Neurociência – Multiplicar Neurônios (?)


Célula difícil taí. É a estrela do organismo, complicada que só ela. Tem centenas de ligações a solicitando ao mesmo tempo. Carrega na bolsa substâncias químicas cujos sutis efeitos os cientistas ainda. não entendem bem. Como sempre acontece, essa condição de prima-dona vem acompanhada de um péssimo temperamento. Ao ser afetada por qualquer mal, sua recuperação vira um drama. Como toda celebridade, ela é insubstituível.

Uma equipe de uma universidade americana anunciou  que outra célula, chamada astrócito, consegue gerar novos neurônios em pelo menos uma região do cérebro.

Melhor ainda: os astrócitos são muito abundantes no sistema nervoso. Ou seja, o potencial de restauração é gigantesco. A descoberta vem no rastro de uma outra, tão surpreendente quanto. Em novembro do ano passado, um sueco e um americano tornaram realidade o sonho de dez em cada dez neurologistas.  Eles concluíram que neurônios de adultos se regeneram, sim. Agora, pesquisadores do mundo todo estão tentando domar as indóceis estrelas e convencê-las a voltar ao trabalho depois de uma falta de ar  ou um tropeção qualquer. 

Este neurônio é diferente de todos os outros 10 bilhões. No sistema nervoso, ao contrário dos demais tecidos, cada um é um, com forma, função e arsenal químico únicos. Imagine a dificuldade que seria repor essa célula, caso ela morra. Não é à toa que nunca se imaginou que o cérebro conseguisse se regenerar.

Tudo o que sempre se pensou sobre neurônios ruiu em novembro de 1998, quando Fred Gage, da Universidade da Califórnia, e Peter Eriksson,  do Instituto Universitário de Gotem-burgo, Suécia, publicaram a notícia mais esperada da história da neurobiologia. Eles tinham observado cérebros de cinco cadáveres e a conclusão chacoalhou a Medicina. Todos haviam gerado neurônios antes de morrer.

Neurônios não se dividem ao meio. São tão especializados que não têm as proteínas necessárias para se reproduzir. Os recém-nascidos encontrados por Eriksson e Gage surgiram da divisão de um outro tipo de célula, as células-tronco, uma espécie de estepe sempre à espera de um estímulo químico para se multiplicar. Embora esteja provado que os neurônios são capazes de se multiplicar, sabe-se que eles não o fazem naturalmente em quantidade suficiente. Caso contrário, danos no tecido nervoso cicatrizariam como cortes na pele. O que se procura agora são as substâncias certas que vão induzir as células-tronco certas a se transformar nos neurônios certos e se ligarem aos vizinhos do jeito certo.

Uma alternativa viável para transplante de células-tronco é retirá-las de embriões. Só que há um problema ético envolvido: os fetos usados para tal fim seriam resultado de abortos. 

Na maioria dos países católicos, inclusive o Brasil, essas pesquisas estão proibidas.

Paraplégicos vão voltar a andar

Antes mesmo que os cientistas consigam controlar o ajuste fino do processo de multiplicação de células e convencer nossa insubmissa celebridade a ajudar um pouquinho, muitos pacientes já começarão a a se beneficiar das pesquisas. Uma lesão na espinha inutiliza células nervosas sem matá-las. É que, dentro do osso, passam apenas seus prolongamentos, os axônios, levando sensações do corpo todo ao cérebro e comandos de movimento no sentido inverso. Esses axônios são imensos, têm mais de 1 metro. Quando o prolongamento se rompe, o corpo celular, lá longe, pode ser poupado.

A cabeça pode estar cheia de células-tronco.

Nem só de neurônios é feito o cérebro. Praticamente todo o resto do espaço é ocupado por diferentes células. De todas as células cerebrais, as mais numerosas são os astrócitos, que podem ser os geradores de novas células nervosas, como se descobriu no mês passado.

Neurociência – Turbinar os Neurônios


Seu cérebro é uma metamorfose ambulante. E até coisas banais, como tocar violão ou sair com os amigos, podem ajudá-lo a funcionar melhor.

Uma pesquisa publicada em 2008 por um consórcio de 7 grandes universidades americanas mostrou algo que parecia pouco provável: música e teatro aumentam a capacidade de concentração e geram ganhos tão significativos para a memória que você tem como extrapolar a melhora para outras áreas. Eles observaram que quem treina para tocar um instrumento parece ficar mais habilidoso em geometria e a compreender melhor um texto. Quem faz teatro, por fim, fica com a memória mais apurada, pelo hábito de decorar textos e interpretá-los no palco, e aumenta o nível de atenção.

A escola de medicina de Harvard conduziu uma experiência ainda mais surpreendente em 2007. Neurocientistas de lá colocaram voluntários para tocar exercícios fáceis de piano. Eles treinaram duas horas por dia durante uma semana. Depois os pesquisadores escanearam o cérebro do pessoal. E viram que a área da massa cinzenta responsável pelos movimentos dos dedos havia crescido. 

Calma, essa ainda não é a parte insólita. Outros estudos já tinham mostrado que o cérebro é capaz de fazer isso quando você treina um pouco. A surpresa mesmo veio quando pegaram outro grupo e pediram

“Dieta variada, exercícios físicos e uma boa noite de sono melhoram nossa capacidade cognitiva”, afirma o neurocirurgião Fernando Gómez-Pinilla, da Universidade da Califórnia.

Ele diz que os ácidos graxos ômega 3, encontrados em nozes, óleos vegetais, salmão e outros peixes, são ótimos para o aprendizado e a memória. Nossas sinapses também gostam de ácido fólico (a vitamina B9, presente em vísceras de animais, verduras, legumes e grãos) e detestam gorduras trans e saturadas. Além disso, técnicas de ioga ajudam no raciocínio porque corrigem a respiração e mantêm o suprimento de oxigênio ao cérebro. Pelo mesmo motivo, qualquer caminhada já favorece a cognição. Videogames exigem tanta atividade cerebral que, sim, podem deixar qualquer um mais inteligente. Essa tese começou a ganhar terreno em 2005, com o livro Everything Bad Is Good for You (“Tudo o Que É Bom É Ruim para Você”), do jornalista científico Steven Johnson. E hoje, com cada vez mais pesquisas mostrando que o simples fato de manter a cabeça ativa aumenta a cognição.

Neurociência – Vem aí o Transplante de cérebro


Fonte: Universidade de Bristol

O neurocirurgião Sergio Canavero anunciou em 2015 que em breve poderá ser capaz de realizar o primeiro procedimento de transplante de cabeça humana do mundo. Isso significaria que seria possível remover a cabeça de alguém e enxertá-la no pescoço e nos ombros de outra pessoa. Até o momento, isso só foi realizado em cadáveres, e não em seres humanos vivos.

Mas suponha que você queira manter o rosto que já tem? Ou se cansou do corpo que habita? Seria possível trocar de cérebro entre corpos?

