
Segundo a narrativa bíblica no Gênesis, foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para chegarem a Deus e estarem mais perto dele. Isto era uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a ele. Deus então parou o projeto e fez com que a torre ruisse, depois castigou os homens de maneira que estes falassem varias línguas para que os homens nunca mais se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre. Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas e raças diferentes. A localização da construção teria sido na planície entre os rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia (atual Iraque), uma região célebre por sua localização estratégica e pela sua fertilidade.
Modelo proposto pela História
Babel, capital do Império babilônico, era uma cidade-estado extremamente rica e poderosa. Era um centro político, militar, cultural e econômico do mundo antigo. Tal qual cidades como Nova York e Paris, nos dias atuais, ela recebia grande número de imigrantes de diversas nacionalidades, cada qual falando um idioma diferente.
O plano interno da Babilônia — seus bairros e ruas principais — tinha sido estabelecido muito antes do império neobabilônio. Na área residencial do cômoro Merkez, onde se obteve acesso aos níveis mais antigos, o padrão de ruas tinha mudado muito pouco ao longo dos séculos desde a ocupação cassita. Os reis assírios, em especial Esarhadon, tinham contribuído para a beatificação da cidade — sobretudo Esagila, o principal santuário de Marduk —, revestindo algumas ruas com reboco e reparado as defesas. Entretanto, o projeto de converter a Babilônia numa metrópole suficientemente grandiosa para representar as aspirações de um império foi iniciado por seu pai, Nabopolassar. Ele iniciou o trabalho no Palácio Sul, sua residência, construiu um templo para Ninurta, as muralhas do cais do Arahru (como o Eufrates era então chamado) e em 610 a.e.c., iniciou o mais ambicioso de todos os empreendimentos arquitetônicos, a reconstrução de Etemenanki, “Fundação do Céu e da Terra”, como a “Torre de Babel” ou zigurate era chamada.
Segundo a Hipótese documental, a passagem deriva da fonte Javista, um escritor cujo trabalho está cheio de Paranomásias, e como muitas das outras paranomásias no texto Javista, o elemento da história que se refere à confusão das línguas é visto por muitos como uma pseudo-etimologia para o nome Babel, relacionado com uma história mais histórica do colapso de uma torre.
A Linguística histórica luta há muito tempo contra a ideia de uma linguagem única original (Língua adâmica). Tentativas de identificar esta língua com uma língua actual têm sido rejeitadas pela comunidade académica. Foi este o caso do Hebreu, e do Basco (como foi proposto por Manuel de Larramendi). Ainda assim, o bem documentado ramo de linguagens com antepassados comuns (como as modernas línguas europeias vindas do antigo Indo-Europeu) aponta na direcção de uma única língua ancestral. O tema principal da disputa é a data, que muitos estudiosos poriam vários milhares de anos antes da própria data da Bíblia para o fim da Torre de Babel.
Um grande projecto de construção no mundo antigo pode ter usado trabalho forçado de diversas populações conquistadas ou súbditas, e o domínio que cobria a Babilónia teria tido algumas línguas não Semitas, como o Hurrita, o Cassita, o Sumério, e o Elamita, entre outros.
Amar-Sin (2046-2037 a.C.), terceiro monarca da Terceira dinastia de Ur, tentou construir um zigurate em Eridu que nunca foi terminado. Tem sido sugerido que Eridu seria o local onde teria estado a torre de Babel, e que a história teria sido mudada mais tarde para a Babilónia Enmerkar (i.e. Enmer o Caçador) rei de Uruk, sugerido por alguns como sendo o modelo para Nimrod, foi também um constructor do templo de Eridu.
Há uma história parecida à da Torre de Babel na Mitologia suméria chamada Enmerkar e o Senhor de Aratta, na qual os dois deuses rivais, Enki e Enlil acabam por confundir as línguas de toda a humanidade como efeito colateral da sua discussão.
Em Gênesis 10, diz-se que Babel era parte do reino de Nimrod. Apesar de não ser especificamente mencionado na Bíblia, Ninrode é frequentemente associado com a construção da torre noutras fontes. Uma teoria recentemente proposta por David Rohl associa Nimrod com Enmerkar, e propõe que as ruínas da Torre de Babel são na verdade as ruínas muito mais velhas do zigurate de Eridu, a sul de Ur, em vez de Babilónia. Entre as razões para esta associação estão o grande tamanho das ruínas, a idade mais velha das ruínas, e o facto de um título de Eridu ser NUN.KI (“lugar poderoso”), que mais tarde se tornou um título da Babilónia.
Tradicionalmente, os povos enumerados no capítulo 10 do Gênesis (a Tabela das Nações) são vistos como tendo-se espalhado pela Terra a partir do Sinar apenas após o abandono da Torre, que é uma explicação da diversidade cultural. Alguns, contudo, vêem uma contradição entre a menção em Génesis 10:5 que diz “5Deles nasceram os povos que se dispersaram por países e línguas, por famílias e nações.” E a seguinte história de Babel, que começa da seguinte maneira “1Em toda a Terra, havia somente uma língua, e empregavam-se as mesmas palavras.” (Genesis 11:1).
