Bactéria é capaz de produzir ouro puro 24 quilates em laboratório


Pesquisadores da Universidade Estadual de Michigan, Estados Unidos, conseguiram criar ouro puro de 24 quilates em laboratório. A ‘mágica’ acontece graças a um processo conhecido como alquimia bacteriana, que permite aos cientistas transformar uma substância sem valor em um metal precioso.
De acordo com o Techeblog, a equipe descobriu que a Cupriavidus metallidurans – uma espécie de bactéria típica de água doce e que tem chamado a atenção de cientistas devido à sua capacidade de decompor metais pesados – pode crescer em concentrações maciças de cloreto de ouro. Segundo a equipe responsável pela pesquisa, a bactéria fica pelo menos 25 vezes mais forte do que era antes se colocada nesse ambiente com a substância concentrada.
Eles também combinaram sua pesquisa com uma instalação artística que utiliza uma mistura de arte, biotecnologia e alquimia para transformar ouro líquido em ouro 24 quilates. A obra possui um laboratório portátil, um biorreator de vidro e as bactérias, que produzem ouro na frente de uma plateia.
Kazem Kashefi e Adam Brown, responsáveis pelo projeto, alimentaram as bactérias com uma quantidade sem precedentes de cloreto de ouro, e dentro de uma semana as bactérias transformaram as toxinas em uma pepita de ouro.

“Esta é a neo-alquimia. Cada peça, cada detalhe do projeto, é um cruzamento entre microbiologia moderna e alquimia”, disse Brown. “A ciência tenta explicar o mundo fenomenológico. Como artista, eu estou tentando criar um fenômeno. A arte tem a capacidade de empurrar as investigações científicas”.
Mas por que não produzir ouro em larga escala utilizando essas bactérias? Simplesmente porque seria extremamente caro reproduzir o processo em uma escala maior, então, ao invés disso, Brown disse que o trabalho deve ser usado para “levantar questões sobre o impacto ambiental, a economia e a ganância”.

Bíblia – A Batalha de Armagedom


É identificado na Bíblia como a batalha final de Deus contra a sociedade humana iníqua, em que numerosos exércitos de todas as nações da Terra iriam se encontrar numa condição ou situação, em oposição a Deus e seu Reino por Jesus Cristo no simbólico “Monte Megido”. Segundo Jeremias (46,10) essa guerra seria perto do rio Eufrates.
No Livro do Apocalipse, conta-se que antes da batalha final, os exércitos se reúnem na planície abaixo de “Har Megido” (a colina de Megido). Entretanto, a tradução foi malfeita e “Har Megido” foi erroneamente traduzido para “Armagedom”, fazendo os exércitos se reunirem na planície antes do Armagedom, a batalha final.
Essa batalha é citada duas vezes no último livro da Bíblia (Apocalipse 16 14:16), mas ultimamente o nome Armagedom tem sido mais associado a uma catástrofe mundial ou a uma guerra nuclear global. A Bíblia fala do Armagedom como uma guerra que preparará o caminho para um tempo de paz e justiça e que destruirá a iniquidade (Salmos 92:7).
Em novembro de 2005 surgiu a notícia de que arqueólogos israelenses encontraram na atual prisão de Megido (na mesma região onde algumas correntes religiosas afirmam que irá ocorrer o Armagedom) resquícios arquitetônicos muito antigos de uma igreja cristã do século III ou IV, de uma época em que Roma ainda perseguia os primeiros cristãos.

Mega Techs – Celular com holograma


Uma empresa de San Diego, nos EUA, trabalha na criação de um dispositivo holográfico que não precisa de óculos para reproduzir imagens em três dimensões. O sistema composto por um hardware volumétrico, algoritmos de inteligência artificial (IA) e uma rede neural adaptativa poderia ser usado como acessório para celulares.
A ideia da IKIN é tornar a reprodução de hologramas mais fácil e acessível, sem a necessidade de aparelhos caros e desconfortáveis de serem usados no dia a dia. Segundo a empresa, as imagens poderão ser projetadas no ar e em qualquer ambiente, no melhor estilo R2D2 transmitindo um holograma da Princesa Leia no primeiro Star Wars, de 1977.
“Os hologramas proporcionam uma experiência emocional muito intensa. Eles podem ser usados ​​em algumas produções teatrais para trazer de volta artistas já falecidos, como Tupac Shakur, Whitney Houston e Michael Jackson. O que fizemos agora foi encontrar uma solução para reproduzir isso em dispositivos portáteis, que cabem no bolso”, explica o diretor de tecnologia da IKIN Taylor Griffith.
“O kit RYZ permite aos desenvolvedores redirecionar conteúdos e aplicativos existentes para projetar imagens holográficas, além de criar materiais exclusivos. Literalmente, todos os aplicativos que existem em um telefone celular hoje estão prontos para serem traduzidos para um ambiente holográfico”, acrescenta Griffith.

No mundo real
Sem utilizar óculos de realidade virtual (RV) ou capacetes pesados conectados a um computador poderoso, os dispositivos desenvolvidos pela IKIN pretendem conquistar um público que procura por formas mais simples e naturais de consumir conteúdos digitais em ambientes virtualizados.
Eles poderiam ser usados, por exemplo, em conjunto com aplicativos de videoconferência — proporcionando chamadas mais realistas e envolventes — em sistemas de saúde para diagnósticos à distância mais precisos ou em programas de arquitetura, jogos, construção civil e e-commerce.

Quanto Custa Um Carro Fórmula 1?


Brincar de correr na Fórmula 1 é caro. Isso todo mundo sabe. Atualmente uma equipe não consegue brigar por vitórias na categoria sem um investimento na casa dos 300 milhões de euros por ano (R$ 1,8 bi)
F1: Magnussen garante a primeira pole da Haas e faz história em Interlagos
No caso de Mercedes e Ferrari, escuderias que ocuparam as duas primeiras posições no campeonato de construtores em quatro das últimas cinco temporadas, os valores passam dos 400 milhões de euros anuais (R$ 2,5 bilhões).
Esse montante inclui despesas com fábrica, túnel de vento, funcionários, logística e, claro, salários dos pilotos.
Preço do carro
Só a chamada unidade de potência, que contempla o motor V6 turbocomprimido de 1,6 litro mais MGU-H (geração de energia elétrica a partir dos gases do escape) e MGU-K (recuperação da energia cinética dissipada nas frenagens) responderia por 92% do valor, num valor aproximado de 18 milhões de euros (ou R$ 112 milhões).
O segundo elemento mais caro é o chassi, construído quase integralmente em fibra de carbono a um custo estimado de 600.000 euros (R$ 3,8 milhões). Na sequência, aparece o sistema de transmissão e câmbio, por 440.000 euros (R$ 2,8 milhões).
Surpreendem os custos elevadíssimos de elementos como asa dianteira (130.000 euros ou R$ 810.000), aerofólio traseiro (75.000 euros ou R$ 720.000), volante (50.000 euros ou R$ 310.000) e até o halo, equipamento de segurança implantado há dois anos e que, sozinho, custa 15.000 euros (R$ 94.000) por carro.
Já o sistema hidráulico, que libera fluidos para o funcionamento de todos os componentes controlados pela ECU (central eletrônica) do veículo, demanda um gasto de 150.000 euros (R$ 940.000).
Até o tanque de combustível, que num F1 é composto por um saco maleável e não rígido, como em um carro de rua, tem um valor estipulado de 115.000 euros (R$ 720.000).
Quer um pneu de F1? Então prepara-se para desembolsar 600 euros ou R$ 3.750 por peça.
Total: praticamente 20 milhões de euros ou R$ 125 milhões apenas para tirar o carro dos boxes.
Custo estimado de um F1 (em euros)
Motor – 18 milhões (R$ 112 milhões)
Chassi – 600.000 (R$ 3,8 milhões)
Câmbio – 440.000 (R$ 2,75 milhões)
Sistema hidráulico e ECU – 150.000 (R$ 940.000)
Asa dianteira – 130.000 (R$ 810.000)
Tanque de combustível – 115.000 (R$ 720.000)
Asa traseira – 75.000 (R$ 470.000)
Volante – 50.000 (R$ 312.000)
Halo – 15.000 (R$ 94.000)
Pneus – 2.400 por jogo (R$ 15.000)

TOTAL – aproximadamente 20 milhões (R$ 125 milhões)

A Bíblia e a Arqueologia


Templo de 3 mil anos descoberto em Israel põe em xeque textos da Bíblia
Escavações em Tel Motza, à leste de Israel, revelaram a presença de um templo antigo contruído no mesmo período em que o Templo de Salomão, também conhecido como Primeiro Templo. Segundo um estudo publicado no Biblical Archaeology Review Professor, a descoberta desafia algumas passagens da Bíblia sobre aquela época.
Em 2012, um complexo monumental de templos da Idade do Ferro, datado do final do século 10 e início do século 9 a.C., foi descoberto em Tel Motza, perto de Jerusalém. O local, identificado como a cidade bíblica de Moẓa, está situada dentro dos limites da antiga tribo de Benjamim e serviu como centro administrativo para armazenamento e redistribuição de grãos.
A primeira escavação acadêmica do local, entretanto, só ocorreu em 2019, quando os especialistas focaram em estudar as construções, erguidas uma sobre o outra. Segundo os pesquisadores, eles encontraram diversos objetos no sítio arqueológico que indicavam que as construções eram templos religiosos, o que foi uma surpresa.
“Poderia realmente existir um templo monumental no coração de Judá, nos arredores de Jerusalém? Jerusalém sabia disso? Se sim, esse outro templo poderia ter sido parte do sistema administrativo judaíta?”, questionou um dos estudiosos, Shua Kisilevitz, em declaração à imprensa. “A Bíblia detalha as reformas religiosas do rei Ezequias e do rei Josias, que consolidaram práticas de adoração ao templo de Salomão, em Jerusalém, e eliminaram atividades ligadas a cultos além de seus limites.”
De acordo com o especialista, sua descoberta indica que provavelmente o Primeiro Templo não era o único local de adoração, como apontam os textos bíblicos. “Ficou claro que templos como o de Motza não só poderiam, mas também devem ter existido durante a maior parte da Idade do Ferro”, disse Kisilevitz.
Os diversos artefatos e destroços encontrados na cidade de Motza, como estátuas, um altar, uma mesa de oferendas e até uma cova, foram muito importantes para os estudos da equipe, indicando também pistas sobre como funcionavam os rituais daquele período.
“Apesar das narrativas bíblicas que descrevem as reformas de Ezequia e Josias, havia templos sancionados em Judá, além do oficial em Jerusalém”, afirmou Oded Lipschits, outro pesquisador, em comunicado. “Nossas descobertas até agora mudaram fundamentalmente a maneira como entendemos as práticas religiosas dos judaítas.”
Uma das hipóteses criadas pela equipe para explicar a existência dos templos fora de Jerusalém é simples: a cidade estava crescendo, e outro templo era necessário para atender a demanda dos povos da região. Segundo os pesquisadores, estudando a economia da época em conjunto com sua função religiosa, a ideia de que uma política local surgiu na região de Motza é reforçada.”Sugerimos que o templo de Tel Motza fosse o empreendimento de um grupo local, inicialmente representando várias famílias grandes ou talvez aldeias que se uniram para reunir seus recursos e maximizar a produção e o rendimento”, escrevem os pesquisadores. “O resto ainda está para ser descoberto.”

