reformada Holandesa e dedicou-se imediatamente à tradução de trechos dos Evangelhos do castelhano para o português.
O padre João Ferreira de Almeida
É comum aparecer nas primeiras edições da tradução de João Ferreira de Almeida a informação de que ele seria padre. Isso se deve ao fato de que, naquele contexto, a palavra “padre” poderia ser utilizada para se referir tanto ao clero católico, como aos ministros protestantes. Neste sentido, ele seria padre (aqui equivalente à pastor) da Igreja Reformada Holandesa, e não da Igreja Católica Apostólica Romana. Além disso, a posição anticatólica de João Ferreira se revela em todos os seus escritos, pois além de traduzir a Bíblia, ele compôs várias obras contra pontos que considerava os erros da Igreja Católica.
Almeida integrou no ministério eclesiástico da Igreja Reformada Holandesa, primeiramente como “visitador de doentes” e, em seguida, como “pastor suplente”. Começou seu ministério tornando-se membro do Presbitério de Málaca, depois de escolhido como capelão e diácono daquela congregação.
A passagem de Almeida por Tuticorin (Sul da Índia), onde foi pastor por cerca de um ano, também parece não ter sido das mais tranquilas. Tribos da região negaram-se a ser batizadas ou ter seus casamentos abençoados por ele. De acordo com seu amigo Baldaeus, o fato aconteceu porque a Inquisição havia ordenado que um retrato de Almeida fosse queimado numa praça pública em Goa. Foi também durante a estada no Ceilão que, provavelmente, o tradutor conheceu sua mulher e casou-se. Vinda do catolicismo para o protestantismo, como ele, chamava-se Lucretia Valcoa de Lemmes (ou Lucrécia de Lamos). Um acontecimento curioso marcou o começo de vida do casal: numa viagem através do Ceilão, Almeida e Dona Lucretia foram atacados por um elefante e escaparam por pouco da morte. Mais tarde, a família completou-se, com o nascimento de um menino e de uma menina.
Sendo considerado um dos primeiros missionários protestantes a visitar aquele país, visto que servia como missionário convertido, ao serviço de um país estrangeiro, e ainda devido à exposição directa do que considerava serem doutrinas falsas da Igreja Católica Apostólica Romana, bem como à denúncia de corrupção moral entre o clero, muitos entre as comunidades de língua portuguesa passaram a considerará-lo apóstata e traidor. Esses confrontos resultaram num julgamento por um tribunal da Inquisição em Goa, Índia, em 1661, sendo sentenciado à morte por heresia. O governador-geral da Holanda chamou-o de volta a Batávia, evitando assim a consumação da sentença.
Entre outras coisas, Almeida conseguiu convencer o presbitério de que a congregação que dirigia deveria ter a sua própria cerimônia da Ceia do Senhor. Também propôs que os pobres que recebessem ajuda em dinheiro da igreja tivessem a obrigação de frequentá-la e frequentar o catecismo. Ofereceu-se para visitar os escravos da Companhia das Índias em seus bairros, dando-lhes aulas de religião — sugestão que não foi aceita pelo presbitério — e, com muita frequência, alertava a congregação a respeito das “influências papistas”.
Em 1676, Almeida comunicou ao presbitério que o Novo Testamento estava pronto. Aí começou a batalha do tradutor para ver o texto publicado — sabia que o presbitério não recomendaria a impressão do trabalho sem que fosse aprovado por revisores indicados pelo próprio presbitério.
Em 1681, a primeira edição do Novo Testamento de Almeida finalmente saiu da gráfica. Um ano depois, ela chegou à Batávia, mas apresentava erros de tradução e revisão. O fato foi comunicado às autoridades da Holanda e todos os exemplares que ainda não haviam saído de lá foram destruídos, por ordem da Companhia das Índias Orientais. As autoridades holandesas determinaram que se fizesse o mesmo com os volumes que já estavam na Batávia. Pediram também que se começasse, o mais rápido possível, uma nova e cuidadosa revisão do texto.
Apesar das ordens recebidas da Holanda, nem todos os exemplares recebidos na Batávia foram destruídos. Alguns deles foram corrigidos à mão e enviados às congregações da região (um desses volumes pode ser visto hoje no Museu Britânico, em Londres). O trabalho de revisão e correção do Novo Testamento foi iniciado e demorou dez longos anos para ser terminado. Somente após a morte de Almeida, em 1693, é que essa segunda versão foi impressa, na própria Batávia, e distribuída.
Enquanto progredia a revisão do Novo Testamento, Almeida começou a trabalhar o Antigo Testamento. Em 1683, completou a tradução do Pentateuco. Iniciou-se, então, a revisão desse texto, e a situação que acontecera na época da revisão do Novo Testamento, com muita demora e discussão, acabou se repetindo. Já com a saúde prejudicada — pelo menos desde 1670, segundo os registros —, Almeida teve sua carga de trabalho na congregação diminuída e pôde dedicar mais tempo à tradução. Mesmo assim, não conseguiu acabar a obra à qual dedicara toda a vida.
Em outubro de 1691, Almeida morreu. Nessa ocasião, chegara a Ezequiel 48:31. A tradução do Antigo Testamento foi completada em 1694 por Jacobus op den Akker, pastor calvinista holandês. Depois de passar por muitas mudanças, foi impressa na Batávia, em dois volumes: o primeiro em 1748 e o segundo, em 1753.
Entre Outubro de 2006 e Março de 2007, o programa de televisão da RTP1, Os Grandes Portugueses, realizou uma votação popular para escolher O Grande Português. Aquela votação, indicou João Ferreira de Almeida como o 19º personagem mais importante na história de Portugal.

