11.015 – Arma de Guerra – O super canhão eletromagnético da Marinha dos EUA


canhao-eletromagnetico-marinha-eua

A Marinha dos Estados Unidos vai mostrar publicamente o seu canhão eletromagnético na Naval Future Force Science and Technology Expo, uma exposição em Washington DC, no próximo 4 de fevereiro.
O canhão lança projéteis sólidos por mais de 100 milhas náuticas (cerca de 185 quilômetros) a mais de seis vezes a velocidade do som.
No futuro, em 2016, ele será testado a bordo deste navio de alta velocidade (e aparência assustadora). Salve-se quem puder!

11.014 – Descobertas que desafiam a Física


igfísica

Saiba quais são os fenômenos que a ciência ainda não consegue explicar:

O Sol pode emitir ondas mais quentes que ele mesmo

De acordo com as leis da termodinâmica, o calor viaja sempre do corpo mais quente para o corpo mais frio. É isso que te faz ficar pertinho do fogão aproveitando o calor em dias frios. É uma lei universal. Ou quase. Ao que tudo indica, o Sol consegue emitir ondas de calor mais quentes do que ele mesmo.
A superfície da estrela tem, em média, 5500° Celsius de temperatura. Já a camada que fica a centenas de quilômetros do Sol, conhecida como “corona”, tem uma temperatura média de um milhão de graus Celsius. Segundo a física, a fonte de calor (o Sol) deveria ser mais quente do que sua emissão. Até agora, este é o único caso do fenômeno conhecido no Universo.

A gravidade não faz tanto sentido assim

Ela está envolvida em tudo o que fazemos – afinal é ela que nos mantém presos na Terra. Mas e se a lei da gravidade não fosse uma lei? E se ela não fizer sentido? Pois saiba que em menor escala, ela não faz sentido algum. Basta esfregar o tubo de uma caneta do tipo “Bic” em seus cabelos e passa-la por cima de uma pilha de pedaços de papel. O papel é instantaneamente atraído pela eletricidade estática da caneta e gruda nela, contrariando as leis da física.
Tal fenômeno é chamado de “problema da hierarquia de Higgs”. Quando pequenas partículas são analisadas, a gravidade torna-se muito fraca – ela segue as leis de Newton apenas em objetos maiores. Isso significa que, quanto menor for a escala do objeto analisado, maiores são as possibilidades da gravidade desaparecer completamente. Ou seja: agradeça por estarmos em um planeta grande, que gera força gravitacional suficiente para nos manter no chão (e por termos massa suficiente para “corresponder” a essa força).

Naves espaciais aceleram sem razão aparente

Imagine que você está brincando em uma cadeira de balanço. Você impulsiona seu corpo até atingir a velocidade desejada e, quando atinge seu limite, espera o brinquedo desacelerar para começar a se impulsionar novamente. Agora imagine que, ao parar de tocar os pés no chão, você acelera em vez de parar, voando cada vez mais alto.
Se você lembrar bem das aulas de física, sabe que a lei da conservação de energia diz que esse tipo de situação é impossível. A não ser que você empurre mais o balanço com seus pés, você não irá acelerar, certo? Nem sempre.
Na década de 1980, as naves Pioneer 10 e Pioneer 11, da Nasa, passaram a acelerar depois de uma enorme distância da Terra, em vez de simplesmente terem sua velocidade reduzida. Desde então, cientistas estão tentando descobrir o que aconteceu com as Pioneers e com a nave NEAR e com a sonda Galileo, que passaram pela mesma situação.

A lei da conservação de energia não funciona o tempo todo

Se você rasgar uma folha de papel nos menores pedaços que conseguir, terá a mesma quantidade de papel de sempre, só que em um formato diferente, correto? E o papel simplesmente desaparecesse enquanto você o rasga? Se você é um bom aluno de física sabe que isso não pode acontecer porque nenhum tipo de matéria consegue ser completamente aniquilado – da mesma forma que não conseguimos criar alguma coisa do nada.
Agora suponha que a Terra seja consumida por um buraco negro. A massa dele aumenta, da mesma forma que a sua massa aumenta após as refeições. Afinal, tudo o que você comeu ainda está lá dentro. Só que, algumas vezes, os buracos negros desaparecem completamente – levando tudo o que engoliram junto com eles.
Segundo a física, ao desaparecer eles deveriam emitir uma onda de radiação proporcional a tudo o que consumiram. Mas, de acordo com Stephen Hawking, tudo o que eles fazem é lançar ondas aleatórias de energia. De forma simples: se algum dia a Terra for realmente engolida por um Buraco Negro, não só o planeta deixará de existir, mas também qualquer sinal de que um dia ele existiu.

