7591 – Biônica – Britânicos constroem um cyborg com órgãos robóticos


Ele deve servir de base para outros mais avançados que virão a seguir.
Um robô chamado Rex é homem biônico mais completo do mundo, segundo seus próprios criadores. Ele tem rins, coração e outros órgãos artificiais e até um sistema circulatório prório, com sangue sintético.
Rex foi construído para um documentário do canal britânico Channel 4.
Os cientistas britânicos responsáveis pela construção da máquina acreditam que Rex seja o primeiro passo para a reconstituição total do corpo humano com peças robóticas.
Alguns órgãos, como o estômago, ainda são muito difícies de replicar, disse Rich Walker, diretor da Shadow Robot, companhia que montou Rex. Cérebros artificiais também ainda são um mistério a ser desvendado pelos pesquisadores.
O psicólogo e apresentador de TV Bertolt Meyer, que tem um braço mecânico de cerca de R$ 100 mil, foi usado como modelo para o homem biônico.
Rex será exposto no Science Museum, em Londres, de quinta-feira (7) até 11 de março de 2013

7590 – Por que ler dá sono?


Não é ler um livro que dá sono, claro, mas substâncias químicas que agem no corpo. Uma delas é a adenosina, que se acumula ao longo do dia. Quanto mais adenosina, maior o sono, explica o diretor do Centro de Distúrbios do Sono do Hospital São Lucas, de Porto Alegre. Ou seja, o problema, na verdade, é a hora da leitura. Experimente ler em outro horário. Você pode até sentir preguiça, não conseguir nem virar a página e se entediar. Mas não terá sono.
Já a segunda substância envolvida é a melatonina. Ela regula o sono, pois é liberada quando o ambiente escurece. Por isso dormimos, normalmente, à noite. E, como a luz inibe a produção de melatonina, quem lê no tablet, por exemplo, tende a sentir menos sono do que quem lê no papel. É por esse mesmo motivo que é mais fácil passar horas na internet ou vendo televisão do que ler um bom livro de madrugada. Não se sinta culpado se a TV estiver mais agradável às 4h.

Dicas para não dormir
Começou a bocejar? Levante e dê uns pulinhos. Estar acordado é reagir a estímulos, e esse pequeno exercício nada mais é do que um estímulo motor. De quebra, vai ajudar a quebrar a monotonia.

Ler em voz alta exercita outras partes do cérebro, como o lobo temporal (relacionado à audição) e o lobo frontal (relacionado à produção da fala), e vai acabar com aquela preguiça momentânea.

Leia sentado. É lógico: a não ser que você tenha problema na coluna, é mais difícil dormir sentado do que deitado, já que, para dormir, é preciso relaxar toda a musculatura, o que não ocorre sentado.

7589 – Impressoras 3D, uma nova revolução tecnológica


O Futuro é Hoje…

Apresentador do programa de televisão americano The Tonight Show, Jay Leno é fã de carros antigos. Em sua garagem, são mais de cem. Mas o hobby tinha um empecilho: peças antigas são raras, quando não inexistentes. Então, Leno resolveu imprimir partes de seu Stanley Steamer 1909, um calhambeque movido a vapor. Isso aí, imprimir. Ressuscitou o carro com uma impressora 3D. Não à toa, o setor automotivo é dos que mais investem na tecnologia. E as impressoras não vão só dar vida a clássicos, como um Jurassic Park automobilístico. Em 2011, o Urbee foi lançado como o “primeiro automóvel impresso em 3D” – embora só a carroceria tenha sido feita assim. É o mesmo caso do Areion, carro de corrida feito por um grupo de estudantes de engenharia belgas. Ele tem velocidade máxima de 140 km/h. Nada mal.

Imprima casas
Quando era pequeno, assim como tantas outras crianças de tantas gerações, o italiano Enrico Dini construía castelos de areia. Em 2007, já adulto, criou uma megaimpressora 3D que usa areia e uma cola à base de magnésio para fazer casas. Não há nada de concreto, aço ou metal na obra. A D-Shape monta estruturas de até 6 metros por 6 metros, e a construção demora até quatro vezes menos tempo do que pelo método tradicional. No futuro, Dini pretende construir abrigos para sobreviventes de catástrofes e casas populares para população de baixa renda. Mas sua pretensão vai muito mais longe. Ele quer fazer casas na Lua e ajudar a concluir as obras da basílica da Sagrada Família, em Barcelona.

Biônica
Com dois meses de vida, Emma LaVelle foi diagnosticada como portadora de artrogripose múltipla congênita, síndrome que provoca a atrofia das articulações e compromete os movimentos. Em outras palavras, ela não conseguia levantar os braços. Paciente do hospital pediátrico Alfred I. duPont, em Wilmington, Estados Unidos, ela tinha de usar uma pesada armadura que a obrigava a andar como um androide. Foi então que dois pesquisadores do hospital, Whitney Sample e Tariq Rahman, desenvolveram o Wrex. Trata-se de um exoesqueleto robótico customizado, feito de plástico. Um “braço mágico”, como a própria Emma chama. Mais simples, mais barato. Quando ela, hoje com dois anos, cresce ou quebra alguma peça, é só imprimir uma nova. “Hoje em dia, tudo o que você imaginar pode ser impresso em 3D. No campo das próteses ortopédicas, então, as possibilidades são infinitas”, diz Sample.

