O mundo entrou no ano 2000 com 1 milhão de autômatos. Quase 99% são braços mecânicos usados na indústria automobilística. Mas um relatório das Nações Unidas, publicado em outubro de 1999, prevê que nos próximos quinze anos os robôs domésticos estarão integrados ao nosso cotidiano. Serão tão comuns quanto microcomputadores e telefones celulares.
A passagem da automação industrial à de uso pessoal remodelou os robôs. Em contraste com os braços mecânicos da indústria automobilística, as novas máquinas tornaram-se antropomórficas – isto é, adotaram formas humanas, como nos acostumamos a vê-las em filmes de ficção científica. Viraram propriamente “andróides”– de andrós, palavra grega para homem.
Mesmo quando não se parece conosco, a anatomia do robô espelha-se na do ser humano que busca substituir. Para perceber o ambiente, deslocar-se nele e manipulá-lo, os autômatos dependem de sensores (como olhos e ouvidos) e de peças mecânicas articuladas (como braços, mãos e pernas) – servomecanismos, no jargão da Robótica. Também precisam de “inteligência” para entender as mensagens enviadas pelos sensores e comandar a ação dos seus “membros”. O papel de cérebro, naturalmente, cabe aos computadores.
Nos últimos anos a Informática deu mais um atributo humano aos robôs, o comando por reconhecimento de voz. Essa tecnologia, que converte a fala em texto digitalizado, é o traço mais evoluído das máquinas de última geração, como o Aibo e o R100. Esse último é capaz até de enviar um e-mail ditado pelo dono, aposentando de vez o teclado.
Primeiro robô dotado de tecnologia de reconhecimento de voz posto à venda, Aibo obedece a comandos em inglês e japonês, desde ordens simples como “para a frente!”, “para trás!” e “vire-se!” até frases mais complexas como “chute a bola” e “segure-a com a boca!”
Além disso, pode se vangloriar de apresentar traços de inteligência artificial – a verdadeira distinção entre a Robótica básica e a avançada. Não que Aibo seja capaz de raciocinar por conta própria, mas o brinquedo vem programado com um repertório de seis emoções – alegria, tristeza, raiva, surpresa, medo e frustração – que determinam o seu comportamento conforme o tratamento dado pelo dono.
Rumo a Inteligência Artificial
A evolução da robótica não se limita aos autômatos de uso pessoal. Na Medicina, braços mecânicos de precisão submilimétrica já estão auxiliando médicos em operações delicadas. Depois da primeira cirurgia cardíaca por controle remoto – em maio de 1998, no Hospital Broussais, em Paris –, a prática vem se tornando mais e mais freqüente. Em abril de 2000, um robô chamado Otto realizou a primeira cirurgia facial na Universidade Humboldt, em Berlim.
Mais conhecida como fabricante de automóveis e motocicletas, a japonesa Honda surpreendeu o planeta ao revelar, no final de 1996, o fruto de uma década de pesquisas secretas e de 100 milhões de dólares torrados sem previsão de retorno. O produto chamava-se P2, um humanóide que anda, desvia-se de obstáculos e até sobe escadas – sempre com movimentos elegantes e precisos, capazes de envergonhar um humano mais desajeitado e, sobretudo, os outros andróides construídos até então. No ano seguinte surgiu um sucessor em versão mais leve – P3 –, com 130 quilos, 80 a menos que o P2, que arrebatou as manchetes de jornais e virou o robô mais famoso do mundo. Pelo menos a primeira metade do projeto conceitual da máquina experimental – desenvolver mobilidade com inteligência – está realizada em grande estilo. Seu ponto fraco é o alto consumo de energia: em 25 minutos, P3 consome toda sua bateria. Fora isso, o fato de não possuir (ainda) nenhuma aplicação prática não incomoda seus criadores. O robô é hoje uma fantástica peça de hardware à espera de um software tão genial quanto ele.
Robô alemão dirige automóvel com perícia
Com três pernas e quatro mãos, Klaus dá um banho nos motoristas humanos.
Dois rastreadores a laser funcionam como sensores, avaliando distâncias e detectando obstáculos, buracos, margens da estrada e outros veículos.
Um radar atua com os rastreadores. Juntos, alimentam o computador de bordo, identificando as situações enfrentadas e comandando o robô.
Quatro braços, dois para o volante, um para o câmbio e outro para a chave de ignição, guiam o carro.
Três pernas, uma para cada pedal (acelerador, breque e embreagem), comandam o movimento.
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