(São Paulo, 18 de julho de 1892 — São Paulo, 6 de setembro de 1969) foi um futebolista brasileiro. Apelidado “El Tigre” ou “Fried”, foi a primeira grande estrela do futebol brasileiro na época amadora, que durou até 1933.
Friedenreich participou da excursão do Paulistano pela Europa em 1925 onde disputou dez jogos e voltou invicto. Teve importante participação no campeonato sul-americano de seleções (atual Copa América) de 1919. O apelido de “El Tigre” foi dado pelos uruguaios após a conquista do Campeonato Sul-Americano de 1919, atual Copa América.
Ele marcou o gol da vitória contra os uruguaios na decisão e, ao lado de Neco, foi o artilheiro da competição. Após o feito, suas chuteiras ficaram em exposição na vitrine de um loja de joias raras no Rio de Janeiro
Considerando dados extra-oficiais, Friedenreich teria sido o jogador com mais gols da história, com a marca de 1 329 gols, somando partidas oficiais e não-oficiais, superando Pelé. Oficialmente, marcou 338 gols em partidas oficiais do campeonato paulista.
Em 1935 encerrou sua carreira no clube de coração o Flamengo, onde conseguiu arrazoar carinho pelo mesmo.
Em 1999, foi eleito o quinto maior jogador brasileiro de todos os tempos pela IFFHS.
A lenda construída em torno da memória histórica do célebre atleta mestiço afirmou com frequência que ele era filho de um rico comerciante alemão com uma lavadeira negra brasileira.
Na realidade, Arthur pertencia a uma família de funcionários públicos subalternos. Era filho de um funcionário público oriundo de Blumenau, chamado Oscar Friedenreich. O avô do jogador, Karl Wilhelm Friedenreich, nascido na Alemanha, era um veterinário e naturalista amador, que ocupou o cargo de delegado de polícia em Santa Catarina. Karl transferiu-se com a família para São Paulo, para assumir a função de naturalista assistente no Museu do Ipiranga, em 1891.
Como entomologista, Karl pesquisava para a secretaria da agricultura as pragas que atacavam lavouras.
A mãe do jogador, Mathilde de Moraes e Silva, era professora de primeiras letras em escolas públicas, formada pela Escola Normal em 1879, bem antes de conhecer Oscar o pai.
É provável que o equívoco de identificar Mathilde, uma mulher negra com marido branco, como sendo lavadeira e esposa de um estrangeiro rico, tenha se originado para justificar a presença de um jogador mestiço no Club Athlético Paulistano, equipe ligada à elite fazendeira paulistana.
Numa época em que o futebol era distribuído em “fatias” fixas (defesa, meio de campo e ataque) com cada jogador com função definida em campo, Friedenreich era um centroavante finalizador, sem virtuosismo. Conforme crônica da época que descrevia seu estilo: “Distribui com calma, com precisão, os seus cabeceios são certeiros e os tiros finais fortíssimos. Não é jogador egoísta, não abusa dos dribles, do jogo pessoal. Mesmo à porta do gol, vendo um companheiro mais bem colocado, não titubeia em passar a bola. É, afinal, jogador que não faz jogo para as arquibancadas e sim para o conjunto”.
Os dribles eram econômicos apenas para abrir espaço para a finalização: “A finta de Friedenreich desenvolvia-se numa série de velozes, hábeis, pequenos desvios do couro a cargo sobretudo da face externa das botas, dando-lhe grande penetração, o que lhe proporcionava em poucos segundos o ganho de espaço para conseguir a posição do arremate”.
Fried ainda chegou a pegar a alteração na regra do impedimento em 1924 que deixou as partidas mais dinâmicas. Porém atuou durante toda a carreira no esquema 2-3-5, ou pirâmide. Uma vez que o 3-2-2-3, ou W-M, que seria predominante no futebol até os anos 60, só chegaria ao futebol brasileiro em 1937 com Dori Kruschner.