Imprima órgãos
Dar fim às filas de transplante. Eis o sonho de Anthony Atala, da Universidade Wake Forest, na Carolina do Norte, EUA. Para isso, ele recriou em laboratório a bexiga de sete voluntários, portadores de um grave defeito congênito. Atala usou células das próprias bexigas dos pacientes, injetou-as em um molde biodegradável feito em uma impressora 3D e os implantou de volta nas pessoas. Funcionou. Agora, ele quer imprimir um rim. A parte de fora do órgão já está pronta – falta a de dentro, que é mais complexa, pois engloba diferentes tipos de células e tecidos. No futuro, Atala pretende produzir rins sob medida para pacientes de hemodiálise.

Imprima próteses
A equipe médica da Universidade Biomédica de Hasselt, Bélgica, implantou uma mandíbula artificial em uma paciente de 83 anos. Ela voltou a respirar, falar e mastigar apenas um dia depois do implante. Feita sob medida, a mandíbula de titânio pesa 107 gramas (37 gramas a mais que a natural). “Em uma reconstrução normal, ela ficaria internada por dez dias, pois é mais complexo. Com o 3D, deixou o hospital em três”, diz Jules Poukens, chefe do time. Além disso, o risco de rejeição é quase nulo. “O titânio tem boa biocompatibilidade. É o material geralmente usado em implantes de quadril”, explica. A mandíbula artificial está orçada em quase R$ 24 mil na Bélgica.

Imprima ossos
Se depender da química Susmita Bose, da Universidade Estadual de Washington, nos EUA, a bota de gesso, que já foi muito popular entre esportistas mirins, vai virar peça de museu. Dentro de dez anos, um osso artificial sob medida segurará as pontas enquanto o natural se recupera da fratura. A técnica já foi testada em ratos e coelhos e os resultados foram promissores. A princípio, Bose usou fosfato de cálcio, mas logo reforçou o material com silício e zinco, o que duplicou a resistência do osso de laboratório. Mas como isso vai funcionar na prática? Quando a pessoa der entrada no hospital, o médico providenciará uma tomografia da área lesionada, criará um arquivo com o molde a ser impresso e, em seguida, imprimirá um osso provisório. Quando ele for colocado junto com o osso natural, a tendência é que o artificial funcione como uma prótese, o que ajuda o osso original a se recuperar. “O osso biológico tende a funcionar melhor em áreas do corpo humano que suportam pouca carga”, explica Bose. Quando o osso biológico se recuperar da lesão, o indivíduo não vai precisar mais voltar ao ortopedista para tirar o gesso. O osso artificial vai se dissolver sozinho, sem deixar vestígios ou provocar danos ao organismo.

Imprima remédios
“E se, em vez de objetos, imprimíssemos moléculas?” Essa é a pergunta que veio à mente do químico Lee Cronin, da Universidade de Glasgow, Escócia, durante conferência sobre o uso do 3D na arquitetura. Logo, ele bolou um jeito de aplicar a tecnologia na criação de remédios. Quando acordar de ressaca, planeja Cronin, em ver de ir à farmácia comprar um analgésico, basta imprimi-lo – em casa. Em pouco tempo, ele desenvolveu o chemputer, em que moléculas de carbono, hidrogênio e oxigênio fazem as vezes de tinta da impressora. Em 2012, ele começou com medicamentos relativamente simples, como o anti-inflamatório ibuprofeno, que ainda está em fase de testes. Bem-humorado, Cronin admite que o conceito de impressão 3D de remédios continua no estágio da ficção-científica, mas já vislumbra possibilidades humanitárias, como a impressão e distribuição de remédios em áreas de conflito militar ou em cidades ameaçadas por epidemias. Mas, e se, no futuro, mentes inescrupulosas resolverem fabricar drogas em casa? Para Cronin, criminosos não precisam de impressoras 3D para falsificar remédios e produzir drogas. “Se alguém quiser, já pode fazer drogas em sua casa usando produtos químicos”.

Imprima roupas
Em 2011, os vestidos 3D da holandesa Iris van Herpen figuraram entre as 50 melhores invenções da revista americana Time. Em vez de prancheta e tesoura, ela usou computador e impressora para criar roupas, sapatos e acessórios. Outra iniciativa vem do estúdio de moda americano Continuum Fashion. Ele vende peças como o biquíni N12, feito de náilon e sem um único ponto de costura – característica dessa possível nova moda 3D, já que a tecnologia permite a impressão por inteiro da peça. Já a linha de sapatos Strvct, da mesma loja, é impressa em borracha texturizada, com revestimento de couro. “Designers de moda gostam de náilon porque é leve e barato. Mas materiais como vidro, acrílico e cerâmica já estão sendo usados”, diz a estilista da Continuum, Jenna Fizel. A ideia é que, pela internet, o cliente possa escolher cor, tamanho e modelo que pretende levar para casa.