João Ferreira de Almeida

Natal – Qual a Real Data do Nascimento de Cristo?


Cerca de 30% da humanidade – ou todos aqueles que são cristãos – comemora o nascimento de Jesus Cristo no Natal, dia 25 de dezembro. A verdade, no entanto, é que ninguém tem a mais vaga ideia de quando Cristo nasceu. É que, apesar da fama de profeta e Messias, ele veio ao mundo como um humilde camponês da Galileia, fato que não provocou muito alvoroço entre os letrados de seu tempo – únicas pessoas que seriam capazes de deixar registros históricos. O mais provável, segundo os estudiosos do tema, é que 25 de dezembro tenha sido a data escolhida para “aniversário” de Jesus por motivos simbólicos, não por corresponder ao dia de seu nascimento.
Uma das hipóteses com maior número de defensores entre os estudiosos do tema sugere que, em algum momento do século 4, a Igreja fixou a comemoração no dia 25 de dezembro com a intenção de suplantar o o antigo – e muito popular – festival pagão do Sol Invicto, que ocorria mais ou menos na mesma época do ano e era pretexto para comilanças homéricas. A festa comemorava o solstício de inverno (dia mais curto do ano). No hemisfério Norte, ele normalmente ocorre por volta do dia 22 de dezembro (21 de julho no hemisfério Sul). Mesmo naquela época, comemorar o solstício não era nenhuma novidade. Essa data sempre foi simbolicamente associada a nascimento e renascimento.
Babilônios, persas, egípcios, gregos, romanos… Todos esses povos criaram suas próprias homenagens ao deus Sol. Nesse período ninguém trabalhava, ofereciam-se presentes e visitavam-se os amigos. va, ofereciam-se presentes e visitavam-se os amigos. “Para não entrar em conflito com essas tradições milenares, a Igreja decidiu fixar a celebração do nascimento de Jesus na mesma época do ano, fim de dezembro.
Há quem tente encontrar pistas do verdadeiro “aniversário” de Cristo nos Evangelhos, já que eles reconstituem sua trajetória com base em tradições orais.
No Evangelho de Lucas, por exemplo, lê-se a famosa história dos pastores que, enquanto vigiavam rebanhos ao relento, foram avisados por anjos sobre o nascimento do Menino Jesus. Como dezembro é uma época fria demais na região de Belém, principalmente para ficar pajeando ovelhas durante a noite, alguns especuladores apostam em uma data de clima mais ameno – primavera, talvez abril. Poucos estudiosos, no entanto, acreditam que esses textos sejam confiáveis do ponto de vista histórico.
Um dos fatores que podem ter influenciado a Igreja quando ela fixou a comemoração do nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro envolve cálculos sobre a concepção do Messias. Eruditos cristãos do século 3 especulavam, com base em complicadas contas feitas a partir de textos bíblicos, que o mundo deveria ter sido criado no dia 25 de março. Faria sentido, portanto, que Jesus tivesse sido concebido nessa data, já que sua encarnação representava o recomeço de tudo. Contando 9 meses para frente (o tempo da gravidez de Maria), chegaram à provável data do nascimento: 25 de dezembro.

Entendendo os Dogmas – Cristo foi Concebido de Partenogênese?


