Contos e Poesia – Qual é a Terra de Palmeiras onde Canta o Sabiá?


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“Canção do Exílio” é uma poesia romântica de Gonçalves Dias escrita em 1843 e introduzida na obra lírica Primeiros cantos, de 1846. Foi produzida no primeiro momento do Romantismo no Brasil, época na qual se vivia uma forte onda de nacionalismo, que se devia ao recente rompimento do Brasil colônia com Portugal. O poeta trata, neste sentido, de demonstrar aversão aos valores portugueses e ressaltar os valores naturais do Brasil.

Há uma presença de dêixis espacial, quanto aos dêiticos com referência aos elementos lugares citados no texto: ”minha terra” (Brasil – Maranhão), ”aqui” (Portugal – Coimbra), ”lá” (Brasil – Maranhão).

Apesar de ser um texto de profunda glorificação à pátria, o poema possui total ausência de adjetivos qualificativos. São os advérbios “lá, cá, aqui” que nos localizam geograficamente no poema. Formalmente, o poema apresenta redondilhas maiores (sete sílabas em cada verso) e rimas oxítonas (lá, cá sabiá), com a exceção da segunda estrofe.

Quando Gonçalves Dias escreveu este poema, cursava a Faculdade de Direito de Coimbra, em julho de 1843. Vivia, desta forma, um exílio físico e geográfico. Tradicionalmente, esta é a situação do exílio.
O poema foi reciclado no Hino Nacional Brasileiro (no trecho “Nossos bosques têm mais vida; Nossa vida (em teu seio) mais amores”, do segundo parágrafo da segunda parte) e na Canção Militar do Expedicionário (no trecho “Por mais terras que eu percorra, não permita Deus que eu morra; Sem que volte para lá”, da segunda estrofe).

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar – sozinho – à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras;
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho – à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que eu desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Contos – A Cigarra e a Formiga


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Uma das mais conhecidas fábulas infantis:

É uma das fábulas atribuídas a Esopo e recontada por Jean de La Fontaine em francês. No Brasil, esta história e as demais histórias de Esopo e La Fontaine foram recontadas, no contexto do Sítio do Picapau Amarelo, pelo escritor Monteiro Lobato, emprestando-lhes um contexto mais afeito à realidade do país, em sua obra Fábulas. O espanhol Félix María Samaniego também incluiu uma versão da história em suas Fábulas morales, de 1784
Num dia soalheiro de Verão, a Cigarra cantava feliz. Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. Vinha afadigada, carregando penosamente um grão de milho que arrastava para o formigueiro. – Por que não ficas aqui a conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto? – Perguntou-lhe a Cigarra. – Preciso de arrecadar comida para o Inverno – respondeu-lhe a Formiga. – Aconselho-te a fazeres o mesmo. – Por que me hei-de preocupar com o Inverno? Comida não nos falta… – respondeu a Cigarra, olhando em redor. A Formiga não respondeu, continuou o seu trabalho e foi-se embora. Quando o Inverno chegou, a Cigarra não tinha nada para comer. No entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no Verão. Distribuíam-na diariamente entre si e não tinham fome como ela. A Cigarra compreendeu que tinha feito mal…

Moral da história: Não penses só em divertir-te. Trabalha e pensa no futuro.

O que é uma Fábula?


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A fábula é uma narrativa figurada, na qual as personagens são geralmente animais que possuem características humanas. Pode ser escrita em prosa ou em verso e é sustentada sempre por uma lição de moral, constatada na conclusão da história.
A fábula está presente em nosso meio há muito tempo e, desde então, é utilizada com fins educacionais. Muitos provérbios populares vieram da moral contida nessa narrativa alegórica, como, por exemplo: “A pressa é inimiga da perfeição” em “A lebre e a tartaruga” e “Um amigo na hora da necessidade é um amigo de verdade” em “A cigarra e as formigas”.

Portanto, sempre que redigir uma fábula lembre-se de ter um ensinamento em mente. Além disso, o diálogo deve estar presente, uma vez que trata-se de uma narrativa.
Por ser exposta também oralmente, a fábula apresenta diversas versões de uma mesma história e, por esse motivo, dá-se ênfase a um princípio ou outro, dependendo da intenção do escritor ou interlocutor.
É um gênero textual muito versátil, pois permite diversas situações e maneiras de se explorar um assunto. É interessante, principalmente para as crianças, pois permite que elas sejam instruídas dentro de preceitos morais sem que percebam.
E outra motivação que o escritor pode ter ao escolher a fábula na aula, no vestibular ou em um concurso que tenha essa modalidade de escrita como opção é que é divertida de se escrever. Pode-se utilizar da ironia, da sátira, da emoção, etc. Lembrando-se sempre de escolher personagens inanimados e/ou animais e uma moral que norteará todo o enredo.

Mega Personalidades-Quem foi Garcia Lorca?


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Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de junho de 1898 — Granada, 18 de agosto de 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol, e uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.
Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transferiu-se para Madrid, onde fez amizade com artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali e publicou seus primeiros poemas.
Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseia-se em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música e ao folclore regionais (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).
Concluído o curso, foi para os Estados Unidos e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi estadunidense. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens do Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.
Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava suas ideias socialistas e, com fortes tendências homossexuais.
Foi ainda um excelente pintor, compositor precoce e pianista. Sua música se reflete no ritmo e sonoridade de sua obra poética. Como dramaturgo, Lorca fez incursões no drama histórico e na farsa antes de obter sucesso com a tragédia. As três tragédias rurais passadas na Andaluzia, Bodas de Sangue (1933), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936) asseguraram sua posição como grande dramaturgo.

O assassinato e o corpo
O biógrafo de García Lorca, Stainton, afirma que seus assassinos fizeram comentários sobre sua orientação sexual, o que sugere que ele desempenhou um papel em sua morte. Ian Gibson sugere que o assassinato de García Lorca foi parte de uma campanha de assassinatos em massa que visava a eliminar apoiantes da Frente Popular Marxista. No entanto, Gibson propõe que a rivalidade entre a anticomunista Confederação Espanhola de Direito Autônomo (CEDA) e a Falange foi um fator importante na morte de Lorca. O ex-vice parlamentar da CEDA, Ramon Ruiz Alonso García, prendeu Garcia Lorca na casa de Rosales e foi o responsável pela denúncia original que levou ao mandado de captura emitido.
Tem sido argumentado que García Lorca era apolítico e tinha muitos amigos em ambos os campos republicanos e nacionalistas. Gibson contesta isso em seu livro de 1978 sobre a morte do poeta. Ele cita, por exemplo, o manifesto publicado de Mundo Obrero, que Lorca assinara mais tarde, e alega que Lorca foi um apoiante activo da Frente Popular. Lorca leu um manifesto num banquete em honra do companheiro poeta Rafael Alberti em 9 de fevereiro de 1936.
Muitos anticomunistas eram simpáticos a Lorca. Nos dias antes de sua prisão ele encontrou abrigo na casa do artista e líder membro da Falange, Luis Rosales. O poeta comunista vasco Gabriel Celaya escreveu nas suas memórias que uma vez se encontrou com García Lorca, na companhia do falangista José Maria Aizpurua. Celaya escreveu ainda que Lorca jantava todas as sexta-feiras com o fundador e líder falangista José Antonio Primo de Rivera.
Em 11 de março de 1937 foi publicado um artigo na imprensa falangista denunciando o assassinato de García Lorca: ” O melhor poeta de imperial Espanha foi assassinado”.
O processo relativo ao assassinato, compilado a pedido de Franco e referido por Gibson e outros, ainda virá a tona. O primeiro relato publicado de uma tentativa de localizar o túmulo de Lorca pode ser encontrado no livro do viajante britânico e hispânico Gerald Brenan em “A face da Espanha”. Apesar das tentativas iniciais, como Brenan em 1949, o local permaneceu desconhecido durante a era franquista.

