Medicina – Remédios Anti-Envelhecimento e o Transplante de Órgãos


Nossas células tem um prazo de validade reprodutivo e depois de certo tempo seu ciclo termina.Conforme ficamos mais velhos, as células senescentes vão crescendo e liberando substâncias qu[imicas prejudiciais, causando muitas doenças, por isso órgãos de pessoas mais velhas não servem para transplante pois provocam tal efeito em receptores jovens. Pesquisadores administraram medicamentos que eliminam tais células desgastadas em ratos e depois fizeram os transplantes. Observando os resultados verificou se que os receptores tinham desempenho cognitivo e aptidão física semelhantes aos que receberam órgãos de doadores jovens. A vantagem nesse estudo seria a de utilizar órgãos para transplante que antes seriam descartados.

Medicina – Estão Chegando os Órgãos Artificiais


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De acordo com o Ministério da Saúde, só no Brasil, são mais de 40 mil pessoas na fila de espera para um transplante de órgão. Apesar de salvar vidas, muitas pessoas ainda se recusam a doar órgãos. A taxa de rejeição a doação em nosso país é de 43%, enquanto que a média mundial é de 25%.
São números bastante significativos e que custam a vida de muitas pessoas todos os anos. No primeiro trimestre de 2018, 664 pessoas morreram na fila de espera pela doação de um órgão que fosse compatível. Por isso, sem dúvida alguma, os órgãos artificiais têm uma grande importância para a medicina e ajudará a salvar milhares de vidas.
O primeiro transplante da história foi realizado entre gêmeos. Um transplante de rim realizado em 1954 pelo médico Joseph Murray foi um grande sucesso e um marco na história da medicina. Isso foi realizado com o objetivo de evitar a rejeição dos órgãos, mas, de lá para cá, muita coisa mudou.
Hoje, existem medicamentos imunossupressores que são capazes de evitar essa rejeição e, assim, aumentar o sucesso do transplante.
Há, basicamente, dois tipos de transplante: o autólogo e o alogênico. No primeiro caso, o órgão ou tecido é retirado da própria pessoa e implantado em outra parte do corpo. Já no segundo caso, o receptor recebe uma parte do corpo de outra pessoa, conhecida como doadora.
O grande problema do transplante é a questão da compatibilidade entre os indivíduos. Quando o órgão implantado não é compatível com o corpo, os anticorpos começam a atacar, destruindo o que consideram um “agente invasor”. O paciente acaba indo a óbito.
Nesse aspecto, o uso dos órgãos artificiais seria um grande avanço nas cirurgias de transplantes, evitando essa incompatibilidade.
A ideia é que, até 2021, os órgãos artificiais sejam bastante populares. Quando algum órgão do corpo humano entrar em falência, como o pâncreas — que pode reduzir drasticamente ou mesmo parar a produção de insulina –, possa ser rapidamente substituído por um órgão artificial. Este, por sua vez, conseguirá exercer todas as funções do órgão original.
Os órgãos artificiais já estão sendo produzidos em laboratório com a ajuda de uma impressora 3D e de outros diversos equipamentos. Um excelente exemplo é o de um coração artificial que já está sendo criado e também um pâncreas. Eles já foram, inclusive, aprovados pelo órgão institucional que cuida dos alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, a FDA (Food and Drug Administration).
São inovações que levam esperanças para milhares de pessoas. Por exemplo, um pâncreas artificial pode representar a cura para o diabetes, uma doença que atinge mais de 14 milhões de brasileiros, sendo que muitos ainda não sabem que são portadores da doença.
Atualmente, no Brasil, a tecnologia já permite que tecidos mais simples sejam fabricados em laboratório: valvas cardíacas, vasos sanguíneos, pele, ossos e outros tecidos de baixa complexidade. Para que o órgão artificial possa substituir o de origem, são usadas as biomoléculas (fragmentos de células-tronco), que são fatores de crescimento e, assim, conseguem aumentar a produção de células nesse órgão.
Depois de algum tempo, em um ambiente propício, as células começam a ocupar o lugar do polímero, dando uma estrutura biológica ao órgão em questão. Ocorrerá uma diferenciação específica e as células passam a apresentar as características de uma determinada parte do corpo. Tudo isso graças aos avanços em estudos com as células-tronco e ao seu poder de diferenciação e regeneração de tecidos.
A grande dificuldade na criação dos órgãos artificiais é justamente a elevada complexidade de alguns deles. Por exemplo, no coração, encontramos diversos tipos de tecidos. É também um órgão repleto de cavidades e com uma rica rede de vascularização.
Uma das formas encontradas de tentar driblar esse bloqueio foi o uso da impressão em 3D, ou melhor dizendo, o uso da bioimpressão. Ela funciona de forma bem simples: uma substância chamada de hidrogel, rica em células e biomoléculas, é colocada, na impressora que consegue imprimir o órgão exatamente da forma desejada. Por exemplo, pode-se usar um exame de imagem 3D para replicar, com exatidão, o coração de um indivíduo.

Quais são os principais tecidos desenvolvidos?
Muitos órgãos e diversas partes do corpo estão sendo transformados em órgãos artificiais. Veja abaixo quais são os principais e que estão em processo de criação:

Pele
Há um tempo considerável os pesquisadores já estão trabalhando na criação da pele humana em laboratório. Células humanas são cultivadas e então são introduzidas em uma estrutura feita de colágeno. Com essa técnica, é possível produzir até 5 mil lâminas de tecido epitelial por mês.

Vasos sanguíneos
A criação de novos vasos sanguíneos artificiais pode ser a esperança para o tratamento de problemas diabéticos, renais e cardíacos. Muitos testes já estão sendo realizados com a utilização das células dos próprios pacientes.

Fígado
A espera por esse órgão costuma formar uma longa fila. Diversas doenças como a hepatite tendem a destruir o fígado e, assim, esse órgão precisa ser rapidamente substituído.
É um dos mais complexos e, consequentemente, o que os cientistas sentem maior dificuldade em reproduzir, sem contar o seu tamanho. Mas algumas miniaturas já foram criadas e o transplante em ratos tem dado resultados muito positivos.

Bexiga
A bexiga é um dos órgãos artificiais que já estão sendo testados em humanos e vem apresentando um resultado bastante positivo. A bexiga artificial é produzida a partir de células dos próprios pacientes e levam cerca de 2 meses para serem produzidos.

Traqueia
A traqueia é outro órgão artificial que já está sendo testado em seres humanos. Uma menina nos EUA recebeu uma traqueia artificial fabricada a partir de suas próprias células. Ela nasceu sem o órgão e sem a réplica artificial só sobreviveria com a ajuda de aparelhos.

Coração
Por ser um órgão bastante complexo, nenhum dos corações artificiais já produzidos foram capazes de substituir com maestria o órgão original. Atualmente, estão sendo realizados testes em ratos com um coração feito a partir de tecido animal. Alguns pesquisadores estimam que um coração artificial funcional conseguirá ser produzido até 2030.

Orelha
Uma orelha artificial já foi produzida em laboratório com a utilização de células e cartilagem produzida em laboratório. Ficou conhecida como orelha biônica, pois consegue captar outras frequências que os ouvidos humanos não são capazes de ouvir.

O pesquisador do Instituto de Medicina Regenerativa da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, Anthony Atala, deu uma das palestras de maior repercussão da edição de 2011 do TED — conferência anual na Califórnia que reúne pensadores para apresentar suas melhores ideias em palestras de 15 minutos. No palco, Atala segurou nas mãos o molde de um rim impresso no dia anterior. O processo levou sete horas e usou células humanas e materiais biológicos que são inseridos no cartucho de uma impressora 3D. Em casos assim, o paciente teria o corpo escaneado para que se identificasse o formato exato do órgão a ser reproduzido. Ainda em desenvolvimento — por enquanto é possível imprimir apenas a carcaça do órgão, mas não sua parte interna —, o método sinaliza o início de uma espécie de revolução industrial dos transplantes. Uma era em que pode ser possível produzir órgãos em larga escala e até sob encomenda. “Queremos resolver o problema das longas filas de espera pelos transplantes”, afirmou Atala em entrevista à galileu. No Brasil, elas duram, em média, quatro anos. E 70% das cirurgias são para ganhar um novo rim.