O nascimento virginal de Jesus é um dogma do cristianismo e do islamismo que sustenta que Maria concebeu Jesus milagrosamente, se mantendo virgem, ou seja, sem relação sexual. Seria mais correto falar em “conceição virginal”. Esta doutrina foi universalmente adotada na Igreja cristã já no século II. Na Igreja Católica e na Igreja Ortodoxa, o termo “nascimento virginal” não significa apenas que Maria era virgem quando concebeu e deu à luz, mas também que ela teria permanecido virgem por toda a vida, uma crença atestada desde o século II d.C.
A doutrina geral cristã do nascimento virginal de Jesus não deve ser confundido com a doutrina católica romana da Imaculada Conceição, que trata da conceição imaculada da própria Maria por Santa Ana. A concepção de Maria teria ocorrido da forma tradicional, sem milagre, e o que a doutrina católica prega é que ela veio ao mundo sem a “mancha” (em latim: macula) do pecado original.
A virgindade de Maria na concepção de Jesus é também um dogma no islamismo. Os muçulmanos se referem a Jesus como “Jesus filho de Maria” (Isa bin Maryam), um termo repetidamente utilizado no Corão.
O Evangelho de Mateus e o Evangelho de Lucas começam com o nascimento de Jesus e a sua genealogia. É através destes dois que temos os dois únicos relatos canônicos do nascimento de Jesus e ambos são inequívocos sobre a concepção ter ocorrido sem a intervenção de um pai humano.
Mateus

Nascimento de Jesus.
Por Lorenzo Lotto (1527), na Pinacoteca Nazionale di Siena, em Siena.
O Evangelho de Mateus (circa 80 – 85) começa com uma genealogia desde Abraão até José, qualificando-o como «esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo.» (Mateus 1:16). O texto original grego, que tem “ἐξ ἧς” (feminino singular), mostra que o termo “da qual” se refere, sem dúvida, a Maria e não a José ou ambos. Mateus afirma então que, quando se descobriu que Maria estava grávida, ela não tinha ainda coabitado com José, de quem ela era noiva e que ele ainda não manteve relações com ela até que a criança nasceu.

“ Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o Evangelho de Deus, que ele antes prometeu pelos seus profetas nas Santas Escrituras, acerca de seu Filho (que veio da descendência de Davi quanto à carne e que foi com poder declarado Filho de Deus quanto ao espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos), Jesus Cristo nosso Senhor… ”

— Romanos 1:1-4.
Alguns tomam a frase “que veio da descendência de Davi quanto à carne” como significando que José, um descendente de David, era o pai físico de Jesus, negando assim o seu nascimento virginal
Alguns estudiosos notaram que I Timóteo 1:4, onde Paulo clama para as pessoas não “se preocupassem com fábulas e genealogias intermináveis, as quais antes provocam discussões…”. Isto pode indicar que Paulo teria uma visão negativa sobre o desenvolvimento das histórias sobre o nascimento virginal e suas genealogias variadas, considerando-as fabulosas e prejudiciais à fé.

Analisando…
Histórias sobre nascimentos milagrosos ou inesperados ocorrem por toda a Bíblia. No início do Gênesis, o primeiro livro, Sara da à luz Isaac aos noventa anos de idade. Nele e em livros posteriores, outras mulheres também dão à luz após anos de infertilidade e se cria um padrão de pais esperando por filhos prometidos para o pai ou a mãe, um filho que resgataria o povo, geralmente liderando-o. Este tema é considerado por alguns acadêmicos como sendo peculiar da teologia hebraica do direito divino dos reis.
Fora da Bíblia, heróis lendários e mesmo reis verdadeiros já foram retratados como sendo filhos de deuses. Tanto os faraós e os imperadores romanos eram considerados como deuses, este últimos sendo considerados assim somente após a morte. As narrativas fora da Bíblia tipicamente envolvem o intercurso sexual, algumas vezes com o uso da força ou de truques para sedução da vítima, com o deus se disfarçando de humano ou se tranformando num animal, por exemplo. As histórias de Leda, Europa e o nascimento de Hércules são alguns exemplos.
Diversos autores já tentaram demonstrar a dependência do cristianismo de uma religião de mistérios romana chamada mitraísmo, que existia antes do cristianismo. As primeiras reconstruções da lenda de Mitras, propostas a partir de fontes persas, de que ele teria nascido da união da Mãe Terra com Aúra-Masda. Contudo, a teoria não se sustentou. Entalhes mostrando a lenda reforçam as fontes documentais que focam em Mitras tendo nascido diretamente da rocha, da mesma forma que Atena, a filha de Zeus e de Métis, teria emanado da testa de Zeus.
Conclusões
Apesar de termos uma população que beira os 7 bilhões de habitantes e uma taxa média de nascimentos de 21 por cada 1000 habitantes nunca foi relatado um caso de partenogenese em humanos.
A hipótese da partenogenese em humanos não salva o mito da Virgem Maria. Nas espécies que se reproduzem assexuadamente por partenogênese a população é inteiramente de fêmeas. Claro, elas só possuem cromossomas X para passarem adiante, e uma fêmea só pode dar origem a outra fêmea.
Jesus teria de ser menina. Ou… Maria não era virgem.