A sua posição de origem foi a de centroavante. “El Tigre” acabou introduzindo novas jogadas no ainda recente futebol brasileiro, na época ainda amador, como o drible curto, o chute de efeito e a finta de corpo. Foi campeão paulista em diversas oportunidades pelo clube Paulistano. Também atuou pelo São Paulo,conquistando mais um campeonato paulista em 1931. O time do São Paulo campeão naquele ano ficou conhecido por “Esquadrão de Aço”, e era formado por Nestor; Clodô e Bartô; Mílton, Bino e Fabio; Luizinho, Siriri, Araken Patusca e Junqueirinha. Pelo São Paulo FC marcou 103 gols em 125 jogos, é o 18º maior artilheiro do clube e tem uma das melhores medias, 0,82 gol por jogo.
Depois de ter jogado em 1917 no Flamengo, Friedenreich volta ao Rio em 1935 para de novo jogar pelo clube que tinha um extenso Carinho.
Era considerado pelos cronistas da época um jogador inteligente dentro de campo. Friedenreich talvez tenha sido o jogador mais objetivo e um dos mais corajosos de sua época. Parecia conhecer todos os segredos do futebol e sabia quando e como ia marcar um gol.
Uma excursão do Paulistano à Europa em 1925, deu a ele a chance de participar de um marco histórico do futebol do país. No dia 15 de março, pela primeira vez, um time brasileiro jogava no exterior. Ele comandou a goleada de 7–2 na França, que deu início a uma série de outras vitórias. E é apelidado de “roi du football” (rei do futebol). Voltou da Europa como um dos “melhores do mundo”, depois de vencer, pelo Paulistano, nove dos dez jogos disputados. Um de seus mais incríveis feitos, ocorrido em 1928, foi a marca de sete gols numa única partida contra o União da Lapa, batendo o recorde da época. Ele jogava pelo Paulistano e o resultado final foi de 9–0, no dia 16 de setembro; a curiosidade fica por conta do pênalti perdido por Fried. Outra curiosidade é quem em 30 de janeiro de 1930 ele jogou no Combinado Corinthians/Palestra Itália que goleou o Tucuman da Argentina por 5–2, como não atuava por nenhuma das duas equipes e o clube que havia fundado cinco dias antes, o São Paulo, ainda não estava oficialmente registrado para atuar, nessa partida ele atuou como jogador do Corinthians. Encerrou a carreira no Flamengo, em julho de 1935, aos 43 anos de idade.
Em 1932, assim que iniciou o conflito entre paulistas e o governo de Getúlio Vargas, Friedenreich fez uma breve pausa em sua vitoriosa carreira e se alistou no exército paulista. Começou como sargento e chegou até o posto de tenente, saindo do conflito como herói. Comandou uma divisão de 800 desportistas, num clima descrito por ele mesmo como tenso, porém de extrema camaradagem. Além da participação ativa no campo de guerra, também doou medalhas de ouro e troféus para arrecadar dinheiro na causa dos paulistas.
Últimos anos
Após a Revolução de 32 jogou futebol por mais três anos. Também foi contra a profissionalização do futebol no país. A partir dos anos 30, o futebol passou a caminhar rumo ao profissionalismo. A ideia não agradou Friedenreich, que recusou proposta do Flamengo, seu último clube, de continuar atuando, e abandonou os gramados após fazer sua última partida no dia 21 de julho de 1935. Passou a trabalhar numa companhia de bebidas, por onde se aposentou. Viveu numa casa cedida pelo São Paulo até morrer em 6 de setembro de 1969.
Seleção Brasileira
Sua estreia na seleção se deu no ano de 1914 em um amistoso contra a Seleção Argentina, quando o escrete brasileiro perdeu por 3–0. Friedenreich fez pela seleção principal 23 jogos e marcou 10 gols. No ano de 1914 ganhou o primeiro título do Brasil na história: a Copa Roca, taça amistosa realizada para melhorar as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina. Outras conquistas importantes que conseguiu foram os sul-americanos de 1919, marcando o gol do título na prorrogação contra os uruguaios, e 1922, primeiras conquistas relevantes da Seleção Brasileira. O choro “Um a Zero” – de Benedito Lacerda, Pixinguinha e Nelson Ângelo – foi composto em homenagem ao gol de Fried contra o Uruguai na final de 1919. Uma atitude infeliz do presidente da Liga Paulista, Elpídio de Paiva Azevedo, causou uma das maiores decepções de Friedenreich na carreira. Ao saber que a comissão técnica da Seleção não teria nenhum paulista, o dirigente impediu a ida dos jogadores do estado para a Copa do Mundo, no Uruguai em 1930. Assim, “El Tigre” encerrou a carreira sem sentir o sabor de disputar um Mundial.
