10.877 – Saúde – O Peso de Largar o Cigarro


cigarros

Parar de fumar, embora seja algo extremamente benéfico à saúde, provoca ganho de peso na maioria das vezes. Uma nova pesquisa publicada no site do periódico British Medical Journal (BMJ) concluiu que fumantes engordam, em média, entre quatro e cinco quilos no primeiro ano sem cigarro — especialmente nos primeiros três meses. Segundo os autores do estudo, esse aumento de peso é maior do que se pensava anteriormente, mas isso não elimina o fato de que os efeitos positivos que acompanham o fim do tabagismo superam os riscos do ganho de peso.
Esse trabalho foi feito por pesquisadores da Universidade do Sul de Paris, na França, e da Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha, que cruzaram dados de 62 estudos sobre ganho de peso e fim do tabagismo para chegar a essas conclusões. Ainda de acordo com o estudo, entre todos os fumantes que abandonam o cigarro, 37% engordam até cinco quilos; 34% ganham entre cinco e dez quilos e 13% aumentam seu peso em mais de dez quilos. Os outros 16% emagrecem.
A pesquisa indicou que o ganho de peso foi o mesmo independentemente do tipo de terapia farmacológica usada pelos ex-fumantes e também não se alterou entre pessoas que relataram se preocupar, ou não, com o fato de correr o risco de engordar ao parar de fumar. Porém, segundo a equipe, pessoas que usam reposição de nicotina podem ganhar menos peso, pois a substância funciona como supressor de apetite e pode ajudar a aumentar a taxa metabólica. No artigo, os autores enfatizam que, como muitos fumantes desistem de abandonar o cigarro com medo de engordar, o aconselhamento a essas pessoas deveria incluir recomendações para evitar o ganho de peso.
Um estudo feito recentemente no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor) acompanhou 568 fumantes que desejavam largar o cigarro. Segundo a pesquisa, entre os participantes que ficaram ao menos 12 meses sem fumar, 73% ganharam peso, 11% emagreceram e 16% mantiveram o peso. O ganho médio de peso foi entre 4,7 e 5,6 quilos — e as mulheres engordaram mais do que os homens. Ao relatarem como se sentiram após abandonarem o cigarro, 85% das pessoas que engordaram disseram “estar se sentindo melhor de saúde ao parar de fumar, apesar do ganho de peso”, sugerindo que a percepção do benefício da cessação do tabagismo é referida pelo paciente como algo mais positivo que o conseqüente ganho de peso. O artigo ainda será publicado nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia.

10.876 – Desigualdade social e especulação imobiliária corroem classe média no Vale do Silício


Aqui é Capitalismo Selvagem, salve-se quem puder!
Aqui é Capitalismo Selvagem, salve-se quem puder!

Se você pensava que o problema era só aqui, enganou-se.
O despejo recente de “A Selva”, o maior acampamento de pessoas sem-teto dos Estados Unidos, em pleno coração do Vale do Silício, se transformou em exemplo da crescente desigualdade na Meca da tecnologia mundial.
Situado às margens de um riacho esquecido na cidade de San José e a pouca distância em carro de titãs tecnológicos como Google e Apple, “A Selva” foi o lar improvisado de 300 pessoas hospedadas em tendas de campanha, búnqueres subterrâneos e outras construções precárias.
No começo da manhã do dia 4 de dezembro soldados forçaram a saída dos residentes no meio de uma crescente pressão do Conselho de Controle de Recursos Hidráulicos Estatais pela contaminação do rio Coyote Creek e a preocupação das autoridades com episódios violentos recentes.
San José e o condado contíguo de Santa Clara têm a maior concentração de pessoas sem-teto vivendo na rua de todo os Estados Unidos, mais de 7.500, segundo a última apuração do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano.
Três quartos dos sem teto nasceram e cresceram na região, e muitos deles têm trabalho, mas não ganham o suficiente para pagar os aluguéis que dispararam ao calor do auge tecnológico dos últimos anos.
Segundo a empresa imobiliária RentJungle.com o aluguel médio de um apartamento de um quarto em San José e nas imediações ronda os US$ 2.633, contra US$ 1.761 de há dois anos. O preço médio de uma casa unifamiliar é de US$ 700.000.
Essa carestia criou uma concorrência por cada apartamento de aluguel disponível, segundo o Destination:Home, uma organização que trabalhou com a cidade de San José para encontrar casas subsidiadas aos sem-teto desalojados de “A Selva”.
Robert Aguirre, um engenheiro eletricista de 60 anos, passou de ser proprietário de uma firma de tecnologia a ficar completamente quebrado, é um dos ex-moradores do acampamento de San José.

“Durante muitos anos tive minha própria consultoria de engenharia no Vale do Silício”, explica Aguirre em um relato publicado na revista “Mother Jones”.
Aguirre conta como, durante anos, ajudou grandes empresas americanas como Microsoft, Cisco e Dell a obter a aprovação dos reguladores para seus produtos, até que decidiram transferir a produção para fora do país.
O salário de sua mulher, incapacitada, não era suficiente para cobrir as despesas e após vários golpes de má sorte acabaram dormindo no carro vários meses, até que sua esposa começou a ficar com as pernas inflamadas e acabaram em “A Selva”.
Um relatório publicado no final de setembro mostra que a desigualdade no Vale do Silício aumenta e que com ela aumentam também as tensões sociais, como evidenciam os protestos em San Francisco contra os ônibus que transportam funcionários das grandes empresas tecnológicas.
O estudo da companhia Joint Venture Vale do Silício mostra que o aumento de renda das famílias mais endinheiradas foi quase cinco vezes maior nos últimos dois anos que no conjunto de famílias.
“A classe média está desaparecendo (…) e o Vale do Silício está se transformando em um lugar diferente, um lugar de gente que tem e outros que não têm, o que faz com que se vejam sinais de tensão”, disse Rusell Hancock ao “Wall Street Journal” durante a apresentação do relatório.
Aguirre, o engenheiro de “A Selva” que obteve agora ajuda para viver em uma casa subvencionada, acredita que as empresas tecnológicas têm a obrigação de ajudar.