Mega Sampa – Aniversário de São Paulo com Cartão Postal às Avessas


Esse ano a Cidade comemora 469 em 25 de janeiro, mas como comemorar com um verdadeiro apocalipse de degradação no centro da cidade?
O governo do estado e a Prefeitura de São Paulo vão lançar um novo plano para tentar solucionar o problema da Cracolândia, que há décadas causa transtornos aos moradores da região central. E faltando dois dias para o anúncio, mais um confronto entre os usuários de drogas e a Guarda Civil Metropolitana foi registrado nas ruas dos Gusmões e Vitória.

Usuários colocaram fogo em lixeiras e fizeram bloqueios para impedir que guardas civis transitassem pela região. Ao menos dois comércios foram alvo de tentativa de invasão.

Vídeos gravados por moradores mostram o momento que os usuários bloqueiam as ruas por volta das 21h. Os moradores contaram que a Guarda Civil foi chamada e dispersou o grupo com bombas.
“Simplesmente impossível dormir. A gente convive com sujeira de fezes, urina, mau cheiro. Não tem uma fiscalização com o lixo. O pessoal vem e descarta ali nas esquinas. Eles vêm, reviram o lixo e vira uma confusão. Fica muito ruim. Está muito difícil ficar aqui”, diz Elisabeth Costa.
O novo pacote de medidas para combater o uso de drogas na região será mais uma tentativa das autoridades de colocar fim a um problema que há décadas espera por uma solução efetiva.

As ações serão apresentadas pelo vice-governador, Felício Ramuth, que coordena um grupo de várias secretarias: saúde, segurança pública e assistência social. As pastas vão apresentar um diagnóstico da situação atual e o que fazer daqui para frente.
investigação rigorosa sobre a ação dos traficantes, mapeando o caminho da droga até ali;
aumento do número de câmeras na região para monitorar a área;
proposta de aplicação da chamada justiça terapêutica para quem comete pequenos delitos sem violência para sustentar o vício. Ao invés de iniciar um processo criminal, o infrator vai passar por um processo de recuperação e desintoxicação.
O prefeito Ricardo Nunes sugeriu a internação compulsória, que é feita mesmo contra a vontade do usuário e sem prazo definido de internação.
“O problema é que você encaminha as pessoas, como já se fez em 2012, com as comunidades terapêuticas e não tem uma porta de saída qualificada, a pessoa fica lá. Vamos supor que ela fique lá bastante tempo. No geral não fica. Fica entre 10 e 15 dias. Mas vamos supor que fique dois meses. E a pessoa quando sai? Ela sai como? Sai com emprego? Sai com renda? Ela sai com moradia? Como é que ela sai?”, diz o promotor Arthur Pinto Filho, da área da saúde pública.

“Se você não tiver uma porta de saída qualificada, com moradia trabalho e renda, a pessoa vai voltar para o único lugar que a acolhe, que é a região central da cidade, como aconteceu em 2012, em 2017 e agora”, ressalta.
O prefeito Ricardo Nunes também disse que vai se reunir com o governador Tarcísio de Freitas, representantes do MP e da defensoria para afinar as ações do novo pacote. Participam do encontro também os membros do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Veterinária – Por que Gatos são mais Independentes?


Por causa da história, da socialização e até da genética dos felinos. Enquanto cães já convivem com os seres humanos há 50 mil anos, os gatos nos acompanham há apenas 8 mil, o que demonstra que eles ainda não passaram por um processo completo de domesticação. Além disso, cachorros têm uma predisposição natural a aceitar ordens, “herdada” de sua vida selvagem, já que os caninos evoluíram em bando, com uma hierarquia bem estruturada.
Os gatos silvestres, por outro lado, sempre foram caçadores solitários. Sua relação com outros indivíduos – seja um gato, seja um humano – é uma parceria entre iguais. Por fim, nos cães, cientistas identificaram 41 genes ligados à domesticação. Nos gatos? Apenas 13.
Grandes felinos roçam uns nos outros quando voltam da caça, o que pode ser uma demonstração de companheirismo. Também pode ser uma forma de demarcar território, já que esse contato espalha o cheiro do gatinho nos seus “alvos”.
Assim, ele está determinando que nós (e nossas coisas), na verdade, somos dele. Além disso, com esse ato, o bicho pode estar reconhecendo que somos maiores, mas não superiores.
Uma teoria é de que os gatos são, por natureza, caçadores. Assim, instintivamente, poupam o máximo de energia para o momento de buscar uma presa. Em média, eles dormem de 16 a 18 horas por dia, mas é um sono leve, interrompido rapidamente ao primeiro sinal de perigo. Talvez por isso eles tirem pequenos cochilos, e não durmam pesado por longos períodos, como os humanos. Alguns estudos dizem que eles alternam o sono leve (cerca de 70% do tempo) com períodos de sono profundo. Nestes últimos, podem ser observados os movimentos rápidos dos olhos (REM, em inglês), que também ocorrem quando os humanos estão sonhando, além de atos involuntários, como a agitação das patas e das unhas ou a rotação das orelhas. Tudo isso faz alguns especialistas acreditarem que, sim, eles sonham! Gatos em ambiente selvagem raramente miam entre si. Essa comunicação parece criada exclusivamente para a interação com humanos.
Somos uma espécie falante, e os gatos sacaram isso, o que facilitou o seu processo de domesticação. Os gatos que sabiam miar com jeitinho para pedir comida viraram os favoritos dos nossos antepassados.
Como é uma característica aprendida, cada gato mia de um jeito único, de acordo com o seu dono.
Eles conseguem emitir cerca de 100 sons diferentes. Os cães, por volta de dez.
O aprendizado dos filhotes começa quando eles nascem e termina por volta das 7 ou 8 semanas de idade. O gato que é muito tocado ou manuseado nessa idade vai se tornar mais afetuoso e ligado aos humanos. Do contrário, pode se tornar mais arredio e pouco simpático à nossa presença.
Por que ronronan?
Ainda não se sabe exatamente por que, nem como. Algumas pesquisas sugerem que o ruído seria produzido pela passagem de ar nos brônquios; outras, por certos vasos do coração. Mas gatos não ronronam só quando estão felizes: o barulho aparece também quando estão machucados ou doentes como uma espécie de mantra tranquilizador. A maioria vibra em uma frequência entre 20 e 140 Hz, considerada terapêutica tanto para eles quanto para os humanos.
Idade dos gatos
O principal consenso é que o primeiro ano equivale a cerca de 16 anos humanos. Ou seja, em apenas 12 meses ele passa por toda a infância e parte da adolescência, com as típicas evoluções corporais, metabólicas e cognitivas de uma “fase de crescimento”.

Tecnologia – Estado americano decide banir a venda de carros elétricos


Como acontece sempre que algo novo e disruptivo aparece, a tecnologia antiga acaba ficando para trás e a novidade da vez prolifera. A indústria americana de petróleo e gás já está de olho nisso e sabe que eventualmente os carros elétricos vão tomar o espaço dos modelos a combustão.

Ainda assim, isso não significa que eles vão “morrer” tão fácil assim, pelo menos no Wyoming. O estado acaba de introduzir uma lei polêmica que vai na contramão do que vem sendo adotado por outros estados americanos e na Europa. A ideia é eliminar a venda de veículos elétricos até 2035.
O senador Jim Anderson, um dos nomes por trás da iniciativa apresentada na última sexta-feira (13), disse ao Cowboy State Daily que a resolução é uma resposta “contra as proibições de vendas de carros novos com motores de combustão interna” adotada recentemente na Califórnia e em Nova York.
Embora seja o estado menos populoso, o Wyoming é o oitavo maior produtor de petróleo dos Estados Unidos. A resolução diz ainda que a transição para os veículos elétricos “ameaça a continuidade dos empregos na indústria de petróleo e gás” e pode afetar milhares de residentes.
“Os minerais usados ​​em baterias não são facilmente recicláveis ​​ou descartáveis, o que significa que os aterros municipais serão obrigados a desenvolver práticas para descartar esses minerais de maneira segura e responsável”, acrescenta o texto da lei.
No fim, parece que é mais um gesto simbólico e uma tentativa de brigar com a decisão de outros estados do que uma legislação séria. Resta saber quais serão os próximos capítulos desse embate.

Medicina – Cápsula ingerível monitora intestino e pode ser alternativa à endoscopia



Fim da endoscopia?
Seja para ouvir músicas ou navegar pela internet, o wireless — ou, em bom português, a rede sem fio — prevalece. Em vez de cabos, a transmissão de dados é feita por meio de ondas eletromagnéticas, como frequências de rádio, infravermelho e satélite. Cientistas da Universidade da Califórnia (UC), em San Diego, nos Estados Unidos, usaram a tecnologia para desenvolver um sensor em forma de pílula que consegue monitorar o ambiente intestinal. A façanha pode propiciar conquistas interessantes: saber mais a respeito da composição dessa microbiota é um enorme avanço para a medicina. Além disso, um sensor ingerível tem potencial para ser uma alternativa menos invasiva aos exames tradicionais de avaliação do intestino delgado, como a endoscopia.
O pesquisador Patrick Mercier explica que observar os metabólitos do estômago e o trato gastrointestinal de forma simultânea ainda é pouco comum. “Essa é a primeira solução capaz de medir a dinâmica metabólica em tempo real dentro do intestino. Em última análise, ela fornecerá uma visão significativa para a pesquisa clínica e para os pacientes”, aposta o também coautor do artigo que detalha a solução tecnológica, publicado na revista Nature Communications.
Até o momento, o dispositivo só foi testado em porcos. A pílula mede 2,6cm de comprimento e 0,9cm de diâmetro e é composta por um circuito elétrico com um microchip integrado a uma antena. A cápsula, que não precisa de fios e bateria, funciona por meio de uma célula biocombustível que usa a glicose que encontra pelo corpo para fornecer energia que garanta o seu funcionamento. O sinal em frequência é emitido e transmitido para um receptor externo, que pode ser em um computador.
Ao mesmo tempo em que usa a glicose para funcionar, a célula de combustível mede as mudanças nas concentrações desse carboidrato a partir da energia extraída, o que pode, no futuro, ter utilidade médica. Nos seres vivos, a glicose é utilizada no processo de respiração celular, sendo vital no fornecimento de energia para o corpo. Professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), Osvaldo Novais de Oliveira Junior explica que o processo que imita essa dinâmica natural é conhecido no meio acadêmico e apresenta algumas limitações. “Os detalhes dos organismos vivos têm mecanismos muito sofisticados e complexos para gerar energia, ao passo que as células combustíveis são mais simples”, assemelha.

