10.893 – Filosofia – O Altruísmo


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Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações de um indivíduo beneficiam outros. Não é sinônimo de filantropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes percebida como sinônimo de solidariedade. A palavra “altruísmo” foi cunhada em 1831 pelo filósofo francês Augusto Comte para caracterizar o conjunto das disposições humanas (individuais e coletivas) que inclinam os seres humanos a dedicarem-se aos outros. Esse conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as inclinações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou coletivas).
Além disso, o conceito do altruísmo tem a importância filosófica de referir-se às disposições naturais do ser humano, indicando que o homem pode ser – e é – bom e generoso naturalmente, sem necessidade de intervenções culturais (como religião e crença).
Na doutrina cotidiana, o altruísmo pode apresentar-se em três modalidades básicas: o apego, a veneração e a bondade. Do primeiro para o último, sua intensidade diminui e, por isso mesmo, sua importância e sua nobreza aumentam. O apego refere-se ao vínculo que os iguais mantêm entre si; a veneração refere-se ao vínculo que os mais fracos têm para com os mais fortes (ou os que vieram depois têm com os que vieram antes); por fim, a bondade é o sentimento que os mais fortes têm em relação aos mais fracos (ou aos que vieram depois).
No budismo, o altruísmo é considerado o caminho que nos leva à iluminação. Uma atitude altruísta pode ser interpretada como caridade se bem relacionada com os interesses do próximo. Agir de forma altruísta, é dar-se ou beneficiar de alguém em troca dos mesmos prazeres. Por ser uma atitude de diversão, não se trata de um pagamento egoísta, no entanto, uma atitude altruísta pode ser confundida com egoísmo, quando misturamos nossos prazeres pessoais com a satisfação de quem os recebe.
No budismo, ser altruísta em geral é muito positivo, além do grande prazer em dedicar-se ao outro, cria laços de confraternização, o que nos faz crescer interna e externamente. Quando reconhecemos as necessidades alheias, sentimos nossa percepção do mundo ampliar. A vida tem significados maiores quando somos úteis e nos sentimos mais ativos socialmente.

Do ponto de vista científico
Em biologia, comportamentos altruístas não necessitam de ter uma vontade consciente de beneficiar outros por trás deles. Comportamentos são considerados altruístas quando traduzem gastos para a aptidão reprodutiva do organismo e uma vantagem para outro organismo. Altruísmo é comum em organismo com estruturas sociais complexas, como mamíferos ou insetos. Morcegos-vampiro são conhecidos por regurgitar sangue para o dar a outros vampiros que não se conseguiram alimentar na mesma noite para evitar que morram à fome. Este tipo de comportamento foi considerado um puzzle por Charles Darwin quando da elaboração da sua teoria de evolução por seleção natural, pois comportamento deste tipo traria prejuízo para quem o produz, mas a seleção natural não elimina estes comportamentos. Uma solução apontada é que o comportamento traria benefício para um grupo de organismos, surgindo o conceito de seleção de parentesco.

10.892 – Medicina – Paciente-robô será usado para treinamento em oncologia


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Os robôs estão a serviço da medicina, dessa vez como pacientes. No Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), foi construído o Centro de Simulação Realística, concebido para auxiliar no treinamento dos profissionais da rede oncológica do Estado.
A proposta era criar um ambiente que reproduzisse fielmente o cotidiano dos pacientes com câncer e dos profissionais que os tratam.
Os pacientes-robôs têm “batimentos cardíacos”, abrem e fecham os olhos sozinhos, inflam o tórax para “respirar”, podem tossir e até mesmo vomitar.
Os profissionais poderão treinar procedimentos simples como injeção e coleta de sangue e até mesmo outros mais complexos como intubação e ressuscitação cardiorrespiratória.
Para a experiência ser perfeita, até mesmo a arquitetura foi levada em conta. As salas de treinamento foram construídas para serem idênticas aos leitos e aos consultórios médicos do hospital –para que o estresse gerado na tomada de decisão para tratar as máquinas possa imitar o que ocorreria na realidade.
Depois, todos os procedimentos realizados podem ser revistos e debatidos, permitindo também o aprendizado com a discussão dos casos.
O investimento realizado no centro foi de R$ 1,5 milhão.
“O objetivo do treinamento é capacitar nossos profissionais para lidarem com os imprevistos de maneira rápida e mais organizada, proporcionando qualidade e melhoria na assistência”, diz Paulo Hoff, diretor geral do Icesp.