O cérebro vivo tem a textura de um manjar macio e é protegido contra danos pelo crânio. Apesar de ser um osso duro de roer, o osso provavelmente seria a estrutura mais fácil de lidar nesta operação.  As técnicas neurocirúrgicas modernas utilizam serras de craniotomia para remover um pedaço do crânio e acessar o cérebro por baixo.

Vale a pena observar que nem todas as operações neurocirúrgicas alcançam o cérebro dessa forma. A glândula pituitária, do tamanho de uma ervilha, fica na base do cérebro, logo atrás de um dos seios da face na parte posterior da cavidade nasal.

Nesse caso, faz sentido usar o nariz para a cirurgia da hipófise.

Embora o nariz não seja grande o suficiente para inserir um novo cérebro, ele certamente pode funcionar como uma via para a remoção de um.

Durante o processo de mumificação os antigos egípcios, que consideravam o cérebro sem importância, removiam pedaços dele pelas passagens nasais.

Após o crânio, chega-se ao envoltório do cérebro: três membranas protetoras, ou meninges. A primeira, a dura-máter, é resistente. A segunda, apropriadamente chamada de aracnoide, é como uma teia de aranha, enquanto a pia, a terceira, é delicada e invisivelmente fina. São essas estruturas que ficam inflamadas na meningite.

Essas membranas proporcionam estabilidade e evitam que o cérebro se desloque. Elas também separam as vísceras do crânio em compartimentos. O primeiro fornece um manguito de fluido protetor ao redor da parte externa do cérebro – pense em pepinos flutuando em uma jarra de vinagre. Conhecido como líquido cefalorraquidiano (LCR), ele é feito de sangue filtrado e é incolor. Agora é hora de colocar o novo cérebro. E é aqui que as coisas ficam complicadas.

O cérebro recebe informações sensoriais de todo o corpo e envia instruções de volta para ele, fazendo com que os músculos se contraiam, o coração bata e as glândulas secretem hormônios. A remoção de um cérebro requer o corte dos 12 pares de nervos cranianos que saem diretamente dele e da medula espinhal. Os nervos não se unem simplesmente. Assim que você os corta, eles normalmente começam a desintegrar e morrer, embora alguns sejam mais resistentes a danos do que outros. Grupos de pesquisa em todo o mundo experimentam como promover o crescimento de células nervosas após danos para evitar sintomas neurológicos. As ideias sobre como isso pode ser feito são variadas, mas incluem o uso de produtos químicos ou enxertos em células que estimulem a recuperação neuronal.

Os pesquisadores também sugeriram que uma cola biológica especial poderia ser usada para unir novamente as duas extremidades cortadas de um nervo ou medula espinhal.

A remoção do cérebro antigo também exigiria o corte das artérias que fornecem sangue.  O período final e mais incerto é o das consequências. E a lista de especulações é interminável. O paciente recuperará a consciência? Ele será capaz de pensar? Se movimentar? Respirar? Como o corpo reagirá ao novo cérebro?

A maioria das cirurgias de transplante exige doadores compatíveis com os receptores, pois a reação normal do corpo a tecidos desconhecidos é rejeitá-los.  O sistema imune envia uma cavalaria de glóbulos brancos e anticorpos para atacar e destruir, convencido de que essa nova presença é prejudicial. Normalmente, o cérebro é protegido contra esse ataque por outro escudo, chamado de barreira hematoencefálica.

Se ela não for reconstruída adequadamente durante a operação, o cérebro do doador poderá ser atacado.

É igualmente importante considerar como o cérebro reagirá ao seu novo lar.  Em “Pobres Criaturas” é relatado que o cérebro e o corpo de Bella Baxter “não estavam bem sincronizados”. Mas o cérebro pode aprender a crescer. Assim, da mesma forma que os bebês adquirem um arsenal de pensamentos, comportamentos, habilidades e capacidades durante seu desenvolvimento infantil, um cérebro transplantado pode fazer o mesmo. Portanto, atualmente, o transplante de cérebro continua sendo coisa de ficção científica e de cinema premiado pela Academia.

A viabilidade de acordo com a anatomia e a fisiologia básicas torna improvável o desenvolvimento de um procedimento tão complexo. Mas será que mais tempo, ferramentas, tecnologias, conhecimento e, é claro, dinheiro algum dia o tornarão viável? Se “Pobres Criaturas” oferece um vislumbre da ética da troca de cérebros, então esse é um pensamento assustador.

Quando surgiu a consciência na história da evolução humana?


 A evolução de novas redes de neurônios não deixa fósseis, e todo traço que surge por seleção natural aparece gradualmente, sem saltos bruscos.

Sabemos que golfinhos, chimpanzés, polvos e certas aves …

imaginam as intenções de outros animais (há pássaros que mudam o lugar em que guardam alimento quando notam que foram vistos) e fazem planos para o futuro. Por outro lado, as primeiras expressões artísticas do ser humano foram registradas há 70 mil anos, e é possível que a linguagem tenha evoluído mais ou menos na mesma época. Essas capacidades não têm paralelo em outras espécies, o que significa que o nosso grau particular de consciência é algo único e recente.

Um aspecto central da consciência, é claro, é a sensação de que existe um “eu”. Há casos, por exemplo, de pessoas com lesões cerebrais que se diziam cegas, mas conseguiam se desviar de obstáculos sem saber como. Elas haviam perdido o acesso consciente à visão, mas o cérebro ainda agia com base nos dados visuais sem consultar o dono. É impossível saber em que grau outros animais têm essa experiência subjetiva de “ter um dono” na cabeça – ou se eles agem como os cegos do exemplo, respondendo automaticamente aos estímulos do ambiente.  Caso essa experiência exista – e os animais assistam ao mundo como nós, em um jogo de primeira pessoa –, o mistério só aumenta, porque não somos capazes de acessar o mundo pelos olhos deles.

Por exemplo: um morcego tem uma espécie de sexto sentido, a ecolocalização. Esse mamífero voador emite sons e calcula a que distância que um objeto está pelo tempo que o som demora para bater no objeto e voltar.

Como é ver o mundo usando o som, em vez da luz? Será que o morcego “vê” os sons? Talvez, a representação mental gerada pela ecolocalização não se pareça nem com a audição nem com a visão. Ela pode ser algo que sequer conseguimos imaginar, pois não possuímos esse sentido. 

 Esse problema filosófico antigo permanece fora do alcance da pesquisa empírica, e é conhecido simplesmente como “o problema difícil” pelos especialistas da área.


Ficção ou Realidade? Será possível transferir nossa mente para o computador no futuro?

Nos últimos 70 anos, a ficção científica vem recorrentemente tratando do que chamamos de “upload mental”, ou a possibilidade da mente humana viver de outras maneiras após a morte do nosso corpo físico. “Subir a mente à nuvem” ainda é uma realidade bem distante, mas a ciência já fez alguns avanços que podem indicar um futuro onde isso seria possível.