Ainda assim, segundo Oliveira Junior, essas “células artificiais” têm diversas aplicabilidades, incluindo o funcionamento de automóveis. “Há um combustível que gera uma diferença de potencial, isto é, uma corrente, que vai trabalhar como uma bateria”, ilustra. Ele destaca que, por serem sem fio, os dispositivos implantáveis existentes precisam de baterias para operar, o que torna o projeto liderado pela UC inovador, inclusive pela função dupla. “Quanto mais glicose o organismo tiver, mais energia é gerada. Então, ao mesmo tempo em que faz a medição, o dispositivo usa a glicose para ter energia”.
Outra dificuldade enfrentada pelos criadores do sensor ingerível foi como realizar a transmissão de dados para um computador sem fios ou cabos. Eles apostaram em uma técnica já existente de fornecimento de energia magnética entre dispositivos eletrônicos. Oliveira Júnior esclarece que a equipe utilizou um sistema em que bobinas magnéticas enviam sinais de uma parte do corpo para outro receptor usando o próprio corpo como guia. “Essas bobinas transformam o sinal elétrico que veio das células de biocombustível em um sinal que é transmitido sem fios”, indica.
O especialista brasileiro explica que o funcionamento é parecido com a tecnologia bluetooth, que usa radiação eletromagnética para transmitir dados — como de um fone de ouvido para um celular. No caso do sensor em cápsula, a solução é mais sofisticada. “No bluetooth, os sinais de rádio não passam pelo tecido humano, porque tem muita espessura. Na nova tecnologia, o sinal emitido pelo aparelho que estava dentro do intestino do porco foi detectado por um receptor externo”, compara. Graças a esse esquema de comunicação magnética, o dispositivo pode operar em uma faixa de 40 a 200 megahertz, o que impede a obstrução de sinal ou a perda de conexão.
Também foi um desafio proteger os componentes do sensor do ambiente intestinal. Para isso, os pesquisadores utilizaram um invólucro impresso em 3D e adaptado para ser, temporariamente, sensível ao pH do órgão. Com o tempo, o revestimento que serve para proteger as células de biocombustível se dissolve. Materiais feitos de silicone poliuretano, por sua vez, isolam a parte eletrônica, que é evacuada. Segundo Oliveira Júnior, um dos grandes percalços de dispositivos ingeríveis é a possibilidade de eles serem destruídos ou rejeitados pelo corpo. “O material da cápsula foi projetado para evitar que isso ocorra”, afirma. “Aproveitamos nosso trabalho anterior sobre as células de combustível à base de glicose e o adaptamos para sobreviver no estômago”.
A putrescina é a molécula responsável pelo odor característico da carne podre. Porém, essa substância não faz mal somente ao nariz. Quando consumida em excesso, pode causar dor de cabeça, diarreia, vômitos e palpitações cardíacas. Um grupo de pesquisadores da Concordia University, no Canadá, desenvolveu um sensor que indica a presença da toxina. A expectativa é de que o dispositivo otimize práticas de segurança alimentar desde os processos de produção até a mesa dos consumidores.
Primeiro, a equipe fez testes em laboratório. A putrescina foi adicionada a um sistema livre de células que estava produzindo a Puur, e a solução colocada em um pedaço de papel com o biossensor. Passada uma hora, os pesquisadores descobriram que o dispositivo detectou a presença de putrescina. Quatro horas depois, os resultados indicaram que a leitura era altamente precisa.

A equipe, então, começou a testar o sensor em carnes bovinas. Eles compararam os resultados em pedaços do alimento em temperatura ambiente e refrigerados no freezer e na geladeira. As amostras conservadas no freezer e na geladeira apresentaram níveis baixíssimos de putrescina, enquanto os alimentos que foram deixados de fora tiveram altas concentrações da toxina, mostrou o dispositivo. Um exame de cromatografia — processo em laboratório que separa e identifica componentes de uma mistura — confirmou o estado dos alimentos.
Ainda não há previsão de quando a solução chegará ao mercado, mas a equipe está otimista e projeta, inclusive, outras aplicabilidades. “Como amostragem ambiental de contaminação por metais pesados e no diagnóstico do câncer e outras doenças”.
O sensor ingerível foi testado em porcos porque, segundo os pesquisadores da Universidade da Califórnia (UC), o trato gastrointestinal suíno tem muitas semelhanças anatômicas e fisiológicas com o humano. Nos experimentos, inicialmente, as cobaias foram alimentadas com soluções ricas em glicose, para simular o consumo de alimentos. Depois, foram submetidas a jejum noturno durante a administração oral da cápsula. A equipe utilizou imagens de raios X para saber se a pílula havia chegado ao estômago dos animais e ao intestino.
Bernardo Martins, gastroenterologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, pontua que a medicina sem fio tem proporcionado avanços nos procedimentos de diagnóstico no trato gastrointestinal. Segundo ele, existem, no mercado, tecnologias, como a cápsula endoscópica, que, através de microcâmeras, capturam fotos, durante horas, para registrar as imagens do trato gastrointestinal em 360 graus. “São níveis que a endoscopia digestiva alta e a colonoscopia, que é a baixa, não alcançam”, exemplifica.

De acordo com o médico, apesar dos benefícios, essa tecnologia ainda tem um preço alto. Além disso, Martins aponta que dispositivos movidos à bateria feita de metais pesados podem impactar negativamente a natureza. “Como estão na parte digestiva, acaba que são eliminados e podem ir parar no esgoto, contaminando o meio ambiente”, alerta. “Por outro lado, a pílula desenvolvida na pesquisa da universidade americana não utiliza baterias e é autoalimentada pela própria glicose do intestino.”
Para o gastroenterologista, esse tipo de tecnologia ingerível não busca substituir os métodos de avaliação convencionais, mas se tornar um complemento. “Elas facilitam o diagnóstico, mas não substituem a parte terapêutica”.

Brasileiro Consumidor de Impostos – Você sabe quanto paga de imposto em cada produto?


O sistema tributário brasileiro tem uma característica bem marcante: cobra mais caro no consumo que na renda. As taxas nos produtos que compramos no dia a dia representam a maior parte dos impostos que pagamos e eles são cobrados igualmente de pobres e ricos. É diferente do que ocorre na maioria dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A decisão de quanto deve incidir sobre cada item segue uma lógica. Há menos cobrança para itens básicos e mais amplamente consumidos, como arroz e feijão. Por outro lado, os produtos considerados supérfluos, de luxo ou nocivos para a saúde e para o meio ambiente sofrem as taxações mais altas.
A cachaça, por exemplo, que já virou um símbolo brasileiro, tem uma das alíquotas mais caras. Cerca de 81% do preço do produto que você encontra no supermercado vai todinho para o governo, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Essa é a quantidade de imposto da cachaça brasileira. Outras bebidas alcoólicas, nacionais ou importadas, também tem alíquotas nesse patamar.

Impostos em alimentos e bebidas

Pão Francês 16,86%
Arroz 17,24%
Feijão 17,24%
Fermento 38,48%
Pizza 36,54%
Manteiga 33,77%
Cerveja garrafa 42,69%
Vinho importado 69,73%
Champagne 59,49%
Cachaça 81,87%
Fonte: IBPT

De acordo com João Eloi Olenike, tributarista e presidente-executivo do IBPT, uma das injustiças é cobrar impostos ainda caros de produtos essenciais como alimentos, remédios e material escolar.
Ele argumenta que, assim como o papel para impressão de livros e jornais, esse produtos também deveriam ser isentos de impostos. Em contrapartida, itens como videogames, eletrônicos e artigos de luxo deveriam ter tributos mais altos, para compensar a perda de arrecadação com itens de primeira necessidade.
Também costumam ser mais caros os mais industrializados. Quanto mais longa a cadeia, mais chance de o produto chegar com maior alíquota no consumidor final. A categoria de importados tem tributos a mais, uma medida de estimular o consumo de produtos nacionais e priorizar a nossa indústria.

Nenhuma das propostas de reforma tributária em discussão versa sobre a desoneração do consumo no Brasil. Eles focam principalmente na simplificação no modo de cobrança dos impostos sobre os produtos e serviços. Não tratam da transferência de cobrança do consumo para renda.

O IBPT faz um levantamento do quanto pagamos em mais de 600 itens de consumo. É uma estimativa. O cálculo é feito com base nas alíquotas para cada tipo de produto e a partir do ICMS de São Paulo (em média 18%), que é mais de 30% da arrecadação desse imposto estadual no país.

Impostos em itens de uso pessoal e entretenimento

Teatro e cinema 20,85%
Perfume importado 78,99%
Perfume nacional 69,13%
Pilhas/Baterias 51,80%
Shampoo 44,20%
Maquilagem (Produtos Importados) 69,53%
Tênis Nacional 44,00%
Roupas 34,67%
Relógio 56,14%

Impostos em itens de transporte

Moto (acima de 250 cc) 64,65%
Moto até 125 CC 52,54%
Patinete 52,78%
Bicicleta 45,93%
Gasolina 61,95%
Álcool combustível 29,48%
Diesel 42,18%
Veículo Celta 1.0 -VOLTA IPI 5,0 35,27%
Veículo Toyota Corolla 2.0 -VOLTA IPI 11% 39,29%
Passagem aérea 22,32%
Fonte: IBPT

Imposto em itens de saúde

Medicamento de uso animal 13,11%
Medicamentos de uso humano 33,87%
Muleta 39,59%
Óculos (lentes de vidro) 45,31%
Protetor solar 34,74%
Preservativo 18,75%
Seringa 29,92%
Xarope para tosse 34,80%
Válvulas cardíacas 26,44%
Termômetro 38,93%
Fonte: IBPT
Imposto em itens de casa

Geladeira 46,21%
Liquidificador 43,54%
Microondas (forno) 59,37%
Panelas 45,77%
Freezer 46,81%
Madeira bruta 41,69%
Cimento 30,05%
Conta de água 24,02%
Conta de luz 48,28%
Chuveiro elétrico 48,23%
Fonte: IBPT

Antropologia – O Australopitecus



Formavam um grande grupo de animais parecidos com os chimpanzés. Mas, ao contrário deles, já não andavam sobre quatro patas. Eram meio humanos, embora apresentassem um cérebro pequeno demais. Também tinham os dentes e o maxilar diferentes, bem maiores e mais pesados que os humanos. Já se conhecem oito espécies de australopitecus, que viveram entre 4 milhões e 1,5 milhão de anos atrás: além do africanus e do garhi, foram identificados os Australopithecus anamensis (anam significa lago na língua local), encontrado no norte do Quênia em 1974, Australopithecus afarensis, encontrados no Quênia, Etiópia e Tanzânia, Australopithecus aethiopicus, encontrado em 1985 próximo ao Lago Turkana, norte da Tanzânia, Australopithecus boisei, encontrado no Desfiladeiro de Olduvai, na Tanzânia em 1959, Australopithecus robustus, encontrado 1938 na África do Sul e Australopithecus bahrelghazalli, encontrado em 1993 ao sul da Líbia.teoria por enquanto mais aceita indica como provável ancestral humano o afarensis, surgido há cerca de 4 milhões de anos e extinto uns 2,5 milhões de anos atrás. Além dessa hipótese, existem outras. Os descobridores do garhi acreditam que o afarensis esteja na raiz da humanidade, porém não diretamente. Um pouco antes de se extinguir, ele teria dado origem ao garhi– este, sim, ancestral direto dos homens. O Arqueólogo sul-africano Ronald Clarke pensa que o afarensis não tem ligação com os seres humanos – ele seria apenas um ramo que não vingou na árvore da evolução. A humanidade teria nascido do africanus.
Também é incerto o que transcorreu depois dos australopitecos, pois a paleoantropologia não afirma que eles tenham originado diretamente o Homo sapiens. Antes disso teriam existido seis espécies primitivas de homem, de crânio um pouco menor: Homo rudolfensis, Homo habilis, Homo erectus, Homo ergaster, Homo heidelbergensis e Homo neanderthalensis (o homem de Neandertal). Até a década passada, era quase tido como verdadeiro que o habilis evoluíra dos australopitecos há uns 2,5 milhões de anos, produzindo em seguida o ramo do erectus. E este, um pouco antes de se extinguir, por volta de 500 mil anos atrás, gerou duas novas espécies, o sapiens e o homem de Neandertal.

