Composto Imobiliza Célula do Câncer e Impede Metástase


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Os testes foram feitos com a molécula KBU2046, composto que inibiu o movimento de células do câncer em quatro diferentes tipos de células do câncer humanas: câncer de mama, próstata, colorretal e pulmão.
O cientista explica que ele e a sua equipe fizeram diversos estudos na química para pensar um composto que só inibiria o movimento de células do câncer — e não tivesse nenhum outro efeito em células saudáveis.
Substância bloqueia proteína associada ao movimento
Bergan cita ainda que o laboratório de Karl Scheidt, professor de química e farmacologia da Universidade de Northwestern, foi o responsável por pensar em novos compostos que pudessem impedir a motilidade de tumores. O desafio era encontrar substâncias com poucos efeitos colaterais.
Scheidt explica que o KBU2046 se liga a proteínas das células de forma específica para somente impedir o movimento. Não há outra ação sobre as estruturas celulares, o que diminui os efeitos colaterais e a toxicidade. “Levamos anos para descobrir”, comemora, em nota.

Pesquisadores almejam que a droga possa ser administrada em cânceres iniciais para diminuir ao máximo que o tumor se espalhe para o resto do corpo e o paciente tenha um tumor intratável no futuro.
Cientistas estimam que serão necessários dois anos e US$ 5 milhões para que os primeiros testes sejam realizados em seres humanos.

Novas Ferramentas contra o Câncer


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Outro destaque em 2018 foram as descobertas de novos compostos que ajudam no combate às células cancerígenas do câncer de mama.

Uma pesquisa da UFSCar mostrou que o lapachol, uma substância retirada da casca do ipê roxo, tem alto poder de mortandade sobre as células do câncer de mama.

Aliado ao rutênio, um metal que ajuda a transportar as substâncias até as células doentes, ele se mostrou ativo contra as células de câncer de mama. O lapachol entrou e desregulou o funcionamento das células cancerígenas, matando-as.
Outros quatro compostos moleculares desenvolvidos em uma parceria da USP e da UFSCar mostraram desempenho superior a medicamentos utilizados no tratamento de câncer de mama. Os compostos também foram aliados ao rutênio.
A pesquisa, de mais de 20 anos, busca criar moléculas capazes de tratar doenças com mais eficiência e menos efeitos colaterais do que as existentes. Elas são construídas peça por peça, como um quebra cabeça, desenhadas para atuar em uma área específica. Cada composto é encaixado para que a molécula atinja seu objetivo.
Pesquisadores do Instituto de Física da USP de São Carlos (IFSC) desenvolveram uma técnica simples e indolor para ajudar no diagnóstico precoce de câncer bucal.
A técnica, chamada de fluorescência óptica, consiste em utilizar um aparelho que emite uma luz de led azul e ajuda a identificar lesões nos lábios e dentro da boca. Ao passar a luz na boca, as regiões com células cancerígenas mudam de cor.

Onde há Tumor há Temor – Por que nem sempre a quimioterapia faz efeito?


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Tumor do temor

Não se engane: apesar de realmente acarretar efeitos colaterais bastante incômodos em certos casos, essa estratégia salva muitas vidas. Um levantamento de 2012 do Instituto Nacional de Câncer, por exemplo, indica que mais de 70% do orçamento brasileiro para tratar essa doença foi destinado a custear esses fármacos.
Para contextualizar à população qual o real impacto dos quimioterápicos — que inclusive evoluíram bastante ao longo das décadas —, médicos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) listaram mitos bastante disseminados sobre o assunto. “A generalização de sintomas que nem sempre acontecem tem consequências negativas. Muitos pacientes sofrem antecipadamente com perdas que talvez nem ocorram”, comenta o oncologista Claudio Ferrari, secretário de comunicação da Sboc.
A quimioterapia, uma das mais importantes armas de que dispomos no tratamento contra o câncer, surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, quando as pessoas que trabalhavam em pesquisas com o gás mostarda (substância utilizada na guerra química) começaram a apresentar alterações nos glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas e anemia. Isso chamou a atenção dos pesquisadores que passaram a estudar o assunto, porque há doenças em cancerologia, como muitas leucemias e alguns linfomas, que evoluem com aumento dos glóbulos brancos (leucócitos) e queda dos vermelhos (hemácias).
Realmente, o gás mostarda foi o primeiro quimioterápico utilizado, a primeira droga química que se mostrou capaz de destruir as células tumorais. Depois, vieram outras que transformaram a quimioterapia num ramo da medicina que tem salvado muitas vidas e aliviado o sofrimento dos doentes.
Nos últimos 20 anos, foram descobertas algumas substâncias que conseguem fazer as células do sangue se dividirem de maneira mais rápida e intensa. Descobriu-se, ainda, que se forem administradas aos pacientes em paralelo à quimioterapia, seus efeitos adversos sobre o sangue serão diminuídos. Esses achados possibilitaram a prescrição de drogas quimioterápicas em doses mais altas e mais frequentes, uma vez que, não havendo diminuição maior das células do sangue e, consequentemente, perda das defesas do organismo, é menor a ocorrência de quadros infecciosos.
Em alguns casos o tratamento não reponde. Na realidade a quimio e a radio podem de fato não curar a doença, permitindo apenas um aumento da sobrevida. É verdade que muitas vezes o tumor desaparece e exames não detectam células cancerosas após um tratamento, mas isto será por um período de tempo, porque a químio não mata as células-tronco e em algum momento elas formarão novas células cancerosas.