Seleção Paulista
Friedenreich tambem brilhou na seleção paulista de futebol, atuando em 71 jogos e marcando 86 gols, e foi campeão brasileiro de seleções estaduais em 1922 e 1923, inclusive sendo o artilheiro do campeonato brasileiro de seleções estaduais de 1922, com 8 gols.
Luta contra a Discriminação Racial no Brasil
Apesar de Fried ser o principal jogador do País, e ter feito o gol do título da Copa América, ainda havia um racismo muito forte no Brasil na época, principalmente por parte das elites locais. Por conta disso, no mesmo ano de 1919, o Presidente brasileiro Epitácio Pessoa assinou uma Lei Federal proibindo que jogadores negros ou mulatos fizessem parte da Seleção Brasileira de Futebol, a qual representaria a imagem do País no exterior.
Esta situação impediu que Friedenreich jogasse pela Seleção nos anos seguintes.
Neste período, o Brasil teve participações decepcionantes em torneios internacionais, claramente enfraquecida pela ausência de seu principal atleta. Este acabou sendo um fator decisivo para que esta proibição fosse revogada em 1922, antes da realização de outra Copa América no Brasil.
Por sinal, Fried pode voltar a jogar pela Seleção, disputou o torneio, e o Brasil voltou a ser campeão. Depois disso, nunca mais houve no Brasil qualquer outra restrição legal tão direta contra a participação de negros ou mulatos em nossos selecionados esportivos.
Opinião sobre a evolução do futebol
Em 22 de janeiro de 1966, Friedenreich deixou sua vida reclusa e se manifestou publicamente sobre os rumos do futebol da época em artigo publicado no jornal “O Globo” com o título “Para Vencer na Inglaterra”:
Para mim quem venceu na Suécia foi o mecanismo Garrincha–Pelé, em 1962 no Chile, mesmo sistema, sendo Amarildo a segunda peça do engenho.
É preciso, portanto, montar em campo, este ano, o mesmo dispositivo, se quisermos vencer. Segundo se espera, Pelé estará à posto. Talvez nos falte a catapulta. Trataremos de encontrá-la. Estou certo, no entanto, que se Pelé entrar em todos os jogos, seremos campeões para sempre. O segredo dessa minha segurança é simples: todas as seleções tem seus ases. Mas o coringa é um só. E está com o Brasil.
Por ter brilhado numa época com poucos registros documentais e quando a imprensa esportiva praticamente não existia, a carreira de Friedenreich foi cercada de Lenda urbana.
Gols na Carreira
554 gols em 561 partidas, média de 0,99 gols por partida, Alexandre da Costa, no livro O Tigre do futebol
558 gols em 562 partidas – Orlando Duarte e Severino Filho, no livro Fried versus Pelé
105 gols em 125 partidas – Memorial do São Paulo Futebol Clube
Segundo levantamento do jornalista Alexandre da Costa, autor do livro O Tigre do Futebol, Friedenreich converteu uma média superior à de Pelé, 0,99 por jogo, contra 0,93 de Pelé.
Pênaltis Perdidos
Outra Lenda Urbana é de que Friedenreich nunca perdeu um pênalti na carreira. O próprio Fredenreich alimentava a lenda ao afirmar: “Nunca perdi um pênalti. Em toda a minha carreira, observei muito a maneira de os goleiros se posicionarem na hora da cobrança de penalidade máxima. Percebi que o melhor lugar para chutar era o canto esquerdo do arqueiro, porque só canhotos ali pulavam. Os demais, a grande maioria destra, caía para a direita. Encontrei, assim, o ponto fraco dos goleiros”.
Homenagens Póstumas
Há um parque no bairro de Vila Alpina, na zona Leste de São Paulo, com seu nome. O parque, situado no início da Avenida Francisco Falconi, é um dos maiores da região. Ainda em São Paulo, uma rua na zona leste tem seu nome.
Friedenreich também tem uma escola com seu nome no Rio de Janeiro, coincidentemente, essa escola fica localizada dentro do complexo esportivo do Maracanã, próximo a entrada principal, a esquerda da estátua de Bellini.