História – Biblioteca de Alexandria


Foi durante muitos séculos, mais ou menos de 280 a.C. a 416, uma das maiores e mais importantes bibliotecas do Planeta. Este valoroso centro do conhecimento estava localizado na cidade de Alexandria, ao norte do Egito, a oeste do Rio Nilo, bem nas margens do Mediterrâneo.
Afirma-se que ela foi criada em princípios do século III a.C., em plena vigência do reinado de Ptolomeu II do Egito, logo depois de seu genitor ter se tornado famoso pela construção do Museum – o Templo das Musas -, junto ao qual se localizava a Biblioteca. Sua estruturação, a princípio, é geralmente creditada ao filósofo Demétrio de Falero, então exilado nesta região; muitos afirmam ser dele a concepção deste espaço cultural, depois de convencer o rei a transformar Alexandria em concorrente da glória cultural de Atenas.
Durante sete séculos esta Biblioteca abrigou o maior patrimônio cultural e científico de toda a Antiguidade. Ela não apenas continha um imenso acervo de papiros e livros, mas também incentivava o espírito investigativo de cientistas e literatos, transmitindo à Humanidade uma herança cultural incalculável. Ao que tudo indica, ela conservou em sua estrutura interna mais de 400.000 rolos de papiro, mas esta cifra pode, em alguns momentos, ter atingido o patamar de um milhão de obras. Sua devastação foi realizada gradualmente, até ela ser definitivamente consumida pelo fogo em um incêndio de origem acidental, atribuído aos árabes durante toda a era medieval.
Há várias histórias sobre prováveis incêndios anteriores ao que destruiu completamente a Biblioteca de Alexandria. Uma delas narra que Júlio César, passando por Alexandria ao perseguir seu rival Pompeu, membro do Triunvirato integrado também por César e Crasso, não só foi presenteado com a cabeça de seu inimigo, mas também com o amor de Cleópatra, irmã de Ptolomeu XII. Envolvido pela paixão, ele se apossa do trono por meio da força, entrega-o à Rainha e aniquila todos os tutores do antigo rei, com exceção de um, que foge das garras de César. Determinado a não deixar sobreviventes, ele manda incendiar todos os navios, incluindo os seus, para que ele não pudesse escapar pelo mar. O fogo teria se ampliado e atingido uma fração da Biblioteca.
Esta ancestral Biblioteca tinha a missão de conservar e disseminar valores da cultura de Alexandria. Muitas das obras que circulavam em Atenas foram para lá envidas; em seu âmbito ela abrigava matemáticos como Euclides de Alexandria, além de famosos intelectuais e filósofos, célebres nomes do passado. Lá também foram elaboradas significativas obras sobre geometria, trigonometria e astronomia, e igualmente sobre idiomas, literatura e medicina. Nesta mesma instituição eram produzidos e comercializados papiros.
Afirma-se que os 72 sábios judeus que verteram as Sagradas Escrituras Hebraicas para o grego, produzindo assim a renomada Septuaginta, reuniram-se justamente na Biblioteca de Alexandria para realizar este intento. A própria Cleópatra era apaixonada por este espaço, sempre à procura de novas histórias, sozinha ou acompanhada por César, outro amante da cultura. Este centro irradiador foi, com certeza, o mais importante ponto de referência cultural e científico da Antiguidade.
Foi edificada recentemente uma nova Biblioteca, inaugurada em 2003 nos arredores da sua antecessora. Ela também tem a ambição de se tornar um dos maiores e mais importantes pólos culturais dos nossos tempos. Sua ala principal, batizada como Bibliotheca Alexandrina, soma-se a outros quatro conjuntos especializados, laboratórios, um planetário, um museu científico e outro caligráfico, além de uma sala para congressos e exposições.

Uma Biblioteca ou Museu?

Segundo Stephen Greenblatt, no livro A Virada: O Nascimento do Mundo Moderno, o destino da imensa quantidade de livros em pergaminhos é muito bem exemplificado pelo fim da maior das bibliotecas do mundo antigo, localizado em Alexandria, a capital do Egito e centro comercial do Mediterrâneo oriental. Em local conhecido como Museu, quase toda a herança cultural das culturas grega, latina, babilônia, egípcia e judaica tinha sido reunida a um custo enorme e cuidadosamente arquivada para pesquisa.

Já a partir de 300 a.C., os reis que governavam Alexandria atraíram os principais eruditos, cientistas e poetas a sua cidade oferecendo-lhes empregos vitalícios no Museu com boas remunerações, isenções fiscais, comida e alojamentos gratuitos e acesso aos recursos quase ilimitados da biblioteca. Estabeleceram padrões intelectuais elevadíssimos e possibilitaram grandes descobertas e invenções.

A biblioteca de Alexandria não estava associada a uma doutrina ou escola filosófica em particular. Seu objetivo era a busca intelectual em todos os seus aspectos. Ela representava um cosmopolitismo global, uma determinação em reunir o conhecimento acumulado de todo o mundo e de aperfeiçoar e acrescentar mais a esse conhecimento.

Em seu apogeu, o Museu continha pelo menos meio milhão de rolos de papiro sistematicamente organizados, etiquetados e armazenados segundo um novo e engenhoso sistema que seu primeiro diretor parece ter inventado: a ordem alfabética.

As forças que destruíram essa instituição nos ajudam a entender por que o manuscrito de Lucrécio — Da Natureza –, recuperado apenas em 1417, fosse a única coisa que restava de uma escola de pensamento – o epicurismo – que tinha sido debatida intensamente em livros (papiros).

O primeiro veio em consequência de uma guerra: parte do acervo da biblioteca – rolos que estavam em depósitos próximos do porto – foi queimada acidentalmente em 48 a.C., quando Júlio César lutava para manter o controle da cidade.

Mas havia ameaça maior que a ação militar: a intolerância religiosa. O Museu, como seu nome indica, era um templo dedicado às Musasas nove deusas que representavam as realizações da criatividade humana. Estava repleto de estátuas de deuses e deusas, altares e outros artefatos do culto pagão.

Os judeus e os cristãos que viviam em grandes números em Alexandria estavam incomodadíssimos com esse politeísmo. Não duvidavam que outros deuses existissem, mas achavam que esses deuses eram, sem exceção, demônios, ferrenhamente determinados a atrair a tola humanidade para longe da única e universal verdade: a sua crença. Consideravam todas as outras revelações e orações registradas naqueles milhares de rolos de papiros eram mentiras. A salvação repousava nas Escrituras.

Séculos de pluralismo religioso sob a égide do paganismo – três crenças vivendo lado a lado com espírito de tolerância sincrética – estavam chegando ao fim. No começo do século IV, o imperador romano Constantino começou o processo pelo qual o cristianismo tornou-se a religião oficial de Roma. Foi só uma questão de tempo antes que um sucessor fervoroso lançasse éditos que proibiam sacrifícios públicos e fechavam grandes locais de culto pagão. O Estado romano tinha dado início à destruição do paganismo.

Em Alexandria, o líder espiritual da comunidade cristã seguiu os éditos ao pé da letra. Litigioso e impiedoso, açulou hordas de fanáticos cristãos que saíam pelas ruas insultando os pagãos. Expondo os símbolos secretos dos “mistérios” pagãos ao ridículo público, mandou que os objetos religiosos fossem levados em desfile pelas ruas.

Pagãos religiosos insurgiram-se irritados. Enfurecidos, atacaram os cristãos com violência e então se recolheram atrás das portas trancadas do Museu. Armada de machados e marretas, uma turba igualmente alucinada de cristãos invadiu o templo, passou por cima de seus defensores e destruiu uma famosa estátua de mármore, marfim e ouro do deus Serapeon. Pior, o líder cristão ordenou que monges se instalassem nos templos pagãos, transformando-os em igrejas!

Alguns anos depois, Cirilo, o sobrinho sucessor do patriarca cristão, expandiu o escopo dos ataques, dirigindo sua ira religiosa dessa vez aos judeus. Exigiu a expulsão da grande população judia da cidade. O governador cristão moderado recusou e essa recusa foi apoiada pela elite intelectual pagã da cidade, cuja representante mais conhecida era a influente, lendariamente linda quando jovem, e imensamente culta Hipátia. Filha de um matemáticos, um dos famosos estudiosos residentes do Museu, havia ficado famosa por suas realizações em Astronomia, Música, Matemática e Filosofia.

As mulheres no mundo antigo muitas vezes tinham vidas reclusas, mas não ela. Na época dos primeiros ataques às imagens pagãs, ela e seus seguidores nitidamente mantiveram distantes, dizendo a si mesmos talvez que a destruição de estátuas animadas deixava intacto o que era realmente importante. Mas com a agitação contra os judeus deve ter ficado claro que as chamas do fanatismo não iriam morrer.

O fato de Hipátia ter apoiado Orestes, governador de Alexandria, quando ele se recusou a expulsar a população judia da cidade, incitou a circulação de boatos de que seu profundo envolvimento com Astronomia, Matemática e Filosofia – tão estranho, afinal, por parte de uma mulher – era sinistro: ela devia ser uma bruxa, praticar magia negra!

Em março de 415, a multidão incitada arrancou Hipátia de sua carruagem e a levou para um templo que simbolizava a destruição do paganismo para dar lugar à “única e verdadeira fé”. Ali, depois de ter as roupas rasgadas, sua pela foi arrancada com cacos de cerâmica. A turba então arrastou seu cadáver para fora dos muros da cidade e o queimou. Seu líder “herói”, Cirilo, acabou canonizado pela Igreja Católica Apostólica Romana…

O assassinato de Hipátia significou mais do que o fim de uma pessoa notável. Ele efetivamente marcou o declínio da vida intelectual alexandrina. Foi o sinal da morte de toda a tradição intelectual pagã da Antiguidade. Nos anos seguintes, a biblioteca de Alexandria com toda sua cultura clássica, praticamente, deixou de ser mencionada.