As tecnologias emergentes que mais apontam para a produção em massa de órgãos e tecidos a partir de materiais biológicos são novíssimas impressoras 3D. Usando células do próprio paciente em vez de tinta, espera-se que a precisão robótica destas máquinas imprima estruturas de órgãos para transplantes. No ano passado, a start-up de biotecnologia norte-americana Organovo lançou a primeira máquina comercial para imprimir tecido humano. Fabricada para pesquisas desenvolvidas em laboratórios universitários, custa cerca de US$ 250 mil e produz vasos sanguíneos. A máquina já imprimiu estruturas de órgãos implantados em animais. “Chegaremos ao ponto de fabricar órgãos prontos para serem transplantados em pessoas”, afirmou à galileu o cientista húngaro Gabor Forgacs, um dos fundadores da Organovo e inventor do protótipo da impressora.

 DAS MÃOS ÀS MÁQUINAS

Anthony Atala é um pioneiro da fabricação de órgãos. Quatro dias após sua palestra no TED, ele, que é urologista pediátrico, publicou em um dos mais importantes periódicos científicos do mundo, The Lancet, o resultado de um estudo que acompanhou cinco mexicanos de 10 a 14 anos após receberem, em 2004, transplante de uretras criadas em seu laboratório. Os órgãos funcionaram normalmente ao longo dos seis anos de monitoramento. Em 1998, sua equipe já havia criado e implantado bexigas em nove crianças, tornando-se a primeira a transplantar em pessoas órgãos feitos em laboratório.

Atualmente, Atala e sua equipe desenvolvem e testam mais de 30 tipos de tecidos e órgãos, entre eles pele, rins, pâncreas, fígado e válvulas cardíacas. O cientista leva cerca de seis semanas para fabricar um órgão oco e relativamente simples como uma bexiga. O processo começa com a coleta de um pedaço de tecido, menor que a metade de um selo postal, da bexiga do paciente. Depois, as células são cultivadas em laboratório e colocadas dentro e fora de uma carcaça feita à base de colágeno. Assim, elas se espalham e se organizam por conta própria. Na última etapa, o órgão “semeado” é colocado em uma espécie de forno que simula as condições de um corpo humano, com 370 C de temperatura e 95% de oxigênio. Por utilizar células do paciente, o procedimento diminui muito as chances de rejeição.

Em outubro do ano passado, pesquisadores do mesmo instituto desenvolveram uma miniatura funcional de um fígado humano. Os cientistas retiraram o órgão de um animal morto. O fígado foi lavado com um detergente neutro para remover todas as células, deixando apenas o esqueleto de colágeno do órgão original. Feito isso, células humanas foram inseridas no suporte natural. Após uma semana dentro de uma máquina bombeada por nutrientes e oxigênio, o tecido de fígado humano começou a ser formado. Até agora, órgãos produzidos por este processo não foram colocados em pessoas. Mas é assim que Atala pretende fazer o primeiro transplante de rim de laboratório. O método também pode reutilizar órgãos humanos.

 PEÇA COM ANTECEDÊNCIA

Além da redução das filas para transplantes, a produção de órgãos em escala traria a diminuição de custos. Um procedimento como o dos garotos que receberam as uretras criadas no laboratório de Atala sai por cerca de US$ 5 mil (e não está disponível para o público). “O interesse comercial nestas tecnologias deve estimular sua industrialização e reduzir preços”, diz Atala. Ainda assim, a fabricação não será instantânea. O ideal, então, poderá ser a encomenda antecipada. “Se sua família tiver um histórico de problemas cardíacos, poderemos produzir vasos sanguíneos e guardá-los para o dia em que você precisar deles”, diz Forgacs, da Organovo. Com fabricação em massa e sob encomenda, você poderá comprar uma bexiga ou fígado novo quando os seus falharem. Quem sabe até parcelar no cartão.

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Transexuais Fazem Transplante de útero para terem os próprios Filhos (?)


Para o um dr inglês, o procedimento brasileiro, que envolveu uma doadora falecida, é essencialmente idêntico ao que poderá ser realizado em transgêneros. “Esse parto pioneiro é extremamente importante para qualquer mulher trans que queira dar à luz seu próprio filho”, disse ele entrevista ao jornal Mirror.
“Uma vez que a comunidade médica aceita isso como um tratamento para mulheres com infertilidade uterina, como a ausência congênita de um útero, seria ilegal negá-lo a uma mulher transexual que completou sua transição”, disse.
Na Europa, atualmente, não existem regulamentações que impeçam mulheres trans passarem por tratamentos de fertilização in vitro. Segundo o médico, o problema está em coletar o útero do doador, porque se trata de um procedimento complicado e que veias e artérias do útero podem ser facilmente danificadas no processo.
No entanto, ele diz que o procedimento cirúrgico é como um “encanamento” direto, uma vez que os vasos estão conectados, tudo ocorrerá bem, já que homens e mulheres têm as mesmas veias e artérias que possibilitam o transplante.
Embora as transexuais tenham a pelves mais estreita que a das mulheres, ainda assim há espaço suficiente para carregar uma criança. Além disso, as transplantadas poderiam tomar suplementos para replicar os hormônios que ocorrem naturalmente durante a gravidez. O nascimento teria de ocorrer via cesariana, para que a vida da criança não seja colocada em risco.
ara o Dr. Richard Paulson, ex-presidente da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, não há razão óbvia para que as mulheres transexuais não recebam um implante de útero. “Eu pessoalmente suspeito que haverá mulheres trans que vão querer ter um útero e provavelmente receberão o transplante”, acrescentou.
O caso do bebê brasileiro que nasceu de um útero transplantado, descrito na revista científica The Lancet, uma das mais famosas e respeitadas do mundo, ocorreu em setembro de 2016 no Hospital das Clínicas de São Paulo. O procedimento, segundo o jornal Correio Braziliense, durou cerca de 10 horas e o órgão foi coletado de uma mulher de 45 anos que teve morte cerebral causada por AVC.
As veias e artérias do útero foram cuidadosamente ligadas para preservar o endométrio (camada interna do órgão), onde o embrião se fixa para dar início a uma gravidez. A criança, que nasceu saudável, já completou um ano de vida e pesa 7,2 kg.

Mega Memória – Há 50 anos, acontecia o primeiro transplante de coração no Brasil


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Na madrugada de 26 de maio de 1968, Euryclides de Jesus Zerbini, cirurgião do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP), revolucionou a medicina ao liderar a equipe que realizou o primeiro transplante de coração no Brasil. Apesar de não ter sido o pioneiro – lugar que pertence ao sul-africano Christiaan Barnard, que realizou o procedimento cinco meses antes –, a cirurgia esteve entre as cinco primeiras do mundo.

O receptor do coração foi o lavrador mato-grossense João Ferreira da Cunha, de 23 anos, também conhecido como João Boiadeiro, que havia sido diagnosticado com doença do miocárdio e insuficiência cardíaca. Ele recebeu o novo coração às 6h40 do dia 26. O procedimento foi descrito com detalhes no livro A face Oculta dos Transplantes, de Euclydes Marques, um dos cirurgiões que participou desta ocasião histórica.
Pioneirismo brasileiro
O primeiro transplante cardíaco do Brasil tinha tudo para ser o primeiro do mundo, mas como as cirurgias realizadas em animais tinham excelente técnica, porém nenhuma taxa de sobrevivência, alguns dos professores mais renomados do Hospital das Clínicas de São Paulo preferiram não se arriscar, ainda que os jovens cirurgiões estivessem animados com a possibilidade.