(São Paulo, 18 de julho de 1892 — São Paulo, 6 de setembro de 1969) foi um futebolista brasileiro. Apelidado “El Tigre” ou “Fried”, foi a primeira grande estrela do futebol brasileiro na época amadora, que durou até 1933.
Friedenreich participou da excursão do Paulistano pela Europa em 1925 onde disputou dez jogos e voltou invicto. Teve importante participação no campeonato sul-americano de seleções (atual Copa América) de 1919. O apelido de “El Tigre” foi dado pelos uruguaios após a conquista do Campeonato Sul-Americano de 1919, atual Copa América.
Ele marcou o gol da vitória contra os uruguaios na decisão e, ao lado de Neco, foi o artilheiro da competição. Após o feito, suas chuteiras ficaram em exposição na vitrine de um loja de joias raras no Rio de Janeiro
Considerando dados extra-oficiais, Friedenreich teria sido o jogador com mais gols da história, com a marca de 1 329 gols, somando partidas oficiais e não-oficiais, superando Pelé. Oficialmente, marcou 338 gols em partidas oficiais do campeonato paulista.
Em 1935 encerrou sua carreira no clube de coração o Flamengo, onde conseguiu arrazoar carinho pelo mesmo.
Em 1999, foi eleito o quinto maior jogador brasileiro de todos os tempos pela IFFHS.
A lenda construída em torno da memória histórica do célebre atleta mestiço afirmou com frequência que ele era filho de um rico comerciante alemão com uma lavadeira negra brasileira.
Na realidade, Arthur pertencia a uma família de funcionários públicos subalternos. Era filho de um funcionário público oriundo de Blumenau, chamado Oscar Friedenreich. O avô do jogador, Karl Wilhelm Friedenreich, nascido na Alemanha, era um veterinário e naturalista amador, que ocupou o cargo de delegado de polícia em Santa Catarina. Karl transferiu-se com a família para São Paulo, para assumir a função de naturalista assistente no Museu do Ipiranga, em 1891.
Como entomologista, Karl pesquisava para a secretaria da agricultura as pragas que atacavam lavouras.
A mãe do jogador, Mathilde de Moraes e Silva, era professora de primeiras letras em escolas públicas, formada pela Escola Normal em 1879, bem antes de conhecer Oscar o pai.
É provável que o equívoco de identificar Mathilde, uma mulher negra com marido branco, como sendo lavadeira e esposa de um estrangeiro rico, tenha se originado para justificar a presença de um jogador mestiço no Club Athlético Paulistano, equipe ligada à elite fazendeira paulistana.
Numa época em que o futebol era distribuído em “fatias” fixas (defesa, meio de campo e ataque) com cada jogador com função definida em campo, Friedenreich era um centroavante finalizador, sem virtuosismo. Conforme crônica da época que descrevia seu estilo: “Distribui com calma, com precisão, os seus cabeceios são certeiros e os tiros finais fortíssimos. Não é jogador egoísta, não abusa dos dribles, do jogo pessoal. Mesmo à porta do gol, vendo um companheiro mais bem colocado, não titubeia em passar a bola. É, afinal, jogador que não faz jogo para as arquibancadas e sim para o conjunto”.
Os dribles eram econômicos apenas para abrir espaço para a finalização: “A finta de Friedenreich desenvolvia-se numa série de velozes, hábeis, pequenos desvios do couro a cargo sobretudo da face externa das botas, dando-lhe grande penetração, o que lhe proporcionava em poucos segundos o ganho de espaço para conseguir a posição do arremate”.
Fried ainda chegou a pegar a alteração na regra do impedimento em 1924 que deixou as partidas mais dinâmicas. Porém atuou durante toda a carreira no esquema 2-3-5, ou pirâmide. Uma vez que o 3-2-2-3, ou W-M, que seria predominante no futebol até os anos 60, só chegaria ao futebol brasileiro em 1937 com Dori Kruschner.