Quem Juntou os Livros da Bíblia?


Em algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu escrever um livro. Pegou uma pena, nanquim e folhas de papiro (uma planta importada do Egito) e começou a contar uma história mágica, diferente de tudo o que já havia sido escrito. Era tão forte, mas tão forte, que virou uma obsessão. Durante os 1 000 anos seguintes, outras pessoas continuariam reescrevendo, rasurando e compilando aquele texto, que viria a se tornar o maior best seller de todos os tempos: a Bíblia.
Sem ela não existiriam os afrescos de Michelangelo nem os quadros de Leonardo da Vinci – e nos legou noções básicas da vida moderna, como os direitos humanos e o livre-arbítrio. Mas quem escreveu, afinal, o livro mais importe da História da Humanidade?
A própria Igreja admite que a revelação divina só veio até nós por meio de mãos humanas. A palavra do Senhor é sagrada, mas foi escrita por reles mortais.
imagine as Escrituras como uma biblioteca inteira, que guarda textos montados pelo tempo, pela história e pela fé. Aliás, o termo “Bíblia”, que usamos no singular, vem do plural grego ta biblia hagia – “os livros sagrados”. A tradição religiosa sempre sustentou que cada livro bíblico foi escrito por um autor claramente identificável.
Os 5 primeiros livros do Antigo Testamento (que no judaísmo se chamam Torá e no catolicismo Pentateuco) teriam sido escritos pelo profeta Moisés por volta de 1200 a.C.
Os Salmos seriam obra do rei Davi, o autor de Juízes seria o profeta Samuel, e assim por diante. Hoje, a maioria dos estudiosos acredita que os livros sagrados foram um trabalho coletivo. As histórias da Bíblia derivam de lendas surgidas na chamada Terra de Canaã, que hoje corresponde a Líbano, Palestina, Israel e pedaços da Jordânia, do Egito e da Síria.
Durante séculos acreditou-se que Canaã fora dominada pelos hebreus. Mas descobertas recentes da arqueologia revelam que, na maior parte do tempo, Canaã não foi um Estado, mas uma terra sem fronteiras habitada por diversos povos – os hebreus eram apenas uma entre muitas tribos que andavam por ali. Por isso, sua cultura e seus escritos foram fortemente influenciadas por vizinhos como os cananeus, que viviam ali desde o ano 5000 a.C. E eles não foram os únicos a influenciar as histórias do livro sagrado.
As raízes da árvore bíblica também remontam aos sumérios, antigos habitantes do atual Iraque, que no 3o milênio a.C. escreveram a Epopéia de Gilgamesh.
Essa história, protagonizada pelo semideus Gilgamesh, menciona uma enchente que devasta o mundo (e da qual algumas pessoas se salvam construindo um barco). Notou semelhanças com a Bíblia e seus textos sobre o dilúvio, a arca de Noé, o fato de Cristo ser humano e divino ao mesmo tempo? Não é mera coincidência. “A Bíblia era uma obra aberta, com influências de muitas culturas”.
Foi entre os séculos 10 e 9 a.C. que os escritores hebreus começaram a colocar essa sopa multicultural no papel.
Isso aconteceu após o reinado de Davi, que teria unificado as tribos hebraicas num pequeno e frágil reino por volta do ano 1000 a.C.
A primeira versão das Escrituras foi redigida nessa época e corresponde à maior parte do que hoje são o Gênesis e o Êxodo. Nesses livros, o tema principal é a relação passional (e às vezes conflituosa entre Deus e os homens.
Em alguns trechos ele é chamado pelo nome próprio, Yahweh – traduzido em português como Javé ou Jeová.
Sobre o livro de Gênesis, um trecho desse texto narra a morte do próprio Moisés. Isso indica que ele não é o único autor.
Acredita-se que os trechos que falam de Javé sejam os mais antigos, escritos numa época em que a religiosidade era menos formal.

Curiosidades – Onde Fica O Calvário?