Imprima tecidos do corpo
Bioimpressão. Esse é o nome dado à técnica de impressão 3D que reproduz partes do corpo, como veias, cartilagens e pele. Graças a ela, será possível, em alguns anos, imprimir tubos que serão usados como artérias em cirurgias de ponte de safena, cartilagens fabricadas sob encomenda para recompor articulações de um joelho lesionado ou enxertos de pele para recuperar vítimas de queimaduras. “A impressão 3D já provou seu valor ao recriar uma variedade de tecidos anatomicamente idênticos aos naturais”, diz Michael Renard, vice-presidente da Organovo, empresa responsável pela criação da primeira bioimpressora 3D, em 2010. “Em pouco tempo, esses tecidos vivos funcionais poderão fazer a diferença no estudo de patologias ainda pouco conhecidas e, principalmente, na avaliação da eficácia e segurança de drogas ainda em fase de testes”, prevê. A tendência é que a bioimpressão decrete o fim da utilização de ratos, coelhos e outros bichos na pesquisa clínica.

Imprima vacinas
“Tudo o que eu previ aconteceu”. A frase é do geneticista americano Craig Venter. Considerado o pai do projeto Genoma, ele sequenciou o código genético humano e comandou o experimento que criou, pela primeira vez, uma célula viva e sintética, em 2010. Vida de laboratório. Agora, ele prevê a criação de uma impressora capaz de produzir vacinas. Já imaginou? Em época de campanha de vacinação, você acessa o site do Ministério da Saúde, faz login e baixa uma vacina para gripe, pólio ou hepatite B. Na teoria, tudo parece fácil e revolucionário. Mas, na prática, o método precisa ser seguro e eficaz. Caso contrário, um equívoco qualquer pode causar estragos bem maiores do que um HD danificado. “Será necessária uma legislação limitando a utilização deste tipo de equipamento para determinados usos. Cabe até aos fabricantes impor limites via software ou hardware”, diz Rodrigo Krug, diretor da fabricante de impressoras 3D Cliever.

Fases:
Antes de fabricar um objeto, é preciso ter um modelo digital. Você pode desenhar o objeto em três dimensões, com um progra-ma que divide o desenho em milhares de camadas de até 0,1 mm cada. Em vez de tinta, a impressora usa materiais como plás-tico, borracha ou resina, e é abastecida por carretéis da parte exterior da máquina.

O bico extrusor, então, aplica uma fina camada da matéria-prima derretida sobre uma plataforma no interior da impressora. Ela logo endurece e forma a base do objeto. A plataforma, móvel, se move para baixo. O cartucho, então, aplica uma nova camada sobre a primeira e assim sucessivamente.

O processo de sobreposição de camadas se repete até o objeto ficar pronto. A impressão 3D pode levar de poucos minutos a algumas horas, de acordo com o tamanho e a complexidade do produto. Depois de impresso, o objeto passa por uma fase de polimento, que inclui remoção da base e retirada de rebarbas.

Dimensão máxima dos objetos
Altura – 15 cm
Largura – 20 cm
Profundidade – 20 cm

7588 – Arma Química – Biologia do Mal


O ano é 1995. Membros da seita japonesa Verdade Suprema espalham gás sarin, substância química que ataca o sistema nervoso, no metrô de Tóquio. Treze passageiros morrem e mais de 5 000 pessoas são hospitalizadas. Apesar da opção pelo gás, a idéia original era empregar armas biológicas – ou seja, usar agentes infecciosos para provocar o surto de uma doença. A seita empreendeu nove tentativas malsucedidas em um período de cinco anos. Integrantes pulverizaram ruas da capital japonesa com bactérias e toxinas, mas usaram cepas fracas dos microorganismos e técnicas erradas de disseminação. Alguns deles chegaram a viajar ao Zaire a fim de buscar amostras do vírus ebola e, com ele, desenvolver uma arma biológica.
A tenebrosa destruição causada pelas bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki abafou o debate sobre os limites para as pesquisas com armas biológicas. Na época, já vigorava um tratado assinado em 1925, na Suíça, que proibia o uso, pelos exércitos, de gás asfixiante e de métodos bacteriológicos de combate. Mas nem o Japão nem os Estados Unidos haviam assinado tal acordo.
Durante a Guerra Fria, o aperfeiçoamento dos meios bélicos de dispersão de agentes infecciosos – e dos próprios microorganismos – continuou a ser feito na surdina. Em 1972, passou a valer outro tratado, em vigência até hoje, banindo todos os passos necessários para desenvolver uma arma biológica: produção, estocagem, posse, transferência de agentes infecciosos e meios de propagação que denotem fins hostis. Ele foi ratificado por 144 países, após a Convenção das Armas Biológicas (BWC, na sigla em inglês).