Por causa disso, Christiaan Barnard, com 44 anos na época, passou à frente e realizou o primeiro transplante de coração do mundo em 3 dezembro de 1967, na Cidade do Cabo, na África do Sul. Os esforços pioneiros de Barnard não foram suficientes para aumentar o tempo de vida do paciente, que faleceu dezoito dias após a cirurgia em decorrência de uma infecção pulmonar.

Mesmo ficando atrás de cinco países, o Brasil foi o pioneiro na América Latina. A cirurgia foi um sucesso e demonstrou a capacidade da equipe de cirurgia torácica do Hospital das Clínicas, que havia anos vinha realizando transplante em cães, tentando encontrar as melhores técnicas para fazê-lo em humanos. Infelizmente, foi o pós-operatório que mostrou-se preocupante. Dezoito dias após o transplante, João Boiadeiro começou a apresentar sinais de rejeição ao órgão. Alguns dias depois ele veio a falecer.

A morte do primeiro transplantado não desanimou os médicos e, quatro meses depois, outro paciente – Hugo Orlandi, de 48 anos – passou pela cirurgia e resistiu 378 dias, quando seu corpo também começou a rejeitar o novo coração. No ano seguinte, em janeiro de 1969, Clarismundo Praça, 52, recebeu o terceiro coração transplantado do país. Ele não apresentou rejeição, mas faleceu 83 dias depois por causa de uma infecção generalizada provocada por uma ferida cirúrgica.

Mesmo com o óbito dos três primeiros pacientes, as conquistas alcançadas pela realização do transplante cardíaco no Brasil se mantêm até hoje, como a construção do tão sonhado Instituto do Coração (Incor), pelo qual Zerbini vinha lutando havia anos.

“O melhor momento é hoje”
Apesar das evoluções na medicina, poucas mudanças ocorreram no processo operatório. Nos primeiros anos, o avanço foi maior, especialmente em áreas que poderiam melhorar a taxa de sobrevida dos pacientes, como a descoberta e aprovação da ciclosporina, que motivou o aumento no número de várias modalidades de transplante. No entanto, nos últimos anos, a velocidade passou a diminuir, embora o período atual seja considerado por muitos médicos como o melhor para o transplante cardíaco, pois os pacientes estão vivendo mais e com melhor qualidade de vida.
O primeiro paciente de transplante cardíaco do Brasil sobreviveu apenas 28 dias após a cirurgia. Apesar da morte precoce, João Boiadeiro viveu dez dias a mais que o primeiro paciente a passar pelo procedimento, na África do Sul. Apesar de já existirem medicamentos imunossupressores, usados para controlar a rejeição nos receptores de transplantes, esse ainda era um dos principais problemas da época.

Por esse motivo, o número de transplantes realizados por ano foi diminuindo no mundo inteiro até a década de 80, quando foi aprovado o uso da ciclosporina em humanos. Esse medicamento, capaz de reduzir as reações que causam a rejeição de órgãos, é utilizado até hoje como tratamento inicial ou de segunda linha, quando as medicações imunossupressoras usadas anteriormente não funcionaram.

Tecnologia à serviço da medicina
Outro empecilho resolvido pelo avanço da medicina foi o tempo entre a retirada do órgão e a sua instalação no corpo do receptor. Na época dos primeiros transplantes, era preciso que doador e receptor estivessem o mais próximo possível um do outro para que a transferência fosse imediata, impedindo que o coração ficasse muito tempo no gelo e a hipotermia pudesse impedir que ele voltasse a bater depois de reimplantado no receptor. Hoje em dia, o coração pode ficar até quatro horas fora do corpo e, muitas vezes, passa parte desse tempo viajando de avião, por exemplo, para chegar ao destino final.

Além disso, uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia (UCLA, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, desenvolveram o Organ Car System (OCS), equipamento capaz de manter o coração e outros órgãos pulsando enquanto ocorre o transporte, o que aumenta o tempo de viabilidade dele fora do corpo humano. No entanto, como seu uso encarece o procedimento cirúrgico, o equipamento é usado apenas como último recurso, mas há previsões de que no futuro ele possa ser utilizado com maior frequência. Por enquanto, muitos médicos ainda preferem optar pelo método convencional, que oferece resultados satisfatórios.

O progresso tecnológico também permitiu a criação de corações e ventrículos artificiais capazes de auxiliar o coração debilitado a bater por mais tempo, mantendo o indivíduo vivo até o momento do transplante, que pode acontecer rapidamente ou levar anos. Eles podem ser utilizados interna ou externamente, dependendo da necessidade do paciente, sendo uma alternativa para pessoas que não podem receber transplante.

Infelizmente, no Brasil, o uso destes mecanismos ainda é limitado por causa dos custos – o Instituto do Coração é um dos poucos hospitais no país que dispõe de alguns em versão para adultos e crianças. O pioneirismo no implante de dispositivo de assistência ventricular (DAV) na América Latina também pertence ao Brasil, tendo sido realizado em 1993, no Incor.
Ajudando a salvar vidas
De acordo com Fábio Jatene, mesmo que os avanços médicos tenham representado muito para o transplante, existem desafios que precisam ser superados para que o procedimento possa progredir ainda mais, principalmente no Brasil. A preocupação com os doadores, por exemplo, é um dos problemas que precisam ser solucionados. Como as emergências do país estão quase sempre superlotadas, existe certa dificuldade em cuidar dos pacientes, especialmente daqueles que não têm perspectiva de vida, como os que apresentam morte cerebral – justamente os possíveis doadores.

Outro desafio é a doação de órgãos. A legislação brasileira permite a doação mediante autorização de familiar; entretanto, mesmo que em vida o paciente tenha informado à família o interesse em se tornar doador, como não existe documentação que possa comprovar este desejo, se o responsável não quiser autorizar, é a vontade dele que prevalece. Apesar de crescer gradativamente, o número de doadores no Brasil ainda é limitado em comparação com países como Espanha e Estados Unidos, que trabalham na comunicação com famílias de doadores em potencial.

“A doação de órgãos ainda é um tabu na sociedade, ninguém vai querer usar o almoço de domingo para falar sobre a morte. Não é uma questão tratada com frequência. Antes de ter passado pelo meu problema, eu e meus familiares nunca conversamos a respeito disso, não era um assunto que existia nas nossas conversas”, confessou. No entanto, essa realidade não é mais a mesma. Desde o transplante, Renato e a família coordenam a campanha “Doe órgãos salve vidas“, que visa a promover palestras e eventos para conscientizar as pessoas da importância da doação de órgãos e como o gesto pode ajudar a salvar vidas.
Como acontece o transplante
A cirurgia de transplante de coração envolve duas técnicas principais: a clássica e a bicaval. O que diferencia uma da outra é a quantidade de tecido do órgão velho que permanece no corpo do paciente. Apesar disso, ambas as técnicas seguem basicamente os mesmos princípios cirúrgicos:

1ª etapa: O procedimento cirúrgico de retirada do coração do receptor começa apenas quando o novo órgão já está na sala de operação, pronto para ser transplantado. Depois que o peito do receptor é aberto, as veias são desligadas do coração e conectadas a uma cânula (tubo) de uma máquina de circulação extracorpórea (CEC). Esse equipamento será responsável por exercer a função do coração, bombeando o sangue durante a cirurgia para que o corpo continue funcionando.

3ª etapa: O novo coração é conectado ao átrio, cavidade que recebe o sangue. As cânulas são retiradas e as veias e artérias são reconectadas ao novo coração. O sangue que estava sendo bombeado pela máquina de CEC retorna para o corpo e o coração é estimulado para recuperar os batimentos. Antes de fechar o peito do paciente, drenos são colocados na cavidade pulmonar para evitar o acúmulo de líquidos.