O lado assustador:
Faz parte do protocolo de tratamento do câncer aguardar um período de cinco anos para dizer que a pessoa está de fato curada da doença. Mas o fato é que este é um período em que o retorno da doença é menor. O risco de retorno da doença começa a crescer a partir do segundo ano e atinge seu período de maior risco entre os cinco e os dez anos após o tratamento, muitas vezes voltando na forma de outros cânceres mais agressivos e metástases.

Hibernação induzida pode ajudar a combater o câncer


O físico italiano Marco Durante, autor de artigos sobre hibernação durante viagens espaciais, descobriu que o corpo humano se torna mais resistente à radiação solar quando é induzido a um estado chamado “torpor sintético” – uma versão de laboratório do sono de inverno dos ursos, que têm um mecanismo biológico para isso. E agora ele quer usar essa resistência para melhorar a resposta do corpo humano a outro tipo de radiação: a usada no tratamento contra o câncer.
Quando o mamífero favorito das lojas de bichos de pelúcia hiberna, a temperatura de seu corpo cai, em média, 6º C. A frequência cardíaca vai de 55 para nove (!) batimentos por segundo, e a pouca energia necessária para manter o metabolismo funcionando vem da queima do próprio estoque de gordura do urso.
Em resumo: a vida se move em câmera lenta, truque que o ser humano pode usar tanto para economizar recursos em uma nave espacial quanto para conter tumores em estágios mais avançados, em que intervenções cirúrgicas já não são mais possíveis. “Não dá para tratar todas as metástases, se você operar todas as partes do corpo que foram afetadas, você acaba matando o paciente conforme destrói o câncer”, afirmou Durante em uma palestra no encontro anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), que ocorreu no último domingo (19) em Boston. “Por outro lado, se você pudesse colocar o paciente em torpor sintético, você interromperia o crescimento do câncer. É um jeito de ganhar tempo.” Além disso, a radiação causa menos danos ao corpo quando nossas células não estão em ritmo de festa, o que permitiria, em teoria, aumentar a dose e a eficiência da radioterapia.
Mamíferos sem capacidade natural de hibernação, como ratinhos de laboratório, já foram apagados por longos períodos com sucesso. E há casos de hibernação acidental em seres humanos que ganharam as páginas de tablóides pelo jeitão de notícia falsa, como o da sueca Anna Bagenholm, que sobreviveu após passar oito horas presa sob a camada de gelo de um riacho – tempo suficiente para seu corpo atingir a temperatura de 13,7ºC.
Especialistas entrevistados pela New Scientist, porém, afirmam que a proposta deve ser encarada com ressalvas. “Os efeitos de uma técnica como hibernação induzida são difíceis de prever, afirmou o oncologista britânica Peter Johnson. “São necessários cuidadosos experimentos em laboratório antes de afirmar que a técnica é segura ou eficiente em seres humanos”, completou.
O Science Daily lembra que, em 2014, só 8% dos tratamentos para o câncer testados em ratos também deram certo em humanos.

Remédio é aprovado para câncer – em qualquer parte do corpo


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Os médicos sempre falam de um futuro onde o câncer será tratado de acordo com características moleculares, e não por causa do local em que surgiu. Uma notícia tornou esse futuro uma realidade, o que abre as portas para uma Oncologia ainda mais personalizada e efetiva.
A FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora norte-americana, aprovou pela primeira vez na história um medicamento com base em alterações biológicas do tumor. Isso significa que, desde que a doença apresente essa particularidade — já falaremos dela —, pode receber a droga, independentemente se está na mama, no intestino, no pâncreas, na pele…

“Todas as indicações anteriores se baseavam no órgão afetado. A revolução está no fato de que um aspecto molecular do câncer, descoberto com exames relativamente simples, foi priorizado”, contextualiza o médico Jacques Tabacof, coordenador geral da Oncologia Clínica e da Hematologia do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Na prática, a medicação — chamada de pembrolizumabe, da farmacêutica MSD — poderá ser empregada em quaisquer tipos de tumor avançado que não respondam aos tratamentos convencionais. Isso, claro, desde que a doença possua a tal alteração, presente em 5% de todos pacientes. Ainda é pouca gente, mas a perspectiva de termos mais armas que atuam em várias frentes é certamente positiva aos pacientes, principalmente entre os que, hoje, têm um arsenal exíguo à disposição.

Outra coisa: o Brasil ainda não aprovou o pembrolizumabe para esse fim. Por aqui, ele só é empregado contra o melanoma, uma versão especialmente agressiva de câncer de pele. Nos Estados Unidos, mesmo antes dessa novidade, o princípio ativo já vinha sendo usado contra linfoma de Hodgkin e nódulos no pulmão.

Por dentro do câncer… e da aprovação
A tal característica molecular que define o uso ou não do remédio se chama instabilidade de microssatélite. Não fique com medo do nome complicado: “Trata-se de uma alteração na célula que dificulta reparos no nosso DNA”, explica Tabacof, que também atua no Centro Paulista de Oncologia (CPO). Com isso, uma mutação perigosa que normalmente seria consertada segue incólume e pode originar um câncer.
Acontece que essa particularidade torna a moléstia, digamos, mais vulnerável à ação do pembrolizumabe, um medicamento pertencente ao grupo da imunoterapia. O remédio, na verdade, estimula as células de defesa do próprio organismo a identificarem o câncer e o atacarem.

“Embora tenha chamado a atenção ultimamente, a droga não é a única a seguir esse princípio. É possível que, no futuro próximo, outras farmacêuticas busquem aprovações similares com seus imunoterápicos”, raciocina Tabacof. Seguindo essa lógica, talvez nos próximos anos mais fármacos sejam liberados para atuar em diversos tipos de câncer. Entendeu quão relevante é a decisão da FDA?!