O carbúnculo foi também o causador de uma epidemia na cidade de Sverdlovsk (hoje Yekaterinburg), na antiga União Soviética, em 1979. Mais de 100 pessoas morreram repentinamente. As autoridades atribuíram o fato à ingestão de carne contaminada. Mas, em 1992, o presidente russo Boris Ieltsin reconheceu que as mortes haviam sido causadas pela dispersão involuntária do carbúnculo nas redondezas de uma instalação militar voltada ao aperfeiçoamento de armas com agentes patogênicos. Tanto os soviéticos quanto o Iraque tinham assinado o tratado de proibição de armamento biológico – daí, o esforço do Grupo Ad Hoc em definir o mais rápido possível um protocolo de verificação.
Não há informações precisas sobre quais nações teriam programas biológicos em andamento. Dados como esses são obtidos por agências de inteligência e mantidos em sigilo. “Rússia e Iraque admitiram publicamente que sim. Há uma certeza razoável de que Irã, Coréia do Norte e Líbia também tenham programas do tipo. Outras listas incluem China, Taiwan, Síria, Israel, Índia e Paquistão, mas esses casos não passam de suposição,
Teoricamente, qualquer organismo que provoque alguma doença no homem ou que traga danos à agricultura ou à pecuária pode se tornar agente de uma arma biológica – seja ele vírus, bactéria, toxina ou fungo. Mas, na prática, não são muitos os que causam enfermidade ou morte e que podem ser manipulados e dispersos de maneira eficaz.
Governantes e cientistas debatem atualmente o futuro de um dos agentes infecciosos mais potentes: o vírus da varíola, doença oficialmente erradicada no mundo todo em 1980. Restaram apenas alguns estoques do vírus em laboratórios nos Estados Unidos e na Rússia. Um comitê da OMS recomendou a destruição dos últimos exemplares do agente e os países votaram unanimemente pelo fim dos estoques em 2002 – o que significará também o fim da espécie. Pela primeira vez, um ser vivo será deliberadamente extinto.
A decisão tem causado polêmica. Especula-se que alguns dos estoques russos foram parar na mão de terroristas.
A história registra o uso rudimentar da varíola como arma biológica já no século XVIII. Durante a ocupação da América do Norte, tropas inglesas presentearam os índios com roupas contaminadas com o vírus.
No século XIV, os tártaros tentavam conquistar a cidade de Kaffa (atualmente Feodossia, na Ucrânia), mas sofreram uma epidemia de peste. Converteram seu infortúnio em arma: catapultavam os cadáveres para dentro dos muros da cidade. As forças de defesa caíram, vitimadas pela moléstia que, de lá, se espalhou por toda a Europa: a célebre Peste Negra, que matou um terço da população do continente naquela época.
Mas se o uso de armas biológicas é tão antigo, o que explica a atual onda de preocupação com essa questão?
Já se conhecem seqüências completas do genoma de pelo menos mais de 30 microorganismos. Na teoria, nada impede que um supervírus seja produzido em laboratório, formado por pedaços de DNA de outros. Ou que microorganismos normalmente inofensivos sejam manipulados para adquirir elevado potencial tóxico ou infeccioso. O progresso da biotecnologia também torna essas técnicas mais acessíveis a terroristas. Fabricar armas biológicas envolve menos recursos e uma infra-estrutura bem mais simples do que armas químicas e nucleares. Microorganismos
crescem com facilidade e uma quantidade pequena deles já serve para fazer um baita estrago. “A produção dessas armas aproveita equipamentos e materiais normalmente utilizados para fins pacíficos, como o desenvolvimento de vacinas, o que dificulta muito a identificação de programas de armamento biológico”. A ameaça é real. Como se proteger?

7587 – História – O Mistério do Templo Submerso


Os povos pré-colombianos são um misto de prodígios e enigmas que a Arqueologia só agora começa a desvendar. Prova disso são as ruínas do templo encontrado 20 metros abaixo da superfície do Lago Titicaca e 3 810 metros acima do nível do mar, na fronteira andina entre a Bolívia e o Peru.
Esses vestígios, enlaçados pelas algas e semi-enterrados na lama, sugerem uma obra portentosa, com 50 metros de largura e 200 de comprimento, estendendo-se em três níveis sobre o leito do lago. O que está fazendo esse monumento suntuoso no fundo do lago? Quem o construiu e com que propósito?
Há pouca dúvida de que o leito do lago esconde tesouros arqueológicos.
Junto ao templo submerso, a equipe da Akakor – composta de cientistas e técnicos italianos, brasileiros e bolivianos –, também encontrou os restos de um muro de contenção e de um terraço, provavelmente usado para o plantio, trechos de uma estrada com 3 metros de largura, vasos de cerâmica e esculturas em pedra. Soraya diz que a coleta do material é dificílima, porque mergulhar a quase 4000 metros de altitude exige técnica apurada e extrema cautela. O ar, lá em cima, é tão rarefeito que, quando se sai da água, a diferença de pressão fica muito grande: o mergulhador corre sério risco de ter embolia, a formação de bolhas no sangue. “Descer a 20 metros, no topo dos Andes é como chegar a 32 no mar”.
Se tivéssemos uma emergência, os hospitais qualificados mais próximos seriam os de São Paulo.” A equipe do Akakor vai demorar meses analisando os dados coletados. Depois, voltará ao lago com um reforço: um robô mergulhador. Espera-se que a máquina encontre mais pistas sobre o passado sul-americano.