Partículas se comportam de forma diferente só por que alguém está observando

Lembra daquele amigo que parece até outra pessoa quando está conversando com um grupo de estranhos? Pois existem partículas que se comportam da mesma forma. Durante um dia todo, cientistas pesquisaram o urânio. Sabe-se que esse elemento, quando está instável, passa por um processo de enfraquecimento radioativo depois de certo tempo. E quando os cientistas não estavam olhando, o urânio fazia exatamente o que era esperado dele – enfraquecia.
Mas ao olhar diretamente para o material, os pesquisadores perceberam que havia partículas que nunca enfraqueciam. Ou seja, você pode parar o tempo para o urânio simplesmente olhando para ele. O problema é que, em nossa vida comum, olhar para um pacote de leite para impedir que ele estrague não faz sentido nenhum.

A Teoria da Relatividade de Einstein pode estar errada

Segundo Albert Einstein, o limite da velocidade de tudo o que existe em nosso universo é 299,792,458 metros por segundo – a conhecida velocidade da luz. É nessa regra que se baseia a teoria da relatividade do físico que, desde os anos 1940, quando foi lançada, é aceita pela comunidade científica.
Foi em 2011, quando cientistas do CERN (Organização Européia de Pesquisa Nuclear, localizado na Suíça) dispararam um raio de partículas por 730 km, que a veracidade da teoria foi questionada. O problema é que o raio chegou em seu destino, na Itália, 60 nano segundos antes do que era esperado, o que mostra que o disparo superou a velocidade da luz.
A comunidade científica ficou estarrecida e o teste foi refeito várias vezes – todos os experimentos apresentaram o mesmo resultado: as partículas viajaram mais rápido do que a luz. Isso quer dizer que a viagem em velocidade de dobra de Star Trek é possível, mas, por enquanto, apenas para neutrinos. E, se toda a teoria da relatividade foi derrubada, até a viagem através do tempo será possível.

11.013 – Mega Byte – Proteja seu computador das botnets, as ‘redes zumbis’


O nome botnet vem das palavras em inglês, robot e network, ou seja, rede robô. As botnets também conhecidas como redes de PCs zumbis são malhas de computadores infectados por malwares que podem ser controlados remotamente por cybercriminosos. O termo zumbi existe porque essas máquinas ficam aguardando para responder aos comandos.
Entender como as botnets funcionam parece simples, mas o maior problema é que se a sua máquina realmente estiver sob o domínio das redes zumbis, pode ser que você sequer perceba.
As botnets podem ser utilizadas como forma de distribuição de spam, vírus, ou até mesmo para ciberataques como negação de serviço, o DDoS. É quando milhões de PCs tentam acessar um único servidor, invalidando por sobrecarga, uma página da web.
Os prejuízos causados pelas botnets vão além. Segundo uma pesquisa feita por essa empresa em parceria com o FBI, divulgada no início deste mês de julho, a infecção por botnets em geral atinge 500 milhões de máquinas por ano, representando perdas de 110 bilhões de dólares no mundo todo. É brincadeira?

Se antes as botnets eram pouco conhecidas, hoje, viraram negócio profissionalizado em nível mundial. Entenda como funciona essa cadeia: no primeiro plano, um hacker desenvolve um software malicioso capaz de invadir máquinas sem ser notado. Ele testa em todos os antivírus, passando por todos os softwares de proteção. Em um segundo momento, alguém que possua uma botnet distribui os malwares para diversas máquinas. Aliás, as redes botnets podem ser “alugadas” e exploradas por qualquer pessoa. O terceiro passo é quando o espião que está dentro do computador, rouba as informações, como dados bancários. Em seguida, um outro cybercriminoso retira essas informações do seu PC sem ser notado, passando por diversos endereços em diferentes países, assim não se acha o responsável pelo roubo. No próximo passo uma quadrilha especializada vai acessar a sua conta e tirar o dinheiro dela. Por último, outra pessoa transforma esse dinheiro virtual em dinheiro vivo, sem ser preso.