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Primeiro transplante de cabeça efetuado (?)


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O neurocirurgião italiano Sergio Canavero em uma conferência de imprensa na recentemente, em Viena, na Áustria, afirmou ter completado o primeiro transplante de cabeça humana do mundo entre dois cadáveres, sem fornecer nenhuma prova para apoiá-lo.

O procedimento
Canavero, diretor do Grupo de Neuromodulação Avançada de Turim, disse ter retirado a cabeça de um cadáver e a anexado ao corpo de outro cadáver, fundindo a coluna vertebral, nervos e vasos sanguíneos. O médico também disse ter estimulado os nervos do cadáver depois do procedimento, para garantir que o método funcionou.
A “operação” durou 18 horas e foi realizada na China por uma equipe da Universidade Médica de Harbin, liderada pelo Dr. Xiaoping Ren.
O neurocientista fez parte da equipe, mas não divulgou detalhes da técnica utilizada, dizendo apenas que um artigo científico seria publicado nos “próximos dias”.

Críticas
Canavero não inspira muita confiança na comunidade científica.
Por exemplo, ele afirmou ter realizado o transplante em um macaco em 2016, mas não publicou nenhum artigo sobre isso.
Além disso, nos vários artigos que ele de fato publicou reivindicando ter cortado e juntado as medulas espinhais de animais, como ratos e cães, os textos não deixam claro como o procedimento funciona, nem foram revisados por outros cientistas.

O que sabemos
Quando Canavero discutiu seus planos para esse tipo de cirurgia no passado, ele se referiu ao processo como um transplante de cabeça ou de corpo inteiro. Seu último trabalho foi descrito de forma diferente.

“Meu principal objetivo não era um transplante de cabeça, era um transplante de cérebro”, disse na conferência de imprensa.

O procedimento que ele eventualmente quer completar – seja qual for o seu nome – envolverá cortar segmentos da medula espinhal de uma pessoa com lesão, a fim de substituir a parte cortada com segmentos da medula espinhal saudável de um doador, fundindo as duas partes.
Canavero planeja “colar” as espinhas usando polietileno glicol (PEG), uma substância comumente usada para encorajar células a se fundirem em laboratório.
Ele também disse que o procedimento entre cadáveres se provou um sucesso, e que ele e sua equipe tentariam realizar a mesma coisa em dois doadores de órgãos com morte cerebral antes de eventualmente tentar uma cirurgia semelhante em alguém paralisado do pescoço para baixo.

Prolongar a vida
Canavero acrescentou que sua maior meta, como cientista, não é curar a lesão da medula espinhal, mas sim prolongar a vida.
Da mesma maneira que o médico fictício Victor Frankenstein descobriu como dar vida a uma matéria inanimada, Canavero pretende enganar a morte.
O cirurgião prevê um futuro em que pessoas saudáveis possam optar por transplantes de corpo inteiro como uma forma de viver mais tempo, eventualmente até colocando suas cabeças em corpos clonados.

Ceticismo
A evidência existente de que um transplante de corpo inteiro poderia ter êxito se apoia em poucos experimentos feitos com animais que muitos especialistas dizem ser inconclusivos.
É possível que tudo o que Canavero disse ter feito seja verdade, e que o transplante de cabeça esteja mesmo iminente. Por mais que ele pareça maluco, ideias loucas são necessárias para romper fronteiras.
Mas estamos falando de ciência. Muito pouco estudo foi feito sobre este procedimento ou seus riscos. Se Canavero não começar a pesquisar de forma aberta, honesta e realista, será difícil que a comunidade científica o leve a sério.
Até que vejamos evidências convincentes de que tal transplante é realmente viável, permaneceremos céticos. [ScienceAlert]

Acredite se Quiser- Cirurgião que fará transplante de cabeça promete transplantar cérebros até 2020


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Numa entrevista publicada ontem pela revista alemã Ooom, o cirurgião italiano Sergio Canavero deu mais detalhes sobre o primeiro transplante de cabeça do mundo, que deverá ser realizado nos próximos 10 meses. No entanto, Canavero também aproveitou para falar sobre seus planos para o futuro, que incluem uma iniciativa ainda mais arriscada: transplantes de cérebro.
“Estamos atualmente planejando o primeiro transplante de cérebro do mundo, e eu considero realístico dizer que estaremos prontos em três anos no máximo”, disse o cirurgião. Não se trata, segundo ele, de um próximo passo na evolução da cirurgia, mas de um desenvolvimento separado. “O processo já está encaminhado, nós estamos trabalhando nele em paralelo [ao transplante de cabeça].”
O procedimento, segundo Canavero, envolveria “transportar o seu cérebro para um crânio totalmente diferente”. Em outras palavras, o cérebro (e presumivelmente a consciência e a personalidade) do paciente seria transportado para um corpo “inteiramente novo”. O cirurgião reconhece que o processo pode ser traumático: “Isso cria uma situação nova que certamente não será fácil”.
Por outro lado, o cirurgião diz que o transplante tem “muitas vantagens”: “Primeiro, não há quase nenhuma reação imunológica, o que significa que o problema da rejeição não existe”. Num transplante de cabeça, os nervos, tendões, músculos e veias podem causar grandes problemas caso o novo corpo os rejeite, mas, com o cérebro, isso não acontece. “O cérebro é, de certa forma, um órgão neutro”, diz.

Transcendendo a morte
De certa forma, segundo Canavero, os transplantes de cérebro poderiam possibilitar que os humanos vivam para sempre. Durante a entrevista, ele fala sobre a empresa estadunidense Alcor, que congela corpos e cérebros humanos para que eles possam ser “revividos” no futuro. A ideia é que os “clientes” da empresa possam ser acordados em 100 ou 200 anos, quando a tecnologia para isso existir.
Mas o cirurgião italiano diz ter “boas notícias” para eles: assim que o primeiro transplante de cabeça for realizado com sucesso, ele e sua equipe começarão a tentar reviver os primeiros cérebros dos clientes da Alcor. Isso deve acontecer “no máximo em 2018”, segundo ele. O teste, mesmo que não dê certo, permitirá “descobrir se congelar cérebros [para reviver depois] faz sentido ou se toda essa abordagem pode ser esquecida”.
Ainda sobre o transplante de cabeça, Canavero considera que o procedimento, se funcionar, dará à humanidade um novo entendimento sobre a morte. “Nessa fase [quando a cabeça está separada do corpo], não há nenhuma atividade de vida – nem no cérebro, nem no resto do corpo. O paciente está morto, clinicamente morto. Se nós trouxermos essa pessoa de volta à vida, receberemos o primeiro relato real do que acontece após a morte”, comenta.

O sentido da vida
Com esse relato, o médico acredita que “as religiões serão exterminadas para sempre”: “Elas não serão mais necessárias, pois os humanos não precisarão mais ter medo da morte”. O paciente que sobreviver à operação poderá contar se manteve sua consciência, ou se não sentiu nada durante seu período de “morte”.
Nesse segundo caso, Canavero acredita que ficaria provado que o cérebro é que cria a consciência. “Então, começaremos a nos perguntar pelo sentido da vida: eu nasço, eu vivo, eu morro e em algum momento eu envelheço e adoeço. Qual é o propósito da minha vida?” Embora trate-se de uma perspectiva bem deprimente, o cirurgião se mostra mais otimista: “Eu sou pela vida, eu acredito na vida”.