No fim do século IV, os romanos tinham praticamente abandonado a leitura como atividade séria. Não foram responsáveis só os ataques dos bárbaros ou o fanatismo dos cristãos. Com a perda das âncoras culturais, o Império Romano lentamente desmoronava em uma decadência que levava a uma trivialidade vulgar. No lugar do filósofo, chamava-se o cantor, antecessor da “celebridade” de hoje…

Quando, depois de uma longa e lenta agonia, o Império Romano ocidental finalmente ruiu – o último imperador, Rômulo Augústulo, renunciou sem alarde em 476 (exatamente 1.300 anos antes do nascimento do futuro Império Norte-americano) –, as tribos germânicas que tomaram uma província depois da outra não tinham nenhuma tradição letrada. Como os conquistadores eram em sua grande maioria cristãos, aqueles dentre eles que haviam aprendido a ler e a escrever não tinham nenhum incentivo para estudar as obras de autores pagãos clássicos como os filósofos gregos.

A barbárie predominou devido à intolerância religiosa. 

Roubo na Internet – Hackers roubam US$ 11 milhões de bancos


Um agente de ameaças roubou US$ 11 milhões de diversos bancos. Usando um driver do Windows assinado, ele fez ataques a diversos bancos de língua francesa. As atividades se encaixam no perfil do grupo de hackers OPERA1ER, aos quais foram atribuídos pelo menos 35 ataques bem-sucedidos entre 2018 e 2020.
Ao que tudo indica, a quadrilha tem membros que falam francês e estão localizados no continente africano. Além de visarem organizações da região, também atingiram empresas na Argentina, Paraguai e Bangladesh, segundo o Bleeping Computer.
Em um artigo, pesquisadores da Symantec revelaram detalhes sobre a atividade de um grupo cibercriminoso que eles rastreiam como Bluebottle. Este grupo compartilha técnicas, táticas e procedimentos (TTPs) com os hackers OPERA1ER.
As operações dos agentes que roubaram os bancos foram relatadas pela empresa de segurança cibernética Group-IB em um longo relatório publicado no início de novembro de 2022. Os pesquisadores sentiram falta de um malware personalizado e o uso de ferramentas já disponíveis em seus ataques.

Os pesquisadores dizem que o malware tinha dois componentes, “uma DLL de controle que lê uma lista de processos de um terceiro arquivo e um driver ‘auxiliar’ assinado controlado pelo primeiro driver é usado para encerrar os processos na lista”.
Ao que tudo indica, o driver malicioso foi usado por diversos grupos cibercriminosos para desabilitar a defesa. A Mandiant e a Sophos relataram em meados de dezembro uma lista de drivers kernel verificados com as assinaturas Authenticode do Windows Hardware Developer Program da Microsoft .
Após rastreio e análises, os pesquisadores comprovaram que os hackers têm assinatura legítima de entidades confiáveis ​​para que suas ferramentas maliciosas possam passar por mecanismos de verificação e assim evitar a detecção.
Segue uma lista de ferramentas e utilitários que podem conter uso duplo disponíveis no sistema:

Quser para descoberta de usuários
Ping para verificar a conectividade com a Internet
Ngrok para tunelamento de rede
Net localgroup /add para adicionar usuários
Cliente Fortinet VPN – provavelmente para um canal de acesso secundário
Xcopy para copiar arquivos wrapper RDP
Netsh para abrir a porta 3389 no firewall
A ferramenta Autoupdatebat ‘Automatic RDP Wrapper installer and updater’ para habilitar
várias sessões RDP simultâneas em um sistema
SC privs para modificar as permissões do agente SSH – isso pode ter sido adulteração para roubo de chave ou instalação de outro canal

De ☻lho nas Redes – O Fiasco do Metaverso


Quando Mark Zuckerberg anunciou que mudaria o nome da holding controladora do Facebook para Meta, em 2021, ninguém duvidou que a aposta do empresário no metaverso era pra valer.
Àquela altura, no auge da pandemia, o mundo corporativo vivia mergulhado em reuniões virtuais e muita gente séria intuiu que o ambiente virtual em que as pessoas poderiam interagir por meio de realidade aumentada seria a nova fronteira da tecnologia. Além disso, quem duvidaria de Zuckerberg, o gênio que mudou a forma como as pessoas se relacionam ao criar a famosa rede social? O Facebook não apenas deu fama global a seu inventor, como o tornou o jovem mais rico do planeta. Seria, portanto, uma sandice questionar os novos sonhos do lendário empreendedor. Pouco mais de um ano depois, contudo, o metaverso é um tremendo fiasco. Não à toa, a Meta demitiu 11 000 funcionários em 2022, o equivalente a 13% de sua força de trabalho — foi o maior corte nos dezoito anos de história do Facebook. Também no ano passado, as ações da empresa desabaram 66%. O que fez Zuckerberg? Confiante, ele dobrou a aposta no projeto.
Nos últimos dias de 2022, a Meta anunciou que dedicará 20% de seus recursos à Reality Labs, divisão de negócios responsável pelas tecnologias ligadas à realidade virtual. Andrew Bosworth, diretor da área, afirmou que o valor faz sentido para que a Meta permaneça na vanguarda de uma das “indústrias mais inovadoras do mundo”. Trata-se de uma visão de longo prazo, segundo ele, mas que até agora não se pagou. Para ter ideia, a Reality Labs teve perdas de 9,4 bilhões de dólares nos primeiros nove meses de 2022, enquanto a família de aplicativos formada por Facebook, WhatsApp, Instagram e Messenger reportou lucro de 32 bilhões de dólares no mesmo período.
Os investidores não estão satisfeitos. Recentemente, Brad Gerstner, do fundo Altimeter Capital, dono de centenas de milhares de dólares em ações da Meta, publicou uma carta com críticas a Zuckerberg, na qual afirmava que ele havia perdido o foco e estava vivendo em uma “terra de excessos”.
Em resposta, o CEO da Meta argumentou que a maior parte dos recursos da companhia é usada nas redes sociais, enquanto apenas uma parcela é destinada ao segmento de realidade aumentada. A queda do valor das ações da Meta, porém, mostra que a confiança do mercado foi abalada. O desânimo de investidores após um período inicial de empolgação não está restrito à Meta. Outras plataformas semelhantes foram invadidas por entusiastas, especialmente no fim de 2021.
Na época, terrenos virtuais chegaram a ser vendidos por valores inacreditáveis, como os 2,4 milhões de dólares pagos por um espaço no mundo on-line Decentraland. Pouco depois, outra plataforma, The Sandbox, quebrou o recorde ao registrar a negociação de um terreno por 4,3 milhões de dólares. Atualmente, o preço das ações dessas empresas, negociados em criptoativos, é irrisório. Os papéis de Decentraland valem 0,31 dólar, quase 95% menos do que no auge, quando chegaram a 5,90 dólares. Por sua vez, as ações do The Sandbox custam 0,39 dólar, 95% abaixo da máxima histórica de 8,44 dólares. Parte da decepção é explicada pela falta do que fazer nessas plataformas. Nenhuma delas é, nem de longe, um substituto minimamente razoável para qualquer atividade feita no mundo real. Não é o melhor lugar para fazer compras on-line, conversar com os amigos ou jogar algum game. É possível que, no futuro, a situação mude. Zuckerberg afirmou que não acredita que a humanidade usará os mesmos computadores e dispositivos atuais nos próximos dez anos, e está disposto a contribuir para a criação de novas tecnologias. Ele já fez isso antes. O Facebook levou alguns anos para se firmar, mas hoje em dia é a maior rede social do planeta, com mais de 2 bilhões de usuários. Algumas inovações levam tempo para conquistar o público. Resta saber se os responsáveis por injetar recursos na empresa de Zuckerberg terão paciência para esperar.

Futebol – Morre Roberto Dinamite aos 68 anos


Morreu o maior ídolo da história do Vasco. Roberto Dinamite faleceu, às 10h50, aos 68 anos. Ele vinha lutando contra um tumor no intestino desde o fim de 2021, teve uma piora no quadro e foi internado na última quinta no hospital da Unimed, no Rio de Janeiro.
Em postagem no perfil oficial de Roberto Dinamite no Instagram, a família do ex-jogador confirmou a morte e agradeceu as mensagens que recebeu ao longo do domingo:

“É com enorme pesar que os filhos Luciana, Tathiana, Roberta e Rodrigo, e sua esposa Liliane, comunicam o falecimento de Carlos Roberto de Oliveira, o grande Roberto Dinamite. Eternizado na história do futebol brasileiro e mundial, o maior ídolo do Club de Regatas Vasco da Gama se despediu hoje de familiares, amigos e fãs espalhados por todo o país. A família agradece as inúmeras mensagens de carinho recebidas pelo falecimento do pai e marido Roberto Dinamite. Informamos que o velório acontecerá no Estádio de São Januário, nesta segunda-feira, dia 09/01, das 10h às 19h. Muito obrigado por tanto carinho! Ele lutou!
Carlos Roberto de Oliveira nasceu em 13 de abril de 1954, em Duque de Caxias (RJ). Mas Roberto Dinamite veio ao mundo em 25 de novembro de 1971, no Maracanã. Foi neste dia que o atacante, então aos 17 anos, recebeu o apelido que marcou sua trajetória depois de fazer seu primeiro gol pelo Vasco, na vitória por 2 a 0 sobre o Internacional. A manchete do Jornal dos Sports do dia seguinte foi a certidão de batismo: “Garoto-dinamite explodiu”.
Este foi o primeiro dos 708 gols de Roberto em 1.110 jogos pelo Vasco. O primeiro dos 190 gols marcados no Campeonato Brasileiro, marca que até hoje ninguém alcançou. Este foi também apenas o primeiro dos muitos capítulos marcantes do ídolo com a camisa cruz-maltina. Pelo Vasco, Roberto conquistou um Campeonato Brasileiro (1974) e cinco Campeonatos Cariocas (1977, 1982, 1987, 1988 e 1992).
Mas não são apenas títulos que contam a relação de Roberto Dinamite com o Vasco. Há episódios históricos como a volta do ídolo ao clube, em 1980, após uma breve passagem pelo Barcelona. Num Maracanã com 100 mil pessoas, ele marcou todos os gols da equipe na vitória por 5 a 2 sobre o Corinthians.
Roberto também teve breves passagens pela Portuguesa, em 1989, e pelo Campo Grande, em 1991, antes de retornar ao clube do coração para encerrar a carreira em fevereiro de 1993 num amistoso entre Vasco e La Coruña, da Espanha, no Maracanã. Naquele dia, Zico, ídolo do rival Flamengo, vestiu a camisa cruz-maltina para homenagear o amigo.
Depois de deixar os gramados, foi a vez de Roberto Dinamite reencontrar o Vasco no gabinete. Numa disputa ferrenha, ele foi eleito presidente em 2008 e logo teve que lidar com o primeiro rebaixamento da história do clube. No ano seguinte, a equipe conquistou o título da Série B do Brasileirão e, em 2011, alcançou o inédito título da Copa do Brasil. Em 2013, entretanto, o Vasco caiu novamente para a Segunda Divisão, e Roberto encerrou seu segundo mandato no ano seguinte.
Mesmo com os altos e baixos na presidência, Roberto Dinamite nunca deixou de ser ídolo do Vasco. Prova disso é que, em outubro de 2021, um programa de financiamento coletivo arrecadou, em menos de seis horas, R$ 190 mil para a construção de sua estátua em São Januário. O monumento foi inaugurado em 28 de abril de 2022, com grande festa.
Duas Copas do Mundo
Roberto Dinamite marcou 26 gols com a camisa da seleção brasileira. Ele foi titular e artilheiro da Seleção em 1978, na Copa da Argentina – marcou três gols em cinco jogos. Mas foi reserva com Telê Santana na Copa de 1982. Sem entrar em campo.