A sua posição de origem foi a de centroavante. “El Tigre” acabou introduzindo novas jogadas no ainda recente futebol brasileiro, na época ainda amador, como o drible curto, o chute de efeito e a finta de corpo. Foi campeão paulista em diversas oportunidades pelo clube Paulistano. Também atuou pelo São Paulo,conquistando mais um campeonato paulista em 1931. O time do São Paulo campeão naquele ano ficou conhecido por “Esquadrão de Aço”, e era formado por Nestor; Clodô e Bartô; Mílton, Bino e Fabio; Luizinho, Siriri, Araken Patusca e Junqueirinha. Pelo São Paulo FC marcou 103 gols em 125 jogos, é o 18º maior artilheiro do clube e tem uma das melhores medias, 0,82 gol por jogo.
Depois de ter jogado em 1917 no Flamengo, Friedenreich volta ao Rio em 1935 para de novo jogar pelo clube que tinha um extenso Carinho.
Era considerado pelos cronistas da época um jogador inteligente dentro de campo. Friedenreich talvez tenha sido o jogador mais objetivo e um dos mais corajosos de sua época. Parecia conhecer todos os segredos do futebol e sabia quando e como ia marcar um gol.
Uma excursão do Paulistano à Europa em 1925, deu a ele a chance de participar de um marco histórico do futebol do país. No dia 15 de março, pela primeira vez, um time brasileiro jogava no exterior. Ele comandou a goleada de 7–2 na França, que deu início a uma série de outras vitórias. E é apelidado de “roi du football” (rei do futebol). Voltou da Europa como um dos “melhores do mundo”, depois de vencer, pelo Paulistano, nove dos dez jogos disputados. Um de seus mais incríveis feitos, ocorrido em 1928, foi a marca de sete gols numa única partida contra o União da Lapa, batendo o recorde da época. Ele jogava pelo Paulistano e o resultado final foi de 9–0, no dia 16 de setembro; a curiosidade fica por conta do pênalti perdido por Fried. Outra curiosidade é quem em 30 de janeiro de 1930 ele jogou no Combinado Corinthians/Palestra Itália que goleou o Tucuman da Argentina por 5–2, como não atuava por nenhuma das duas equipes e o clube que havia fundado cinco dias antes, o São Paulo, ainda não estava oficialmente registrado para atuar, nessa partida ele atuou como jogador do Corinthians. Encerrou a carreira no Flamengo, em julho de 1935, aos 43 anos de idade.
Em 1932, assim que iniciou o conflito entre paulistas e o governo de Getúlio Vargas, Friedenreich fez uma breve pausa em sua vitoriosa carreira e se alistou no exército paulista. Começou como sargento e chegou até o posto de tenente, saindo do conflito como herói. Comandou uma divisão de 800 desportistas, num clima descrito por ele mesmo como tenso, porém de extrema camaradagem. Além da participação ativa no campo de guerra, também doou medalhas de ouro e troféus para arrecadar dinheiro na causa dos paulistas.
Últimos anos
Após a Revolução de 32 jogou futebol por mais três anos. Também foi contra a profissionalização do futebol no país. A partir dos anos 30, o futebol passou a caminhar rumo ao profissionalismo. A ideia não agradou Friedenreich, que recusou proposta do Flamengo, seu último clube, de continuar atuando, e abandonou os gramados após fazer sua última partida no dia 21 de julho de 1935. Passou a trabalhar numa companhia de bebidas, por onde se aposentou. Viveu numa casa cedida pelo São Paulo até morrer em 6 de setembro de 1969.
Seleção Brasileira
Sua estreia na seleção se deu no ano de 1914 em um amistoso contra a Seleção Argentina, quando o escrete brasileiro perdeu por 3–0. Friedenreich fez pela seleção principal 23 jogos e marcou 10 gols. No ano de 1914 ganhou o primeiro título do Brasil na história: a Copa Roca, taça amistosa realizada para melhorar as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina. Outras conquistas importantes que conseguiu foram os sul-americanos de 1919, marcando o gol do título na prorrogação contra os uruguaios, e 1922, primeiras conquistas relevantes da Seleção Brasileira. O choro “Um a Zero” – de Benedito Lacerda, Pixinguinha e Nelson Ângelo – foi composto em homenagem ao gol de Fried contra o Uruguai na final de 1919. Uma atitude infeliz do presidente da Liga Paulista, Elpídio de Paiva Azevedo, causou uma das maiores decepções de Friedenreich na carreira. Ao saber que a comissão técnica da Seleção não teria nenhum paulista, o dirigente impediu a ida dos jogadores do estado para a Copa do Mundo, no Uruguai em 1930. Assim, “El Tigre” encerrou a carreira sem sentir o sabor de disputar um Mundial.