Medicina – Hospital brasileiro testa nova técnica contra o câncer


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Uma técnica inovadora de radioterapia feita para preparar pacientes com câncer para o transplante de medula óssea tem sido testada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O procedimento, chamado Targeted Marrow Irradiation (TMI), que foi desenvolvido por pesquisadores dos Hospitais Universitários de Cleveland, nos Estados Unidos, “destrói” a medula com uma irradiação mais focal, localizada, diminuindo o acesso da radiação a outros órgãos e tecidos sadios e, consequentemente, produzindo menos efeitos colaterais. No Brasil, o hospital é o primeiro a experimentar o tratamento.
De acordo com Ana Carolina Pires de Rezende, médica radio-oncologista do Hospital Albert Einstein, antes do transplante de medula, o paciente precisa passar pela etapa de condicionamento, a radioterapia que prepara o organismo para a cirurgia. Em muitos casos, para acessar a medula óssea, o procedimento é feito de corpo inteiro, o que pode prejudicar outros órgãos saudáveis, inclusive os vitais.
Essa radiação desnecessária, segundo Nelson Hamerschlak, coordenador do Centro de Oncologia e Hematologia do hospital, pode provocar inflamação do intestino, pneumonia, mais indisposição e cansaço, que acabam por interferir na qualidade do transplante. O método beneficiará principalmente aqueles que precisam fazer o transplante de medula óssea, como pacientes com leucemia ou mieloma múltiplo, com mais de 60 anos ou a saúde fragilizada por outros problemas associados, como a desnutrição.

Precisão da técnica
Os pesquisadores norte-americanos desenvolveram a técnica com o objetivo de reduzir a toxicidade do procedimento tradicional. Eles criaram uma diferente programação do equipamento radiológico, de forma que atinja efetivamente mais os ossos e o baço, áreas que precisam ser irradiadas, preservando os órgãos vitais. Segundo Ana Carolina, esse programa exige um planejamento específico e individualizado para cada paciente, com diferentes doses de radiação e regiões do corpo.
Devido a sua praticidade, a técnica não exige grandes investimentos. Segundo Hamerschlak, não é preciso adquirir um aparelho específico, apenas fazer pequenas adaptações e treinar a equipe, principalmente os físicos, para as novas programações. “Nossos profissionais acompanharam esse desenvolvimento em nível experimental e foram treinados ao longo de cinco anos”, afirmou.

Testes no Brasil
O método já é utilizado pela equipe de Cleveland há dois anos. No Brasil, o Hospital Albert Einstein realizou a radioterapia focalizada com sucesso em dois pacientes em junho deste ano. A dose de radiação foi referendada pela equipe americana.
A partir de agora, o hospital dará início a um protocolo de pesquisas para testar doses maiores da radiação, sem ampliar a toxicidade. Uma das perguntas a serem respondidas é se essa técnica reduz os casos de doença do enxerto contra o hospedeiro, uma das principais complicações do transplante, que normalmente acontece por conta da toxicidade da radioterapia.

Ciência Bizarra – Primeiro transplante de cabeça “bem-sucedido” é realizado em ratos


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Em 2015, o famoso neurocientista italiano Sergio Canavero gerou uma polêmica no mundo inteiro ao afirmar que, em dois anos, seria possível realizar transplantes de cabeça ou de corpo inteiro, de modo que as pessoas com tetraplegia, câncer ou outros problemas graves poderiam substituir seu corpo adoecido por um saudável.
Nesse sentido, e ao lado de Xiaoping Ren e sua equipe de cientistas chineses, Canavero realizou o primeiro transplante bem-sucedido de cabeça em um rato. A cirurgia consistiu em unir a cabeça de um pequeno rato a outra de maior tamanho, mantendo a atividade cerebral do doador e utilizando um terceiro espécime para deixar estável a pressão sanguínea dos dois primeiros.
O experimento foi repetido em vários ratos, e embora nenhum deles tenha conseguido sobreviver por mais 36 horas, os cientistas o consideram bem-sucedido, já que conseguiram evitar uma perda grande de sangue nos animais – o que se mostrou crucial para um futuro transplante de cabeça em humanos.
O neurocientista italiano afirma que haverá condições de realizar esse procedimento em humanos dentro de 10 meses.

Criônica – Técnica de criogenia pode ajudar a preservar órgãos para transplante


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Esfriar é fácil, reaquecer é difícil. Há décadas os pesquisadores conseguem preservar material biológico por congelamento. Mas ainda não se sabe como reaquecer esse material mantendo suas propriedades e sem estragá-lo, especialmente se for volumoso.
A descoberta de uma nova técnica para descongelar tecidos e órgãos facilitaria muito os transplantes. A equipe liderada por John Bischof, da Universidade de Minnesota (EUA) deu agora o primeiro passo para isso se tornar realidade no future.
E a necessidade é urgente. Corações e pulmões, depois de retirados do doador, precisam ser preservados em gelo e implantados no receptor no máximo em quatro horas.
Para isso, o órgão pode ter que andar de ambulância, viajar de helicóptero, e chegar nas mãos da equipe de transplante que o espera ansiosamente. Mas infelizmente, mais de 60% de corações e pulmões precisam ser descartados por não chegarem a tempo e em boas condições.
Se fosse possível congelar o órgão, e descongelá-lo sem danos, a medicina de transplantes daria um gigantesco passo adiante.
Neste novo estudo da revista médica “Science Translational Medicine”, os pesquisadores revelam como lidaram com o problema de reaquecimento usando nanopartículas –partículas minúsculas, da ordem de um milionésimo de milímetro– de óxido de ferro revestidas com sílica e dispersas por uma solução que protege o tecido biológico contra o frio (“crioprotetora”).
O tecido é congelado aos poucos e colocado em um frasco com a solução crioprotetora, totalmente em contato com as partículas. O frasco é preservado em nitrogênio líquido a temperaturas entre 160°C a 196°C negativos.
As nanopartículas magnetizadas são excitadas pela rádiofrequência, esquentam e com isso descongelam de modo uniforme o tecido no frasco. As taxas de aquecimento chegam entre 100°C a 200°C por minuto, e isso ocorre dez a cem vezes mais rápido que os métodos tradicionais.

É a primeira vez que isso é demonstrado sem danificar o tecido, segundo Bischof. “Chegamos aos limites do que podemos fazer a temperaturas muito elevadas e temperaturas muito baixas nestas diferentes áreas”, disse.
“Normalmente, quando você vai para os limites, você acaba descobrindo algo novo e interessante. Esses resultados são muito excitantes e poderiam ter um grande benefício social se pudéssemos algum dia depositar órgãos para transplante em bancos de preservação”, diz o líder da pesquisa.
Terminado o reaquecimento foram feitos testes de viabilidade; os resultados mostraram que nenhum dos tecidos apresentava sinais de danos, ao contrário de amostras reaquecidas por “convecção térmica” (processo de transferência de calor que acontece através da movimentação de um material), mesmo pelo método mais simples, colocar o frasco em água na temperatura do corpo (37°C).
A equipe –também coordenada por Navid Manuchehrabadi, pesquisador fazendo pós-doutorado em Minnesota– foi capaz de lavar com sucesso as nanopartículas de óxido de ferro da amostra.
Segundo Manuchehrabadi, Bischof e colegas, até agora só era possível ter sucesso no reaquecimento em amostras de cerca de um mililitro de tecido e solução. O novo estudo conseguiu sucesso com amostra de até 50 mililitros.
Se a técnica puder ser aperfeiçoada e ampliada poderá a princípio ser possível reaquecer sistemas biológico maiores, como órgãos de até um litro. O potencial é vasto. A Universidade de Minnesota já tem duas patentes ligadas a essa pesquisa.
O estudo envolveu células humanas, artérias de porcos, e até mesmo tecidos da aorta do coração do porco. A equipe agora planeja testar órgãos pequenos, por exemplo de ratos e coelhos.