10.891 – Elo Perdido – Cientistas descobrem elos entre canto dos pássaros e fala humana


O lendário e inspirador sabiá, anuncia o início da primavera
O lendário e inspirador sabiá, anuncia o início da primavera

As línguas humanas são muito mais complicadas do que o canto das aves, mas um novo estudo acaba de mostrar paralelos profundos entre as duas coisas: dezenas dos mesmos genes estão por trás das habilidades de um tenor italiano ou de um sabiá-laranjeira.
O resultado, publicado na revista especializada “Science”, faz parte de uma análise monumental do DNA de quase 50 espécies de aves, da qual participaram pesquisadores brasileiros que trabalham no Pará, no Rio e nos EUA.
Após “soletrar” o genoma (conjunto do DNA) dessa multidão emplumada, os cientistas têm um retrato mais claro não só das origens do canto como também das relações de parentesco entre as aves atuais, da evolução do grupo e até de como esses bichos perderam dentes e ganharam bicos.
A comparação do cérebro das aves com o de humanos já havia mostrado semelhanças intrigantes entre as áreas que controlam a fala na nossa espécie e as que regulam o canto nas espécies que precisam aprender essa arte.
Essa ressalva é importante porque muitas aves já “nascem sabendo” emitir os sons de sua espécie (é o caso das galinhas). Formas mais complexas de canto são produzidas apenas pelas aves que possuem aprendizado vocal.
“Tanto esse tipo de canto quanto a fala requerem que os indivíduos jovens ouçam as vocalizações do adulto e modifiquem suas próprias vocalizações para conseguir imitar o que ouviram”, explica Claudio Mello, brasileiro que trabalha na Universidade de Saúde e Ciência do Oregon (noroeste dos EUA) e assina dois dos estudos sobre o tema na “Science”.
“É um processo ativo de aprendizado que requer bastante esforço e circuitos complexos do cérebro, que incluem áreas corticais [região mais ‘nobre’ do cérebro] e dos gânglios da base [região mais ‘primitiva’ do órgão], em ambos os casos.”
No novo estudo, Mello e seus colegas compararam a expressão (ou seja, o grau de atividade) de genes do DNA de várias espécies de aves, de pessoas e de macacos resos (os quais não têm aprendizado vocal). Essa análise de expressão foi feita a partir de amostras de células de vários locais do cérebro de cada espécie.
Resultado: não só dezenas dos mesmos genes ficam ativos no cérebro das aves “cantoras” e no cérebro humano como esse paralelo envolve regiões específicas – são conjuntos específicos de genes que ficam “ligados” nas áreas ligadas ao controle da laringe (ou da siringe, o equivalente desse órgão nos animais penosos).
“Vários desses genes são relacionados à formação de conexões entre neurônios”, diz Mello. “Podemos estar identificando elementos que constituem a base da aquisição da fala.”
E os papagaios? Teriam algo de especial para conseguir imitar a fala humana? Pode ser que a resposta venha da análise do genoma do papagaio-amazônico, um estudo que ainda está em andamento e inclui Francisco Prosdocimi, da UFRJ, e Maria Paula Cruz Schneider, da UFPA.
Tanto Mello quanto os demais brasileiros também ajudaram a construir o álbum de família das aves do planeta, no qual estão incluídos os genomas de três espécies típicas do Brasil: a seriema, o macuco e o pavãozinho-do-pará.
Entre as surpresas dessa análise, segundo Mello, está o fato de que tanto os papagaios quanto as aves mais “cantoras”, com aprendizado vocal, têm parentesco relativamente próximo, apesar do aspecto bastante diferente. Um grupo intermediário entre elas, o do bem-te-vi e joão-de-barro, teria perdido a capacidade do aprendizado vocal ao longo da evolução.
E, para quem ainda duvida que as aves surgiram a partir de um grupo de répteis (provavelmente os dinossauros), outro estudo, coordenado por Robert Meredith, da Universidade Estadual Montclair (EUA), mostrou que elas possuem em seu DNA os genes necessários para fabricar o esmalte e a dentina dos dentes. Só que esses genes estão truncados, o que ajuda a explicar a origem do bico.