Mais recentemente, em 2016, um programa de TV chamado The Immortalist (O Imortalista, em tradução livre), da BBC Horizon, trouxe a história de um milionário russo que planejava criar uma tecnologia em conjunto com neurocientistas para subir mentes ao computador, essencialmente vivendo para sempre. Nele, foi feita uma previsão de que o feito seria possível em 2045.

No momento, é bastante improvável que isso aconteça, mas já demos alguns passos para entender melhor o cérebro humano e, talvez, emular ou reproduzir as capacidades do órgão. Simular as capacidades de um cérebro inteiro é um caminho em potencial, baseado em escaneamentos detalhados de sua fisiologia e atividade.

É possível reproduzir a mente humana?

Até agora, a técnica mais promissora para o upload da mente viria do “escanear e copiar” o cérebro, ou seja, uma cópia funcional do órgão realizada a partir de um escaneamento completo, feito, por exemplo, com microscopia eletrônica. Pesquisadores da Universidade de Oxford já comentaram que o esforço irá requerer uma engenharia formidável, mas que seu objetivo é “bem definido, e aparentemente atingível com a extrapolação da tecnologia atual”.

Alguns cientistas, no entanto, discordam, geralmente com base em dois princípios. Um deles é a separação da mente e do corpo. Muitos acreditam que o cérebro está “incorporado” e só funciona porque se relaciona com outras partes do corpo e o ambiente com o qual interagimos — um dos motivos que levam à sugestão de que a inteligência artificial só criará consciência quando tiver um corpo, aliás. Pesquisas que ligam as funções cerebrais ao intestino também fazem parte da discussão.

Outra questão é que o tal upload da mente supõe que a mente é um produto direto do que o cérebro faz, como algo unicamente fisiológico. Nossa mente e consciência, no entanto, são largamente consideradas algo maior e mais efêmero do que a função pura e simples de um cérebro biológico. Como reproduzir isso em um ambiente digital? A falta de resposta para essa pergunta é uma das maiores dificuldades no esforço da transferência mental.

Tecnologias cerebrais

O que chamamos de neurotecnologia pode ser definido como os métodos para gravar ou modificar diretamente a atividade cerebral. Temos visto rápidos avanços nas interfaces cérebro-computador nesse sentido, com implantes cerebrais que permitem a pacientes com paralisia controlarem computadores com o pensamento ou até andar com próteses controladas eletronicamente.

Junto aos avanços na inteligência artificial, essa tecnologia nos ajuda a decifrar as ondas cerebrais cada vez mais detalhadamente. No futuro, poderemos até conseguir “escrever” no cérebro ou modificá-lo. Com isso, entram em cena questões éticas e legislativas, já que lidar com órgãos humanos, principalmente o que se considera que forma todo o nosso ser, é um assunto sério e que merece atenção e guias de ação rígidos.

Emulador de cérebros

Não sabemos quando será possível emular o cérebro humano, se em 100 anos ou mais, e como um upload da mente seria nesse caso, na eventualidade disso ser possível. Lembremos que o primeiro imageamento por ressonância magnética foi feito há apenas 50 anos, e, neste mesmo ano, pesquisadores da Universidade Duke conseguiram escanear um cérebro de camundongo inteiro na maior resolução já atingida — 65 milhões de vezes mais precisa do que antes.

A tecnologia avança rapidamente, e é fácil perder a noção de quão rápido estamos indo no curto tempo de vida humano. Enquanto debates como esse permeiam a comunidade científica, muitos leigos não fazem ideia de que há pesquisas sérias envolvendo emulação cerebral e upload da mente.

Alguns cientistas, como Angela Thornton, da Universidade de Nottingham, buscam saber o quanto o público está ciente de tais pesquisas e qual sua opinião sobre o assunto, incluindo a infame pergunta: você faria upload da própria mente para um computador? São questões com as quais teremos que nos acostumar nas próximas décadas.

Fonte: JAMA NeurologyEngineeringFuture of Humanity InstituteFrontiers in Systems Neuroscience via NanoWerk

A Lentidão Dos Antidepressivos


Ele cai na corrente sanguínea e logo penetra no cérebro, onde age de forma relativamente rápida: um ou dois dias após ingerir o primeiro comprimido, o remédio já está bloqueando a recaptação de certos neurotransmissores (principalmente a serotonina), elevando a quantidade deles no cérebro.

Só que a melhora da depressão demora muito mais: os medicamentos levam até dois meses para começar a funcionar.

Testes com voluntários demonstraram que com o passar das semanas, o remédio ia aumentando a quantidade de sinapses (conexões) entre os neurônios – e é isso, não só o aumento da serotonina, que combate a depressão. 

Como funciona o chip cerebral da Neuralink


O empreendedor Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, anunciou que a Neuralink, outra de suas empresas, realizou o primeiro implante de chip cerebral com sucesso. A cirurgia foi realizada no domingo dia 28 de janeiro.

O interesse pelo resultado do implante disparou. De acordo com o Google Trends, ferramenta que monitora os termos mais buscados, o nome Neuralink figurava entre os termos mais procurados na plataforma de busca.

A Food and Drug Administration (FDA), órgão americano que regula serviços de saúde, deu o aval à Neuralink para realizar o primeiro teste em humanos em setembro de 2023. 

O objetivo é testar uma interface que, em teoria, vai permitir que pessoas com paralisia possam controlar dispositivos com o pensamento.

“O chip permite o controle de um computador ou smartphone, e por meio deles, de qualquer outro dispositivo, usando apenas o pensamento”, De acordo com o empresário, os primeiros pacientes serão pessoas que perderam o controle dos membros. 

“Imagine se Stephen Hawking pudesse se comunicar mais rápido do que um datilógrafo ou um leiloeiro. Esse é o objetivo”.

O dispositivo tem o tamanho aproximado de uma moeda e centenas de minúsculos eletrodos.

Os picos são atividades dos neurônios, células que usam sinais químicos e elétricos para enviar informação do cérebro para o resto do corpo.

O chip da Neuralink vai identificar esses impulsos e ajudar a contornar limitações, regenerando partes do cérebro responsáveis pelos movimentos.

O implante representa um marco importante para o avanço de tecnologias que buscam recuperar os movimentos perdidos de pacientes.

Agora, a Neuralink faz parte de um pequeno grupo de empresas e pesquisadores que receberam permissão para fazer testes em humanos.

Mas há riscos. Além de ter certeza que a cirurgia de implante e o próprio chip não causam danos ao cérebro, nem provocam a disseminação de doenças contagiosas.

Musk é conhecido por fazer declarações bombásticas, mas muitas dessas promessas nunca são cumpridas. Em 2016, por exemplo, afirmou que seus carros Tesla poderiam dirigir de forma autônoma de Nova York a Los Angeles e que sua outra empresa, SpaceX, teria chegado a Marte em 2018.