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Morre primeira paciente com rosto transplantado no mundo


Isabelle Dinoire, a primeira paciente do mundo a receber um transplante de rosto, morreu em abril passado na França, devido a uma “longa doença”, pouco mais de uma década depois da excepcional operação.
Em 2005, esse primeiro transplante de rosto realizado na França gerou muitas esperanças no mundo para todo tipo de acidentes de trânsito, queimaduras, ou vítimas de armas de fogo. EUA, Espanha, China, Polônia, Bélgica e Turquia também realizaram essa delicada de cirurgia.
Apesar do entusiasmo inicial, os riscos de rejeição – a curto, ou a longo prazo – dos tecidos provenientes dos doadores falecidos constituem desafios para essa complexa cirurgia.
Desfigurada por seu cachorro, Isabelle Dinoire tinha 38 anos quando recebeu o transplante parcial de rosto —nariz, lábios e queixo—, realizado pela equipe do cirurgião Bernard Devauchelle, do Hospital de Amiens, e de Jean-Michel Dubernard, de Lyon.
Em março de 2010, uma equipe espanhola realizou o primeiro transplante total de rosto de um homem que padecia de uma deformação após sofrer um acidente.

Medicina – Transplante de mãos


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Há três anos, Chris King, de 57 anos, perdeu ambas as mãos – exceto os polegares – em um acidente de trabalho. Mas agora, ele se tornou o primeiro paciente do Reino Unido a ter ambos os membros transplantados com sucesso. Apenas cerca de 80 procedimentos semelhantes foram realizados no mundo, mas nunca antes nesta região da Europa.
King foi tratado no Leeds General Infirmary (LGI) pelo cirurgião e professor Simon Kay, que também realizou o primeiro transplante de uma única mão no Reino Unido, em 2012. O procedimento realizado em uma média de 6 a 12 horas permitiu que a mão se curasse sozinha, mesmo após partes delas terem sido danificadas pelo ferimento.
Agora, King está ansioso para ser capaz de segurar uma garrafa de cerveja, fazer serviços de jardinagem e poder vestir camisas com botões novamente, já que até então teve de se adaptar aos modelos de velcro. O acidente que lhe decepou ambas as mãos ocorreu há três anos, enquanto pressionava metal em uma máquina. “Eu não poderia desejar algo melhor. É melhor do que ganhar na loteria, porque você se sente inteiro novamente”, disse ele.
Os detalhes do procedimento não foram revelados para reduzir o risco de o doador ser identificado. No momento, ele conseguiu recuperar alguns movimentos, mas está ansioso para remover as bandagens e ver o resultado.
Já o médico recordou que, a princípio, alguns de seus colegas tentaram convencê-lo ao contrário. Porém, ele tomou a decisão de realizar o procedimento pioneiro na região após seu amigo, Mark Cahill – a primeira pessoa a ter a mão transplantada no Reino Unido, em uma cirurgia realizada por ele [Dr. Kay] – tê-lo convencido.
Segundo ele, trata-se de uma operação longa e extremamente complexa. São necessárias equipes de cirurgiões para remover a mão do doador, enquanto outra trabalha no paciente destinatário. Assim, os ossos são unidos com placas e parafusos de titânio e, bem como a cura de um osso quebrado, eles eventualmente se unem, deixando as placas no local para garantir a estabilidade. Os cirurgiões em seguida conectam os tendões e músculos principais, antes de fazer o mesmo com os vasos sanguíneos. Uma vez que o sangue está circulando, a sensação da mão pode voltar.
Esse tipo de transplante no Reino Unido, custa cerca de 50.000 euros, com um adicional de 2.000 a 3.000 por ano em custos com reabilitação e medicamentos. Os pacientes elegíveis normalmente perderam uma ou ambas as mãos, principalmente abaixo do cotovelo. Na avaliação dos médicos, o foco principal é adequação do grupo sanguíneo, tom de pele e tamanho da mão. Devido à natureza complexa do procedimento, os pacientes também são avaliados cuidadosamente em relação a adequação psicológica.

Experimentos usam células-tronco para criar animais com órgãos humanos


Criar porcos com órgãos humanos. Este é o objetivo de um grupo de cientistas do Instituto Salk para Estudos Biológicos, sediado na Califórnia, que atua num nascente e promissor campo que reúne modernas técnicas de edição genética e células-tronco. A ideia é sedutora, com potencial para acabar com as filas de transplante, mas enfrenta uma série de dilemas éticos. No fim do ano passado, o Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos EUA suspendeu a concessão de novos financiamentos para experimentos que envolvam a injeção de células-tronco humanas pluripotentes (capazes de gerar qualquer tipo de tecido) em embriões de animais em estágio inicial. Mas estudos com financiamento privado prosseguem, a legislação só proíbe que a gestação seja completa.

Em comunicado sobre a decisão, o NIH destacou que trata-se de uma “área excitante da ciência que está em rápido progresso, mas que merece considerações sobre ética e bem-estar dos animais”. Além da questão sobre o possível uso de animais para fabricar órgãos, o maior temor é com a humanização, ou seja, que o animal resultante do experimento tenha características humanas, desde um simples pelo até um maior poder cognitivo.

Nos laboratórios do Instituto Salk, Jun Wu é um dos coautores de estudo publicado na “Nature” no ano passado que comprovou a possibilidade de cultivar células humanas em embriões de camundongos. Os pesquisadores desenvolveram um novo tipo de célula-tronco, batizada como rsPSC, criada a partir de qualquer célula adulta do doador. Dessa forma, será possível produzir órgãos e tecidos para transplante sem riscos de rejeição, caso os experimentos sejam bem-sucedidos. Atualmente, a equipe trabalha com porcos.

— Estamos tentando gerar órgãos e tecidos humanos funcionais usando um porco como hospedeiro. Usamos tecnologias de edição genética para desabilitar genes no embrião que são chave para o desenvolvimento de órgãos nos porcos e células-tronco humanas para “resgatar” essa deficiência, criando um porco com órgãos humanos — contou Wu. — Nós acreditamos que uma fazenda de órgãos será viável no futuro próximo. Agora existem alguns desafios técnicos , como a eficácia e a escolha do gene correto para modificar no porco, mas achamos que isso será rapidamente superado com o avanço nos campos da edição genética e de células-tronco.

CONSEQUÊNCIAS DESCONHECIDAS
Após a preparação, o embrião é implantado no útero de uma porca hospedeira, para dar início à gestação. O desenvolvimento é interrompido ainda nas primeiras semanas, mas os pesquisadores esperam ser possível observar sinais de órgãos formados por células humanas.
O procedimento de inserção de células humanas em embriões de animais é conhecido como quimerismo, em referência à figura mítica grega de uma besta cuspidora de fogo com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente. Na ficção, a hibridização de humanos com animais foi explorada por H. G. Wells, em “A ilha do dr. Moreau”. Para Wu, essas fantasias alimentam o temor sobre o futuro dessas tecnologias.
Além do Instituto Salk, pesquisas nessa linha estão sendo realizadas em Stanford e na Universidade de Minnesota. Estimativas apontam que ao menos 20 gestações de quimeras foram realizadas nos EUA no ano passado, mas os resultados ainda não foram publicados. Em carta publicada na revista “Science” em novembro, 11 pesquisadores, a maioria de Stanford, pediram pelo fim da moratória imposta pelo NIH. Além da possibilidade de cultivar órgãos humanos em animais, estudos com quimeras podem abrir portas para outras aplicações, como o cultivo de “órgãos em miniatura” para estudar o avanço de doenças in vivo, ou para modelos de testes de novas drogas, garantindo maior segurança antes dos testes clínicos.
O brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia em San Diego, é um dos pioneiros na produção de quimeras. Em 2005, ele provou que neurônios humanos derivados de células-tronco pluripotentes desenvolvidos em embriões de camundongos podem ser funcionais. Seus experimentos usaram embriões em estágio avançado, com a injeção das células-tronco na região do cérebro do feto — diferente dos estudos atuais, que usam embriões em estágios iniciais, nos quais a contribuição humana pode acontecer em qualquer região do organismo.
O pesquisador ressalta a importância desse tipo de abordagem científica. A sua descoberta, por exemplo, abriu caminho para uma série de pesquisas que estão em fase de ensaio clínico para novos tratamentos médicos. Mesmo assim, ele concorda com a moratória imposta pelo NIH.
A polêmica em torno da produção de quimeras usando embriões de animais em estágio inicial ainda não chegou ao Brasil. De acordo com a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), ligada ao Conselho Nacional de Saúde, ainda não foram submetidos pedidos de análise de projetos que tratem do assunto. Mas com o avanço dos estudos nos EUA e em outros países, é provável que a discussão chegue ao país em breve.