Calvário ou Gólgota é a colina na qual Jesus foi crucificado e que, na época de Cristo, ficava fora da cidade de Jerusalém. O termo significa “caveira”, referindo-se a uma colina ou platô que contém uma pilha de crânios ou a um acidente geográfico que se assemelha a um crânio.
O Calvário é mencionado em todos os quatro evangelhos quando relatam a crucificação de Jesus: «E eles chegaram a um lugar chamado Gólgota, que significa o Lugar da Caveira.» (Mateus 27:33), «E eles levaram-no ao lugar chamado Gólgota, que é traduzido por Lugar da Caveira.» (Marcos 15:22), «Então eles chegaram ao lugar chamado de Caveira.» (Lucas 23:33) e «E carregando ele mesmo a sua cruz, saiu para o assim chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota.» (João 19:17).
O Novo Testamento descreve o Calvário como “perto de Jerusalém” (João 19:20), e fora das muralhas da cidade (Hebreus 13:12). Isso está de acordo com a tradição judia, em que Jesus foi também enterrado perto do lugar de sua execução.
O imperador bizantino Constantino construiu a Igreja do Santo Sepulcro sobre o que se pensava ser o sepulcro de Jesus entre 326 e 335, perto do lugar do Calvário. De acordo com a tradição cristã, o Sepulcro de Jesus e a Verdadeira Cruz foram descobertos pela imperatriz Helena de Constantinopla, mãe de Constantino, em 325. A igreja está hoje dentro das muralhas da Cidade Antiga de Jerusalém, após a expansão feita por Herodes Agripa em 41-44, mas o Santo Sepulcro estava provavelmente além das muralhas, na época dos eventos relacionados com a vida de Cristo.
Dentro da Igreja do Santo Sepulcro há uma elevação rochosa com cerca de cinco metros de altura, que se acredita ser o que resta visível do Calvário. A igreja é aceita como o “Sepulcro de Jesus” pela maioria dos historiadores e a pequena rocha dentro da igreja como o local exato do Monte Calvário, onde a cruz foi elevada para a crucificação de Jesus. Veja também: O Peregrino de Bordéus (333), Eusébio (338), o bispo Cirilo (347), a peregrina Egéria (383), o bispo Euquério de Lyon (440) e o Breviarius de Hierosolyma (530), em alemão.
Depois de passar uma temporada na Palestina em 1882-83, Charles George Gordon sugeriu uma localização diferente para o Calvário. O Jardim do Túmulo fica ao norte do Santo Sepulcro, localizado fora da atual Porta de Damasco, em um lugar certamente utilizado para enterros no período bizantino. O jardim tinha uma penhasco com dois grandes buracos fundos, que o povo dizia serem os olhos da caveira.
O arqueólogo israelense Shimon Gibson, em sua obra “Os ùltimos Dias de Jesus”, descarta totalmente a localização do Calvário como sendo o de Gordon por um motivo muito simples: o túmulo que lá se encontra, tradicionalmente conhecido como o “Túmulo do Jardim” remonta ao século VII a.C. e a Bíblia relata que o túmulo utilizado para sepultar Cristo tinha sido mandado escavar recentemente na rocha por José de Arimateia. Assim, prevalece a crença tradicional, cuja localização foi perpetuada pelos cristãos desde a destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C. e mantida através dos séculos.
O nome Calvário refere-se freqüentemente a esculturas ou pinturas representando a cena da crucificação de Jesus, ou uma pequena capela incorporando uma pintura com a cena. Pode também ser utilizado para descrever construções mais importantes, em formato de monumento, especialmente colinas artificiais erguidas por devotos.
Igrejas em diversas denominações cristãs têm sido chamadas de Calvário. O termo é também algumas vezes dado a cemitérios, especialmente aqueles associados com a Igreja Católica.

Mega Polêmica – Moisés realmente falou com Deus?



“Falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala a seu amigo” (Êxodo 33:11). Mas no mesmo capítulo,“Disse o SENHOR a Moisés:…Não me poderá ver a face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá…. tu me verás pelas costas; mas a minha face não se verá” (Êxodo 33:17,20,23). A Bíblia se contradiz, até no mesmo capítulo?
A expressão hebraica em Deuteronômio 34:10 (el panim) é uma preposição e significa “em frente de, antes de, na presença de, à face, diante de, de diante da face de”, o que indica que Moisés não necessariamente via o rosto de Deus, embora falasse com ele como quem conversa com seu amigo, ou seja, um na presença do outro (Nm 12:6-8).
Isso concorda com o contexto bíblico também, pois Yahweh (Deus) falava com Moisés de uma densa nuvem, o que obviamente impossibilitava-o de ver o rosto dele (Leia Êxodo 19:9; 24:15-18; 33:9).
Veja por exemplo Deuteronômio 5:4, onde Moisés afirma que Deus falou com toda a comunidade de Israel face a face, mas na verdade o episódio mostra que Deus falou com eles da nuvem no monte (v.22), e não com os israelitas olhando em Seu rosto.
Concluímos então que nunca ninguém viu a face de Deus.

História – Moisés Existiu?