Se você descobriu que o seu computador faz parte de uma botnet, um antivírus eficiente é capaz de remover estes bots. Mas, vale lembrar, que mesmo utilizando algumas medidas básicas de segurança, os computadores podem continuar infectados. Em alguns casos, o estrago é tão grande, que a única saída é formatar a máquina.

Para evitar os ataques das redes zumbis, algumas dicas são válidas:

– Tenha um bom software antivírus e um firewall instalados
– Mantenha versões atualizadas de qualquer tipo de aplicação em seu computador. Versões antigas podem conter brechas de segurança e funcionar como uma porta de entrada para softwares maliciosos.
– Seja cuidadoso ao instalar aplicativos de desenvolvedores desconhecidos
– Não saia clicando em tudo o que vê pela frente
– Nunca é demais lembrar que e-mails com assuntos suspeitos, devem ir diretamente para o lixo.
– Atenção redobrada para links enviados, até mesmo por conhecidos: as infecções são grandes através das redes sociais ou e-mails.
– Cuidado ao fazer login em qualquer site.

11.012 – Bioquímica – Do que é feito o Homem?


O tratamento embora ajude no desempenho sexual pode ser um tiro pela culatra, causando o câncer de próstata
O tratamento embora ajude no desempenho sexual pode ser um tiro pela culatra, causando o câncer de próstata

A testosterona tem um papel importante na diferenciação dos sexos. Apesar de ser encontrada em ambos, a concentração do hormônio no sangue dos homens é até dez vezes maior do que no das mulheres. Essa diferença é suficiente para determinar as mudanças no corpo que, em última análise, tornam um garoto diferente de uma menina. Por volta da sexta semana de gestação, o feto masculino produz uma grande quantidade de testosterona. Entre outros efeitos, isso gera o desenvolvimento do pênis e dos testículos. Na adolescência, o hormônio chega aos seus níveis mais altos, desencadeando as alterações típicas da idade: o garoto engrossa a voz, experimenta um crescimento acelerado nos ossos e na massa muscular, desenvolve pêlos no corpo e sente o seu desejo sexual aumentar. A partir daí, a quantidade de testosterona no organismo diminui gradativamente até a velhice.
A manipulação dos níveis de testosterona no corpo, geralmente empreendida por homens que se dedicam ao culto da aparência, leva a uma série de resultados polêmicos. O aumento da massa muscular costuma ser o efeito do hormônio mais desejado pelos homens. Em decorrência disso, tornou-se comum, em academias de ginástica, o uso de uma versão sintética da testosterona. “Aumentar a testosterona de pessoas saudáveis é uma aberração”, afirma o endocrinologista Bernardo Leo Wajchenberg, da Universidade de São Paulo. O hormônio pode ser absorvido em pílulas – que causam enormes danos ao fígado – ou por meio de injeções, que não conseguem manter um nível constante de testosterona. As injeções acrescentam, de uma só vez, grandes quantidades do hormônio no sangue e produzem efeitos físicos e psicológicos que vão desde uma explosão de energia e agressividade, nos primeiros dias, até fadiga e depressão, em um momento seguinte.
Uma nova versão em forma de gel foi lançada em há 15 anos anos nos Estados Unidos. Bastaria esfregar a quantidade certa na pele para manter o nível ideal do hormônio no corpo. Os riscos, no entanto, não diminuem para os candidatos a Schwarzenegger.
Além dos efeitos sobre o corpo, suspeita-se que a testosterona seja um importante fator para definir a personalidade. A questão é definir até onde vai essa influência. Para o sociólogo Richard Udry, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, ela pode definir as diferenças fundamentais de comportamento entre homens e mulheres.
Ao longo da nossa evolução, os problemas relacionados à testosterona parecem ter limitado a sua quantidade no nosso corpo. “Níveis muito altos de testosterona estimulariam o sujeito a correr tantos riscos que ele acabaria morrendo antes de procriar”, diz James. Outros estudos indicam que indivíduos castrados – que quase não produzem testosterona – têm a sua expectativa de vida aumentada em 13,6 anos.
Andropausa
Todo mundo sabe que as mulheres, ao envelhecer, estão sujeitas à menopausa, uma súbita queda na quantidade de estrógeno, o principal hormônio feminino. O que poucos sabem é que os homens passam por um processo parecido, a chamada andropausa.
“A quantidade de testosterona no sangue diminui gradativamente com a idade e pode ser responsável por sintomas como perda do interesse em sexo e na vida, falta de memória e osteoporose. Além disso, pode causar diminuição da concentração e piora do desempenho em atividades físicas”, afirma o geriatra John Morley, da Saint Louis University, nos Estados Unidos. Ele calcula que 5% dos homens com 40 anos e 70% dos homens aos 70 anos sofrem de problemas relacionados à menopausa masculina. “A solução para esses casos é repor artificialmente a quantidade desse hormônio”, diz John.
Mas é preciso ir com calma: a terapia aumenta a possibilidade de câncer na próstata e de derrames. Cada caso é um caso e o tratamento só deve ser decidido após exames clínicos rigorosos. Segundo John, o tratamento vale a pena. “O perigo não é muito grande e os benefícios são enormes. A reposição de testosterona pode trazer de volta ao organismo características importantes como disposição e masculinidade.”