Genética – Embrião metade humano metade suíno é criado nos EUA


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A produção de órgãos humanos novinhos para salvar vidas é um sonho antigo da ciência.
Isso representaria a cura de determinadas doenças que só se resolvem com transplantes, como no caso do pâncreas. Mas como isso seria possível?
Cientistas acreditam que uma quimera poderia ser a solução. Trata-se de um animal que possui partes do corpo de outro animal. Pesquisadores tentam fazer isso desenvolvendo um pâncreas humano em um porco.
A tentativa está por conta da equipe de Pablo Ross, um biólogo reprodutivo da Universidade da Califórnia, em Davis, nos Estados Unidos. Em seu trabalho com embriões de porcos, ele realizou uma técnica de “edição de genes”, retirando os genes responsáveis pelo desenvolvimento do pâncreas suíno.
Na sequência, foram injetadas células-tronco humanas pluri potenciais, que poderão se desenvolver em qualquer parte humana, em 25 embriões implantados nas porcas.
Os embriões suínos poderão se desenvolver somente até o 28° dia por questões éticas. Após este período, serão retirados e dissecados. A próxima etapa consiste na análise do desenvolvimento dessas células-tronco humanas no embrião para ver se alguma delas evoluiu para um pâncreas. Há a possibilidade de que elas tenham migrado para outro lugar e virado alguma outra coisa.
Na verdade, esse é o grande risco da técnica, já que essas células humanas podem fazer qualquer coisa dentro do embrião do porco. Não haveria como direcioná-las exatamente para criar um pâncreas. Elas poderiam, por exemplo, afetar o desenvolvimento do cérebro do porco e gerar alguma parte humana ali dentro.
De qualquer maneira, se o experimento obtiver êxito, os animais seriam doadores perfeitos, já que as células-tronco viria do próprio paciente, sem risco de rejeição.

Medicina – Rim Artificial é Criado no Japão


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Em um estudo divulgado pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (PNAS), a equipe de pesquisadores da Universidade Jikei, em Tóquio, explica que os órgãos, desenvolvidos a partir de células-tronco, foram transplantados para os animais e funcionaram como rins naturais no que diz respeito à passagem de urina.
Anteriormente, essa operação tinha sido um problema, com a pressão da urina causando inchaços. O problema foi resolvido com a criação de mais canais para o escoamento do líquido.

Fila
O anúncio dos cientistas japoneses representa uma esperança para as milhares de pessoas no mundo que estão na fila de espera para transplantes de rim. No Brasil, segundo diversas entidades, há pelo menos 35 mil pessoas na fila.
Existem no mundo outros projetos de criação de órgãos em laboratório, mas o que faz o projeto da Universidade Jikei diferente é que ele também inclui a criação de uma bexiga extra. Quando conectada ao aparelho urinário de ratos, o conjunto funcionou por pelo menos oito semanas sem problemas.

Os mesmos resultados foram obtidos nos testes com os porcos.

“Trata-se de um interessante passo adiante. Os dados relacionados aos testes com animais são fortes”, afirma Chris Mason, especialista em células-tronco da University College London.
“Mas não podemos dizer se vai funcionar em humanos. Ainda estamos anos longe disso. Mas no caso dos rins, ao menos temos terapias como a diálise, que podemos usar em pacientes enquanto tentamos tornar possível a criação de rins em laboratório”.
Outras técnicas sendo estudadas por cientistas incluem o “rejuvenescimento de órgãos”. Na Universidade Harvard, nos EUA, a equipe chefiada por Harald Ott desenvolveu uma técnica que “lava” o tecido de órgãos mortos e deixa uma estrutura que pode ser “repopulada” com novas células. Ott e sua equipe já conseguiram desenvolver rins e pulmões com essa técnica.

Medicina – Transplante de Mão


Ataque ao estranho
O corpo não reconhece como seu o órgão transplantado e dispara o processo de rejeição.
Quando o cérebro se dá conta do corpo estranho, manda a medula produzir mais linfócitos, células de defesa, que são enviadas para a mão pela corrente sanguínea.
Os soldados atacam as células não reconhecidas e começam a destruí-las. São tantos que às vezes chegam a entupir os vasos sanguíneos.
O resultado é que o tecido morre. Por isso, o processo tem de ser revertido com medicamentos, tomados diariamente e para sempre.
Ligações delicadas
Os cirurgiões uniram vários tipos de tecidos, cada qual com funções diferentes.

A parte dura
O braço do doador foi cortado na medida para se encaixar perfeitamente. Primeiro ligaram-se os ossos com fios grossos de metal, parecidos com pinos, que depois foram retirados.
Ajuste fino
A parede das artérias tem só 0,4 milímetro de espessura. Para costurá-la usou-se um fio de náilon de 0,03 milímetro de diâmetro. Por isso – e para fazer pontos bem juntinhos –, a área precisou ser ampliada em trinta vezes com um microscópio.
A chave do movimento
A emenda do tendão, de 1 centímetro de diâmetro, é menos delicada. Mas deve ser muito resistente para não arrebentar com o movimento. O fio tem 3 milímetros e os pontos são feitos em forma de U.
Caminho de volta
Juntar as veias é a parte mais árdua. Ao contrário das artérias, suas paredes são moles e mais finas ainda (menos de 0,4 milímetro). Como não têm músculos, tendem a grudar.
Recuperação lenta
Com os nervos, o principal cuidado é não costurar tipos diferentes, um motor com um sensitivo. Feita a identificação, religam-se quatro feixes de cada um dos grupos. Eles vão se regenerar no máximo 1 milímetro por dia.
Toque final
Na última fase, a pele foi costurada como em outras cirurgias.

Ficção? Cientistas recriam coração humano a partir de células tronco


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Ainda não é possível usar os corações sintéticos em transplantes reais, mas é o mais perto que já se chegou de um órgão criado em laboratório que realmente funcione.
O transplante de órgãos sintéticos criados em laboratório pode até parecer coisa de filme. Ok, ainda é coisa de filme, mas agora os cientistas estão muito mais perto de diminuir a espera por uma doação.
É que, nesta semana, cientistas do Massachusetts General Hospital e da Harvard Medical School conseguiram criar um coracão híbrido, feito em parte por células tronco.
E daí? Bom, daí que a maior dificuldade que os médicos encontram para fazer um transplante é a possibilidade de rejeição pelo corpo do receptor. Um em cada quatro transplantados apresentam algum problema relacionado à rejeição. Nos EUA, 8% dos pacientes têm uma sobrevida de apenas 6 meses.
O tal do “coração híbrido” mata esse problema, já que ele é feito, em parte, com células do próprio receptor. Funciona assim: antes de transplantar o coração doado, os cientistas lavam-no com uma solução criada para remover seu tecido cardíaco, que é o pode causar a rejeição. O que sobra é um coração “limpo”.
Mas aí, aparece outro problema: um coração só funciona com esses tecidos cardíacos. Para resolver mais essa, os cientistas substituem o tecido que foi “lavado” por um novo, feito a partir das células tronco do receptor, como se o coração limpo fosse uma base e os novos tecidos uma espécie de embrulho. Como esses tecidos são compatíveis com o receptor, as chances de rejeição diminuem.
Depois de tudo isso, o coração híbrido já está quase pronto, e a única coisa que falta são os batimentos cardíacos. Para simulá-los, os cientistas deram um choque elétrico no coração. E deu certo: ele começou a bater!
O processo foi testado em 73 corações humanos doados e demorou três meses para ser concluído. Mesmo assim, tudo o que os cientistas conseguiram foi testar a mecânica da coisa e ver que funciona. O passo seguinte é transplantar pra valer.
Essa não é a primeira vez que tecidos corporais são cultivados em laboratório, mas é o mais perto que já se chegou de construir um coração em tamanho real e que funcione. Então, legal: é um passo a mais para ajudar as 40 mil pessoas que estão na fila geral de transplantes só no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.