Em 440 a.C. Heródoto escreveu:
A parede exterior da Babilónia é a principal defesa da cidade. Há, contudo, uma segunda parede interior, de menor espessura que a primeira, mas não muito inferior a ela [parede exterior] em força. O centro de cada divisão da cidade era ocupado por uma fortaleza. Numa ficava o palácio dos reis, rodeado por um muro de grande força e tamanho: na outra estava o sagrado recinto de Júpiter (Zeus) Belus, um cerco quadrado de 201 m de cada lado, com portões de latão sólido; que também lá estavam no meu tempo. No meio do recinto estava uma torre de mampostería sólida, de 201 m em comprimento e largura, sobre a qual estava erguida uma segunda torre, e nessa uma terceira, e assim até oito. A ascensão até ao topo está do lado de fora, por um caminho que rodeia todas as torres. Quando se está a meio do caminho, há um lugar para descansar e assentos, onde as pessoas se podem sentar por algum tempo no seu caminho até ao topo. Na torre do topo há um templo espaçoso, e dentro do templo está um sofá de tamanho invulgar, ricamente adornado, com uma mesa dourada ao seu lado. Não há estátua de espécie alguma nesse sítio, nem é a câmara ocupada de noite por alguém a não ser por uma mulher nativa, que, como os Caldeus, os sacerdotes deste deus, afirmam, é escolhida para si próprio pela divindade, de todas as mulheres da terra.
Pensa-se que esta Torre de Júpiter Belus se refere ao deus acadiano Bel, cujo nome foi helenizado por Heródoto para Zeus Belus. É provável que corresponda ao gigantesco zigurate a Marduk (Etemenanki), um antigo zigurate que foi abandonado, caindo em ruínas devido a abalos sísmicos, e relâmpagos a danificar o barro. Este enorme zigurate, e a sua queda são vistos por muitos académicos como tendo inspirado a história da Torre de Babel. Contudo, também se encaixaria bem na narrativa Bíblica — dando algum suporto arqueológico para a história. Mais provas podem ser recolhidas daquilo que o Rei Nabucodonosor inscreveu nas ruínas do seu zigurate.
A Literatura Rabínica oferece muitos relatos diferentes sobre outras causas para a Torre de Babel ter sido construída, e sobre as intenções dos seus construtores. Na Mishná era vista como uma rebelião contra Deus. Uns midrash mais tardios registam que os construtores da Torre, chamados “a geração da secessão” nas fontes Judaicas, disseram: “Deus não tem o direito de escolher o mundo superior para Si próprio, e de deixar o mundo inferior para nós; por isso iremos construir uma torre, com um ídolo no topo segurando uma espada, para que pareça como se pretendesse guerrear com Deus” (Gen. R. xxxviii. 7; Tan., ed. Buber, Noah, xxvii. et seq.).
A construção da Torre foi feita para desafiar não só Deus, mas também Abraão, que exortava os construtores a reverenciar. A passagem menciona que os construtores falavam palavras afiadas contra Deus, não citadas na Bíblia, dizendo que uma vez em cada 1656 anos, o céu abanava para que a água chovesse para a terra, por isso eles iram suportar isso com colunas para que não pudesse haver outra inundação (Gen. R. l.c.; Tan. l.c.; similarmente Flávo Josefo, “Ant.” i. 4, § 2).
Apocalipse de Baruque
O terceiro livro de Baruque, ou, Apocalipse de Baruque (3 Baruque), conhecido apenas de cópias Gregas e Eslavas, parece aludir à Torre, e pode ser consistente com a tradição Judaica. Nele, Baruque é primeiro levado (numa visão) a ver o local de repouso das almas “daqueles que construíram a torre da discórdia contra Deus, e o Senhor baniu-os.” A seguir é-lhe mostrado outro lugar, e lá, ocupando a forma de cães,
Aqueles que deram a sugestão de construir a torre, por aqueles que vós vistes conduzirem multidões de ambos homens e mulheres, a fazerem tijolos; entre quem, uma mulher que fazia tijolos não era autorizada a ser libertada na hora do parto, mas trazida à frente enquanto estava a fazer tijolos, e carregava o seu filho no seu avental, e continuava a fazer tijolos. E o Senhor apareceu-lhes e confundiu a sua fala, quando eles tinham construído a torre à altura de quatrocentos e sessenta e três cúbitos. E eles pegaram numa broca, e procuraram perfurar os céus, dizendo, Veja-mos se o céu é feito de barro, ou de latão, ou de ferro. Quando Deus viu isto Ele não os permitiu, e castigou-os com cegueira e confusão da fala, e tornou-os no que vistes. (Apocalipse grego de Baruque, 3:5-8)