11.011 – Grande asteroide se aproximará da Terra nesta segunda-feira, dia 26/janeiro de 2015: saiba como observá-lo


asteroide-passagem-terra-espaco-nasa
Um asteroide de meio quilômetro de diâmetro, denominado 2004 BL86, passará a 1.200.000 km da Terra, ou seja, distância três vezes maior que a de nosso planeta em relação à Lua, segundo a Nasa. Até o ano 2027, esse asteroide será o que mais se aproximará da Terra, embora as probabilidades de que represente uma ameaça efetiva contra o planeta sejam mínimas.
“Em 26 de janeiro, acontecerá a maior aproximação do asteroide 2004 BL86 em 200 anos”, afirmou o diretor do Programa NEO, da NASA, no Jet Propulsion Laboratory, em Pasadena, nos EUA. “Este fato representará a passagem relativamente perto de um asteroide relativamente grande, por isso será uma oportunidade extraordinária para poder observar e aprender”, acrescentou. A passagem do asteroide 2004 BL86 pelo céu noturno da Terra será observável de qualquer hemisfério, através de pequenos telescópios (abertura de 10 cm ou maior) e grandes binóculos, direcionados à constelação de Câncer. O 2004 BL86 atingirá magnitude visual de 9, o que significa que poderá ser observado como uma tênue estrela.

11.010 – Vacinas – Remédio ou Veneno?


Tal dúvida pode parecer absurda, mas não é.

Instituto Pasteur de SP. Instituição científica fundada na França no século 19, pioneira no combate à raiva, hoje dedica-se  principalmente ao desenvolvimento de uma vacina contra o HIV
Instituto Pasteur de SP. Instituição científica fundada na França no século 19, pioneira no combate à raiva, hoje dedica-se principalmente ao desenvolvimento de uma vacina contra o HIV

Grandes momentos da saga das vacinas, do pus da vaca ao DNA
1796 – Edward Jenner injeta a secreção das fístulas de uma vaca com varíola – ou seja, pus – em um menino. Semanas depois inocula a criança com varíola humana e ela não adoece. Daí o nome vacina, derivado da expressão latina materia vaccinia (“substância que vem da vaca”)

1885 – Louis Pasteur cria a vacina anti-rábica, após descobrir que a raiva ataca o sistema nervoso central de mamíferos e é transmitida pela saliva

1911 – Começa a imunização contra a febre tifóide, doença mortal causada por bactérias e caracterizada por febre alta, diarréia e alterações cutâneas

1921 – Surge a vacina BCG, contra a tuberculose. Estudo realizado na França, na década passada, sugere que, em crianças, ela é pouco eficaz na prevenção da tuberculose, mas funciona bem contra meningite tuberculosa