Poesia
Livro de Poemas – 1921
Ode a Salvador Dalí – 1926.
Canciones (1921-24) – 1927.
Romancero gitano (1924-27) – 1928.
Poema del cante jondo (1921-22) – 1931.
Ode a Walt Whitman – 1933.
Canto a Ignacio Sánchez Mejías – 1935.
Seis poemas galegos – 1935.
Primeiras canções (1922) – 1936.
Poeta em Nueva York (1929-30) – 1940.
Divã do Tamarit – 1940.
Sonetos del Amor Oscuro – 1936

Mega Conto – O Náufrago


Após um naufrágio, o único sobrevivente agradeceu a Deus por estar vivo. E este único sobrevivente foi parar numa ilha deserta e fora de qualquer rota de navegação. E ele agradeceu novamente. Com muita dificuldade e os restos dos destroços, ele conseguiu montar um pequeno abrigo para que pudesse se proteger do sol, da chuva e de animais.
O tempo foi passando e a cada alimento que conseguia, ele agradecia. Um dia, voltando depois de caçar e pescar viu que seu abrigo estava em chamas, envolto em altas nuvens de fumaça. Desesperado, ele se revoltou e gritava chorando: “O pior aconteceu! Perdi tudo. Deus por que fez isso comigo?” Chorou tanto que adormeceu profundamente, cansado.
No dia seguinte, bem cedo, foi despertado por um navio que se aproximava. “Viemos resgatá-lo”, disseram. “Como souberam que eu estava aqui?”, perguntou. “Nós vimos o seu sinal de fumaça”, responderam eles.

Mega Conto – A Magia da Comunicação


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“Havia um cego que pedia esmola à entrada do Viaduto do Chá, em São Paulo. Todos os dias passava por ele, de manhã e à noite, um publicitário que deixava sempre alguns centavos no chapéu do pedinte. O cego trazia pendurado no pescoço um cartaz com a frase:
”Cego de nascimento. Uma esmola, por favor”.
Certa manhã, o publicitário teve uma idéia: virou o letreiro do cego ao contrário e escreveu outra frase. À noite, depois de um dia de trabalho, perguntou ao cego como é que tinha sido seu dia. O cego respondeu, muito contente:
– Até parece mentira, mas hoje foi um dia extraordinário! Todos que passavam por mim, deixavam alguma coisa. Afinal, o que é que o senhor escreveu no letreiro?
O publicitário havia escrito uma frase breve, mas com sentido e carga emotiva suficientes para convencer os que passavam a deixarem algo para o cego. A frase era:
“Em breve chegará a primavera e eu não poderei vê-la”.
Na maioria das vezes não importa O QUE você diz, mas COMO você diz.

9839 -☻Mega Conto – De Passagem


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Um viajante chegou a uma humilde cabana, onde se dirigiu pedindo água e pousada. Quando chegou, foi recebido por um monge que lhe ofereceu acolhimento. Ao reparar na simplicidade da casa e, sobretudo, na ausência de mobília, curioso indagou:
– Onde estão os teus móveis?
– Onde estão os teus? – devolveu o monge.
– Estou aqui só de passagem – respondeu o andarilho
– Eu também…

9826 – ☻Mega Conto – Oásis


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Conta uma popular lenda do Oriente que um jovem chegou à beira de um oásis junto a um povoado e, aproximando-se de um velho, perguntou-lhe:
– Que tipo de pessoa vive neste lugar ?
– Que tipo de pessoa vivia no lugar de onde você vem ? – perguntou por sua vez o ancião.
– Oh, um grupo de egoístas e malvados – replicou o rapaz – estou satisfeito de haver saído de lá.
– A mesma coisa você haverá de encontrar por aqui –replicou o velho.
No mesmo dia, um outro jovem se acercou do oásis para beber água e vendo o ancião perguntou-lhe:
– Que tipo de pessoa vive por aqui?
O velho respondeu com a mesma pergunta: – Que tipo de pessoa vive no lugar de onde você vem?
O rapaz respondeu: – Um magnífico grupo de pessoas, amigas, honestas, hospitaleiras. Fiquei muito triste por ter de deixá-las.
– O mesmo encontrará por aqui – respondeu o ancião.
Um homem que havia escutado as duas conversas perguntou ao velho:
– Como é possível dar respostas tão diferente à mesma pergunta?
Ao que o velho respondeu :
– Cada um carrega no seu coração o ambiente em que vive. Aquele que nada encontrou de bom nos lugares por onde passou, não poderá encontrar outra coisa por aqui. Aquele que encontrou amigos ali, também os encontrará aqui, porque, na verdade, a nossa atitude mental é a única coisa na nossa vida sobre a qual podemos manter controle absoluto.

8403 – ☻Mega Conselho – Nunca Desista…!


fonte viva

Efetivamente, o cristão leal, em toda parte, raramente recebe o respeito que lhe é devido:
Por destoar, quase sempre, da coletividade, ainda não completamente cristianizada, sofre a descaridosa opinião de muitos.
Se exercita a humildade, é tido à conta de covarde.
Se adota a vida simples, é acusado pelo delito de relaxamento.
Se busca ser bondoso, é categorizado por tolo.
Se administra dignamente, é julgado orgulhoso.
Se obedece quanto é justo, é considerado servil.
Se usa a tolerância, é visto por incompetente.
Se mobiliza a energia, é conhecido por cruel.
Se trabalha, devotado, é interpretado por vaidoso.
Se procura melhorar-se, assumindo responsabilidades no esforço intensivo das boas obras ou das preleções consoladoras, é indicado por fingido.
Se tenta ajudar ao próximo, abeirando-se da multidão, com os seus gestos de bondade espontânea, muitas vezes é tachado de personalista e oportunista, atento aos interesses próprios.
Apesar de semelhantes conflitos, porém, prossigamos agindo e servindo, em nome do Senhor.
Reconhecendo que o domicílio de seus seguidores não se ergue sobre o chão do mundo, prometeu Jesus que lhes prepararia lugar na vida mais alta.
Continuemos, pois, trabalhando com duplicado fervor na sementeira do bem, à maneira de servidores provisoriamente distanciados do verdadeiro lar.
“Há muitas moradas na Casa do Pai.”