Até agora, nenhuma das duas promessas se tornou realidade. Em 2017, afirmou que os primeiros produtos da Neuralink estariam no mercado em no máximo quatro anos, mas foi necessário um prazo maior.

Neurologia – Sinais elétricos do cérebro aceleram durante a vida


A transmissão de sinais do lobo frontal (que produz o pensamento) para o lobo temporal (associado à memória), por exemplo, leva 45 milésimos de segundo (0,045 s) na infância, mas acelera na idade adulta – quando é completada em 20 ms. Depois, na meia-idade, volta a ficar mais lenta: 30 ms.
Já a transmissão do lobo temporal para o parietal (ligado às percepções sensoriais) não tem essa queda, e se torna cada vez mais rápida.
Segundo os cientistas, há duas possíveis explicações para essas mudanças: o cérebro descarta as sinapses (conexões entre neurônios) menos importantes durante a vida,e a bainha de mielina, que reveste os neurônios, fica mais espessa, melhorando a transmissão de sinais elétricos.

Neurociência – O que é a morte encefálica?


Ela tem como princípio a deterioração das funções encefálicas (cérebro + cerebelo + tronco encefálico).
As causas que levam à esse estado ainda não foram totalmente esclarecidas cientificamente. Entretanto sabe-se que, em última instância, dois eventos principais acontecem:
Elevação da pressão intracraniana (PIC);
Falência dos mecanismos que permitem uma boa perfusão encefálica.
Os acontecimentos que colaboram para que ambos os eventos aconteçam culminam em uma instabilidade hemodinâmica que, por sua vez, acarreta o processo de morte celular.
Elevada a PIC, tem-se como resultado uma bradicardia, devido à ação do sistema nervoso parassimpático.
A atividade simpática, lodo depois, predomina, com liberação adrenal, produção de catecolaminas e intensa atividade cardíaca a vascular. Com isso, uma vasoconstricção periférica leva à resistência vascular, na tentativa de compensar a PIC.
Em seguida, ocorrem eventos como redução da resistência vascular pulmonar e excesso de catecolaminas – o que resulta em alterações na histologia cardiaca e em microinfartos. Com isso, é comum a manifestação de hipertensão, bradicardia e bradipneia (Reflexo de Cushing).
O avanço da má perfusão leva à perda do tono vasomotor cortical e hipotalâmico assim como os mecanismos de controle reflexo do tronco encefálico são perdidos.
É possível ressuscitar o paciente em morte encefálica?
Não. Pelo menos no atual estágio da Ciência Humana.
Diante desse evento o paciente tem a interrupção permanente e irreversível das funções orgânicas como um todo.
É possível que você, ouça de familiares um questionamento desafiador: “Mas o seu coração está batendo. Como é possível que não esteja vivo?”.
Conceitualmente a morte encefálica permite que tecidos, de maneira isolada, sobrevivam em um curto prazo. Porém, a integração dos sistemas orgânicos para que funções essenciais à vida aconteçam, como a respiração e atividade cardíaca, requer a preservação das atividades encefálicas.

Genética – Estudo atribui até 50% da inteligência à herança genética


Um estudo realizado por pesquisadores do Reino Unido e Austrália credita de 40% a 50% da inteligência – tomada pelo grau de conhecimento aliado à capacidade de resolver problemas – à herança genética. Pesquisas anteriores com gêmeos e filhos adotivos já haviam apontado que a capacidade de raciocinar, planejar, abstrair e resolver problemas tem uma importante contribuição genética, além das influências do ambiente. O novo estudo é o primeiro a apontar diretamente estas evidências biológicas.
Desenvolvida por cientistas da Universidade de Edimburgo, na Escócia, Instituto de Pesquisa Médica Queensland, na Austrália, e Universidade de Manchester, Inglaterra, a pesquisa será publicada no periódico científico especializado Molecular Psychiatry.
“Sabíamos que a inteligência é altamente familiar, mas até onde a genética e o ambiente contribuem para isso é algo que tem sido debatido há muito tempo”, diz Peter Visscher, responsável pela equipe australiana que se debruçou sobre a análise genética de mais de 3.500 participantes da Inglaterra e Escócia. Adultos da Noruega foram utilizados como grupo controle, para evitar desvios regionais nos resultados.
Os pesquisadores analisaram dois tipos de inteligência: a que está relacionada aos conhecimentos gerais e a capacidade de formular conceitos abstratos. Os resultados mostram que entre 40% e 50% da diferença nessas habilidades pode ser atribuída aos genes.
Em outras palavras: é o conjunto de pequenas variações genéticas e sua dinâmica que determinam as habilidades, e não genes individuais. Os pesquisadores acreditam que os resultados do estudo podem ajudar na compreensão da relação existente entre a capacidade mental e desempenho social, como renda, saúde e longevidade.

Neurociência – Como a memória se forma no cérebro?


Na computação, sabemos como um dispositivo consegue guardar informações permanentemente. Precisamos de um disco rígido, como HD ou SSD, com componentes projetados para armazenar dados e arquivos. Mas, quando se trata do cérebro humano, o que permite preservar uma memória da infância, por exemplo?
Um estudo divulgado por pesquisadores do Albert Einstein College of Medicine trouxe algumas revelações sobre a base celular das memórias:

Elas são formadas por neurônios e armazenadas em uma região do cérebro chamada de hipocampo.
Conforme ocorre a estimulação neural repetida, as conexões entre as células nervosas é fortalecida.
É preciso que proteínas estabilizem as conexões sinápticas duradouras necessárias para as memórias de longo prazo.
As bases dessas proteínas são moléculas de RNA mensageiro (mRNA) que, por sua vez, são transcritas (copiadas) de genes associados à memória.
O que causava dúvida é que essas informações indicam que levaria muito tempo para formar uma memória duradoura. Afinal, os mRNAS e outras proteínas são desfeitos em menos de uma hora.
Para entender o processo, a equipe de pesquisa usou um camundongo e marcou suas moléculas de mRNA que fluem através do Arc — um gene importante para converter atividades e experiências em memórias duradouras.
Os pesquisadores estimularam as sinapses nos neurônios do hipocampo do camundongo e, analisando as imagens captadas por uma técnica de alta resolução, conseguiram observar individualmente células nervosas em tempo real.

Azheimer com os dias contados?


Pesquisadores da Universidade de Manchester podem ter chegado a uma das descobertas médicas mais importantes da nossa geração. Através de um estudo feito com ratos geneticamente modificados para desenvolverem o Mal de Alzheimer, eles conseguiram notar que após a aplicação de classe de medicamentos feitos à base de ácido mefenâmico a inflamação cerebral e a perda de memória causadas pela doença foram extinguidas por inteiro.
Esse feito chama grande atenção, já que até a publicação deste estudo o Alzheimer figurava entre as doenças degenerativas incuráveis. Apesar de promissores, o medicamento ainda está em fase inicial e os médicos britânicos já alertaram que são necessários mais testes para comprovar a eficácia e diminuir os efeitos colaterais. Espera-se que os testes com humanos se inicie em breve.