Medicina – Ela Venceu O Câncer


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Pippa Cole, quatro anos, de Preston, Inglaterra foi diagnosticada com pelo menos uma dúzia de tumores cancerosos em suas primeiras semanas de vida, estando seis deles em sua cabeça. Os médicos, que acreditavam que ela não viveria, ficaram surpresos quando descobriram que, após uma batalha de três anos, todos haviam desaparecido, segundo informações do jornal inglês Daily Mail.
Especialistas acreditam que uma radioterapia que a menina realizou em dezembro de 2015, até então sem sucesso, teve uma reação retardada. Contudo, eles ainda são incapazes de dizer ao certo como os cânceres desapareceram tão de repente. A mãe, Shell Cole, de 35 anos, havia desistido de seu emprego como professora para cuidar da filha em tempo integral. Segundo ela, saber que a filha estava em estágio terminal de vida foi “de partir o coração e a pior notícia possível”.
“Após tanta cirurgia e quimioterapia parecia incrivelmente injusto perdê-la”, disse. “Cada semana que tivemos com ela, a partir daquele momento, parecia ainda mais preciosa. Nós queríamos fazer de seus últimos meses os mais felizes de sua vida”.
Ela ainda acrescentou que Pippa sempre a pedia para se casar com seu pai, Scott, porque tinha vontade de ser dama de honra. Assim, o casal atendeu o desejo da filha. “Nosso casamento foi mais sobre ela do que sobre Scott e eu, mas não mudaria isso por nada no mundo”, disse Shell acrescentando que ainda a levou em uma viagem para a Disney, em Paris, no ano passado para que pudesse conhecer o Mickey.
A família percebeu que havia algo errado com a criança em julho de 2013, quando uma crise de vômito durou nove dias seguidos. Ela foi levada às pressas ao hospital quando o vômito começou a apresentar sangue.
Após uma tomografia computadorizada, os médicos encontraram um tumor em seu cérebro e o removeram em cirurgia alguns dias depois. Mais tarde, em janeiro de 2015, uma consulta de rotina revelou um novo tumor, que também foi removido posteriormente. No entanto, apenas 48 horas depois, exames revelaram que um outro havia crescido no lugar, bem como mais três no cérebro e um cluster na espinha. Um mês depois, em sua terceira cirurgia, os médicos removeram mais uma vez o crescimento e ela iniciou um extenso tratamento de quimioterapia.
Em dezembro de 2015, um novo tumor apareceu no cérebro da garota, enquanto os outros permaneceram estáveis. Mais uma vez, os médicos tentaram realizar uma cirurgia, mas disseram aos pais que Pippa estava muito doente e que possivelmente teria apenas algumas semanas de vida.
Depois de 20 sessões de quimioterapia, os pais resolveram interromper o processo por estar interferindo na respiração da garota. No entanto, após novos exames realizados em fevereiro deste ano, os médicos ficaram impressionados quando descobriram que os tumores não tinham crescido. E, em agosto de 2016, para surpresa de todos, exames revelaram que todos eles haviam desaparecido completamente.
“Em julho, nós sentimos que tivemos sorte de ela ter sobrevivido e superado as expectativas dos médicos”, disse a mãe. Segundo ela, quando crescer, Pippa irá enfrentar alguns problemas por causa da radioterapia na espinha, mas que está muito feliz de ver que a filha poderá frequentar a escola assim como as outras crianças de sua idade.

‘Recauchutagem’ de célula de defesa ajuda a combater leucemia


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Uma nova e arriscada modalidade de terapia tem saltado aos olhos dos médicos como uma possível cura para alguns casos de leucemia difíceis de tratar.
Ela envolve uma espécie de recauchutagem (fora do organismo) de células do sistema de defesa. Após a injeção das células turbinadas, o impacto na doença é notório.
A terapia com células CAR T (com receptor antigênico quimérico) obtido taxas de sucesso que chegam a 90% em um estudos clínicos –a terapia ainda é experimental– com pacientes com leucemias linfoides crônica e aguda. Também há relativo sucesso em testes com outros tipos câncer, mas não tanto.
As conquistas dessa modalidade de tratamento leucemia linfoide aguda, que representa cerca de 10% do total das leucemias, foi classificada como “sem precedentes” pela pesquisadora Noelle Frey, médica da Universidade da Pensilvânia (EUA).
O problema da modalidade é a complexidade, afirma o coordenador de hematologia clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa Phillip Scheinberg.
Para a recauchutagem, é necessária uma etapa chamada leucoferese, que remove do organismo as células brancas de defesa do sangue. O potencial impacto disso no organismo é severo: infecções “bobas”, como uma virose, podem matar.
Fora do organismo, essa células são tratadas e são transformadas, isto é, recebem um DNA exógeno. Elas são multiplicadas e passam a apresentar, em sua membrana, uma proteína quimérica, projetada para se ligar a um antígeno, no caso a molécula CD19, proteína geralmente presente nas células cancerosas.
Mirando no CD19, a terapia com células T recauchutadas, conseguem se ligar às células-alvo e descarregar todo seu arsenal antitumoral, tratando a doença.
No “projeto” do receptor quimérico, também constam regiões, que ficam pra dentro da célula, responsáveis por essa melhor ativação dos linfócitos e que aumentam sua sobrevivência de maneira expressiva, potencializando sua ação.