Francisco Cândido Xavier

8053 – Literaura Clássica – A Divina Comédia


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É um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e da mundial, escrita por Dante Alighieri, e que é dividida em três partes: Inferno, Purgatório e Paraíso. O poema chama-se “Comédia” não por ser engraçado mas porque termina bem (no Paraíso). Era esse o sentido original da palavra Comédia, em contraste com a Tragédia, que terminava, em princípio, mal para os personagens. Não há registro da data exata em que foi escrita, mas as opiniões mais reconhecidas asseguram que o Inferno pode ter sido composto entre 1304 e 1307-1308, o Purgatório de 1307-1308 a 1313-1314 e por último o Paraíso de 1313-1314 a 1321 (esta última data fecha com a morte de Dante ). É uma viagem onde se sucedem diversos acontecimentos. O poema é, talvez, o maior do Ocidente e tem sua força na riqueza de suas alegorias, que tornam o texto um relato atemporal.
Dante escreveu a “Comédia” no seu dialeto local, ao criar um poema de estrutura épica e com propósitos filosóficos, Dante demonstrava que a língua toscana (muito aproximada do que hoje é conhecido como língua italiana, ou língua vulgar, em oposição ao latim, que se considerava como a língua apropriada para discursos mais sérios) era adequada para o mais elevado tipo de expressão, ao mesmo tempo que estabelecia o toscano como dialecto padrão para o italiano. Os mais variados pintores de todos os tempos criaram ilustrações sobre ela, se destacando Botticelli, Gustave Doré e Dalí. Dante a escreveu no dialeto toscano, matriz do italiano atual.
A Divina Comédia é hoje a fonte original mais acessível para a cosmovisão medieval, que dividia o Universo em círculos concêntricos. A obra moderna mais acessível a respeito dessa cosmovisão é The Discarded Image por C. S. Lewis. Foi ilustrada por Gustave Doré.
É dividida em três partes, Inferno, Purgatório e Paraíso. Cada uma de suas partes está dividida em cantos, compostos de tercetos. A composição do poema é baseada no simbolismo do número 3, que simboliza a Santíssima Trindade, assim como também o equilíbrio e a estabilidade em algumas culturas, e que também tem relação com o triângulo. Possui três personagens principais: Dante, que personifica o homem; Beatriz, que personifica a fé; e Virgílio, que personifica a razão. Cada estrofe tem três versos e cada uma de suas três partes contém 33 cantos.
Os três livros que compõem a Divina Comédia são divididos em 33 cantos (sendo que o Inferno possui um canto a mais que serve de introdução ao poema), com aproximadamente 40 a 50 tercetos. No total, são 100 cantos e 14.233 versos. Os lugares de cada livro (o inferno, o purgatório e o paraíso) são divididos em nove círculos cada, formando no total 27 (por sua vez, o número 3 elevado à terceira potência). Os três livros rimam no último verso, pois terminam com a mesma palavra: stelle, que significa “estrelas”.
Sinopse
A Divina Comédia propõe que a Terra está no meio de uma sucessão de círculos concêntricos que formam a Esfera armilar e o meridiano onde é Jerusalém hoje, seria o lugar atingido por Lúcifer ao cair das esferas mais superiores e que fez da terra santa o Portal do Inferno. Portanto o Inferno, responderia pela depressão do mar Morto onde todas as águas convergem, e o Paraíso e o Purgatório seriam os segmentos dos círculos concêntricos que juntos respondem pela mecânica celeste e os cenários comentados por Dante num poema que envolve todos os personagens bíblicos do antigo ao novo testamento são costumeiramente encontrados nas entranhas do inferno sendo que os personagens principais da Divina Comédia são o próprio autor, Dante Alighieri, que realiza uma jornada espiritual pelos três reinos do além-túmulo, e seu guia e mentor nessa empreitada é Virgílio o próprio autor da Eneida.
Inferno
Dante e Virgílio chegam ao vestíbulo do Inferno (que tem nove círculos). Entre o vestíbulo e o 1 °Círculo, está o rio Aqueronte, no qual se encontra Caronte, o barqueiro que faz a travessia das almas. Porém Dante é muito pesado para fazer a travessia no barco de Caronte, pelo fato de ser vivo. Porém, Virgílio adverte o mitológico barqueiro de que a travessia do rio através de seu barco é mister devido a uma ordem celeste. É através deste barco que Virgílio e Dante atravessam o rio.
O limbo é o local onde as almas que não puderam escolher a Cristo, mas escolheram a virtude, vivem a vida que imaginaram ter após a morte. Não têm a esperança de ir ao céu pois não tiveram fé em Cristo. Aqui também ficam os não batizados e aqueles que nasceram antes de Cristo, como Virgílio. Na mitologia clássica, o Limbo não fica no inferno, mas suspenso entre o céu e o mundo dos mortos. Na poesia de Dante não se tem uma noção precisa de como se chega lá, pois o poeta desmaia no ante-inferno e quando acorda já está no Limbo, o primeiro círculo infernal.
No Limbo, Dante encontra Homero (século IX a.C. ou século VIII a.C.) a quem tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada, que narra a queda de Troia, e Odisseia, que narra o retorno de Ulisses da guerra de Troia e suas viagens; Ovídio (43 a.C. a 17 d.C.) poeta romano autor de várias obras, entre as quais obras de mitologia como: Metamorfoses; e Horácio (65 a.C. a 8 d.C.) poeta romano lírico e satírico, autor de várias obras primas da língua latina, entre as quais Ars Poetica.
No segundo círculo começa o Inferno propriamente dito. Nesse círculo ficam os luxuriosos que sofrem com uma tempestade de vento. Lá ele encontra Francesca de Rimini e seu amante, que é o seu cunhado.
No terceiro círculo os gulosos são flagelados por uma chuva putrefacta e são vigiados pelo mitológico cão de três cabeças, Cérbero. No quarto círculo desfilam os avarentos empurrando pesos enormes. No quinto círculo ficam os iracundos, imersos em lama ardente do Pântano do Estige. Os insolentes soberbos também.
Para atravessar o pântano eles apanham boleia do demônio Etagias, este os deixa na porta da cidade de Dite. Essa cidade tem muralhas de fogo e está na parte mais funda do Inferno, onde as culpas são muito mais fortes e as punições também. Os demônios não querem que Dante nem Virgílio entrem, pois Dante não está morto. Então aparecem as três Fúrias, e com elas aparece a Medusa, que petrifica quem a olhe. Um enviado celeste chega e abre as portas de Dite.
No sexto círculo, Dante e Virgílio recomeçam a viagem por dentro de Dite. Lá eles vêem nos túmulos de fogo os hereges. Os hereges eram queimados em fogueiras quando estavam vivos. Em rios de fogo estão os assassinos, os violentos com o próximo e ficam sendo atingidos por flechas dos centauros. Os violentos contra si mesmos são transformados em árvores. Os esbanjadores são perseguidos e devorados por cadelas ferozes e famintas.
No sétimo círculo ficam os violentos com Deus e contra a natureza. Estão deitados e levam chuva de fogo e os outros além da chuva de fogo ficam caminhando. Os usurários (agiotas) estão sentados e sofrem a chuva de fogo.
Saindo da cidade encontram um precipício que não conseguem cruzar, existe um monstro alado, que voa vagarosamente e os leva até o o fundo do precipício e lá eles encontram o oitavo círculo. O oitavo círculo é dividido por dez fossos que são ligados por pontes. Aqui as torturas só pioram e os pecados também. Nas saídas dos fossos há três gigantes acorrentados.
No último círculo infernal (nono) não há fogo, e sim frio. Lá ficam os traidores. Os três maiores são Judas, Brutus e Cassius. Lúcifer está lá e devora os três. Então eles finalmente chegam ao centro da Terra e começam a subir para a saída. Nesse túnel eles vislumbram quatro estrelas, o Cruzeiro do Sul (isso mostra que o paraíso fica ao sul do Equador). Para chegar ao Paraíso é necessário antes passar pelo Purgatório.
Purgatório
Segundo Dante, o Purgatório é um espaço intermediário entre o Paraíso e o Inferno, que se encontra na porção austral, do planeta onde existe uma única ilha, Dante encontra nesta ilha uma montanha composta por círculos ascendentes, reservado àqueles que se arrependeram em vida de seus pecados e estão em processo de expiação dos mesmos. No Purgatório as almas assistem às punições das outras almas que por pecarem mais “intensamente” foram para o Inferno.