1925 – A difteria e o tétano ganham suas vacinas. Na época, a difteria matava anualmente milhares de crianças entre 1 e 4 anos de idade, devido à obstrução da laringe e da traquéia

1926 – Adotada nos Estados Unidos a vacina contra coqueluche, doença que provoca tosse convulsiva em crianças. Até hoje é o maior alvo da polêmica, por causa de seus fortes efeitos colaterais

1935 – A vacina contra febre amarela, doença típica de áreas silvestres, é introduzida nos Estados Unidos. Sete anos depois passa a ser usada no Brasil, então um dos grandes focos do mal

1955 – Inventada a vacina injetável contra a poliomielite, produzida com vírus inativos. Sua eficácia ficou aquém das expectativas dos cientistas

1960 – Após 30 anos de pesquisas, o polonês naturalizado americano Albert Sabin fabrica uma vacina com vírus vivos da pólio, a famosa gotinha que ajudou a erradicar a doença das Américas

1964 – A primeira geração de vacinas contra sarampo é produzida. De 1967 a 1970, o preventivo ajudou a erradicar o sarampo em Gâmbia, na África. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a doença voltou dois anos depois devido à suspensão da vacinação

1970 – Surge a vacina contra rubéola, mal que ataca principalmente crianças. Em mulheres grávidas pode provocar malformação do bebê

1981 – A vacina contra hepatite B é fabricada com a nova técnica de proteínas recombinantes – genes do vírus são mergulhados em culturas de células, que passam a produzir antígenos. Inoculados no organismo, eles estimulam a produção de anticorpos

1993 – Começam os testes, em ratos, das primeiras vacinas gênicas (ou de DNA), contra Influenza tipo B, malária e Aids. A meta é chegar à vacina polivalente, de dose única e ação permanente, com a transferência de genes de agentes patológicos para células do homem