Neurociência – Cientista afirma ter realizado transplante de cabeça com sucesso


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Segundo Canavero, diretor do Grupo Avançado de Neuromodulação de Turim, os experimentos realizados nesses animais (um rato e um macaco), foram coordenados por ele mesmo, com a assistência dos professores Xiaoping Ren e C-Yoon Kim, na China e na Coreia do Sul. Isso confirmaria o potencial desse tipo de intervenção radical em humanos, e que poderá salvar a vida das pessoas com tetraplegia e distrofia muscular progressiva. O cientista italiano afirmou que possui o vídeo completo da evolução do rato desde a operação até quando ele começa a recuperar os primeiros movimentos – processo que dura entre três e quatro semanas.
A chave dessa inovação extraordinária se baseia na hipótese que uma medula espinal que sofreu um corte limpo pode se reconectar. “Isso nós demonstramos com o experimento dos ratos. Depois do transplante de cabeça, esses animais recuperaram a mobilidade total. Isso é revolucionário”, afirmou Canavero. Já o macaco foi sacrificado 20 horas após a operação. Diante dos questionamentos éticos, o cientista disse que não realizará mais experimentos com animais: “A partir de agora, as próximas intervenções serão feitas com humanos cerebralmente mortos”.
Todos esses passos são seguidos com atenção pelo jovem russo Valery Sprirdonov, o candidato para o primeiro transplante de cabeça em uma pessoa viva.

Medicina – Órgãos humanos dentro de porcos e ovelhas


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A princípio a ideia pode parecer bizarra, mas pode salvar milhões de vidas.

Mais de 50 porcas e ovelhas foram implantadas com embrões híbridos, com a esperança de que, quando nascerem, os filhotes sejam capazes de produzir órgãos humanos funcionais, como corações e fígados. Utilizando técnicas de edição de genes, cientistas americanos reprogramaram as células embrionárias dos animais – para que eles produzam órgãos humanos. Parte do DNA dos bichos foi substituído por células-tronco humanas, que deverão formar os órgãos. Assim, a ovelhinha vai ter um coração humano, e não um coração de ovelha. Depois, é só realizar o transplante.
A técnica, que vem sendo desenvolvida pelo National Institutes of Health (braço de pesquisa científica do governo dos EUA), é controversa, principalmente porque envolve direitos dos animais, células-tronco e modificações genéticas. “Criar híbridos homem-animal é ruim para os homens e pior para os bichos. Eles têm a mesma capacidade de sofrer de qualquer outro animal, incluindo humanos”, diz Julia Baines, da organização não-governamental PETA (People for the Ethical Treatment of Animals). Por outro lado, o mundo enfrenta uma crise na doação de órgãos. A lista de espera por um transplante tem 122.000 nomes, só nos Estados Unidos. No fim de cada dia, 22 pessoas morrem na fila.
Apesar do confronto, ainda estamos longe de saber se os órgãos criados em animais realmente funcionam. Nenhum porco ou ovelha modificado nasceu ainda, e vários testes ainda precisam ser realizados antes que um transplante ocorra de fato.

Reprodução – Primeiros transplantes de útero serão realizados nos EUA


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O procedimento irá beneficiar as mulheres que tiveram seu útero removido devido a doenças ou danos, ou que nasceram sem o órgão, recebendo um doado. Depois que o destinatário tiver um ou dois filhos, o útero será removido novamente, para impedir a ação de rejeição do organismo, que estará sob efeito de medicamentos.
Embora os transplantes de órgãos existam há décadas, o transplante de útero é relativamente novo no cenário médico, pois o órgão não é essencial para a sobrevivência. Portanto, nunca havia sido considerado uma grande prioridade pela maioria dos pesquisadores, ao contrário de outros, como fígado e coração. Porém, como milhares de mulheres nos EUA não conseguem ter filhos devido à ausência de um útero, houve forte interesse no procedimento.
Em 2014, uma mulher na Suécia se tornou a primeiro a dar à luz com um útero transplantado, após receber a doação de uma mulher de 61 anos. No final de setembro, o Reino Unido anunciou que iria realizar o procedimento em 10 mulheres como parte de um ensaio. Algo semelhante irá acontecer por parte dos cirurgiões norte-americanos, na Cleveland Clinic, oferecendo úteros transplantados a 10 mulheres, nos próximos meses. A triagem para potenciais candidatas, com idade entre 21 e 30 anos, já se iniciou. Todas as candidatas precisam ter seus ovários ainda intactos, e precisam ser mentalmente e financeiramente estáveis.
O procedimento funciona através da recuperação dos óvulos da mulher, com a fertilização e o congelamento deles, até que estejam prontos para o transplante.
“Um ano após o transplante, os embriões congelados são então descongelados e implantados, um de cada vez, até a paciente ficar grávida”, informou o hospital à imprensa.
Após o nascimento da criança, a mulher será capaz de manter o útero para tentar outro bebê, ou pode tê-lo removido. Caso ela não queira ter a cirurgia de remoção, os médicos afirmam ser possível interromper a medicação e deixar que o sistema imunológico rejeite o útero, que deve desaparecer gradualmente.
Apesar de riscos em todos os processos, as mulheres envolvidas estarão cientes. Para muitas delas, está é a única chance de ter um filho. Portanto, muitas mulheres já demonstraram interesse nos testes.
“O emocionante trabalho dos investigadores pioneiros, na Suécia, demonstrara que o transplante de útero pode resultar no nascimento bem-sucedido de crianças saudáveis”, disse Andreas Tzakis, investigador principal da Cleveland Clinic, ao jornal The Telegraph.

11.297 – Jovem russo que passará pelo primeiro transplante de cabeça está disposto a se “entregar à ciência”


Revolução na Medicina, ou só mais uma ideia bizarra?

O analista de sistemas russo Valeri Spiridónov será a primeira pessoa na história da humanidade a passar por um transplante de cabeça. Ele tem 30 anos e afirma que não possui outra saída ao destino implacável de ficar prostrado em uma cadeira de rodas, como o cientista Stephen Hawking, a não ser recorrer ao revolucionário tratamento para que sua cabeça seja transplantada. “Sou obrigado a fazer isso, porque não tenho muitas opções. Minha decisão é definitiva, e não penso em mudá-la”, ele declarou à imprensa. “Esse experimento é um grande avanço. É como se fosse a viagem de (Iuri) Gagarin (cosmonauta russo e o primeiro homem a ir ao espaço). Objetivamente, não possuo recursos materiais para pagá-lo, mas estou disposto a me entregar à ciência”, acrescentou Spiridónov.
Você pode ler as últimas novidades sobre o transplante de cabeça aqui: “O primeiro transplante de cabeça já tem data marcada e gera polêmica no mundo da medicina”.
Spiridónov foi diagnosticado com a doença de Werdnig-Hoffman quando tinha apenas um ano de vida. O quadro, que afeta os neurônios da medula espinhal, causa uma perda progressiva da massa muscular, trazendo uma imobilização gradativa no paciente. De acordo com o autor da cirurgia revolucionária, o italiano Sergio Canavero, a chave do sucesso da operação está na realização de um corte minimamente traumático na medula espinhal, executado com um bisturi extrafino e em condições de hipotermia profunda, para proteger as estruturas neuronais. Por fim, o procedimento consistirá na junção da parte espinhal da cabeça separada com a parte dorsal do corpo receptor, utilizando substâncias químicas.