Um remédio amargo
O problema da terapia com as células CAR T é uma resposta inflamatória exagerada que acompanha a ação antitumoral. Essa reação pode matar, se não for controlada adequadamente.
“Ainda temos muito o que aprender, o efeito da terapia pode ser desastroso, se ela não for bem controlada.”
Em um estudo, Noelle e colegas resolveu tentar fracionar a dose de células para ver o balanço entre eficácia e segurança (ausência da resposta inflamatória exacerbada). A dose “normal” era de 500 milhões de células, que tinha resposta em 100% dos casos e também inflamação em todos os pacientes.
Fracionado em 3 a dose original, em 3 dias seguidos, a eficácia passou a 86% e a inflamação apareceu em 66% dos casos. Uma única dos de 50 milhões de células reduziu a eficácia para 33% e a inflamação apareceu em 66% dos casos.
O estudo era de fase 1: pequeno, preliminar e com poucos pacientes (46). Um de seus objetivos era de ver a segurança, e foi visto que pacientes com uma forma mais branda da doença eram razoavelmente protegidos desses efeitos inflamatórios -nenhum foi afetado enquanto 44% dos que tinham versão mais grave tiveram a complicação. Os pacientes mais graves também estão mais sujeitos à toxicidade no sistema nervoso.
A sobrevida após um ano ficou em 73% e 57% para os grupos menos e mais graves, respectivamente. Também está inversamente associada à melhor eficácia do tratamento a idade dos pacientes em tratamento.
O trabalho foi apresentado no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) de 2016, que aconteceu em Chicago entre 3 e 7 de junho.
A esperança dos oncologistas é levar esse “caso de sucesso” para os tumores sólidos (como de pulmão ou ovário). No entanto, apesar de a abordagem fazer sentido, não houve grande progresso.
A saída seria mexer na estrutura desses receptores quiméricos, fazendo que eles encontrem outros marcadores, além do CD19, que possam estar presente na superfície de outras tipos de células cancerosas.

Combinação de novas drogas deve turbinar luta contra o câncer


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A estratégia de tirar o “disfarce” do tumor para que o próprio organismo lute contra a doença tem tido bons resultados e, em geral, com poucos efeitos colaterais.
O consenso é de que ela dominará o futuro da oncologia. Agora, o uso de múltiplas drogas simultaneamente parece ser a próxima fronteira para combater a doença.
Entre os vários estudos apresentados no encontro anual da Asco (Sociedade Americana da Oncologia Clínica), que terminou nesta terça (7) em Chicago, casos de sucesso dessas terapias combinadas ganharam destaque.
O objetivo na luta contra o câncer é buscar moléculas melhores e menos agressivas ao organismo. Como juntar moléculas de alta toxicidade para obter melhores resultados é praticamente impensável, é aí que a eficaz, menos danosa e cara imunoterapia ganha espaço.
Dois anticorpos imunoterápicos, o nivolumabe e o ipilimumabe (ambos da farmacêutica Bristol-Myers Squibb), se combinados, podem ter um efeito bastante positivo no tratamento do melanoma (tumor de pele). Foi esse, aliás, o primeiro tipo de câncer a chamar atenção com a nova estratégia, por volta de 2010.
De acordo com as farmacêuticas, não há obstáculo nem mesmo em testar combinação entre drogas concorrentes. “Isso interessa aos dois lados”, afirma Ronit Simantov, líder médica do setor de oncologia da Pfizer.
Para ela, se não houvesse essa disposição de colaborações, seriam desperdiçadas oportunidades de trazer um melhor tratamento aos pacientes – o que também significaria menos vendas.
Nessa disputa por espaço também está a MSD com sua droga pembrolizumabe, que vem sendo estudada em várias doenças, como melanoma, tumores do sistema digestivo e de pulmão de pequenas células.
O problema é como pagar por esses medicamentos. O custo do nivolumabe pode ser de mais de US$ 150 mil, e o do ipilimumabe, de mais de US$ 100 mil. A combinação sai cara, mas com sobrevida quatro vezes maior do que a do uso isolado do “ipi”.
“Combinação de vários tratamentos não funciona para todo mundo com câncer. É muito caro, não há sistema que aguente. Temos de conhecer cada vez mais os tumores e achar os biomarcadores para saber em que casos vale a pena gastar mais”, afirma Luciana.
O custo de produção, envase e distribuição para países pobres não teria grande impacto nas receitas se a droga fosse vendida a eles a um preço menor – o que tem se tornado uma prática cada vez mais comum. Isso dá esperança de que o acesso aos mais novos tratamentos inovadores com imunoterápicos possam chegar mais rapidamente às redes privada e (quem sabe) pública do país.
São alternativas enquanto não se tenha tecnologias realmente revolucionárias, o que se espera para breve.

O brasileiro que poderá encontrar a cura do câncer


Um pesquisador brasileiro de apenas 25 anos, que faz doutorado em química orgânica na Universidade de Oxford, na Inglaterra, tem o sonho de transformar o câncer em uma doença facilmente tratável.
Wilian Cortopassi, um Bolsista da Fundação Estudar, formou-se em Química pela PUC-Rio. Seu interesse pela área da saúde começou cedo, aos 15 anos, quando viu o pai sofrer com o tratamento para câncer de pulmão. A partir de então, ele decidiu seguir a carreira de pesquisador e ver o que poderia fazer para mudar a realidade de quem tinha que passar por quimioterapia.
Aos 16 anos, o garoto deixou a cidade natal de Contagem (MG) e de mudou para São José dos Campos (SP). Depois, tornou-se bolsista da Fundação Estudar. Em seguida, foi para o Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro, famoso pelo curso de química medicinal. Ali, não se adaptou ao local, e mudou-se para a PUC, onde concluiu os estudos antes de ir para Oxford, em 2013.
Na universidade inglesa, Wilian se dedica a temas da epigenética. Em entrevista à revista Exame, ele diz que “apenas uma herança genética não significa que você de fato terá uma doença como o câncer, mas influências externas como fumo, exposição intensa à radiação solar e depressão podem ativar esses fatores genéticos e, aí sim, a doença aparece.”
Daqui para frente, o pesquisador planeja entender como impedir que esses gatilhos sejam disparados. Ele também acredita no desenvolvimento de técnicas cada vez mas acessíveis de sequenciamento genético personalizado de tratamento.
“Quando uma pessoa descobrir que está com algum tipo de câncer, quero que não seja algo assustador como é hoje”, afirma Willian.