No início da subida da montanha estão esperando arrependidos tardios, que têm que aguardar a permissão para passarem pela Porta de São Pedro antes de iniciarem sua ansiada subida. Cada um dos sete círculos correspondem a um dos Sete pecados capitais, na seguinte ordem: Orgulho, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza junto ao Pródigo, Gula e Luxúria. Os Avarentos e Pródigos estão juntos no mesmo círculo, pois são os dois extremos, onde o avarento supervaloriza o dinheiro e o Pródigo o desperdiça.
No fim do Purgatório, Dante se despede de Virgílio, pois este não pode ter acesso ao Paraíso. Lá encontra Beatriz, sua amada quando estava na Terra. Esta o leva até o rio Lete. Quando Dante bebe a água do Lete, esta apaga a sua memória, seus pecados, é como se Dante tivesse renascido. Existe uma lenda que diz que o Paraíso fica entre o rio Tigre e o Eufrates. Quando Dante vê o rio, ele julga ser o Tigre, no atual Iraque. Finalmente, Dante chega ao Paraíso.

PARAISO DE DANTE ESTRUCTURA

Paraíso
Existem sete céus móveis, cada céu corresponde a um planeta, sendo o primeiro o da Lua. Em cada um dos céus Dante é abençoado e depois vai ao encontro de Deus.
O oitavo céu, ou o primeiro céu fixo, é onde as estrelas têm a configuração que vemos no “nosso” céu. Depois vão para o segundo céu fixo, ou nono céu, que é o céu Cristalino ou seja, não tem estrelas, é quase só luz, mas é material. O décimo céu é só luz, é o terceiro céu fixo, e é imaterial. No centro desse céu há uma rosa branca, que é Deus rodeado por almas, espíritos bons (eleitos, bem aventurados, santos, anjos). É uma rosa poética. No centro da rosa existe um triângulo, a Santíssima Trindade. São Bernardo acompanha Dante a partir do terceiro céu. Dante então vê Deus, pois São Bernardo intercede junto à Virgem Maria e esta concede sua visita.

8.006 – Contos e Poesias – O Cobrador


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Depois de um dia de caminhada pela mata, mestre e discípulo retornavam ao casebre, seguindo por uma longa estrada.

Ao passarem próximo a uma moita de samambaia, ouviram um gemido. Verificaram e descobriram, caído, um homem.

Estava pálido e com uma grande mancha de sangue, próximo ao coração. O homem tinha sido ferido e já estava próximo da inconsciência.

Com muita dificuldade, mestre e discípulo carregaram o homem para o casebre rústico, onde trataram do ferimento.

Uma semana depois, já restabelecido, o homem contou que havia sido assaltado e que ao reagir fora ferido por uma faca. Disse que conhecia seu agressor, e que não descansaria enquanto não se vingasse. Disposto a partir, o homem disse ao sábio:

– Senhor, muito lhe agradeço por ter salvo minha vida. Tenho que partir e levo comigo a gratidão por sua bondade. Vou ao encontro daquele que me atacou e vou fazer com que ele sinta a mesma dor que senti.

O mestre olhou fixo para o homem e disse:

– Vá e faça o que deseja. Entretanto, devo informá-lo de que você me deve três mil moedas de ouro, como pagamento pelo tratamento que lhe fiz.

O homem ficou assustado e disse:

– Senhor, é muito dinheiro. Sou um trabalhador e não tenho como lhe pagar esse valor!

– Se não podes pagar pelo bem que recebestes, com que direito queres cobrar o mal que lhe fizeram?

O homem ficou confuso e o mestre concluiu:

– Antes de cobrar alguma coisa, procure saber quanto você deve. Não faça cobrança pelas coisas ruins que te aconteçam nessa vida, pois essa vida pode lhe cobrar tudo que você deve. E com certeza você vai pagar muito mais caro. A vingança nos torna iguais ao inimigo; o perdão faz-nos superiores a ele.

“O fraco jamais perdoa, o perdão é característica do forte.”

( Mahatma Gandhi )

7143 – Contos e Poesias – Pinocchio, um simbolismo oculto


Lançado em 1940, Pinóquio é um clássico da Disney que continua a ser apreciado por crianças e adultos em todo o mundo. No entanto, a história dessa marionete de madeira esconde uma alegoria espiritual baseada nos ensinamentos esotéricos, que raramente é discutida.
Por trás da história de uma marionete tentando se tornar um bom menino, ela é uma história profundamente espiritual que tem suas raízes nas escolas misteriosas do ocultismo. Através dos olhos de um iniciado, a história das crianças sobre o “serem bons”, cheio de lições sobre “não mentir”, torna-se uma busca do homem para a sabedoria e iluminação espiritual.
Pinóquio foi originalmente escrito por Carlo Lorenzini (conhecido por seu pseudônimo, Carlo Collodi) entre 1881 e 1883 na Itália. Lorenzini começou sua carreira escrevendo nos jornais (Il Lampione e IlFanfulla), onde muitas vezes usou a sátira para expressar suas opiniões políticas.
Existem muitas diferenças entre o livro Collodi e o filme da Disney. O enredo foi simplificado e Pinóquio se tornou um inocente personagem e não é o desajustado, teimoso e ingrato, do livro original. Todos os elementos são fundamentais no entanto, ainda presentes na adaptação do filme, e a mensagem subjacente permanece intocada.