Alzheimer no Mundo
Atualmente o Mal de Alzheimer é uma doença que tem causado grande preocupação, principalmente por suas consequências para a vida dos pacientes diagnosticados com esse quadro. Essa doença é responsável por causar a degeneração cerebral progressiva, mais conhecida como demência e seu sintoma mais comum é a perda de memória, contudo, com o seu avanço ela chega a atingir todas as funções neurais.
Outro agravante se dá pelo aumento do número de pacientes com Alzheimer. De modo geral, esse mal se desenvolve em pessoas a partir dos 60 anos, porém existem casos precoces, onde o Alzheimer surge aos 50 anos. O aumento da expectativa de vida atrelado a hábitos cada vez menos saudáveis são os grandes catalisadores do grande número de casos diagnosticados.
Estima-se que atualmente cerca de 48 milhões de pessoas sofram com o Alzheimer, sendo que, segundo a OMC, 8% das pessoas acima dos 65 anos desenvolveram esse mal e ele já afeta em torno de 50% das pessoas acima dos 85 anos. Além disso, também estima-se que sejam diagnosticados mais de 100 mil novos casos por ano. Só no Brasil, o Alzheimer já atinge mais de 1,2 milhões de pessoas.
Esses números deixam claro o peso e a importância que a recente descoberta possui para o futuro da humanidade.

Neurociência – Vem aí os Neurochips


Elon Musk, fundador da Neuralink e CEO da Tesla e SpaceX, diz que espera que sua empresa de neurotecnologia possa começar a implantar seus chips cerebrais em humanos em breve.
O chefe da startup de interface cérebro-máquina disse em 2019 que esperava começar os testes em humanos em 2020, mas os eventos daquele ano (pandemia, crise econômica, etc) jogaram uma chave inglesa nesses planos.
Durante uma entrevista na segunda-feira (06/12/2021) no The Wall Street Journal CEO Council Summit, Musk foi questionado sobre quais são seus objetivos para o Neuralink para esse ano.
O excêntrico mega-bilionário respondeu que sua empresa já havia conseguido implantar neurochips em macacos e porcos antes de passar a delinear seus objetivos para experimentos em humanos.
“O Neuralink está funcionando bem em macacos e na verdade estamos fazendo muitos testes e apenas confirmando que é muito seguro e confiável e que o dispositivo Neuralink pode ser removido com segurança”, disse Musk.
“Esperamos ter isso em nossos primeiros humanos – que serão pessoas com lesões graves na medula espinhal, como tetraplégicos, tetraplégicos – no próximo ano, dependendo da aprovação do FDA”, acrescentou.
O CEO online também acessou o Twitter para reiterar seus objetivos para o próximo ano, observando que seus planos “irão acelerar quando tivermos dispositivos em humanos no próximo ano”.
Musk tem a reputação de compartilhar destemidamente cronogramas um tanto irreais para seus grandes projetos, seja o Cybertruck de Tesla ou seus famosos planos para colonizar Marte, antes de perder completamente seus prazos auto-impostos – mesmo enquanto forçava a si mesmo e sua força de trabalho ao limite de cumprir os objetivos de suas empresas.
Enquanto isso, startups de neuro-tecnologia rivais têm trabalhado arduamente para desenvolver seus próprios “chips cerebrais” implantáveis ​​que supostamente aumentarão a inteligência dos usuários.
No entanto, uma coisa que essas empresas não têm é o apoio do homem mais rico do mundo.

Novos Medicamentos Contra Alzheimer


Embora mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo convivam com a doença, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os medicamentos atuais, como os que Jocelira toma, não agem diretamente nos mecanismos que causam a doença. Atualmente, os remédios disponíveis no Brasil têm o papel de retardar a progressão dos sintomas.
O cenário pode mudar nos próximos anos com o desenvolvimento de drogas que agem contra os acúmulos de proteína que se formam no cérebro de pacientes com Alzheimer. Um desses medicamentos é o lecanemabe, que teve novos resultados divulgados em novembro do ano passado. De acordo com as fabricantes Eisai e Biogen, a droga é capaz de reduzir em até 27% a deterioração cognitiva nos pacientes, em comparação com o grupo que recebeu placebo.
O lecanemabe foi testado com 1.795 pacientes de 14 países que apresentaram sintomas de Alzheimer leve e acúmulo de proteínas beta-amiloides no cérebro. Além de reduzir a deterioração causada pela doença, a droga causou 26% de melhora cognitiva e 36% de melhora na funcionalidade em 18 meses de tratamento.

Por conta desses resultados, a agência de regulamentação de medicamentos americana, a Federal Drug Administration (FDA, na sigla em inglês), concedeu em janeiro deste ano uma aprovação por via acelerada para o medicamento, que deve ser vendido no país por US$ 26 mil por ano, segundo a fabricante.

Outro medicamento de funcionamento parecido, chamado aducanumabe, também chegou a ser aprovado para uso clínico nos EUA, em um controverso e acelerado processo de análise da FDA. A substância também reduziu significativamente os “grumos” de proteínas beta-amiloides no cérebro.