le também foi artilheiro da Copa América de 1983 – com três gols. O Uruguai foi o campeão naquela edição, e o Brasil terminou em segundo lugar.
Gols na carreira:
Vasco: 708 gols
Seleção Brasileira: 26 gols
Barcelona: 3 gols
Portuguesa: 11 gols
Amistosos: 36 gols
Total: 784 gols
Títulos pelo Vasco:
Campeonato Brasileiro: 1974
Campeonato Brasileiro de seleções estaduais: 1987
Campeonato Carioca: 1977, 1982, 1987, 1988 e 1992
Taça Guanabara: 1976, 1977, 1986, 1987, 1990 e 1992
Taça Rio: 1975, 1977, 1980, 1981, 1984 e 1988
Copa Rio: 1984, 1988, 1992
Torneio do Bicentenário dos Estados Unidos: 1976
Copa Rio Branco: 1976
Taça Oswaldo Cruz: 1976
Copa Atlântica: 1976
Torneio Quadrangular do Rio: 1973
Copa da cidade de Sevilla (Espanha): 1979
Torneio Colombino Huelva (Espanha): 1980
Copa Manauense: 1980
Troféu da cidade de Funchal (Portugal): 1981
Copa João Havelange: 1981
Torneio Verão: 1982
Troféu Ramon de Carranza: 1987 e 1988
Copa de Ouro: 1987
Copa do Rei Pelé: 1991
Conquistas pessoais:
Bola de Prata da Revista Placar: 1979, 1981 e 1984
Artilheiro do Campeonato Brasileiro: 1974 (16 gols) e 1984 (16 gols)
Artilheiro do Campeonato Carioca: 1978 (19 gols), 1981 (31 gols) e 1985 (12 gols)
Artilheiro da Copa América: 1983
Estatísticas pelo Vasco:
Temporadas em que atuou: 22
Jogos pelo Vasco: 1.110 (recorde)
Maior Artilheiro em Campeonatos Brasileiros: 190 gols
Maior Artilheiro do Campeonato Carioca: 279 gols
Maior Artilheiro em São Januário: 184 gols
Primeiro jogo: Vasco 0 a 1 Bahia (Campeonato Brasileiro, 14 de Novembro de 1971, Fonte Nova)
Primeiro gol: Vasco 2 a 0 Inter-RS (Campeonato Brasileiro, 25 de Novembro de 1971, Maracanã).
Último jogo: Vasco 0 a 2 Deportivo La Coruña (Espanha) (Amistoso, 24 de Março de 1993, Maracanã).
Último gol: Vasco 1 a 0 Goytacaz (Campeonato Carioca, 26 de Outubro de 1992, São Januário).
FONTE: Vasco

Cotidiano – Quebra Pau em Brasília


Aos gritos de “faxina geral” e ao som do Hino Nacional, bolsonaristas ocuparam a Esplanada dos Ministérios, na tarde deste domingo (8/1/2022), em protesto contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições 2022.
Por volta das 14h40, extremistas invadiram o Congresso Nacional sob uma chuva de bombas de gás lacrimogênio. Em seguida, conseguiram passar pelas barricadas da Polícia Militar do Distrito Federal e entrar no Palácio do Planalto, sede da Presidência da República.
Vidraças, cadeiras e mesas dos dois prédios públicos foram quebradas (veja fotos do interior do Palácio do Planalto depredado). Funcionários do Congresso Nacional que estavam de plantão foram ameaçados.
“Deus está do nosso lado e vai jogar todo o gás pra eles de volta”, disse um dos manifestantes enquanto tentava invadir a Corte. “A polícia está com nós. A PM liberou para gente ficar aqui”, afirmou um bolsonarista.
Para invadir os prédios do Legislativo, Executivo e Judiciário, os manifestantes partiram para cima dos agentes da PM que faziam o isolamento dos prédios públicos.
As cenas de vandalismo na capital federal renderam a demissão do secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal na segurança pública do DF para conter a depredação promovida pelos manifestantes.

O roteiro da invasão
O maior grupo de manifestantes partiu do quartel-general do Exército, em Brasília, rumo à Esplanada dos Ministérios por volta das 13h30. Alguns dos bolsonaristas foram à região central da capital da República com pedaços de pau na mão.
“Vamos Brasília, derrubar o Congresso”, inflamou um dos “patriotas”.
Já na altura do Estádio Nacional Mané Garrincha, um caminhão com ambulante (foto na galeria acima) ofereceu água aos bolsonaristas, que recusaram e chamaram o vendedor de “petista”. “Não compre água dele, ele é petista”, gritou um manifestante.

Agentes da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) pararam parte dos extremistas que estavam armados e começaram a revistá-los. Algumas pessoas carregavam armas brancas. Havia manifestantes portando máscaras de gás, já prevendo eventual confronto com policiais.
Ao passarem próximos aos hotéis do Setor Hoteleiro Norte, hóspedes balançaram bandeiras em apoio a Lula e receberam gritos de “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”. A polícia precisou interromper o trânsito de duas faixas do Eixo Monumental, sentido Rodoviária, para garantir a segurança dos protestantes.
Segurança reforçada em Brasília
Brasília amanheceu neste domingo (8/1) com policiamento reforçado. O maior fluxo de forças de segurança se encontra nas proximidades da Esplanada dos Ministérios, onde está prevista uma manifestação contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tropas da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e membros da Força Nacional de Segurança guardam o local, em caso da presença de extremistas.

Um novo grupo de manifestantes bolsonaristas chegou ao Quartel General do Exército de Brasília neste domingo. Em pequenos grupos e duplas, os descontentes com o presidente petista estão descendo para a Esplanada. Há, ainda, uma concentração de pessoas perto do Ministério da Saúde e do Itamaraty.
Convite para as manifestações
Ao longo da última semana, bolsonaristas convocaram um ato na capital da República, só que sem aval da Segurança Pública do DF. De qualquer forma, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), disse no sábado (7/1) à coluna Grande Angular, que as manifestações estão liberadas desde que ocorram de maneira “pacífica”.
Neste domingo (8/1/2023), o ministro da Justiça, Flávio Dino, escreveu, em seu perfil no Twitter, esperar que não ocorram atos violentos, para que a polícia não precise agir.

Ciência de Dentes e Garras



Em 1787, alguém em Nova Jersey – exatamente quem parece hoje ter sido esquecido – encontrou um fêmur enorme projetando-se para fora de uma margem de rio em um local chamado Woodbury Creek.
O osso claramente não pertencia a nenhuma espécie de animal ainda viva, pelo menos não em Nova Jersey. Do pouco que se sabe agora, acredita-se que tenha pertencido a um hadrossauro, um grande dinossauro com bico de pato. Naquela época, os dinossauros eram desconhecidos.
Encontrado foi também o primeiro a ser perdido.
O fato de o osso não despertar maior interesse é bem estranho, pois ele apareceu numa época em que os Estados Unidos viviam uma onda de entusiasmo em torno dos resquícios de animais grandes e antigos. A causa dessa efervescência foi uma afirmação estranha do grande naturalista francês conde de Buffon – aquele das esferas aquecidas do capítulo anterior – de que os seres vivos do Novo Mundo eram inferiores, em quase todos os aspectos, aos do Velho Mundo.