1999 – Têm início os testes de vacinas de DNA em humanos. No Brasil, o experimento é feito com a vacina contra Haemophilus influenza (gripe)
Antídoto controverso
Empregada no país há quase 60 anos, a vacina contra a febre amarela assusta por seus fortes efeitos colaterais
O hábito de vacinar populações no Brasil começou com uma enorme confusão – a chamada “guerra da vacina”. Em 1904, assustados com o boato de que a injeção transmitia sífilis, milhares de cariocas montaram barricadas nas ruas do Rio de Janeiro para evitar a vacinação obrigatória contra a varíola. A casa do bacteriologista Oswaldo Cruz, que dirigia o programa sanitário, chegou a ser alvo de tiros e, temendo o agravamento dos protestos, o governo recuou. Desde então, nenhum outro fato grave tinha abalado as campanhas de imunização no país até dezembro de 1999. Naquele mês, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) anunciou a morte da menina Andrielly Lacerda dos Santos, de 5 anos, em Goiânia, vítima de febre amarela causada pela própria vacina contra a doença.
Foi o primeiro caso no mundo, informou a Funasa. Não seria, contudo, o único transtorno recente envolvendo a vacina, obrigatória em áreas silvestres do Norte e do Centro-Oeste. Em janeiro do ano passado, Anizete Alves de Lima, de 28 anos, morreu em São Desidério, na Bahia, cinco dias após ser vacinada. Ela apresentava todos os sintomas da febre amarela. E, em 27 de fevereiro, outra jovem, Katy Cristina Ramos, de 22 anos, também faleceu em Campinas, no interior paulista, devido a insuficiência hepática e respiratória surgida no dia seguinte à vacinação. Oficialmente, só a morte da menina goiana foi associada à vacina, com base em laudo do Instituto Adolpho Lutz, de São Paulo.
Na região de Campinas, outro fato chamou a atenção do Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo na mesma época: o aumento desproporcional de casos de meningite viral após a vacinação de dois milhões de pessoas contra a febre amarela. Foram contabilizados 403 casos em dois meses. Desde 1942, há registros estatísticos que sugerem a relação entre a vacina e surtos de meningite no Brasil.
Frase
“Vacinar é adoecer, só que brandamente, sob controle médico”
A vacina do futuro
Em testes desde 1993, as vacinas gênicas inoculam na célula humana parte dos códigos genéticos de vírus e bactérias
O pedaço do DNA do micróbio responsável pela produção da toxina causadora da doença é identificado e isolado
O conjunto de genes é transferido para um plasmídeo (molécula do DNA de uma bactéria) que vai funcionar como veículo de transporte
O plasmídeo é injetado em uma célula dentrítica da pele. Ao cair na corrente sangüínea, ela acabará se alojando em algum gânglio linfático ou nervoso
A célula enxertada passa então a produzir a toxina própria do micróbio e o sistema de defesa do indivíduo responde gerando anticorpos que protegerão o organismo da doença
Os antivacinistas afirmam que as vacinas começaram a ser usadas quando as principais doenças infecciosas já estavam em declínio, vencidas pelas defesas naturais do organismo. Ou seja: a erradicação das doenças seria resultado de fatores como a redução da pobreza, a melhoria da alimentação e das condições de higiene e de saneamento a partir da segunda metade do século XIX. Não seria conseqüência direta da vacinação. Nos Estados Unidos, afirma Harold, o índice de mortes provocadas pelo sarampo declinou 95% entre 1915 e 1958. A vacina contra a doença só foi criada em 1964. O mesmo se deu com a coqueluche na Inglaterra, cuja incidência diminuiu 82% de 1900 a 1935. Antes do início da imunização em massa naquele país, que só foi acontecer na década de 40.
A polêmica sobre as vacinas deriva de um conflito conceitual na área médica que marcou o século XIX e agora ressurge, impulsionado por novas descobertas e pelo avanço da medicina holística. São célebres os debates travados entre Louis Pasteur e Claude Bernard naquela época. Pasteur, pioneiro no estudo dos microorganismos, formulou a teoria segundo a qual cada doença possui uma causa única, um vírus ou bactéria que invade o organismo e ali produz um tipo específico de devastação. Para Bernard, a causa estava em elementos ambientais, externos e internos, e a doença não passava de uma perda de equilíbrio do organismo provocada por muitos fatores. Vem daí a noção do corpo como um “terreno” onde os microorganismos podem ou não agir de forma nociva, dependendo das condições que encontram ali. O que chamamos de doença seria mero sintoma de um mal subjacente e sistêmico, um sinal do esforço do próprio organismo para reequilibrar-se.
Pasteur ganhou a parada. Além de cientista notável, o químico francês era também um polemista habilidoso que soube aproveitar a eclosão de várias epidemias, na época, para demonstrar a lógica de seu conceito de causação específica. A partir daí, todo um modelo biomédico centrado na microbiologia e, mais recentemente, na biologia molecular, deu base aos procedimentos médicos modernos – inclusive às vacinações em massa. No livro O Ponto de Mutação, no qual discute, entre outros temas, o atual modelo médico, o físico americano Fritjof Capra afirma que, mais tarde, Pasteur reconheceu a importância do “terreno” para as enfermidades, tendo ressaltado a influência dos fatores ambientais e dos estados mentais na resistência às infecções. O químico, porém, segundo Capra, não teve tempo para empreender novas pesquisas e seus seguidores persistiram na trilha original.
Os holísticos e os antivacinistas respondem em uníssono quando a pergunta é o que fazer para evitar doenças sem vacinas: cuidar bem do “terreno”. Ou seja, manter as condições que garantiriam o bom funcionamento do sistema de defesa do organismo. Além de alimentação adequada, compõe a receita a exigência de praticar exercícios, dormir bem e evitar hábitos agressivos à saúde (álcool, fumo, drogas), a poluição ambiental e as situações estressantes. Não é fácil, mas vem crescendo o número de pessoas interessadas num caminho que evoca uma melhor qualidade de vida. A dúvida é se isso basta.
Quem vencerá o debate do século XXI – Pasteur ou Bernard? Numa época agraciada com recursos de tecnologia impensáveis há 120 anos pode-se imaginar que ficou mais fácil dirimir velhas incertezas. Ao que tudo indica, no entanto, isso não acontecerá logo. A complexidade e os muitos interesses que envolvem a questão prometem gerar mais perguntas e farpas antes que se chegue a algum consenso.