Medicina – Nanocristais inteligentes podem melhorar efeitos da quimioterapia


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Fazer com que áreas específicas do corpo recebam medicamento sempre foi uma luta para a Medicina: ou as drogas não conseguem encontrar um caminho eficiente, ou acabam matando células saudáveis ​​ao longo do caminho. Mas isso pode estar prestes a mudar, segundo uma publicação feita na Nature Communications. Cientistas estão criando nanocristais inteligentes que podem ser usados ​​para direcionar medicamentos a locais específicos.
Os tratamentos atuais para o câncer afetam tanto as células de tumor quanto células saudáveis em regeneração – como folículos de cabelo e de medula óssea – o que causa terríveis efeitos colaterais associados. “Nesta fase, o tratamento para o câncer é a aplicação de radioterapia ou drogas químicas que tendem a ser muito agressivas. Você pode matar as células cancerígenas, mas também pode matar até 70 a 90 por cento das células saudáveis”, disse o pesquisador Dayong Jin, da Faculdade de Ciências da Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS), na Austrália.
Esse problema também causa dificuldade no tratamento de doenças neurológicas como o Mal de Parkinson. A barreira hematoencefálica (BHE) é uma estrutura que impede e/ou dificulta a passagem de substâncias do sangue para o Sistema Nervoso Central, mas também faz com que a entrega da droga para o cérebro seja difícil. “Por uma grande parte do tempo, a droga tende a circular no sistema sanguíneo e não no cérebro”, revelou Jin. Outro problema é que muitos medicamentos e métodos de entrega de drogas não são capazes de escapar do sistema imunológico, com a medicação sendo devorada por macrófagos ou outras células brancas do sangue. Isso significa que estamos usando mais drogas do que precisamos, pois elas não estão trabalhando de forma tão eficaz quanto deveriam.
Porém, estes novos nanocristais poderiam mudar tudo isso. Projetados com muitas propriedades diferentes, são capazes de para evitar o desencadeamento de uma resposta imune. “Temos de encontrar um novo veículo para entrega de drogas que permita que as células saudáveis ​​e a barreira hematoencefálica reconheçam a droga como um amigo e não um inimigo”, disse Jin.
Nos últimos três anos, Jin e sua equipe criaram diversos nanocristais diferentes, devido à forma como os seus átomos se agrupam. Cada um age como uma cauda molecular diferente e pode ser utilizado de maneiras diferentes. Eles podem entregar drogas tendo como alvo células específicas e até mesmo contribuir para mapear o corpo.
Os pesquisadores introduziram diferentes rácios de ânions oleato e moléculas para a formação dos cristais. As diferentes proporções mudam as estruturas e criam reservatórios variados ao longo dos diferentes nanocristais que podem, em seguida, ser utilizados para uma grande variedade de finalidades, como a segmentação do cérebro e a movimentação através da barreira hematoencefálica, ou em ligação a uma proteína fluorescente, que permitiria ver um tumor utilizando imagiologia em tempo real.
O fato dos nanocristais terem muitas funções significa que eles seriam altamente eficazes na procura e, em seguida, na resposta do que precisa ser feito. Eles identificariam se um tumor precisa ser retirado ou analisariam uma área do cérebro que foi danificada, por exemplo. “Ter diagnósticos precisos também é importante, pois quando um cirurgião realiza um procedimento, ele precisa entender exatamente onde está o tumor. Se imagiologia tiver uma resolução mais alta, o cirurgião será capaz de ver um limite preciso entre as células saudáveis ​​e as células afetadas, resultando em um melhor tratamento para o paciente”, concluiu Jin.