“Era uma vez, um senhor chamado Gepeto. Ele era um homem bom, que morava sozinho em uma bela casinha numa vila italiana.
Gepeto era marceneiro, fazia trabalhos incríveis com madeira, brinquedos, móveis e muitos outros objetos. As crianças adoravam os brinquedos de Gepeto.
Apesar de fazer a felicidade das crianças com os brinquedos de madeira, Gepeto sentia-se muito só, e por vezes triste. Ele queria muito ter tido um filho, e assim resolveu construir um amigo de madeira para si.
O boneco ficou muito bonito, tão perfeito que Gepeto entusiasmou-se e deu-lhe o nome de Pinóquio.
Os dias se passaram e Gepeto falava sempre com o Pinóquio, como se este fosse realmente um menino.
Numa noite, a Fada Azul visitou a oficina de Gepeto. Comovida com a solidão do bondoso ancião, resolveu tornar seu sonho em realidade dando vida ao boneco de madeira.
E tocando Pinóquio com a sua varinha mágica disse:
__Te darei o dom da vida, porém para se transformar num menino de verdade deves fazer por merecer . Deve ser sempre bom e verdadeiro como o seu pai, Gepeto.
A fada incumbiu um saltitante e esperto grilo na tarefa de ajudar Pinóquio a reconhecer o certo e o errado, dessa forma poderia se desenvolver mais rápido e alcançar seu almejado sonho: tornar-se um menino de verdade.
No dia seguinte, ao acordar, Gepeto percebeu-se que o seu desejo havia se tornado realidade…”

Clássico de Walt Disney
Um filme norte-americano do gênero fantasia, sendo o segundo longa-metragem de animação produzido pelos estúdios Disney no ano de 1940. O filme é baseado em As aventuras de Pinóquio de Carlo Collodi.
A história do filme mostra um velho madeireiro chamado Geppetto que constroi um boneco de madeira chamado Pinóquio (voz de Dickie Jones) que é trazido a vida pela fada azul (Evelyn Venable), que diz ao boneco que ele pode se tornar real se provar sua bravura e lealdade. Depois disso seguem as aventuras do boneco tentando se tornar um menino de verdade, envolvendo diferentes personagens.
O velho Gepeto constrói Pinóquio, um boneco de madeira que Gepeto trata como filho e que deseja se tornar gente. Numa noite estrelada, uma fada azul dá vida a Pinóquio, começando então uma fantástica aventura que vai testar a coragem, a lealdade e a honestidade do boneco, virtudes que ele tem que aprender para se tornar um menino de verdade.
Apesar dos avisos de seu esperto amigo Grilo Falante, Pinóquio se envolve em uma confusão atrás da outra, até que precisa salvar Gepeto, que está preso dentro da barriga de uma baleia.

Pinóquio foi lançado nos cinemas dos EUA em 7 de Fevereiro de 1940 e foi re-lançado em 1945, 1954, 1962, 1971, 1978, 1984 e 1992; no Brasil foi lançado em 26 de Fevereiro de 1940; em Portugal foi lançado em 7 de Outubro do mesmo ano.
Em 1992 o filme foi digitalmente restorado eliminando distorções na trilha sonora e revitalizando as cores. O filme foi lançado quatro vezes em vídeo, três vezes em DVD e teve um lançamento em Blu-Ray, o primeiro lançamento em VHS e Videodisc foi um sucesso de vendas em 1985 (esse lançamento foi remasterizado e re-lançado em 1986).
A Abril Vídeo lançou o VHS do filme no Brasil em Julho de 1993, o primeiro DVD e o último VHS do filme foram lançados em 2001. O último lançamento de Pinóquio foi em 10 de Março de 2009 na Edição Disney Platinum com DVD e Blu-Ray.
Oscar 1940 (EUA)
Indicado nas categorias de melhor trilha sonora e melhor canção, por “When You Wish upon a Star”.

Walt Disney participou de todos os aspectos da produção, especialmente a história. Um problema enfrentado durante a produção foi que os personagens de Pinóquio não tinham o mesmo charme e carisma dos personagens de Branca de Neve e os sete anões, e que o protagonista não era forte o bastante para carregar a história. Depois de seis meses, Disney resolveu parar a produção para resolver o problema, pois ele percebeu que novos elementos tinham que ser adicionados. Como resultado, surgiu o Grilo Falante, a consciência de Pinóquio que ajudaria a guiar o filme ao lado do boneco de madeira.
Oficialmente, Pinóquio é o primeiro filme animado onde foi contratado um escultor para esculpir as maquetes dos personagens, que serviram de guia para os animadores.
Pinóquio teve um orçamento tão alto que o filme perdeu dinheiro em sua estréia original. Parte do fracasso em sua bilheteria inicial foi o estouro da Segunda Guerra Mundial na Europa, pois cerca de 45% da renda de Disney vinha do exterior. O filme conseguiu se recuperar com os relançamentos ao longo dos anos, e hoje é um dos filmes animados de maior sucesso do estúdio.
Pinóquio é tido como o filme mais perfeito tecnicamente produzido por Walt Disney, pela complexidade das técnicas empregadas e seu perfeccionismo.
A dublagem brasileira dos anos 40 do filme é tida como rara, pois os lançamentos em VHS, DVD e Blu-Ray estão com a dublagem da década de 60.
No filme “A.I – Inteligência Artificial”, a Fada Azul aparece como um ícone de salvação e David pensa que como Pinóquio, ela pode transformá-lo num menino de verdade.