Seleção Paulista
Friedenreich tambem brilhou na seleção paulista de futebol, atuando em 71 jogos e marcando 86 gols, e foi campeão brasileiro de seleções estaduais em 1922 e 1923, inclusive sendo o artilheiro do campeonato brasileiro de seleções estaduais de 1922, com 8 gols.
Luta contra a Discriminação Racial no Brasil
Apesar de Fried ser o principal jogador do País, e ter feito o gol do título da Copa América, ainda havia um racismo muito forte no Brasil na época, principalmente por parte das elites locais. Por conta disso, no mesmo ano de 1919, o Presidente brasileiro Epitácio Pessoa assinou uma Lei Federal proibindo que jogadores negros ou mulatos fizessem parte da Seleção Brasileira de Futebol, a qual representaria a imagem do País no exterior.
Esta situação impediu que Friedenreich jogasse pela Seleção nos anos seguintes.
Neste período, o Brasil teve participações decepcionantes em torneios internacionais, claramente enfraquecida pela ausência de seu principal atleta. Este acabou sendo um fator decisivo para que esta proibição fosse revogada em 1922, antes da realização de outra Copa América no Brasil.
Por sinal, Fried pode voltar a jogar pela Seleção, disputou o torneio, e o Brasil voltou a ser campeão. Depois disso, nunca mais houve no Brasil qualquer outra restrição legal tão direta contra a participação de negros ou mulatos em nossos selecionados esportivos.
Opinião sobre a evolução do futebol
Em 22 de janeiro de 1966, Friedenreich deixou sua vida reclusa e se manifestou publicamente sobre os rumos do futebol da época em artigo publicado no jornal “O Globo” com o título “Para Vencer na Inglaterra”:
Para mim quem venceu na Suécia foi o mecanismo Garrincha–Pelé, em 1962 no Chile, mesmo sistema, sendo Amarildo a segunda peça do engenho.
É preciso, portanto, montar em campo, este ano, o mesmo dispositivo, se quisermos vencer. Segundo se espera, Pelé estará à posto. Talvez nos falte a catapulta. Trataremos de encontrá-la. Estou certo, no entanto, que se Pelé entrar em todos os jogos, seremos campeões para sempre. O segredo dessa minha segurança é simples: todas as seleções tem seus ases. Mas o coringa é um só. E está com o Brasil.
Por ter brilhado numa época com poucos registros documentais e quando a imprensa esportiva praticamente não existia, a carreira de Friedenreich foi cercada de Lenda urbana.
Gols na Carreira
554 gols em 561 partidas, média de 0,99 gols por partida, Alexandre da Costa, no livro O Tigre do futebol
558 gols em 562 partidas – Orlando Duarte e Severino Filho, no livro Fried versus Pelé
105 gols em 125 partidas – Memorial do São Paulo Futebol Clube
Segundo levantamento do jornalista Alexandre da Costa, autor do livro O Tigre do Futebol, Friedenreich converteu uma média superior à de Pelé, 0,99 por jogo, contra 0,93 de Pelé.
Pênaltis Perdidos
Outra Lenda Urbana é de que Friedenreich nunca perdeu um pênalti na carreira. O próprio Fredenreich alimentava a lenda ao afirmar: “Nunca perdi um pênalti. Em toda a minha carreira, observei muito a maneira de os goleiros se posicionarem na hora da cobrança de penalidade máxima. Percebi que o melhor lugar para chutar era o canto esquerdo do arqueiro, porque só canhotos ali pulavam. Os demais, a grande maioria destra, caía para a direita. Encontrei, assim, o ponto fraco dos goleiros”.
Homenagens Póstumas
Há um parque no bairro de Vila Alpina, na zona Leste de São Paulo, com seu nome. O parque, situado no início da Avenida Francisco Falconi, é um dos maiores da região. Ainda em São Paulo, uma rua na zona leste tem seu nome.
Friedenreich também tem uma escola com seu nome no Rio de Janeiro, coincidentemente, essa escola fica localizada dentro do complexo esportivo do Maracanã, próximo a entrada principal, a esquerda da estátua de Bellini.
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