O libertador dos israelitas talvez seja uma figura quase tão mitológica quanto Daenerys Targaryen, a heroína de Guerra dos Tronos. É verdade que um líder tribal chamado Moisés, ou algo parecido, pode até ter existido há 3 mil anos, mas basicamente nenhum feito atribuído a ele passa pela peneira do escrutínio histórico.
Diz a Bíblia: “E em Israel nunca mais surgiu um profeta como Moisés, a quem o Senhor conhecia face a face”. Esta frase está no último capítulo do livro do Deuteronômio, logo após a narrativa da morte do herói. Tamanha intimidade com Deus teria permitido que o líder israelita visse o próprio Criador (ainda que não o rosto divino, que não podia ser vislumbrado) e recebesse das mãos dele as tábuas com os Dez Mandamentos, a base da legislação sagrada que judeus e cristãos veneram até hoje. De quebra, segundo a tradição judaica, os cinco primeiros livros da Bíblia, que compõem a parte mais sagrada do Velho Testamento, seriam obra de Moisés.
Escavações e inscrições mostram que povo de Israel se originou dentro da Palestina.
História sobre libertação do Egito teria influência de interesses políticos posteriores.
A saga de Moisés, o profeta que teria arrancado seu povo da escravidão no Egito e fundado a nação de Israel, tem bases muito tênues na realidade, segundo as pesquisas arqueológicas mais recentes. É praticamente certo que, em sua maioria, os israelitas tenham se originado dentro da própria Palestina, e não fugido do Egito. O próprio Moisés tem chances de ser um personagem fictício, ou tão alterado pelas lendas que se acumularam ao redor de seu nome que hoje é quase impossível saber qual foi seu papel histórico original.
É verdade que as opiniões dos pesquisadores divergem sobre os detalhes específicos do Êxodo (o livro bíblico que relata a libertação dos israelitas do Egito) que podem ter tido uma origem em acontecimentos reais. Para quase todos, no entanto, a narrativa bíblica, mesmo quando reflete fatos históricos, exagera um bocado, apresentando um cenário grandioso para ressaltar seus objetivos teológicos e políticos.
Os pesquisadores dispõem há muitos anos do que parece ser a data-limite para o fim do Êxodo. Trata-se de uma estela (uma espécie de coluna de pedra) erigida pelo faraó Merneptah pouco antes do ano 1200 a.C. A chamada estela de Merneptah registra uma série de supostas vitórias do soberano egípcio sobre territórios vizinhos, entre eles os de Canaã. E o povo de Moisés é mencionado laconicamente: “Israel está destruído, sua semente não existe mais”. Não se diz quem liderava Israel nem que regiões eram abrangidas por seu território. Trata-se da mais antiga menção aos ancestrais dos judeus fora da Bíblia.
Se a saída dos israelitas do Egito ocorreu, ela precisaria ter acontecido antes disso. A Bíblia relata que, cerca de 400 anos antes de Moisés, os ancestrais do povo de Israel, liderados pelo patriarca Jacó, deixaram seu lar na Palestina e se estabeleceram no norte do Egito, junto à parte leste da foz do rio Nilo. Os egípcios teriam permitido esse assentamento porque, na época, o mais importante funcionário do faraó era José, filho de Jacó. Décadas mais tarde, um novo faraó teria ficado insatisfeito com o crescimento populacional dos descendentes do patriarca e os transformado em escravos.
Por algum tempo, arqueólogos e historiadores acharam que haviam identificado evidências em favor dos elementos básicos dessa trama. É que, por volta do ano 1700 a.C., a região da foz do Nilo foi dominada pelos chamados hicsos, uma dinastia de soberanos originários de Canaã e de etnia semita, tal como os israelitas. (O nome “Jacó”, muito comum na época, está até registrado entre nobres hicsos.)
Pouco mais de um século mais tarde, os egípcios expulsaram a dinastia estrangeira de suas terras. Isso mataria dois coelhos com uma cajadada só. Explicaria a ascensão meteórica de José na burocracia egípcia, graças à proximidade étnica com os hicsos, e também por que seus descendentes foram escravizados — eles teriam sido associados à ocupação estrangeira no Egito.
O problema com a idéia, no entanto, é que não há nenhuma menção aos israelitas ou a José e sua família em documentos egípcios ou de outros reinos do Oriente Médio nessa época. Pior ainda, até hoje não foi encontrado nenhum sítio arqueológico no Sinai que pudesse ser associado aos 40 anos que os israelitas teriam passado no deserto depois de deixar o Egito.
O momento mais famoso da saída dos israelitas do Egito é o confronto entre Moisés e o exército egípcio no Mar Vermelho, quando, por ordem de Deus, o profeta abre as águas para seu povo passar e as fecha para engolir os homens do faraó. No entanto, é possível que a história original tenha se referido não a águas oceânicas, mas a um pântano.
Explica-se: o sentido original do hebraico Yam Suph, normalmente traduzido como “Mar Vermelho”, parece ser “Mar de Caniços”, ou seja, uma área cheia dessas plantas típicas de regiões lacustres. Assim, nas versões originais da lenda, afirmam estudiosos do texto bíblico, os “carros e cavaleiros” do Egito teriam ficado presos na lama de um grande pântano, enquanto os fugitivos conseguiam escapar. Conforme a tradição oral sobre o evento se expandia, os acontecimentos milagrosos envolvendo a abertura de um mar de verdade foram sendo adicionados à história.