Pinócchio série de TV
Em 1972 surge um desenho animado japonês de Pinóquio chamado originalmente de “Kashi no Ki Mokku” e em inglês ficou conhecido como “Saban´s Adventures of Pinocchio”. A série animada foi produzida pela Tatsunoko Productions e apresentado pela primeira vez em 1972 no Japão e depois também em diversos países. O título deste espetáculo também é conhecido em alguns países como “Mokku Woody the Oak Tree”. Nos Estados Unidos foi apresentado todos os domingos pela HBO em 1992. No Brasil esta série foi exibida por diversas emissoras como a Rede Tupi, Rede Record, no SBT, dentro do Programa do Bozo e Show Maravilha, na Rede Globo dentro da TV Colosso e Sessão Aventura.
Esta versão japonesa de Pinóquio contra a história de um boneco de madeira extremamente crédulo, ingênuo, que é trazido a vida por uma fada azul mística. O Pinóquio desta série era mostrado com um personagem cheio de falhas de caráter que tinha que aprender a superar esses defeitos para ser merecedor de se tornar um humano. Algumas dessas falhas incluíam egoísmo, rudeza, insensibilidade, indolência, obstinação, sentir pena de si, estupidez, entre tantas outras.
Pinóquio se mete em toda sorte de encrencas. Durante o quinto episódio, por exemplo, Pinóquio quase fica tentando a cometer um assassinato ao pensar em adquirir um coração de uma criança pensando que dessa forma poderá se tornar um menino real e no décimo episódio, Pinóquio é adotado por um nobre e se torna um Príncipe. Ao entrar em contato com a riqueza e os privilégios, se torna extremamente rude e agressivo com os criados, mostrando a todos arrogância e submetendo outros em perigos somente para sua própria diversão.
Pinóquio é castigado severamente pela fada azul por estes atos egoístas, fazendo com que seu nariz se transforme numa pequena árvore. Pinóquio é expulso nu na selva pelo seu pai adotivo. O episódio termina com Pinóquio lamentando amargamente rastejando nu e com frio. O episódio mostra as seqüelas dos seus atos e Pinóquio acaba se tornando uma pequena árvore com raízes profundas fixadas na terra, não podendo se mover, mas ele é achado eventualmente por um cortador de madeira, que o vende como uma árvore que canta.
Ao longo de toda a série Pinóquio, em parte devido a sua própria delinqüência e desobediência repetitiva, passa a sofrer todo tipo de provações e sofrimentos e é atormentado continuamente, perseguido, tiranizado, humilhado, enganado, ridicularizado e sujeito a todos os desagravos e tratamento do seres sub-humanos e assim vai aprendendo a se tornar mais gentil e bondoso.
No episódio final a fada finalmente realiza o seu grande desejo e transforma Pinóquio num ser humano. O desenho de Tatsunoto era extremamente dramático, enfatizando o sofrimento do boneco, mas isso é típico da cultura oriental, especialmente à japonesa, onde os escritores e roteiros são mestres no “dramalhão” e conseguem fazer chorar até o mais insensível dos homens. Isso não acontece apenas com esse desenho , mas com a maioria dos melodramas japoneses, seja na literatura, teatro ou cinema. Outra famosa série apresentada aqui no Brasil, “Marco” é um exemplo disso.
Todas as cenas dos episódios acontece numa região alpina muito bonita durante o século XIX, com temas místicos que incluem criaturas como vampiros, fadas, bruxas e sereias, animais falando, sem mencionar um boneco vivo. O tema de abertura “Kashi no ki Mokku” (Um carvalho chamado Mokku) é cantando por Kumiko Onoki e o tema de encerramento “Boku wa kanashi ki-no ningyo” (Eu sou um boneco muito triste) por Moon Drops.

7105 – ☻ Mensagens de Paz


Lições que um manual de Religião deveria ter:

1- Diga menos EU e mais NÓS.
2- Delire MENOS nos templos e pratique MAIS.
3- Mais vale VISITAR um doente que cantar um HINO.
4- Que adianta ficar admirando a pregação de qualquer líder religiosos e depois explorar os empregados, tratar mal os filhos, e hostilizar e fofocar os vizinhos.
5- Presenteie com aquilo que você tem de melhor, e não com aquilo que não lhe serve mais.
6- Se foi criado à imagem e semelhança de Deus, por que virou uma cópia sem qualquer originalidade.
7- A caridade ostensiva para os outros verem não tem o menor valor.
8- Se dar aos pobres, é emprestar à Deus, por que pensa no retorno?
9- Olhe à noite para o céu, e descubra que você só é grande caso se sinta pequeno.
10- Tudo que você fizer de bom não é perdido, nem que ninguém veja, nem reconheça.
11- Tende piedade daqueles que querem lucrar em tudo, nem que seja um centavo.
12- Olhe para os animais e se mire, eles jamais querem mais do que necessitam para viver.

Riqueza Material
A caridade é a mais bela forma de manifestação de amor. Não se restringe à esmola e à ajuda material aos semelhantes. Deve também ser praticada em pensamentos, preces, palavras e ações concretas, abrangendo todas as relações humanas.
Faça a sua parte, ajude a reduzir a pobreza da face da Terra, gere empregos, pague dignamente seu empregado, valorize as pessoas, ajude seu próximo. Tudo o que nos foi dado em dinheiro e poder, um dia será cobrado.

A QUEM MUITO FOI DADO, MUITO SERÁ COBRADO !

Lembre-se que todos gostam das boas coisas da vida, inclusive o pobre, mas ele não luta por isso, e sim para ter o básico de sobrevivência digna de um ser humano.
Adote esta idéia e fique um pouquinho menos rico, para tornar um montão de gente menos pobre.
Existe uma coisa em comum em ter bastante dinheiro e ter pouco, é que nas duas situações estamos sendo colocados à prova !

A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal. (autor: Machado de Assis).
Os homens não poderão ser felizes enquanto não viverem em paz, enquanto não forem animados por sentimentos de benevolência e tolerâncias recíprocas, numa palavra, enquanto procurarem destruir-se uns aos outros. A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e deveres sociais, mas requerem abnegação. (Allan Kardec).
Trabalhar, sim, porque é trabalhando no bem de todos que enxugaremos as próprias lágrimas e venceremos as próprias fraquezas, de modo que todo mal nos esqueça, por invulneráveis às arremetidas da sombra. (Batuíra / Chico Xavier).

7087 – De onde surgiu a expressão “Contos da Carochinha”?


Os contos de fadas são uma variação do conto popular ou fábula. Partilham com estes o fato de serem uma narrativa curta cuja história se reproduz a partir de um motivo principal e transmite conhecimento e valores culturais de geração para geração, transmitida oralmente, e onde o herói ou heroína tem de enfrentar grandes obstáculos antes de triunfar contra o mal. Nos contos, que muitas vezes começam pelo “Era uma vez”, para salientar que os temas não se referem apenas ao presente tempo e espaço, o leitor encontra personagens e situações que fazem parte do seu cotidiano e do seu universo individual, com conflitos, medos e sonhos. A rivalidade de gerações, a convivência de crianças e adultos, as etapas da vida (nascimento, amadurecimento, velhice e morte), bem como sentimentos que fazem parte de cada um (amor, ódio, inveja e amizade) são apresentados para oferecer uma explicação do mundo que nos rodeia e nos permite criar formas de lidar com isso.
Carroll e Collodi: o “fantástico absurdo”
Na segunda metade do século XIX, os contos de fadas começam novo ciclo de decadência. Em lugar do sobrenatural, o nonsense de base racionalista. O principal representante desta nova escola é Lewis Carroll, a partir do livro “Alice no País das Maravilhas”, de 1865. Outro que obteve êxito em fundir o maravilhoso com o racionalismo foi o italiano Carlo Collodi, que em 1883 publicou “Pinóquio”, um dos maiores sucessos da literatura infantil mundial. É ali que surge não somente o boneco cujo sonho era se transformar em gente, mas a Fada Azul, uma benfeitora mágica capaz de transformar sonhos em realidade.