O resultado clínico do aducanumabe, ou seja, a melhora observada nos pacientes depois dessa redução das proteínas acumuladas, foi considerada menor do que era esperado. Já os efeitos colaterais da droga foram considerados muito graves. Outro entrave é que a versão comercial da droga, chamada Aduhelm, chegou ao mercado com um custo alto: cerca de 56 mil dólares por ano por paciente nos EUA.
“O aducanumabe se mostrou eficaz para a retirada dessas placas e proteínas, mas não foi eficaz em estudos clínicos, nos sintomas dos pacientes. Então houve uma controvérsia, uma dúvida sobre a necessidade de aprová-la tão rapidamente. Hoje em dia, a maioria dos médicos já pararam de usar essa droga. Teve uma grande discussão na comunidade científica”, diz o neurologista Ivan Okamoto, membro do Núcleo de Excelência em Memória do Hospital Israelita Albert Einstein e coordenador do Instituto da Memória na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Marco Túlio Cintra, o desenvolvimento dessas duas alternativas representa uma esperança porque há quase 20 anos não havia novos medicamentos contra Alzheimer aprovados pela FDA.
Apesar dos números positivos, os médicos pedem cautela na análise já que as duas principais drogas em estudo são indicadas apenas para pacientes com Alzheimer leve. “É uma esperança, sem dúvida, mas talvez seja uma esperança para quem tem alto risco de desenvolver a doença, para quem tem histórico na família. Se a pessoa já tem Alzheimer, mesmo que leve, pode ser que, até que o processo todo esteja finalizado, ela já esteja com a forma moderada, e aí [ela] não é o público-alvo”, explica Cintra, que é também professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Os remédios em uso atualmente nos pacientes com a doença buscam reduzir a velocidade do declínio, e não agir nos mecanismos que causam a deterioração no cérebro. Já a nova geração — aducanumabe e lecanemabe — busca romper com essa lógica. Eles focam na capacidade de agir contra um dos principais mecanismos do Alzheimer, que é o acúmulo de proteínas beta-amiloides no cérebro.
Embora esses medicamentos sejam eficazes em atacar as placas de proteínas, ainda não ficou comprovado se essa “limpeza” é suficiente para reverter os sintomas do Alzheimer. Segundo os especialistas, é preciso agora entender qual é o impacto comportamental da retirada dessas proteínas do cérebro de pacientes.
Efeitos colaterais
O médico Okamoto ressalta ainda que as drogas que combatem o acúmulo de proteínas têm efeitos colaterais graves, como edemas cerebrais, e precisam ser usadas com acompanhamento de exames de imagem, como ressonâncias magnéticas.
“Quase 40% dos pacientes podem desenvolver edemas cerebrais como efeitos colaterais e, por isso, tem que ter muito cuidado para utilizar essa droga. É preciso fazer uma série de ressonâncias magnéticas comprovando o acúmulo de proteínas no cérebro, e depois precisam de ressonâncias periódicas para acompanhar os efeitos colaterais. É um processo caro e trabalhoso”.
A lógica do novo medicamento em estudo atualmente, o lecanemabe, é bastante parecida com a do aducanumabe. Para os especialistas, o que as empresas precisam explicar é se a melhora estatística de 27% se converte em benefícios clínicos reais. Até o momento, com os dados divulgados pelas fabricantes, ainda não é possível afirmar se esse percentual vai traduzir em uma melhora significativa para o paciente.
“A melhora biológica é inequívoca com remoção das placas amiloides, mas o resultado clínico tem resultados mais modestos.O que tivemos para o lecanemabe, até o momento, são só os resultados apresentados no congresso. Por conta disso, a reação até agora é um otimismo comedido, porque o processo de aprovação do aducanumabe gerou muita desconfiança, então a gente tem essa cautela”.
O que é a doença de Alzheimer
O Alzheimer é uma doença degenerativa que causa deterioração dos tecidos cerebrais. Essa deterioração é causada por uma série de mecanismos, entre eles, o acúmulo de proteínas. Ela provoca uma redução no número de neurônios ativos e nas conexões entre os neurônios restantes.
A deterioração que a doença provoca no cérebro leva também a um declínio das funções cognitivas, ou seja, dos processos mentais que nos permitem desenvolver uma série de tarefas. O declínio pode se manifestar, por exemplo, com episódios de perda de memória e confusão mental, quando a doença está em seu estágio leve.
São esses sintomas que costumam acender o alerta em familiares, como ocorreu com as filhas de Jocelira, que levaram a mãe ao neurologista depois de um episódio de perda de memória recente. “Ela foi ao dentista, mas esqueceu onde tinha estacionado o carro. Esse foi um episódio que nos marcou. Foi aí que eu levei minha mãe ao neurologista pela primeira vez”, conta Grolli.
Conforme avança, o Alzheimer também compromete as áreas do cérebro que controlam a comunicação, o raciocínio e os sentidos, o que pode levar o paciente a não conseguir reconhecer algumas pessoas, lugares ou cheiros. Já no estágio mais avançado, a doença leva a perda total da capacidade de comunicação, e torna o paciente dependente de cuidadores.
As causas do Alzheimer ainda não são completamente conhecidas. Atualmente, os cientistas acreditam que, nas pessoas com Alzheimer precoce, uma mutação genética pode ser responsável pelo início da deterioração cerebral.
Já para pacientes que começam a ter sintomas após os 65 anos, as causas provavelmente incluem uma combinação de fatores genéticos e de estilo de vida, além de transformações naturais do cérebro que ocorrem com o passar do tempo.
Mesmo para quem já tem a doença, a combinação de uma dieta saudável com exercício físico e atividades mentalmente estimulantes pode ajudar a reduzir a velocidade de declínio cognitivo. Não à toa, neurologistas e geriatras recomendam que familiares estimulem os pacientes com Alzheimer a manter um estilo de vida saudável.
Para além desses cuidados, há ainda uma série de medicamentos que são receitados para tratar pacientes com Alzheimer, e que podem ser obtidos, com receita médica, no Sistema Único de Saúde (SUS). Os mais usados são a donepezila, rivastigmina, galantamina e memantina.
Todas essas drogas funcionam regulando os neurotransmissores, que são responsáveis por transmitir as mensagens entre os neurônios. Embora ajudem a reduzir os sintomas e problemas comportamentais, esses medicamentos não alteram o processo da doença, ou seja, não impedem ou retardam a deterioração do cérebro.
Com histórico de Alzheimer na família, mas ainda sem nenhum sintoma da doença, Grolli tem o perfil que poderia se beneficiar com a aprovação de novos medicamentos, como o lecanemabe, no futuro.

Neurologia – Privação de sono pode reduzir reação de anticorpos a vacinas


Meta-análise mostra que dormir menos de seis horas por noite antes de se vacinar contra infecções virais reduz a resposta do sistema imunológico
Uma rotina de sono equilibrada é crucial para manter uma boa saúde física e mental. Enquanto dormimos, nosso corpo realiza diversas funções importantes, como regeneração celular, liberação de hormônios e fortalecimento do sistema imunológico, inclusive em relação a vacinas.
Os autores do estudo, divulgado na revista Current Biology, compilaram uma série de evidências que ligam a quantidade de sono obtida nos dias que antecedem a imunização à resposta de anticorpos em adultos saudáveis. Os resultados mostram que indivíduos que dormem menos de seis horas por noite têm uma resposta de anticorpos mais baixa.
Segundo a equipe, liderada por pesquisadores da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, e do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), na França, as análises não estão ligadas somente à imunização contra apenas um vírus específico. Os benefícios de dormir bem valem para vacinação contra influenza, Covid-19 e até mesmo hepatite.

Avaliando o sono
As primeiras pesquisas iniciaram em 2002, quando cientistas constataram que a restrição do sono diminuía a resposta de anticorpos à vacinação contra influenza, baixando para cerca de metade os níveis de anticorpos observados 10 dias após a inoculação. Com o início da pandemia de Covid-19, em 2020, o grupo reavivou o interesse pela pesquisa e começou novamente a reunir dados para a meta-análise.
Após vasculharem a literatura e analisarem os resultados de sete estudos de vacinas para infecções virais, os pesquisadores compararam pessoas que dormiam uma quantidade normal (entre sete e nove horas por noite) com aquelas que com sono insuficiente (menos de seis horas). A comparação também foi realizada com dados conhecidos sobre a resposta de anticorpos à vacina Pfizer-BioNTech para a Covid-19.
Para aqueles com sono insuficiente nos dias que antecederam a vacinação, caiu a produção de anticorpos nos dois meses seguintes. “O sono insuficiente é um fator comportamental que pode ser corrigido antes da vacinação, e pode não apenas fortalecer, mas também estender a resposta à vacina”, disse Eve Van Cauter, professora de medicina e autora sênior da meta-análise, em comunicado.