Medicina – Uma estratégia revolucionária para combater o câncer


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Tumor do temor

Uma pesquisa com ratos deixa os cientistas com a pulga atrás da orelha: será que todo a lógica por trás do tratamento
Dentro de um câncer, há várias células competindo entre si.
O jeito típico de tratar câncer é declarar guerra: atacar os tumores com a maior violência que o paciente puder aguentar, de maneira a eliminar tantas células malignas quanto for possível. Pois cientistas do Centro Moffitt de Câncer, na Flórida, resolveram tentar algo radicalmente diferente com ratinhos que sofriam de dois tipos de câncer de mama: usaram doses pequenas de medicamentos, de maneira a matar apenas algumas células cancerosas e deixar outras vivas. Aí, foram lentamente diminuindo ainda mais a dose.
A surpresa veio em seguida: os ratos tratados dessa maneira viveram muito mais do que os que enfrentaram a quimioterapia convencional. 80% dos bichinhos que experimentaram a nova abordagem tiveram seus tumores tão reduzidos que puderam interromper o tratamento, enquanto que os ratos que experimentaram altas doses de quimioterapia não apresentaram redução alguma nos tumores no longo prazo.
Foi apenas uma única pesquisa, e envolvendo ratos. Mas o resultado surpreendente colocou uma pulga atrás da orelha de todo mundo: será que estamos fazendo tudo errado no tratamento do câncer? Será que deveríamos parar de tentar liquidar os tumores e, em vez disso, usar sutileza para mantê-los sob controle?
Os cientistas da Flórida acham que sim – e eles se baseiam na teoria da evolução para afirmar isso. Hoje em dia, tratamos o tumor como um inimigo que deve ser atacado com o máximo de força bruta. “Tendemos a ver o câncer como uma competição entre o tumor e o hospedeiro, mas, quando olhamos dentro do tumor, o que vemos é que as células cancerosas estão competindo umas com as outras”, disse Robert Gatenby, o líder da pesquisa, numa entrevista à revista Time. Ao atacarmos o tumor todo, o que acontece é que matamos a maioria dessas células. Só que as que sobram são justamente as resistentes ao tratamento. O problema é que elas podem em seguida voltar a se multiplicar: e com isso o tumor ressurgirá, dessa vez totalmente resistente à quimioterapia.
O método desenvolvido pela equipe de Gatenby baseia-se em modelos de computador semelhantes aos utilizados por agrônomos que fazem controle de pragas. Em vez de dar um tiro de canhão na plantação inteira, o que eles fazem é um ataque mais sutil, que reduza a população das pragas, mas não extermine todas aquelas que são sensíveis ao inseticida. Assim, eles sabem que poderão planejar um novo ataque caso a infestação volte a aparecer.
É exatamente o que foi feito com os ratinhos: as doses baixas de quimioterapia mataram algumas células do câncer, mas deixaram outras vivas – e não apenas aquelas que são resistentes. Dessa maneira, o tumor não fica resistente ao tratamento e vai lentamente diminuindo de tamanho – e também de periculosidade. Num primeiro momento, essa nova abordagem não reduz drasticamente o tumor, mas com o tempo ela torna mais fácil mantê-lo sob controle. Talvez o tumor nunca desapareça completamente – da mesma maneira que muitos fazendeiros aprendem a conviver com pequenas populações de predadores comendo suas plantações – mas ele não mata o paciente.

Conheça a terapia do gene suicida, testada em pacientes com câncer


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Cientistas norte-americanos testaram uma terapia controversa em pacientes com câncer de próstata. Eles injetaram um vírus nas células cancerígenas provocando um tipo de “infecção”.
Com isso, o organismo dos pacientes reagiu matando as células doentes e reduzindo o tumor. É uma técnica que induz o tumor a se autodestruir – daí o nome “terapia do gene suicida”.
Ainda com tímidos resultados, tal pesquisa identificou um aumento de 20% no índice de sobrevivência de pacientes com câncer de próstata após cinco anos de tratamento.
Os testes foram conduzidos por pesquisadores do Hospital Metodista de Houston, no Texas, e mostram que a “terapia do gene suicida” combinada com radioterapia pode ser um tratamento promissor para o câncer de próstata.
Como isso ocorre: em geral, o corpo não reconhece células cancerosas como inimigas, porque elas se desenvolvem a partir de células saudáveis comuns. Usando um vírus para transportar a terapia genética até o tumor, o resultado é que as células se autodestroem, alertando o sistema imunológico do paciente para lançar um ataque em massa.
A pesquisa usou dois grupos de 62 pacientes com câncer de próstata em estágio avançado, um recebeu a terapia genética duas vezes e o outro grupo foi tratado três vezes. Os dois grupos também receberam radioterapia.
As taxas de sobrevivência após cinco anos foram de 97% e 94%, respectivamente. Embora o estudo não tenha empregado grupo de controle, os pesquisadores dizem que os resultados mostram um avanço de 5% a 20% em relação a estudos anteriores sobre tratamentos de câncer de próstata.
Ainda é cedo para comemorar: Kevin Harrington, professor de imunoterapia oncológica no Instituto para Pesquisa do Câncer, em Londres, disse que os resultados são “muito interessantes”, mas reforça a necessidade de mais estudos.