Religião – O Massacre de Mountain Meadows



Foi um massacre em massa em Mountain Meadows, território do Utah, por um grupo mórmon e nativos indígenas da tribo dos paiutes em 11 de setembro de 1857. O incidente iniciou em um ataque, e rapidamente se transformou em um cerco, e culminou no assassinato de emigrantes. Todos os emigrantes, exceto crianças e adolescentes até os dezessete anos, foram mortos. O número de mortos é incerto, contudo foi – certamente – expressivo. Após o massacre, os corpos das vítimas foram deixados no local, até entrarem em decomposição, e as crianças e adolescentes sobreviventes foram adotados por famílias locais.
O local foi designado, em 23 de junho de 2011, um distrito do Registro Nacional de Lugares Históricos, bem como, na mesma data, um Marco Histórico Nacional.
Em meados de 1857, um grupo de 40 famílias oriundas do Arkansas se uniram para atravessar o oeste dos Estados Unidos rumo à Califórnia. Eram liderados por Alexander Fancher. Naquela época, o território do Utah, atual estado do Utah, enfrentava a Guerra Mórmon, um grande conflito entre o governo e os Pioneiros mórmons, que temiam serem novamente expulsos do local. Em razão disso, Salt Lake City tornara-se um dos principais focos de guerrilha nos Estados Unidos.

Durante sua rota ao oeste do país, o grupo imigrante seguiu viagem pelo território do Utah. Embora o grupo estivesse bem equipado, armado e organizado, muitos de seus animais estavam debilitados, o que fez com que o grupo decidisse repousar em Moutain Meadows, uma montanha situada cerca de 55 quilômetros ao sul de Salt Lake City. Os colonos mórmons, juntamente com os paiutes – nativos americanos da região – desconfiavam da intenção dos membros da caravana, que possuíam um preconceito nítido contra mórmons.

Os nativos indígenas da região também guardavam um sentimento antagonista contra o povo do Leste americano, que, de acordo com eles, não compartilhavam o sentimento de fraternidade para com eles. Devido ao clima de insegurança dos nativos indígenas, que muitas vezes foram mortos e torturados pelos colonos, e também a desconfiança dos colonos mórmons, ocorreu o primeiro ataque contra os membros da caravana entre os dias 8 e 9 de setembro de 1857, liderado por alguns líderes locais da igreja, sem o conhecimento da liderança geral desta.

Massacre de família mórmon compõe longa história de comunidades americanas no México