Sinais encontrados nas rochas no leito do lago mostraram que seu nível, há 800 anos, era 25 metros mais baixo que o de hoje. Naquela época, portanto, o templo ficava às margens do lago. Parte de um grande conjunto cerimonial, tal templo tinha como função dar proteção espiritual ao local.Os sacrifícios eram realizados edifícios centrais não localizados ainda. Cabeças de animais e de seres humanos eram cortadas e enterradas no solo para torná-lo fecundo.
375 dC – Ergueu-se o império. Ele integrou dezenas de cidades e subjugou os povos vizinhos num raio de até 500 km em torno do lago.

7586 – Ciclismo – Alegria no pedal, humilhação na cama


Se você é homem e pedala mais de 8 horas por semana, cuidado para não ter surpresas frustrantes à noite, na cama. “Depois de algum tempo de uso, o selim tende a prejudicar a ereção e causar impotência”. A conclusão é segura, de acordo com pesquisa detalhada que o especialista fez sobre o assunto. “Quanto mais estreito é o assento da bicicleta, maior é a chance de uma disfunção”.
O problema é que o selim comprime os nervos do períneo, região anatômica entre o pênis e o ânus. “Um aperto suave já é motivo para preocupação”, diz Nardozza. A solução para quem não resiste à magrela é um assento mais largo e mais macio. A idéia é distribuir o peso do corpo por todo o quadril, evitando concentrá-lo na área do pênis.

7585 – Biologia – Do homem para o macaco


Só no começo dos anos 90, percebemos que alguns agentes infecciosos também podem atacar os mamíferos próximos do homem, como os gorilas.
Foi o que se comprovou este ano ao estudar os gorilas do Parque Nacional de Bwindi, em Uganda. O número de animais infectados por salmonela, bactéria que causa tifo em humanos, simplesmente dobrou, de 1990 para cá.
A causa seria a proximidade entre os gorilas e os ugandenses: são micróbios humanos que estão contaminando os bichos. Depois de sofrer mutações, esses microorganismos adquiriram capacidade de causar mal aos primatas em geral. Ou seja, o mesmo processo, mas em sentido inverso, que tornou hóspedes originais dos macacos, como os vírus HIV e ébola, mortais para os humanos. Isso com um agravante: esses micróbios não faziam mal aos macacos, enquanto a salmonela ataca tanto nós quanto os gorilas. Além deles, também os chimpanzés e os orangotangos já mostram sintomas de doenças humanas, como gripe e tuberculose. Só falta agora aparecerem micos com câncer de pulmão e cirrose, por aprenderem a fumar e a beber.

7584 – De onde vêm os nomes das notas musicais?


Quem batizou as notas musicais foi o monge beneditino italiano Guido d’Arezzo. Ainda no século 11, ele nomeou a escala ao se inspirar num hino a São João Batista, composto por outro monge, Paolo Diacono, três séculos antes.
Para entender a lógica, basta pular o primeiro verso e depois pegar a primeira sílaba de cada frase para reconhecer as notas – (Ut), Re, Mi, Fa, Sol, La e S. O Si ele adaptou, juntando as primeiras duas letras de Sancte e Iohannes. Cinco séculos depois, incomodado com o som da primeira sílaba, o músico Giovanni Maria Bononcini incrementou uma mudança. Excluiu o Ut e trocou pelo Do, de Dominus (Senhor). E, com essa benção celestial, sacramentou a nomenclatura das notas musicais.
“Ut queant laxis… resonare fibris… mira gestorum… famuli tuorum… solve polluti… labii reatum… Sancte Iohannes.”

Desde a Antiguidade, o padrão era usar letras para as notas. (O nosso sistema que é exceção, aliás. Começou com a loucura do monge e se espalhou principalmente para os países latinos.) Em países anglófonos, as notas são representadas por letras: C, D, E, F, G, A e B (ou H). Essa é uma das designações mais antigas, que nós usamos também em cifras. Mas o alfabeto grego arcaico, por exemplo, também já foi usado.