10.762 – Medicina – Saliva do carrapato estrela poderá ser usada contra o câncer


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Pesquisadores do Instituto Butantan, em São Paulo, estão otimistas com um remédio feito a partir da saliva do carrapato estrela que pode ajudar no tratamento do câncer. Para testar a eficácia do medicamento, eles induziram tumores de câncer de pele no pulmão de camundongos. Depois de 14 dias de uso do medicamento, os tumores praticamente sumiram.
A maior vantagem do medicamento é que ele mata as células cancerígenas, sem atingir as células saudáveis – o que traz menos efeitos colaterais aos pacientes. O remédio também se mostrou eficaz contra tumores no pâncreas e nos rins – que são cânceres de difícil tratamento.
Os resultados obtidos com o medicamento deixaram os pesquisadores bastante animados. Agora eles querem testar o remédio em pessoas com câncer. Ainda não há uma data pra que isso aconteça, mas os pesquisadores esperam que seja o quanto antes. Em breve, o instituto vai pedir autorização à Anvisa para fazer testes em humanos.
Medicamento com saliva da carrapato, descoberto por acaso, reverteu tumores de pele, rim e pâncreas em animais.
Numa pesquisa realizada integralmente em solo brasileiro pelo Instituto Butantan, de São Paulo, está prestes a entrar na última fase e gera grande expectativa entre cientistas. Inclusive porque a arma de combate ao câncer é um tanto inusitada e foi descoberta por acaso: uma molécula extraída da saliva do carrapato-estrela com ação contra tumores do tipo melanoma (pele), pâncreas e renais.
A pesquisa, que vem sendo realizada há mais de uma década, pedirá agora autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para experimentar a molécula em humanos, na fase chamada teste clínico. Isso significa que ela foi reconhecidamente bem-sucedida em todas as outras etapas, quer dizer, em testes in vitro em laboratório, em animais e em células humanas. Em geral, a grande maioria das pesquisas com foco terapêutico empaca na fase de testes com animais.
A pesquisadora lembra que o processo começou despretensiosamente em 2003, quando uma aluna de mestrado passou a estudar a bioquímica do carrapato-estrela (Amblyoma cajennense), que pode transmitir a febre maculosa, uma doença mais comum na zona rural. Na ocasião, eles buscavam novos agentes para inibir a coagulação sanguínea e sabiam que o carrapato, por se um parasita que se alimenta de sangue (hematófago), provavelmente teria componentes eficientes para a tarefa.
Durante as análises do sequenciamento genético da espécie, eles se depararam com uma molécula na glândula salivar do aracnídeo que tinha esta característica e que ainda não havia sido descrita na literatura médica. Com mais estudos de sua estrutura, descobriram que ela integrava uma classe que já estava sendo descrita em outros estudos como capaz de inibir a proliferação celular. Foi quando a pesquisa mudou o foco e passou a investir energia para analisar sua ação contra os tumores.
O Instituto Butantan firmou uma parceria com a empresa brasileira União Química Farmacêutica com o objetivo de desenvolver uma fórmula para ser utilizada nos testes. A molécula já não era mais extraída do carrapato, mas produzida em larga escala em laboratório por meio de um sistema de expressão de proteínas recombinantes, ou seja, manipulando bactérias ou leveduras para imitar suas propriedades. Os pesquisadores obtiveram ainda a patente da molécula, batizada de Amblyomin-X, registrada no Instituto de Propriedade Industrial (INPI). Além disso, o estudo está sob proteção do Patent Cooperation Treaty (PCT).
A pesquisa custou até o momento em torno de R$ 20 milhões, investidos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPQ) e, principalmente, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Caso seja aprovada para testes em humanos, o montante empregado será bem maior, mas ainda não há uma estimativa. A título de comparação, em grandes indústrias farmacêuticas internacionais, o desenvolvimento de novas drogas contra o câncer pode superar US$ 1 bilhão.
Nesta etapa, a fórmula foi testada em animais saudáveis e com câncer. Os pesquisadores notaram que ela tinha ação apenas nos animais doentes, enquanto que nos demais a substância era eliminada pela urina. Além disso, a reação só ocorria em células tumorais, sem qualquer efeito sobre as normais. As cobaias começavam a melhorar depois de 14 dias de injeções diárias, e os tumores desapareciam após cerca de 40 dias de tratamento. Os mamíferos foram acompanhados por seis meses, período em que não houve recidiva, ou seja, a volta do tumor maligno. Os cientistas descobriram que a Amblyomin-X consegue inibir, dentro da célula, o chamado proteassomo, estrutura responsável pela “limpeza celular”. E essa inibição leva à morte das células, no caso, das tumorais.
— Como a molécula faz essa seleção entre a célula tumoral e a normal ainda está sendo estudado. Precisamos desvendar este mecanismo — diz Ana Marisa.
O motivo por que ela teve ação sobre tipos específicos de câncer foi uma escolha dos próprios pesquisadores, que decidiram focar naqueles de mais difícil tratamento, como o de pâncreas. De difícil detecção e comportamento bastante agressivo, este tipo de tumor apresenta alta taxa de mortalidade. No Brasil, 7.726 pessoas morreram em 2011 por causa dele, segundo os dados mais atualizados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

instituto butantan

10.755 – Câncer – Medicamento sem patente


farmacia-color

Nos anos 1970, pesquisadores soviéticos descobriram uma bactéria na tundra siberiana que lhes chamou a atenção: ela produz um composto que, na época, eles acreditavam ser eficaz no tratamento contra o câncer. No entanto, testes de laboratório revelaram que a substância causava insuficiência cardíaca, o que levou ao abandono dos estudos. Recentemente, Barbara Geratana, pesquisadora da Universidade de Maryland, descobriu que ao remover uma molécula de oxigênio do composto, não apenas os efeitos colaterais são neutralizados, como também a droga, chamada de 9DS, se torna ainda mais poderosa contra as células cancerígenas, impedidas de se multiplicarem. Bem neste momento crítico ela se desligou da instituição e teve que largar a pesquisa – mas o bioquímico Isaac Yonemoto está disposto a fazer o que for preciso para levar o projeto adiante.
Para arrecadar a verba necessária aos primeiros testes do 9DS em ratos, foi criado o Projeto Marilyn, uma campanha de financiamento coletivo que quer descobrir se os medicamentos, assim como os softwares, também podem seguir a filosofia open source. A iniciativa é a primeira a ser promovida pela plataforma indysci.org, uma espécie de Kickstarter idealizado por Yonemoto para concretizar projetos científicos socialmente benéficos de forma mais independente do modelo industrial-comercial. “Nós acreditamos que os produtos farmacêuticos podem ser desenvolvidos sem patentes, o que resultaria em uma assistência médica melhor e mais barata para todos”.
Àqueles que duvidam do potencial de um sistema livre de patentes para tratamentos médicos, os pesquisadores citam o caso da eficaz vacina contra a poliomielite, que foi descoberta por Albert Sabin e Jonas Salk. Em 1952, ao ser questionado sobre quem detinha os direitos da vacina, Salk respondeu categoricamente: “eu diria que o povo, não existe patente. Você poderia patentear o sol?”. Seguindo por esta mesma linha de pensamento, Yonemoto utilizará boa parte dos US$ 58 mil arrecadados para testar nos próximos seis meses se o 9DS é realmente tão eficaz quanto sua equipe acredita para tratar melanoma, câncer de rim e um tipo de câncer de mama.
Além de ser sensivelmente mais barato, o medicamento open source poderá contar com o apoio da comunidade científica durante todo o seu desenvolvimento, o que não acontece dentro das companhias farmacêuticas. “Se forem bem sucedidas, você ouve falar do que fizeram, mas o que você não escuta é sobre as falhas”, diz Yonemoto. “Mesmo quando há sucesso, frequentemente não se escuta sobre os detalhes – existe muito conhecimento perdido. Ao abraçar estratégias e filosofias mais open source, é possível evitar que as pessoas cometam o mesmo erro mais de uma vez”.