A América, Buffon escreveu em seu vasto e estimado Histoire naturelle, era uma terra onde a água era estagnada, o solo, improdutivo e os animais, sem tamanho nem vigor, tinham suas constituições enfraquecidas pelos “vapores nocivos” que emergiam de seus pântanos pútridos e de suas florestas sem sol. Em tal ambiente, mesmo os índios nativos careciam de virilidade. “Eles não têm nenhuma barba nem pêlos
no corpo”, confidenciou o sabichão, “e nenhum ardor pelas mulheres.” Seus órgãos reprodutivos
eram “pequenos e fracos”.
Neste ínterim, em Filadélfia – a cidade de Wistar – os naturalistas haviam começado a reunir os
ossos de um animal gigantesco, semelhante a um elefante, conhecido de início como “o grande
incógnito americano”, mais tarde identificado, não de todo corretamente, como um mamute. O
primeiro desses ossos fora descoberto em um lugar chamado Big Bone Lick, em Kentucky, mas logo outros surgiram por toda parte. Os Estados Unidos, ao que se afigurava, havia sido no passado a terra natal de um animal realmente substancial – que sem dúvida refutaria as tolas alegações francesas de Buffon.
No afã de demonstrar o volume e a ferocidade do incógnito, os naturalistas americanos parecem ter
exagerado um pouco. Eles superestimaram seu tamanho em seis vezes e deram-lhe garras
assustadoras, que na verdade vieramde um Megalonyox, ou preguiça-terrícola-gigante, encontrado por perto. Notadamente, eles se persuadiram de que o animal desfrutara da “agilidade e ferocidade do tigre”, e retrataram-no em ilustrações saltando de pedras sobre as presas com a elegância de um felino. Quando presas foram descobertas, forçaram a barra para ajustá-las à cabeça do animal de várias maneiras inventivas. Um restaurador as prendeu de cabeça para baixo, como os caninos de um
tigre-dentes-de-sabre, dando-lhe um aspecto satisfatoriamente agressivo. Outro dispôs as presas curvadas para trás com base na teoria atraente de que o animal havia sido aquático, usando-as para se agarrar nas árvores enquanto cochilava. A observação mais pertinente sobre o incógnito, porém, foi que parecia extinto – fato que Buffon de bom grado aproveitou como prova de sua natureza incontestavelmente degenerada.
Buffon morreu em 1788, mas a controvérsia prosseguiu. Em 1795, uma seleção de ossos chegou a Paris, onde foram examinados pela estrela em ascenção da paleontologia, o jovial e aristocrático Georges Cuvier. Cuvier já vinha fascinando as pessoas com seu talento incomum para reunir pilhas de ossos desarticulados, dando-lhes uma forma. Dizia-se que ele era capaz de descrever o aspecto e a natureza de um animal com base em um único dente ou fragmento de maxilar, e muitas vezes ainda dizer o nome da espécie e do gênero. Percebendo que não ocorrera a ninguém nos Estados Unidos redigir uma descrição formal do animal pesadão, Cuvier resolveu fazê-lo, tornando-se assim seu descobridor oficial. Chamou-o de mastodonte (que significa, um tanto inesperadamente, “dentes em
forma de mamilo”).
Inspirado pela controvérsia, em 1796 Cuvier escreveu um artigo memorável, Note on the species of living and fossil elephants [Nota sobre as espécies de elefantes vivos e fósseis], em que apresentou pela primeira vez uma teoria formal das extinções.
Sua crença era de que, de tempos em tempos, a Terra experimentara catástrofes globais em que grupos de animais foram exterminados. Para as pessoas religiosas, incluindo o próprio Cuvier, a ideia trazia implicações desagradáveis, já que sugeria uma casualidade inexplicável por parte da Providência. Com que finalidade Deus criaria espécies para depois exterminá-las? A noção contrariava a crença na Grande Cadeia dos Seres, que sustentava que o mundo estava cuidadosamente ordenado e que cada ser vivo dentro dele tinha um lugar e um propósito, e sempre tivera e viria a ter. Jefferson, por exemplo, não conseguia aceitar a ideia de que espécies inteiras pudessem desaparecer (ou mesmo evoluir).
Assim, quando sugeriram que enviar um grupo para explorar o interior dos Estados Unidos além do Mississippi poderia ter valor científico e político, ele se empolgou com a ideia, esperando que os intrépidos aventureiros encontrassem bandos de mastodontes saudáveis e outros animais avantajados pastando nas planícies férteis. O secretário pessoal de Jefferson, e seu amigo íntimo, Meriwether Lewis, foi escolhido como um dos líderes e designado o naturalista-chefe da expedição. A pessoa escolhida
para aconselhá-lo na busca de animais, vivos ou mortos, foi ninguém menos que Caspar Wistar.
Naquele mesmo ano – na verdade, no mesmo mês – em que o aristocrático e célebre Cuvier propunha suas teorias da extinção em Paris, do outro lado do canal da Mancha, um inglês um pouco mais obscuro tinha um insight sobre o valor dos fósseis que também teria ramificações duradouras.
William Smith era um jovem supervisor da construção do canal de Somerset Coal. Na noite de 5 de janeiro de 1796, estava sentado numa estalagem em Somerset quando anotou a ideia que o tornaria famoso.
Para interpretar rochas, é preciso certo meio de correlação, uma base para saber que
aquelas rochas carboníferas de Devon são mais novas do que as rochas cambrianas de Gales. O
insight de Smith foi perceber que a resposta repousa nos fósseis. Em cada mudança de estrato de rocha, certas espécies de fósseis desapareciam, enquanto outras continuavam em níveis subsequentes.
Percebendo quais espécies apareciam em quais estratos, era possível determinar a idade relativa das rochas onde cada espécie aparecia. Com base em sua experiência de topógrafo, Smith começou a traçar um mapa dos estratos de rocha britânicos, que seria publicado, após várias tentativas, em 1815 e se tornaria um dos pilares da geologia moderna. (Essa história é narrada em detalhes no popular livro de Simon Winchester, O mapa que mudou o mundo).
Infelizmente, depois de seu insight, Smith curiosamente não se interessou em entender por que as rochas estavam dispostas da maneira como estavam. “Parei de tentar decifrar a origem dos estratos e me contento em saber que é assim que eles são”, ele registrou. “Os porquês não podem estar ao alcance de um topógrafo de minerais.”
A revelação de Smith sobre os estratos aumentou o mal-estar moral em relação às extinções. Para
início de conversa, ela confirmava que Deus havia extinguido animais não uma vez ou outra, mas
repetidamente. Mais do que indiferente, isso O fazia parecer estranhamente hostil. Além disso,
tornava inconveniente necessário explicar como algumas espécies foram exterminadas, enquanto
outras continuaram incólumes por longas eras de sucesso. Era evidente que as extinções iam além do mero dilúvio bíblico. Cuvier resolveu a questão, para sua própria satisfação, sugerindo que o Gênese dizia respeito apenas à inundação mais recente.
Deus, ao que se afigurava, não quisera perturbar
ou alarmar Moisés com notícias de extinções anteriores e irrelevantes.
Desse modo, nos anos iniciais do século XIX, os fósseis assumiram certa importância inevitável, o
que torna ainda mais deplorável a incapacidade de Wistar de dar o devido valor a seu osso de
dinossauro. De qualquer forma, de repente, ossos vinham aparecendo por toda parte. Várias outras
oportunidades surgiram para os norte-americanos reivindicarem a descoberta dos dinossauros, mas
todas foram desperdiçadas. Em 1806, a expedição de Lewis e Clark passou pela formação de Hell
Creek, em Montana, uma área onde os caçadores de fósseis iriam, mais tarde, literalmente esbarrar
em ossos de dinossauros, e chegou a examinar o que era sem dúvida um osso de dinossauro
incrustado na rocha, mas não tirou nenhuma conclusão daquilo.
Outros ossos e pegadas
fossilizadas foram encontrados no vale do rio Connecticut, na Nova Inglaterra, depois que um jovem fazendeiro chamado Plinus Moody descobriu rastros antigos em uma saliência de rocha em South Hadley, Massachusetts. Alguns desses fósseis pelo menos sobrevivem – particularmente os ossos de um anquissauro, que fazem parte do acervo do Museu Peabody, em Yale. Encontrados em 1818, foram os primeiros ossos de dinossauro a ser examinados e salvos, mas infelizmente sua verdadeira importância só veio a ser reconhecida em 1855. Naquele ano de 1818, Caspar Wistar morreu, contudo adquiriu uma imortalidade inesperada quando um botânico chamado Thomas Nuttall batizou com o nome dele uma adorável trepadeira. Alguns botânicos puristas ainda insistem em chamá-la de
wistéria (glicínia).
Àquela altura, porém, a liderança paleontológica havia passado para a Inglaterra. Em 1812, em Lyme Régis, na costa de Dorset, uma criança extraordinária chamada Mary Anning – de onze, doze ou treze anos, dependendo do relato que se lê – encontrou um estranho monstro marinho fossilizado, com cinco metros de comprimento, hoje conhecido como ictiossauro, incrustado nos penhascos íngremes e perigosos ao longo do canal da Mancha.
Anning era insuperável na capacidade de encontrar fósseis, e ainda por cima conseguia extraí-los com delicadeza e sem danificá-los. Se você tiver a chance de visitar a sala de répteis marinhos antigos do Museu de História Natural de Londres, não deixe de fazê-lo, pois não há outra forma de apreciar a escala e a beleza das realizações dessa jovem, trabalhando praticamente sozinha, com as
ferramentas mais básicas, em condições quase inviáveis. Só o plesiossauro consumiu dez anos de
escavação paciente.
Apesar de pouco instruída, Anning também conseguia fornecer desenhos e
descrições adequados para os estudiosos. Mas, apesar de suas habilidades, descobertas importantes
eram raras, e ela passou a maior parte da vida na pobreza.
É difícil imaginar alguém mais esquecido na história da paleontologia que Mary Anning, mas houve
alguém que chegou perto. Seu nome era Gideon Algernon Mantell, e ele era um médico rural em
Sussex.
Embora fosse um poço de defeitos – vaidoso, autocentrado, pedante, negligente com a família –,
nunca houve um paleontologista amador mais dedicado. Ele também teve a sorte de ter uma esposa
dedicada e observadora. Em 1822, enquanto o marido atendia a um paciente no interior de Sussex, a sra. Mantell foi passear por uma alameda próxima e, numa pilha de cascalho que havia sido deixada
para tapar buracos, encontrou um objeto curioso: uma pedra marrom curva, do tamanho de uma noz
pequena. Sabedora do interesse do marido em fósseis, e achando que aquilo poderia ser um, ela a
levou consigo. Mantell viu de imediato que se tratava de um dente fossilizado, e, após um breve
estudo, convenceu-se de que era de um animal herbívoro, réptil, extremamente grande – com vários
metros de comprimento – e do período Cretáceo.
Cabe lembrar que Buckland era antes de tudo um geólogo, e mostrou isso em seu trabalho sobre o megalossauro. Em seu relato, para as Transactions of the Geological Society of London [Atas da Sociedade Geológica de Londres], ele observou que os
dentes do animal não estavam presos diretamente ao osso maxilar, como nos lagartos, mas inseridos
em alvéolos à maneira dos crocodilos. Entretanto, tendo observado esse detalhe, Buckland deixou de
perceber o que de fato importava: que o megalossauro era um tipo de animal totalmente novo. Assim, embora seu relato demonstrasse pouca perspicácia ou visão, foi a primeira descrição publicada de um dinossauro. Portanto, Buckland ficou com a fama da descoberta dessa linhagem antiga de seres, embora Mantell a merecesse muito mais.
Sem saber que sua vida seria uma sucessão de desapontamentos, Mantell continuou caçando fósseis – ele encontrou outro gigante, o Hylaeosaurus, em 1833 – e comprando outros de trabalhadores de pedreiras e fazendeiros, até possuir provavelmente a maior coleção de fósseis da Grã-Bretanha.
Mantell era um excelente médico e um caçador de ossos igualmente talentoso, mas não conseguiu
equilibrar ambos os talentos. À medida que sua mania de colecionar crescia, passou a negligenciar a clinica médica. Logo fósseis atulhavam quase toda a sua casa em Brighton e consumiam grande parte de sua renda. Quase todo o resto servia para financiar a publicação de livros que poucas pessoas se davam ao trabalho de comprar. Illustrations of the geology of Sussex, publicado em 1827, vendeu apenas cinquenta exemplares e deu um prejuízo de trezentas libras – uma soma substancial na época.
Desesperado, Mantell teve a ideia brilhante de transformar sua casa num museu e cobrar ingresso, mas depois percebeu que esse ato mercenário arruinaria sua imagem de cavalheiro, e mais ainda a de cientista. Assim, ele permitiu que as pessoas visitassem sua casa gratuitamente. Elas acorreram às centenas, semana após semana, arruinando a clínica médica e sua vida doméstica. Ele acabou sendo forçado a vender grande parte da coleção para pagar dívidas. Logo depois, sua esposa o abandonou, levando consigo os quatro filhos.
Os dinossauros, construídos com concreto, eram uma espécie de atração extra. Na véspera do Ano-Novo de 1853, um notável jantar foi oferecido a 21
cientistas proeminentes dentro do iguanodonte inacabado. Gideon Mantell, o homem que encontrara e identificara o iguanodonte, não estava entre eles. A pessoa à cabeceira da mesa era o maior astro da jovem ciência da paleontologia. Seu nome era Richard Owen e àquela altura ele já dedicara vários anos produtivos a infernizar a vida de Mantell.
Owen crescera em Lancaster, no Norte da Inglaterra, onde estudara medicina. Tinha uma vocação inata para a anatomia e, de tão dedicado aos estudos, às vezes levava ilicitamente membros, órgãos e outras partes de cadáveres para casa a fim de dissecá-los com calma.
Certa vez, ao levar num saco a cabeça de um marinheiro africano negro que acabara de remover, Owen tropeçou numa pedra úmida e viu, horrorizado, a cabeça cair do saco, rolar ruela abaixo e entrar pela porta aberta de uma casa, indo parar na sala. Podemos imaginar a reação dos moradores ante uma cabeça sem corpo rolando até parar aos seus pés. Supõe-se que não tenham chegado a conclusões precipitadas quando, um instante depois, um homem jovem com ar apavorado correu para dentro da casa, apanhou a cabeça sem falar uma palavra e saiu às pressas.
Em 1825, com apenas 21 anos, Owen mudou-se para Londres e logo após foi contratado pelo
Colégio Real de Cirurgiões para ajudar a organizar suas coleções amplas, mas desordenadas, de
espécimes médicos e anatômicos. A maioria havia sido deixada para a instituição por John Hunter,
um cirurgião afamado e colecionador incansável de curiosidades médicas, porém as peças nunca
haviam sido catalogadas ou organizadas, em grande parte porque a documentação que explicava o significado de cada uma desaparecera após a morte de Hunter.
Owen rapidamente se distinguiu pela capacidade de organização e dedução. Ao mesmo tempo,
revelou-se um anatomista sem igual, com uma aptidão para a reconstituição quase igual à do grande Cuvier, de Paris. Tornou-se tamanho expert na anatomia dos animais que recebeu o direito de dispor de qualquer deles que morresse no zoológico de Londres, que mandava levar para casa a fim de examiná-lo. Certa vez, de volta ao lar, a esposa encontrou um rinoceronte recém-morto atravancando o corredor de entrada.
Owen rapidamente se tornou um grande especialista em todos os tipos de animais vivos e extintos: de ornitorrincos, equidnas e outros marsupiais recém-descobertos ao desafortunado dodô e às extintas aves gigantescas denominadas moas que haviam perambulado pela Nova Zelândia até serem exterminadas pelos maoris, que se alimentavam delas. Foi o primeiro a descrever o arqueópterix, após sua descoberta na Baviera, em 1861, e o primeiro a escrever um epitáfio formal para o dodô. No todo, redigiu cerca de seiscentos artigos sobre anatomia, uma produção prodigiosa.
Mas é por seu trabalho com os dinossauros que Owen é lembrado. Ele cunhou o termo dinosauria em 1841. A palavra significa “lagarto terrível” e foi um nome curiosamente impróprio. Os dinossauros, como sabemos hoje, não eram todos terríveis – alguns não eram maiores que coelhos e é provável que fossem bem recatados – e definitivamente não tinham nenhuma ligação com os lagartos, que são de uma linhagem bem mais antiga (por volta de 30 milhões de anos).
Owen sabia muito bem que os dinossauros eram répteis e tinha à sua disposição uma palavra grega ótima, herpeton, mas por alguma razão preferiu não usá-la. Outro erro mais desculpável (dada a escassez de espécimes na época) é que os dinossauros não constituem uma, e sim duas ordens de répteis: os ornitisquianos,
com quadris de aves, e os saurisquianos, com quadris de lagartos.