Carochinha
São os Contos Tradicionais do Brasil e Portugal. Tais Contos Populares, muitos de ensinamentos, sobrevivem e são divulgados de forma oral desde o tempo do descobrimento do Brasil ou antes, já que muitos foram adaptados de versões da Europa Medieval.
Carochinha (baratinha) é uma expressão portuguesa…por ser um conto bem antigo e popular, acabou por encampar sob o mesmo nome todas as histórias infantis da época.
E lá vai a carochinha
Toda risonha e bonita
Colocar-se na janela
Perguntando tão catita:
– Quem quer casar com a carochinha
Que é bonita e formosinha?

6782 – Mais um Setembro…


“Poderia ser mais um setembro,
que por si só já é encanto.
Mês das flores, clima suave, amores…

Poderia ser mais um dia comum
que por si só tem seu sabor
mas não foi…

Só nós sabemos…
Mas, não pudemos mudar o destino
tampouco sentimentos….

E a roda viva do tempo
trouxe e trará outros setembros
eu sei….

Com eles, vieram e virão novas flores
novos dias, suas cores,
primaveras…

E a contínua espera
em que novamente floresça,
no frio dessa ausência sentida,
O amor… combustível da vida….” (Rose Felliciano)

6662 – Biologia – O Sabiá


Minha Terra tem Palmeiras…

O lendário e inspirador sabiá, anuncia o início da primavera

Um dos pássaros canoros mais apreciados no Brasil é o sabiá, cujo canto se parece com o som de uma flauta. É conhecido na Amazônia como caraxué.
Sabiá é uma ave passeriforme da família dos turdídeos, gênero Turdus. No Brasil são conhecidas mais de dez espécies. Frugívoros e insetívoros, os sabiás alimentam-se também de vermes e pequenos moluscos. Vivem nas capoeiras, cerrados e beiras de mata, e freqüentam fazendas e habitações rurais do interior, onde costumam fazer seus ninhos nos pomares. Os ovos, em número de quatro, são esverdeados com pintas vermelho-ferrugem, e os filhotes são criados no período quente do ano. Em Santa Catarina e certas regiões de São Paulo, os sabiás migram em grandes bandos na estação fria.
O sabiá-laranjeira, ou sabiá-piranga (T. rufiventris), distingue-se facilmente das espécies congêneres por ter o peito e a barriga de cor vermelho-ferrugem. Grande cantor, é a espécie mais famosa e também a mais comum, mesmo perto das casas, desde que haja arvoredo. O sabiá-branco (T. amaurochalinus) aparece também nos centros populosos, ao contrário do sabiá-verdadeiro (T. fumigatus), que é estritamente silvestre e de distribuição limitada ao norte do Brasil, onde é considerado o melhor cantor do gênero. Outras aves brasileiras recebem o nome de sabiá, inclusive uma da família dos papagaios, o sabiá-cica (Triclaria cyanogaster). Adaptam-se bem à vida em cativeiro.

O sabiá-laranjeira [Turdus rufiventris (Vieillot, 1818)] é uma ave muito comum na América do Sul e o mais conhecido de todos os sabiás, identificado pela cor de ferrugem do ventre e por seu canto melodioso durante o período reprodutivo. É popular especialmente no Brasil, tendo se tornado por lei, em 2002, a ave-símbolo do país. Já era símbolo do estado de São Paulo desde 1966. É citada por diversos poetas como o pássaro que canta o amor e a primavera.
A ave também está presente no emblema oficial da Copa das Confederações de 2013, que será realizada no Brasil.
Pertence à ordem Passeriformes e à família Turdidae, que migrou da Europa para a América há cerca de 20 milhões de anos. A denominação científica da espécie é Turdus rufiventris, tendo sido descrito pela primeira vez por Louis Jean Pierre Vieillot em 1818. Foram descritas duas subespécies: Turdus rufiventris rufiventris e Turdus rufiventris juensis.
O nome sabiá deriva do tupi haabi’á. No Brasil tem uma quantidade de denominações populares, entre elas sabiá-cavalo, sabiá-ponga, piranga, ponga, sabiá-coca, sabiá-de-barriga-vermelha, sabiá-gongá, sabiá-laranja, sabiá-piranga, sabiá-poca, sabiá-amarelo, sabiá-vermelho ou sabiá-de-peito-roxo. Em espanhol é conhecido como tordo de vientre rufo, zorzal colorado, zorzal común.

É nativo da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, com uma ampla área de ocorrência que vai do nordeste do Brasil até o sul da Bolívia e norte-leste da Argentina. Não ocorre na Bacia Amazônica. Sua população é considerada estável mas não foi quantificada, e é descrito como uma ave comum. Por isso a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais a classificou como espécie em condição pouco preocupante.
Habita originalmente florestas abertas e beiras de campos, mas como é uma espécie bastante adaptável penetrou com sucesso nas áreas de lavoura e cidades, exigindo porém a proximidade de água. É visto com frequência percorrendo o solo, mas nunca longe das árvores. É uma ave territorial mas relativamente tímida, e seu canto melodioso, aflautado e frequente logo denuncia sua presença, podendo ser ouvido a mais de 1 km de distância. Seu canto é longo, podendo durar até dois minutos sem interrupção. A frase principal tem de 10 a 15 notas, mas ele é capaz de imitar as vocalizações de outras aves como o curiango e o joão-de-barro e assimilar trechos em seu próprio canto, em inúmeras variações. Canta principalmente no período reprodutivo, antes do amanhecer e ao anoitecer, para atrair a fêmea e demarcar seu território.
É uma das aves mais populares do Brasil, sendo uma presença comum em seu folclore e mesmo na cultura erudita, tendo sido por isso escolhida como seu símbolo em 2002. De acordo com o ornitólogo Johan Dalgas Frisch, um dos principais defensores da nomeação, ela se justifica porque este sabiá é conhecido por crianças e adultos, é comum nas zonas rurais povoadas e nas cidades, e por isso é sentido como uma ave familiar por grande parte da população, e porque “tem qualidades impares. Não existem dois sabiás que cantem da mesma maneira…. os sons maravilhosos do sabiá desabrocham nos jovens corações veios poéticos, tão puros e belos como se um cego abrisse seus olhos ao ver a luz e as cores das flores na terra…. uma lenda indígena assegura que quando uma criança ouve, durante a madrugada, no início da Primavera, o canto do sabiá, será abençoada com muita paz, amor e felicidade”.