7583 – Mega Notícias – Celular que só toca na mão do dono


Quando você toca na tela, ela emite uma corrente elétrica muito fraca, que percorre o seu corpo. O corpo impõe uma certa resistência à passagem dessa corrente.
Se outra pessoa tocar a tela, o corpo dela vai gerar uma resistência elétrica diferente – porque cada indivíduo tem uma combinação diferente de massa muscular e densidade óssea.
O celular mede a resistência à corrente elétrica. E, a partir daí, consegue saber se está sendo usado pelo dono ou por outra pessoa.

Então você comprou um smartphone lindo e quase perfeito no ano passado e hoje ele parece uma lata velha – mesmo que continue funcionando como antes. Bem, você não é o único. O avanço tecnológico é tão grande que, na média, laptop, celular, tablet e outras bugigangas são vendidos para satisfazer o consumidor mais exigente por, no máximo, dois anos. Isso acontece especialmente por causa da apresentação cadenciada das novas tecnologias ao público. Por exemplo, o iPad 1, lançado em 2010, não tem giroscópio, que, junto com o acelerômetro, permite aquela precisão de movimentos necessária para várias funções, especialmente em jogos. Já o iPhone 4, também de 2010, tem giroscópio. Ou seja, a Apple tinha a tecnologia, mas não quis saber de iPad com giroscópio (ele surgiria no iPad 2). É uma prática comum no mercado. O que fazer, então? “Não compre todas as gerações. Se você tem o 1 ou 2, compre depois só o 4 ou o 5”.

7582 – Medicina – Um Sofrimento Inútil


A dor da enxaqueca é uma dor sem sentido. Afinal, não há nada de errado com o organismo. Mas, por causa dela, há um telefone na cidade de São Paulo, que toca quase 1 500 vezes por mês. A linha tão requisitada é a do SOS Enxaqueca, um serviço criado há algum tempo, para orientar e responder a eventuais dúvidas das vítimas dessa doença crônica. Só no Brasil, há mais de 15 milhões de pessoas com o problema e, conforme estimativas baseadas nos questionários distribuídos a quem consulta o SOS paulistano, a maioria delas já fez de tudo, antes de se descobrir uma legítima representante dos enxaquecosos. Algumas correram ao dentista para tratar os dentes e, muitas vezes, saíram de lá usando aparelhos ortodônticos. Outras se deitaram na mesa de cirurgia para corrigir defeitos no nariz, como desvio de septo. Sem contar aquelas que experimentaram massagens e fisioterapia para aliviar o peso nas costas. Tudo isso pode até ter resolvido a questão dos dentes, das narinas e da coluna vertebral dessas pessoas. Mas, vira-e-volta, a velha dor latejante explodia novamente. Porque sua causa estava no cérebro.
Alguns enxaquecosos sentem dor nas gengivas, na nuca e nos ombros. Na maioria das vezes, essa sensação dolorosa é acompanhada de náuseas, foto e fonofobia, isto é, os sons e a luminosidade se tornam insuportáveis. Essas são apenas algumas das reações do organismo nas crises de enxaqueca, que é considerada uma síndrome, ou seja, um conjunto dos mais va-riados sintomas. De acordo com a definição clássica estampada nos livros de Medicina, esse calvário dura entre 4 e 72 horas.
Na prática, porém, já vi crises que se prolongaram por mais de duas semanas, afirmou um especialista. Há dores de cabeça e dores de cabeça: a da enxaqueca é apenas um dos treze tipos existentes, os quais se subdividem mais de cem vezes, segundo os especialistas. O tormento específico dos enxaquecosos foi descrito pela primeira vez pelos antigos sumerianos, que viviam na Baixa Mesopotâmia (região do atual Kuwait, na Ásia), cerca de três milênios atrás. O texto gravado em tábuas não deixa dúvidas, ao descrever o latejamento e a sensação de pressão, em um único lado da cabeça. Pois essa unilateralidade, cujas razões biológicas ainda são misteriosas, é a grande característica da cefaléia dos enxaquecosos — daí a designação da doença. No século XII, ela era conhecida por hemicrânia, nome derivado do grego, que significa metade do crânio. Em inglês e no francês, a palavra migraine — comum às duas línguas — tem esse mesmo sentido. No século seguinte, contudo, os árabes invadiram a Península Ibérica, na Europa. Seus médicos traduziram hemicrânia ao pé da letra, resultando na denominação ax-xaqíqâ, que mais tarde, por influência deles, se transformaria na jaqueca, dos espanhóis, e na enxaqueca dos portugueses.
Existem, no entanto, alguns casos raros de enxaqueca em que a pessoa tem, de tempos em tempos, toda espécie de mal-estar, menos a famosa dor de cabeça.
Existem, no entanto, alguns casos raros de enxaqueca em que a pessoa tem, de tempos em tempos, toda espécie de mal-estar, menos a famosa dor de cabeça.
Em plena crise, os médicos costumam receitar o alívio dos analgésicos. Estes, aliás, podem ser um perigo, quando ingeridos por conta própria. Segundo estudos realizados por cientistas americanos, quem engole mais de 4 miligramas de analgésicos por dia (o equivalente a quatro comprimidos) corre o risco de transformar dores de cabeça ocasionais em episódios crônicos. Não é o remédio que cria a enxaqueca; o medicamento apenas ativa a predisposição genética. Há bons motivos para acreditar que já se nasce um enxaquecoso em potencial e, quase sempre, por culpa da mãe. As estatísticas revelam que 91% das pessoas com enxaqueca têm parentes com o mesmo problema; os filhos de mulheres com o distúrbio têm doze vezes mais chance de desenvolvê-lo do que os filhos de pai enxaquecoso.
As estatísticas mostram que há quatro mulheres com enxaqueca para cada homem na mesma situação dolorosa. Nessas pessoas, as células nervosas perdem temporariamente o compasso, na fabricação de neurotransmissores. O desequilíbrio dessas substâncias pode ser percebido, com mais freqüência, em certas regiões do corpo:

Cabeça: os vasos sangüíneos se dilatam, talvez devido a alterações bruscas na dosagem de um neurotransmissor conhecido como substância P. Isso produziria a sensação de latejamento. Os olhos, por sua vez, permitem a entrada de luz em excesso, daí a fotofobia, ou seja, a irritação com a luminosidade ambiente. Trata-se de uma decorrên- cia da diminuição do neurotransmissor noradrenalina disponível. A substância é fundamental para a íris — estrutura ocular comparável ao diafragma de máquina fotográfica — contrair–se e dilatar, ajustando assim a passagem dos feixes luminosos. Outra lente natural dos olhos, o cristalino, também tem dificuldade de contrair–se, para focar objetos, por isso alguns enxaquecosos não enxergam com nitidez. De seu lado, as células nervosas conectadas aos ouvidos deixam de distinguir bem a intensidade dos sons e agem feito amplificadores. Resultado: qualquer barulhinho soa como um estrondo.

Ombros: a falta de endorfinas, analgésicos naturais, leva à dor na altura da nuca e dos ombros.
Estômago: provavelmente, cai a taxa de dopamina nas áreas do sistema nervoso que controlam os movimentos do aparelho digestivo e isso provoca dores abdominais. O neurotransmissor serotonina pode, ainda, invadir uma região proibida do cérebro — a chamada zona do gatilho, próxima do hipotálamo —, disparando ânsias de vômitos.
Ovários: as alterações nos níveis de neurotransmissores podem afetar o funcionamento da hipófise, glândula situada no cérebro, que comanda todas as outras, espalhadas pelo organismo. Isso explicaria, em parte, o mal-estar e as mudanças de humor de algumas mulheres enxaquecosas, nas vésperas do período menstrual, assim como certas disfunções ovarianas.
Pernas: elas podem formigar e, até mesmo, inchar durante as crises de enxaqueca. Ainda não se sabe por que isso acontece.
Coração: por falta de controle nervoso adequado , a pressão sanguínea pode se alterar, para alta ou para baixa, conforme a tendência do organismo.

7581 – Curiosidades – Uma mordida instantânea


Um terço de 1 milésimo de segundo: este é o tempo que uma formiga leva para fechar as mandíbulas e cortar sua presa. Uma filmagem ultraveloz mostrou que o bicho tem bigodes sensíveis, capazes de disparar as mandíbulas assim que tocam uma vítima. Os pêlos são de fato, sensores mecânicos, dotados de células nervosas que transmitem sinais elétricos em alta velocidade. Assim, podem ativar os músculos da mandíbula antes que a presa fuja. Isso mostra como é complexo o corpo dos insetos; o estudo foi feito numa formiga africana, da espécie Odonotomachus bauri, com 2 centímetros de comprimento.