Os pesquisadores destacam que a associação foi observada apenas em estudos que avaliaram objetivamente a duração do sono usando rastreadores de atividade como relógios, estudos do sono em laboratório ou relatos dos próprios voluntários.

Variações
Quando analisado pelo recorte de gênero, o resultado foi significativo entre homens, mas o efeito da duração do sono na produção de anticorpos foi muito mais variável nas mulheres. Essa diferença, segundo os cientistas, se dá provavelmente à flutuação dos níveis de hormônios sexuais no sexo feminino.

“Nas mulheres, a imunidade é influenciada pelo estado do ciclo menstrual, pelo uso de contraceptivos, e pela menopausa e pós-menopausa, mas, infelizmente, nenhum dos estudos que resumimos tinha dados sobre os níveis de hormônios sexuais”, avalia Karine Spiegel, pesquisadora da Inserm e principal autora do estudo, em nota.

O efeito negativo do sono insuficiente nos níveis de anticorpos também foi maior para adultos de 18 a 60 anos de idade em comparação com pessoas acima dos 65 anos. Isso porque os idosos tendem a dormir menos, em geral.

Cauter pontua que, apesar da resposta à imunização variar de acordo com cada pessoa, saber de um comportamento que é possível modificar para potencializar o benefício das vacinas oferece uma autonomia que, provavelmente, melhorará a resposta imunológica.
“A ligação entre o sono e a eficácia da vacina pode ser uma grande preocupação para pessoas com horários de trabalho irregulares, especialmente para trabalhadores em turnos que normalmente têm duração reduzida do sono”, comenta a médica. “Isso é algo que as pessoas devem considerar planejar, para garantir que estejam dormindo o suficiente na semana anterior e na posterior às vacinas”.
Por mais que os resultados sejam satisfatórios, ainda há outros pontos que precisam ser explorados para definir, por exemplo, quantos dias de sono curto afetam a resposta de anticorpos. Além de mais evidências a partir da análise de hormônios sexuais em mulheres.

Horas de Sono por Faixa Etária


Quantas horas devemos dormir? A maioria dos indivíduos sabe que é fundamental para a saúde física e mental dormir uma boa noite de sono, mas – infelizmente – poucos conseguem passar oito horas debaixo dos lençóis.
Mais ainda, estimulantes como o café, chá preto e verde, bebidas energéticas, luzes, despertadores e aparelhos eletrônicos tendem a prejudicar e a interferir com o ritmo circadiano, ou relógio biológico.
Apesar de reconhecerem que a qualidade do sono é sobretudo afetada pelo estilo de vida e a saúde de cada indivíduo, um painel de especialistas da National Sleep Foundation, um instituto de pesquisa sem fins lucrativos nos Estados Unidos com sede em Arlington (no estado da Virgínia), publicou recomendações gerais, divulgadas pela BBC News, sobre quantas horas de descanso são necessárias de acordo com cada faixa etária.

Diretrizes:

  • Recém-nascidos (0-3 meses): o ideal é dormir entre 14 a 17 horas por dia, embora também seja aceitável um período entre 11 a 13 horas. Não é aconselhável dormir mais de 18 horas.
  • Bebês (4-11 meses): Recomenda-se que o sono dure entre 12 e 15 horas. Também é aceitável um período entre 11 e 13 horas, mas não mais do que 16 ou 18 horas.
  • Crianças pequenas (1-2): não é aconselhável dormir menos de 9 horas ou mais de 15 ou 16 hora. É recomendável que o descanso dure entre 11 e 14 horas.
  • Crianças em idade pré-escolar (3-5): 10-13 horas é o mais apropriado. Especialistas não recomendam dormir menos de 7 horas ou mais de 12 horas.
  • Crianças em idade escolar (6-13): o aconselhável é dormir entre 9 e 11 horas.
  • Adolescentes (14-17): Devem dormir em torno de 10 horas por dia.
  • Adultos jovens (18-25): 7-9 horas por dia. Não devem dormir menos de 6 horas ou mais do que 10 ou 11 horas.
  • Adultos (26-64): O ideal é dormir entre 7 e 9 horas, embora muitos não consigam.
  • Idosos (65 anos ou mais): o mais saudável é dormir 7 a 8 horas por dia.

Mas como posso dormir melhor?

  • Manter um horário para dormir, mesmo nos fins de semana.
  • Ter uma rotina para dormir relaxado.
  • Exercitar-se diariamente.
  • Garantir condições ideais de temperatura, ruído e luz no quarto.
  • Dormir num colchão e com almofadas confortáveis.
  • Ter cuidado com a ingestão de álcool e cafeína.
  • Desligar todos os aparelhos eletrônicos antes de dormir.

Neurociência – Fronteira do Amor e Ódio


A famosa tênue linha entre o amor e o ódio foi finalmente encontrada pelos cientistas. Exames cerebrais mostraram uma atividade padrão quando eram apresentadas fotos de pessoas odiadas pelos participantes do estudo. Esses impulsos elétricos ocorre nas mesmas áreas ativadas pelo amor romântico, explicaram os pesquisadores Semir Zeki e John Paul Romaya, da Universidade College London.
Os pesquisadores mostraram a 17 voluntários de ambos os sexo fotos de pessoas que eles diziam odiar com outros três rostos familiares neutros. Todos os odiados eram ex-parceiros amorosos ou rivais profissionais, com exceção de um político famoso, citado por um dos voluntários.
O rastreamento identificou um padrão de atividade em diferentes áreas do cérebro, batizadas pelos pesquisadores de “circuito do ódio”, que era ativado quando os indivíduos viam os rostos das pessoas de quem não gostavam. O circuito do ódio inclui estruturas no córtex e subcórtex e representa um padrão distinto de outras emoções suscitadas por medo, ameaça, perigo.
Próximos passos
Uma da áreas do cérebro que é mobilizada é aquela que tenta prever as ações das outras pessoas, algo crucial num possível confronto com a pessoa odiada. A atividade cerebral também ocorre no putâmen e na ínsula, duas áreas ativadas quando as pessoas viram fotos de pessoas amadas. Cientistas relacionaram essas regiões a ações agressivas e situações estressantes.
Os pesquisadores observaram, porém, diferenças na manifestação dos dois sentimentos. Uma parte maior do córtex cerebral – uma área ligada à capacidade de julgar e racionalizar – é “desligada” com o amor. Isso não acontece nas situações de ódio. Isso significa que, apesar de os dois sentimentos serem passionais, os apaixonados tendam a ser menos críticos e racionais em relação a seus parceiros. Já quando estão têm de lidar com um rival, as pessoas precisam manter o foco, dizem os pesquisadores.
Aquele que odeia deve querer exercer o julgamento para calcular seus próximos passos para atingir o outro – disse Semir Zeki.