Na literatura é frequentemente citado como o pássaro que canta o amor e a primavera, as origens, a terra natal, a infância, as coisas boas da vida, sendo imortalizado por Gonçalves Dias na abertura de seu célebre poema Canção do Exílio:

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que defrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Como sua cantoria é muito apreciada, tornou-se uma ave de estimação e pode ser criado em cativeiro com sucesso. Precisa de gaiolas grandes e não tolera bem mudanças em suas instalações, podendo, se ocorrerem, apresentar distúrbios de comportamento e desenvolver pânico, que podem levar à sua morte. Note-se que no Brasil constitui crime a manutenção e/ou criação de animais silvestres em cativeiro sem a devida licença do IBAMA.

6500 – Mega Memória MPB – Maria Bethania e sua versão para “Terezinha de Jesus”


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A clássica e tradicional cantiga de roda “Terezinha de Jesus”, que nos traz de volta os tempos de infância, também teve a sua versão para adultos, em uma música que se tornou clássico da MPB com a excepcional interpretação de Maria Bethânia, foi matéria do Fantástico, em 1977.

O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e assustada, eu disse não
O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e assustada, eu disse não
O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito um posseiro dentro do meu coração

6497 -☻Mega Almanaque – Qual a origem da cantiga “Terezinha de Jesus”?


“Terezinha de Jesus” é uma cantiga de roda que alguns dizem tratar-se de uma “charamba” originária da Ilha da Madeira ou que remonta ao Portugal rural e cristão do século 19. Mas, como a maior parte das cantigas populares, não se conhece autor.

A letra tem variações. Em algumas regiões canta-se as duas estrofes mais conhecidas, e talvez as mais antigas.

Terezinha de Jesus

de uma queda foi ao chão

Acudiram (iu) três cavalheiros

Todos de chapéu na mão

O primeiro foi seu pai

O segundo seu irmão

O terceiro foi aquele

Que a Tereza deu a mão

Em alguns lugares diz-se no singular o terceiro verso da primeira estrofe: acudiu três cavaleiros. Um erro gramatical que alguns interpretaram como sendo a prova de um fundo teologal na composição.

Outras duas estrofes completam a cantiga em outros lugares:

Terezinha levantou-se

Levantou-se lá do chão

E sorrindo disse ao noivo

Eu te dou meu coração

Dá laranja quero um gomo

Do limão quero um pedaço

Da morena mais bonita

Quero um beijo e um abraço

Este acréscimo dá uma tonalidade definitivamente romântica à cantiga, deixando sua conotação religiosa que alguns defendem.

Vamos às interpretações que andam por aí:

– Opiniões de literatos dizem que a interpretação do sentido da cantiga não se encontra nela aprioristicamente. O sentido seria construído na interpretação.

– A protagonista: alguns querem que Terezinha de Jesus, originalmente, refere-se a Teresa do Menino Jesus, nossa santa irmã. Somente quando a cantiga é transladada para o Brasil assume outras cores e conotações. Os três cavalheiros seriam as pessoas da Santíssima Trindade: “o pai” – (Deus), “o filho” – (Jesus) e “aquele que Tereza deu a mão” – (o Espirito Santo). Nesta interpretação tem sentido o singular do verbo acudir. Deus é uno e trino.

– Outra interpretação é feita a partir das condições sociais daquele tempo. Para a ama e para a criança para quem cantava a cantiga, a música falava do casamento como um destino natural na vida da mulher, na sociedade brasileira do século XIX marcada pelo patriarcalismo: a música prepara a moça para o seu destino não apenas inexorável, mas desejável: o casamento, estabelecendo uma hierarquia de obediência (pai, irmão mais velho, marido), de acordo com a época e circunstâncias de sua vida.

– A “queda” de Terezinha pode ter mais de uma interpretação, desde a mais elementar (um tombo) até a mais elaborada: um deslize moral.

– No campo da pedagogia e da didática da educação, pode-se trabalhar, na cantiga, muitos temas, como por exemplo, a família. Há também a possibilidade de se trabalhar a localização, ou a ordem dos personagens solicitada pela letra. É possível ainda uma rica aula sobre frutas, além de se poder trabalhar a afetividade. Segundo Pestalozzi, “o amor deflagra o processo de auto-educação”.

5.645 – Mega Conto – O Reformador do Mundo


Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de pôr defeito em tôdas as coisas. O mundo para êle estava todo errado e a natureza só fazia asneiras.
– Asneiras, Américo?
– Pois então?! Aqui mesmo, neste pomar, tens a prova disso. Aí está uma jabuticabeira enorme, sustendo frutas pequeninas, e lá adiante uma colossal abóbora, prêsa ao caule duma planta rasteira. Não era lógico que fôsse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser organizadas por mim, eu trocaria as bolas, passando as jabuticabas para a abobeira e as abóboras para a jabuticabeira. Não achas que tenho razão?
Assim discorrendo, Américo provou que tudo estava errado e que só êle era capaz de dispor com inteligência o mundo.
– Mas o melhor, concluiu, é não pensar nisto e tomar uma soneca, à sombra destas árvores, não achas?
E Pisca-Pisca, piscando-piscando que não acabava mais, estirou-se de papo acima, à sombra da jabuticabeira.
Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com o mundo novo, reformado inteirinho pelas suas mãos. Uma beleza!
De repente, no melhor da festa, plaft! Uma jabuticaba que cai e lhe esborracha o nariz!
Américo desperta de um pulo; pisca, pisca; medita sôbre o caso e reconhece, afinal, que o mundo não é tão mal-feito assim.
E segue para casa, refletindo:
– Que espiga!… Pois não é que, se o mundo fôsse arranjado por mim, a primeira vítima teria sido eu? Eu Américo Pisca-Pisca, morto pela abóbora, por mim posta em ligar da jabuticaba? Hum !… Deixemos de reformas. Fique tudo como está, que está muito bem.
E Pisca-Pisca continuou a piscar pela vida em fora, mas desde então, perdeu a cisma de corrigir a natureza.

Monteiro Lobato

5471 – ☻ Mega Conto – As estações


Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas de modo apressado, por isso, ele mandou cada um viajar para observar uma pereira que estava plantada em um distante local.
O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro no Verão e o quarto e mais jovem, no Outono.
Quando todos eles retornaram, ele os reuniu e pediu que cada um descrevesse o que tinham visto.
O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida.
O segundo filho disse que ela era recoberta de botões verdes e cheia de promessas.
O terceiro filho discordou. Disse que ela estava coberta de flores, que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele tinha visto.
O último filho discordou de todos eles; ele disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, vida e promessas…
O homem, então, explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore…
Ele falou que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação, e que a essência de quem eles são e o prazer, a alegria e o amor que vêm daquela vida, podem apenas ser medidos ao final, quando todas as estações estiverem completas.
Se você desistir quando for Inverno, você perderá a promessa da Primavera, a beleza do Verão, a expectativa do Outono.
Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida apenas por uma estação difícil.