Cinema – Fuga Para a Vitória


É um filme americano de 1982, do gênero aventura, dirigido por John Huston.
Trata-se de uma refilmagem do filme húngaro Két félidö a pokolban, dirigido por Zoltán Fábri em 1961.
O enredo de Fuga para a Vitória é vagamente baseado na chamada Partida da Morte, um jogo de futebol não-oficial disputado em 1942 por prisioneiros de guerra soviéticos e soldados nazistas da Wehrmacht. Além disso, o filme acabou se tornando cult porque dele participaram algumas estrelas do futebol, como Bobby Moore, Osvaldo Ardiles, Kazimierz Deyna e Pelé.
Como o filme se passa nos primeiros anos da ocupação alemã da França (provavelmente 1941 ou 1942), o personagem de Pelé, o cabo Luis Fernandez, é identificado como sendo de Trinidad e Tobago, não do Brasil. Os brasileiros não entraram na guerra contra as Potências do Eixo até 1943, com a Força Expedicionária Brasileira chegando à Itália em 1944. Da mesma forma, o personagem do astro argentino Osvaldo Ardiles, Carlos Rey, não é identificado como sendo de nenhum país em particular.
Sinopse
O filme relata a vida de prisioneiros aliados que são internados em um campo de prisão nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Em um campo alemão de prisioneiros de guerra, o major Karl von Steiner (Max Von Sydow), que no passado havia sido jogador da seleção alemã de futebol, tem a ideia de fazer um jogo entre a Alemanha e uma seleção composta pelos prisioneiros aliados, liderados pelo capitão John Colby (Michael Caine), um militar inglês que era um conhecido jogador de futebol. Colby também teria a tarefa de selecionar e treinar o time, para enfrentar o time alemão no Estádio Colombes, que fica próximo a Paris. Enquanto os nazistas, com exceção de Steiner, planejam fazer de tudo para vencer o jogo e assim usar ao máximo a propaganda de guerra nazista, os jogadores aliados planejam uma arriscada fuga durante o intervalo da partida.
Atores
Michael Caine …. capitão John Colby.
Sylvester Stallone …. capitão Robert Hatch.
Max von Sydow …. major Karl von Steiner.
George Mikell …. comandante.
Anton Diffring …. locutor de rádio.
Carole Laure …. Renée.
Gary Waldhorn …. Mueller.
Benoît Ferreux …. Jean Paul.
Clive Merrison …. un falsificador.
Maurice Roëves …. Pyrie.
Michael Cochrane …. Farrell.
Zoltán Gera …. Victor.
Tim Pigott-Smith …. Rose.
Daniel Massey …. coronel Waldron.
Jean-François Stévenin …. Claude.
Arthur Brauss …. capitão Lutz.

Ciência no Século 19



Em meados do século XIX, a maioria das pessoas cultas pensava que a Terra tinha pelo menos alguns
milhões de anos, talvez até algumas dezenas de milhões de anos, mas provavelmente não mais do que isso. Portanto, constituiu uma surpresa o anúncio de Charles Darwin, em 1859, em A origem das espécies, de que os processos geológicos que criaram Weald, uma área do Sul da Inglaterra que se
estende por Kent, Surrey e Sussex, levaram, segundo seus cálculos, 306 662 400 anos para serem
concluídos.
A afirmação foi notável, em parte por ser tão espantosamente específica, mas ainda
mais por contrariar frontalmente os conhecimentos aceitos sobre a idade da Terra.*

  • [Darwin adorava um número exato: num trabalho posterior, ele anunciou que número de minhocas
    encontradas num acre normal de solo do interior da Inglaterra era 53 767.]
    Ela se mostrou tão controversa que Darwin a retirou da terceira edição do livro. Entretanto o
    problema, em sua essência, persistiu: Darwin e seus amigos geólogos precisavam que a Terra fosse
    antiga, contudo ninguém conseguia descobrir como torná-la assim.
    Infelizmente para Darwin, e para o progresso, a questão chamou a atenção do grande lorde Kelvin
    (que, embora notável, sem dúvida, naquela época não passava de William Thomson; ele só receberia
    o título de par do reino em 1892, aos 68 anos e quase no final da carreira, mas seguirei aqui a
    convenção de usar o nome retroativamente). Kelvin foi uma das figuras mais extraordinárias do
    século XIX – aliás, de qualquer século. O cientista alemão Hermann Von Helmholtz, outro gigante
    intelectual, escreveu que Kelvin tinha de longe a maior “inteligência e lucidez, e mobilidade de
    pensamento” dentre todos os homens que havia conhecido. “Eu me sentia meio tosco ao lado dele às
    vezes”, ele acrescentou, com certo desapontamento.
    O sentimento era compreensível, pois Kelvin de fato foi uma espécie de super-homem vitoriano.
    Nasceu em 1824 em Belfast, filho de um professor de matemática da Royal Academical Institution
    que logo depois se transferiu para Glasgow. Ali Kelvin revelou-se tamanho prodígio que foi
    admitido na Universidade de Glasgow com a idade extremamente prematura de dez anos. Aos vinte e
    poucos anos, estudara em instituições em Londres e em Paris, graduara-se por Cambridge (onde
    ganhou os primeiros prêmios da universidade em remo e matemática e ainda arrumou tempo para
    criar uma sociedade musical), fora escolhido membro da Peterhouse College da Universidade de
    Cambridge e escrevera (em francês e em inglês) uma dúzia de artigos sobre matemática pura e
    aplicada de uma originalidade tão incrível que teve de publicá-los anonimamente para não constranger seus superiores.
    Aos 22 anos, retornou à Universidade de Glasgow para assumir uma cátedra de filosofia natural, cargo que manteve durante os 53 anos seguintes.
    No decorrer de uma longa carreira (ele viveu até 1907, morrendo aos 83 anos), escreveu 661 artigos,
    acumulou 69 patentes (que o deixaram rico) e adquiriu renome em quase todos os ramos das ciências físicas. Entre muitas outras coisas, sugeriu o método que levou diretamente à invenção da refrigeração, criou a escala de temperatura absoluta que ainda leva seu nome, inventou os dispositivos de regulação que permitiram o envio de telegramas através dos oceanos e fez um sem-
    número de aperfeiçoamentos em embarcações e na navegação, da invenção de uma bússola marítima
    popular à criação da primeira sonda de profundidade. E essas foram tão-somente suas realizações práticas.
    Seu trabalho teórico, em eletromagnetismo, termodinâmica e na teoria ondulatória da luz, foi
    igualmente revolucionário.*
    *[Em particular, ele elaborou a Segunda Lei da termodinâmica. Uma discussão dessas leis ocuparia
    um livro inteiro, mas ofereço aqui este resumo algo irônico do químico P. W. Atkins, só para dar uma
    ideia delas: “Existem quatro leis. A terceira delas, a Segunda Lei, foi reconhecida primeiro; a
    primeira, a Lei no Zero, foi formulada por último; a Primeira Lei foi a segunda; a Terceira Lei talvez
    nem seja uma lei no mesmo sentido das outras”. Em termos mais sucintos, a Segunda Lei afirma que
    um pouco de energia sempre é desperdiçada. Não é possível um dispositivo de moto contínuo,
    porque, por mais eficiente que seja, ele sempre perder á energia e por fim deixará de funcionar. A
    Primeira Lei diz que não se pode criar energia e a Terceira, que não é possível reduzir as
    temperaturas a zero absoluto; sempre restará algum calor residual. Como observa Dennis Overbye,
    as três leis principais são às vezes expressas, de forma jocosa, como (1) Não é possível vencer; (2)
    Não é possível atingir o equilíbrio; e (3) Não é possível abandonar o jogo.]
    Ele só teve uma falha: a incapacidade de calcular a idade correta da Terra. O problema ocupou e
    grande parte da segunda metade de sua carreira, no entanto ele jamais chegou perto de acertar. Sua
    primeira tentativa, em 1862, para um artigo numa revista popular chamada Macmillan’s, indicou que
    a Terra tinha 98 milhões de anos, mas ele cautelosamente admitiu que a cifra poderia cair para 20 milhões de anos ou subir para 400 milhões. Com uma prudência notável, reconheceu que seus
    cálculos poderiam estar errados se “fontes agora desconhecidas por nós estiverem prontas no grande
    depósito da criação” – porém ficou claro que ele achava isso improvável.
    Com a passagem do tempo, Kelvin se tornaria mais direto em suas assertivas e menos correto. Ele
    continuamente revisou suas estimativas para baixo, de um máximo de 400 milhões de anos para 100
    milhões de anos, depois para 50 milhões de anos e, finalmente, em 1897, para meros 24 milhões de
    anos. Não podemos acusá-lo de teimosia. Simplesmente nada na física conseguia explicar como um corpo do tamanho do Sol podia arder de maneira contínua por mais de algumas dezenas de milhões de anos sem esgotar o combustível. A conclusão lógica: o Sol e seus planetas eram relativamente, mas inevitávelmente, jovens.
    O problema era que quase todos os indícios fósseis contradiziam essa juventude. E de repente, no
    século XIX, eis que apareceram montes de indícios fósseis.