7580 – Biologia – Câncer contagioso ameaça Diabo


Nos próximos meses, uma equipe de cientistas planeja levar mais diabos à ilha Maria com a intenção de estabelecer uma colônia saudável. O projeto é parte de uma aposta ambiciosa: a sobrevivência de toda a espécie pode depender disso.
Muitas espécies estão ameaçadas de extinção, mas o diabo-da-tasmânia enfrenta um inimigo singular: uma epidemia de câncer. A doença é um tipo de tumor facial que evoluiu para um parasita com a capacidade de passar de um animal para outro, matando suas vítimas em seis meses.
Uma rede internacional de biólogos levou uma década para entender essa nova doença. “Foi uma tremenda luta só para entender algo do básico”, disse Elizabeth Murchison, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Ela e outros cientistas aprenderam muito sobre como o câncer evoluiu para um parasita. Alguns agora tentam traduzir esse conhecimento em um tratamento ou em uma vacina.
Mas não há garantia de que esses projetos irão salvar os diabos, então Wise e seus colegas estão criando um plano de contingência: transformar a ilha Maria em um refúgio livre do câncer para os diabos-da-tasmânia selvagens.
Ao examinarem as células dos tumores, os cientistas ficaram perplexos. O DNA de cada tumor não batia com o do animal doente, mas sim com tumores de outros diabos. Isso indicava que o câncer estava indo de um animal para o outro.
Entre humanos, há alguns casos de pessoas que “herdam” tumores alheios escondidos em transplantes de pele e órgãos. Na natureza, só há outro exemplo conhecido de um câncer contagioso, um tumor canino.
Murchison comandou a equipe que sequenciou todo o genoma de duas células tumorais. O grupo publicou o resultado em fevereiro de 2012 e depois lançou um projeto para sequenciar centenas de outros genomas de tumores faciais.
O câncer provavelmente surgiu na década de 1980 ou no início da de 1990 em um único animal, quase certamente uma fêmea. Uma célula nervosa no seu rosto passou por uma mutação drástica: seus cromossomos estilhaçaram-se e depois se religaram.
O câncer então contaminou outros diabos. Os animais brigam com frequência, mordendo-se no rosto. Durante essas lutas, um diabo pode arrancar partes de um tumor a dentadas. As células caem na corrente sanguínea do agressor e viajam até seu próprio rosto, onde geram um novo tumor.
Pesquisas recentes também indicam que esse câncer está em evolução.
Alexandre Kreiss, pesquisador do Instituto de Pesquisas Menzies, da Tasmânia, disse que restam cerca de 35 mil diabos na região. O câncer já devastou 84% da população de diabos-da-tasmânia.
O governo está submetendo uma “população segura”, com cerca de 500 diabos, a uma quarentena em zoológicos e santuários. Já a população selvagem na ilha Maria deve assegurar a existência de animais que não fiquem dóceis demais para sobreviverem por conta própria.
Embora o diabo-da-tasmânia seja a primeira espécie conhecida a ser ameaçada por um câncer contagioso, ela pode não ser a última.”É bastante provável que haja outros por aí que não foram identificados”, disse Murchison.

7579 – Instituições de Ensino – Em 1934, USP nasceu para formar a elite intelectual brasileira


Usp Campus

A USP nunca foi para pobres.
Nasceu em 1934 com o objetivo principal de educar filhos de políticos, advogados, engenheiros, médicos e fazendeiros de café -a elite paulista. Um decreto reuniu sob um mesmo nome a Faculdade de Direito, de 1827, a Escola Politécnica, de 1893, e a Faculdade de Medicina, de 1912.
Segundo pesquisadores, mais de 90% dos primeiros alunos tinham concluído o ensino básico na rede pública. “Colégio particular era para os menos inteligentes”, o oposto do que acontece hoje.
Se em 79 anos esse índice caiu de mais de 90% para menos de 30% é porque a USP se tornou, ao longo das décadas, um reflexo do próprio sistema educacional brasileiro.
Os especialistas não sabem precisar quando o ensino público passou a perder do ensino particular -nem quando houve o aumento de alunos da USP egressos de particulares. Mas, para Shozo Motoyama, doutor em história social pela USP e autor de “USP 70 anos” (2006), os anos sob a ditadura (1964-1985) foram determinantes.
Com o intuito de fazer propaganda do progresso nacional, o regime militar investiu para ampliar o acesso ao ensino superior. Ao mesmo tempo, explica José Sérgio de Carvalho, professor da Faculdade de Educação da USP, as bases da educação ficaram de lado.
O mercado viu, então, oportunidades na criação de escolas pagas. “As particulares eram, na maioria, confessionais [ligados a igrejas].
Após a década de 1960, a educação básica virou um negócio. Com a escola pública oferecendo formação ruim, famílias com condições financeiras buscaram uma alternativa.
O perfil dos uspianos sofreu a maior mudança de sua história –em 2012, vale lembrar, 28% dos matriculados concluíram a educação básica em colégios públicos.
Mesmo com mais repasses do governo, que garantiam mais vagas, a USP não conseguia dar conta da demanda. Veio, então, a necessidade de criar um mecanismo que restringisse o acesso: o vestibular.
Considerado o embrião da Fuvest, o Cescem (Centro de Seleção de Candidatos às Escolas Médicas) passou a recrutar alunos em 1964. Outros dois órgãos de seleção de universitários surgiram em 1967 e 1969.
Os três foram responsáveis pelo processo seletivo da USP até dezembro de 1976, data da primeira prova da Fuvest. A partir daí, a fundação assumiu o vestibular. No último exame registrou mais de 159 mil inscritos para menos de 11 mil vagas.
A alta concorrência na Fuvest e a baixa qualidade da educação pública criaram um abismo entre a universidade e os alunos da rede pública.
“A maioria dos alunos da rede pública ou não coloca a USP no horizonte ou sabe que, pela trajetória, será quase impossível”, resume Wilson Mesquita, 36, doutor em sociologia pela USP e autor do livro “USP para todos? Estudante com desvantagens socioeconômicas e educacionais e fruição da universidade pública”, de 2009.