O assassinato de três mulheres e seis crianças de uma mesma família chocou o México e também chamou a atenção para uma comunidade criada por mórmons americanos que se instalaram na região há mais de cem anos.
As vítimas tinham dupla cidadania americana e mexicana e pertenciam a uma comunidade chamada Colônia LeBarón, parte de um ramo que se distanciou da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias quando esta passou a proibir a prática de poligamia.
Autoridades e familiares suspeitam que os ataques estejam ligados a cartéis de drogas, mas ainda não está claro se foram deliberados ou se as vítimas foram mortas por engano. Os três carros em que as vítimas viajavam foram atacados por homens armados no Estado de Sonora, no norte do país.
Em um dos carros estavam Rhonita Maria Miller e seus quatro filhos, entre eles dois bebês gêmeos. Todos foram mortos a tiros, e o veículo foi incendiado com os ocupantes. As outras vítimas são Dawna Ray Langford e seus dois filhos, que viajavam no segundo carro, e Christina Langford Johnson, que estava no terceiro veículo. Sete crianças escaparam, cinco delas feridas.
Refúgio
A Colônia LeBarón foi fundada na primeira metade do século passado por Alma Dayer LeBarón, mórmon que foi excomungado por praticar poligamia. Mas a presença de mórmons americanos no norte do México é bem mais antiga. Eles começaram a chegar no fim do século 19, quando o governo americano proibiu a poligamia — que na época era praticada pelo mórmons.
“As colônias iniciais no norte do México surgiram nos anos 1880, durante o auge da repressão à poligamia nos Estados Unidos, quando mais de mil homens e mulheres foram presos”, diz à BBC News Brasil o historiador W. Paul Reeve, professor de Estudos Mórmons da Universidade de Utah.
Com medo de serem presos por causa de sua religião, milhares de mórmons deixaram os Estados Unidos e se refugiarem no sul do Canadá ou no norte do México, onde fundaram comunidades agrícolas nos Estados fronteiriços de Chihuahua e Sonora, em terras compradas pela liderança da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
“O México na época era contra a poligamia, mas seus líderes decidiram ignorar (a prática pelos mórmons). Estavam mais interessados em ter pessoas para ocupar sua fronteira norte do que em perseguir polígamos”, ressalta Reeve.
Entre as famílias que se estabeleceram na região na época está a de Miles Park Romney, bisavô do senador republicano e ex-candidato à Presidência Mitt Romney. O pai do senador, George Romney, nasceu em uma dessas colônias.
Segundo Reeve, essas comunidades foram bem-sucedidas até que, em 1912, em meio à Revolução Mexicana, os colonos mórmons foram obrigados a voltar para os Estados Unidos.
Na época, porém, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias já não aceitava mais a poligamia e ameaçava com excomunhão quem insistisse na prática.
De acordo com Reeve, a maioria dos que voltaram aos Estados Unidos permaneceram no país, já que, como sua religião havia renunciado à poligamia, não corriam mais risco de serem presos. No entanto, alguns decidiram retornar ao México após a Revolução Mexicana e retomar suas terras.
Reeve diz que muitos descendentes desses que retornaram ainda estão no México. “São membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, com sede em Salt Lake City (nos Estados Unidos), e não praticam poligamia”, salienta.
Grupos fundamentalistas
Mas outras famílias mórmons no norte do México continuaram a aderir a poligamia, mesmo após a proibição pela Igreja. Estas, ressalta o historiador, foram excomungadas e não são consideradas membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e acabaram criando seus próprios grupos religiosos.
“Estes são o que chamamos de mórmons fundamentalistas. Para eles, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias se dobrou a pressões políticas ao abandonar a poligamia”, afirma Reeve.
“Esses grupos fundamentalistas consideram a poligamia um princípio fundamental de sua versão do mormonismo. Eles continuam a aderir à prática e dizem que a igreja em Salt Lake City cometeu um erro ao abandonar a poligamia.”
Conforme o historiador, há grupos fundamentalistas espalhados pelo Canadá, Estados Unidos e México, entre eles a família LeBarón.
Mas Reeve observa que esses grupos representam uma parcela muito pequena entre os mórmons. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias no México tem mais de 1 milhão de integrantes no México e 16 milhões ao redor do mundo.
Violência
A Colônia LeBarón tem cerca de 3 mil membros, entre os quais alguns ainda praticam poligamia.
A comunidade costuma se posicionar contra os cartéis de drogas que atuam na região e já foi alvo de violência no passado.
Dez anos atrás, um jovem membro da família foi sequestrado. A comunidade se negou a pagar o resgate, temendo que isso incentivasse novos sequestros, e o refém acabou sendo libertado. Mas pouco tempo depois, seu irmão e um cunhado foram assassinados em retaliação ao ativismo da família contra os cartéis.
Em entrevistas à imprensa mexicana na terça-feira (5), um dos familiares das vítimas, Julian LeBarón, disse que a família havia recebido ameaças.
Autoridades de Chihuahua e Sonora anunciaram uma investigação sobre os crimes e enviaram forças de segurança adicionais à área.
Os assassinatos ocorrem em um momento em que o México enfrenta um aumento na violência ligada a cartéis de drogas.
No mês passado, depois que Ovídio Guzmán López, filho do traficante Joaquín Guzmán, o El Chapo, foi detido, membros do cartel de Sinaloa atacaram forças de segurança do governo durante horas nas ruas da cidade de Culiacán, no norte do país. O governo acabou sendo obrigado a libertar Ovídio Guzmán para evitar que o confronto se agravasse.
O presidente americano, Donald Trump, disse no Twitter que os Estados Unidos “estão prontos” para ajudar o México a combater a violência provocada pelos cartéis e a “fazer o trabalho de forma rápida e eficiente”.
“Os cartéis se tornaram tão grandes e poderosos que você precisa às vezes de um exército para derrotar um outro exército”, disse Trump. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, disse que o México vai agir “de forma independente e afirmando sua soberania”.