Neurociência

A Maconha e a Perda de Memória


Você já deve ter ouvido falar sobre uma possível relação entre o uso de maconha e perda de memória. A causa e efeito é complicada de provar. Afinal, é muito difícil (ou impossível) eliminar variações individuais, como as naturais diferenças de memória entre as pessoas – sejam elas usuárias ou não. Pedir para pessoas fumarem só para fazer um estudo também pode gerar algumas complicações éticas ou legais.
Entretanto, uma nova pesquisa pode ter conseguido cravar que a relação, de fato, existe.   O estudo também faz outra afirmação de impacto: a memória pode ser recuperada após pouquíssimo tempo de abstinência.
Para se desvencilhar dos problemas técnico/éticos, a equipe da pesquisadora Randi Schuste, professora assistente em Harvard e pesquisadora na área de neurologia do Hospital de Massachusetts, resolveu ir pelo caminho contrário: ao invés de pedir para que os participantes começassem a fumar, exigiu de parte de suas cobaias a abstinência total – Os pesquisadores também faziam testes de urina para confirmar a ausência de maconha no organismo dos participantes.
Foram recrutadas 88 pessoas, com idade entre 16 e 25 anos, que fumavam maconha pelo menos uma vez por semana. Dois terços deles foram selecionados, aleatoriamente, para parar de fumar. A partir daí, testes para comparar a capacidade de memorização desses participantes começaram a ser feitos semanalmente.
Os resultados foram rápidos. A memória dos abstêmios melhorou já na primeira semana sem fumar, e continuou assim até o final do estudo.
Já entre os adeptos da cannabis, também houve um aumento na memorização, mas isso só aconteceu após um mês, e se deve a uma limitação do estudo  Os pesquisadores analisaram os cérebros dos participantes e constataram que, por motivos ainda não compreendidos, os usuários de maconha possuem menos receptores canabinóides no hipocampo, parte do cérebro relacionada à memória. Após três dias sem usar a droga, o nível desses receptores voltava a aumentar.

Neurologia – O Instituto do Sono



Da Página Oficial
Sono: Essencial à vida

Dormir bem, em quantidade e qualidade, respeitando todas as fases do sono, é fundamental para o bom funcionamento do organismo. Restaurar as energias, melhorar a concentração, a memória, o humor e o aprendizado, tudo isso é resultado de uma boa noite de sono. Passamos um terço da vida dormindo para realizar a homeostase, ou seja, alcançar o equilíbrio do organismo.

Por esse motivo, os distúrbios de sono interferem de forma importante na qualidade de vida. De acordo com o EPISONO, cerca de 30% das pessoas têm apneia obstrutiva do sono, que é mais frequente em homens. Já 15% apresentam insônia, mais comum em mulheres. Outros distúrbios que podem afetar o sono são bruxismo, Síndrome das Pernas Inquietas, sonolência excessiva diurna, sonambulismo e narcolepsia. A privação de sono acomete, entre outros, os sistemas imunológico, digestório e endócrino, estando associada a problemas cardíacos e diabetes, por exemplo.
Embora oficialmente fundado em 1992, o Instituto do Sono tem sua origem na década de 70, com a tese de doutorado do Professor Sergio Tufik, publicada um ano antes da primeira Classificação Internacional dos Distúrbios de Sono. Foi nessa época também que o Professor fundou a AFIP – Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa, a fim de obter recursos para o financiamento dos estudos científicos.
Com o passar do tempo, a Ciência do Sono ganhou força e se desenvolveu no Brasil. O Instituto do Sono desempenhou um papel importante ao longo dessa história, sendo responsável por descobertas impactantes, como as derivadas do EPISONO. O maior estudo epidemiológico de sono do mundo levou ao laboratório do sono uma amostra representativa da população da cidade de São Paulo, transformando o conhecimento sobre sono.
São 2 Unidades em São Paulo Capital

Unidade Marselhesa
Quatro andares, em uma área de aproximadamente 3.000 m². São 64 leitos, em quartos confortáveis e aconchegantes, planejados para a realização de polissonografias. Nesta Unidade, fica também a Clínica do Instituto do Sono, na qual uma equipe multidisciplinar de excelência presta assistência completa na área de sono.
Rua Marselhesa, 500 – Vila Clementino – São Paulo / SP

Unidade Napoleão
É a sede inicial. Começou com poucos leitos e atualmente conta com 13 quartos totalmente equipados, destinados à realização de polissonografias e aos ambulatórios filantrópicos e de pesquisa.

Rua Napoleão de Barros, 925 Vila Clementino – São Paulo / SP
(entrada somente de pedestres)
Rua Loefgreen, 1900 Vila Clementino – São Paulo / SP
(entrada de pedestres e estacionamento)

Neurociência – Cérebro Conectado a Computadores



Um chip poderá conectar o cérebro humano a computadores. A ideia é que o dispositivo fique colado – literalmente – ao seu crânio, e que possa realizar funções semelhantes às de um dispositivo vestível, como um smartwatch, por exemplo.
Para além das funções de wearables comuns, o interesse da Neuralink é proporcionar soluções para condições neurológicas, como perda de memória, audição ou visão, e até doenças como depressão e ansiedade.
É claro que ainda falta muito para que isso aconteça, de fato. Atualmente, o chip está sendo testado em animais – durante a apresentação, Musk mostrou como o implante é capaz de ler atividades cerebrais em porcos, enquanto uma cobaia farejava o chão de um pequeno cercado montado no palco.
A arquitetura do projeto recebeu diversos avanços no último ano, passando de um dispositivo com diversas ramificações consideravelmente extensas para um chip pequeno, com 1.024 pequenos eletrodos de espessura menor do que um décimo de um fio de cabelo, que ficam alocados em uma cavidade feita no crânio.
Além de ler a atividade cerebral, esses eletrodos também são capazes de enviar informações ao cérebro, estimulando neurônios e induzindo reações aos impulsos elétricos.
De acordo com Musk, o implante não será visível – o resultado, após a cirurgia, seria apenas uma pequena cicatriz, que ficaria coberta pelo cabelo. O chip teria bateria para um dia inteiro, e poderia ser carregado facilmente à noite, por indução, da mesma forma que se você carrega um Apple Watch, por exemplo.
Já a cirurgia seria feita por um robô bem simpático (esse aí no print abaixo), semelhante a uma máquina de costura, que seria o responsável por inserir as pequenas agulhas no seu cérebro. O processo poderia ser feito em uma manhã, e você poderia deixar o hospital à tarde – sem a necessidade de anestesia geral.