9783 – Ecstasy pode ser eficiente no tratamento do câncer


Cientistas ingleses revelaram que o ecstasy, também conhecido como MDMA, pode ser eficaz no tratamento de alguns tipos de câncer de sangue, como leucemia, linfoma e mieloma múltiplo. Os pesquisadores da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, conseguiram modificar as propriedades da droga, intensificando em 100 vezes sua capacidade de destruir células cancerosas. As descobertas foram publicadas na edição bimestral da revista Investigational New Drug.
Há seis anos, os pesquisadores descobriram que os cânceres que afetam os glóbulos brancos do sangue parecem responder a certas drogas psicotrópicas. Entre elas estão pílulas de emagrecimento, antidepressivos da família do Prozac e derivados da anfetamina como é o caso do MDMA. Antes, porém, a dose necessária de ecstasy para tratar o tumor poderia ser fatal ao paciente.
Desta vez, os pesquisadores trabalharam no isolamento das propriedades anticancerígenas da droga e estão estudando formas de conseguir que moléculas de MDMA penetrem nas paredes das células cancerosas mais facilmente.
“A perspectiva de sermos capazes de atacar o câncer no sangue com uma droga derivada do ecstasy é uma proposta genuinamente excitante”, diz David Grant, diretor científico da instituição beneficente Pesquisa de Leucemia e Linfoma, que financiou parcialmente o estudo.
“Muitos tipos de linfoma permanecem difíceis de tratar e necessitamos desesperadamente de drogas não tóxicas que sejam eficazes e tenham poucos efeitos colaterais”, afirma.
“Embora não queiramos dar às pessoas falsas esperanças, os resultados desta pesquisa demonstram o potencial para avanços nos tratamentos nos próximos anos”, afirma John Gordon, professor da Escola de Imunologia e Infecção da universidade inglesa.

9746 – Anvisa libera medicamento que trata câncer sem queda de cabelo


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um medicamento para o tratamento do câncer de mama que não causa queda de cabelo e provoca menos efeitos colaterais do que a quimioterapia tradicional. A ação é possível porque o remédio atua diretamente no tumor, em vez de afetar todas as células do corpo. De acordo com os organizadores do estudo, trata-se da primeira droga com esse mecanismo aprovada no país.
O medicamento trastuzumabe entansina (também chamado de T-DM1) é indicado para um tipo de câncer de mama avançado, identificado como HER2 positivo, que corresponde a 20% de todos os casos da doença. Seu uso deve ocorrer quando o tratamento convencional não apresentar mais resultados. Além de evitar os efeitos colaterais da quimioterapia, ele aumenta em 50% o tempo de sobrevida.
“”A droga tem um efeito casado. Ela possui um anticorpo e um quimioterápico. Por ser extremamente potente, esse quimioterápico não poderia ser aplicado sozinho porque seria muito tóxico ao organismo. O que acontece é que o anticorpo conduz o quimioterápico até o interior da célula tumoral e libera o medicamento lá dentro””, explica José Luiz Pedrini, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia e um dos coordenadores do estudo do medicamento no Brasil. O mecanismo do remédio é conhecido como “cavalo de troia”.
Segundo o médico, a pesquisa, realizada em vários países, incluiu cerca de cem brasileiras. “”Há pacientes que começaram a participar do estudo em 2011 e seguem vivas. Sem essa opção, elas sobreviveriam por cerca de seis meses porque não teriam outra alternativa de tratamento”.
Uma das razões para o melhor prognóstico é que o novo medicamento pode ser usado por mais tempo do que a quimioterapia tradicional. ““Os medicamentos já existentes podem ser aplicados por, no máximo, oito sessões, por causa da toxicidade. Por ser menos agressiva, a trastuzumabe entansina pode ser utilizada por tempo indeterminado””, afirma o médico. A aplicação da droga é feita a cada 21 dias.Embora o remédio possa aumentar a sobrevida das pacientes, o tumor de mama do tipo HER2 positivo continua sendo incurável.
Coordenadora da oncologia clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Maria del Pilar Estevez classificou a droga como uma opção “interessante” de tratamento e afirmou que o Icesp passará a utilizá-la. ““A gente ganha uma linha de tratamento com menos efeitos colaterais, que propicia maior qualidade de vida às pacientes”.
A aprovação da trastuzumabe entansina foi publicada pela Anvisa em janeiro, mas o medicamento deverá estar disponível no mercado em três meses. Novos estudos vão verificar se o medicamento também é eficaz e seguro se utilizado em fases iniciais da doença.

Coma pouco:
Uma dieta com poucas calorias pode potencializar os efeitos do tratamento contra o câncer. Essa foi a conclusão de uma pesquisa divulgada no periódico “Blood”. Segundo os pesquisadores, ao ingerir menos calorias, a quantidade de nutrientes disponíveis para as células se torna menor. Assim, o metabolismo fica mais lento e a produção de algumas proteínas acaba sendo limitada, entre elas, uma associada ao surgimento de diversos tipos de câncer.