Medicina – Vacina Contra o Câncer


Um estudo de Harvard mostrou que vacinas projetadas para combater o melanoma (a forma mais letal de câncer de pele) mantêm seus efeitos no sistema imunológico anos após a injeção.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas examinaram oito indivíduos que tiveram seu melanoma removido cirurgicamente, mas ainda enfrentavam alto risco de recorrência. Todos os participantes receberam a vacina experimental chamada NeoVax, e os resultados foram promissores: os pesquisadores descobriram uma resposta imune induzida pela vacina em todos os pacientes que pode “persistir por anos”.
A vacina faz com que o sistema imunológico crie células T antitumorais que são específicas de acordo com cada tumor e paciente. As células T são um tipo importante de glóbulo branco que ajuda o sistema imunológico a desenvolver imunidades duradouras contra doenças inflamatórias e autoimunes.
O trabalho envolveu pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute, do Brigham and Women’s Hospital e do Broad Institute of MIT e da Universidade de Harvard. Para a revista da universidade, The Harvard Gazette, um dos líderes do estudo, Patrick Ott, professor de medicina de Harvard e diretor clínico do Melanoma Disease Center do Dana-Farber, mencionou que a personalização permite chegar a novos antígenos para tumores específicos.
O estudo vem para acompanhar o trabalho inicial publicado há quatro anos na revista científica Nature, onde, pela primeira vez, os pesquisadores testaram esse conceito de vacina personalizada em pacientes com câncer. “Os pacientes tratados no estudo tinham melanoma de alto risco, o que significa que eles tiveram seu melanoma removido cirurgicamente e ficaram livres do tumor. Em seguida, eles receberam as vacinas para evitar uma recorrência. Mostramos segurança, viabilidade e respostas imunes robustas naquele estudo inicial”, contou o pesquisador.

No estudo em questão, a equipe teve dois pacientes com respostas completas. A ideia do estudo atual foi acompanhar esses pacientes. “Queríamos saber se as respostas imunológicas contra os neoantígenos vacinais que vimos inicialmente ainda estavam presentes. E encontramos respostas, vimos a durabilidade dessas respostas das células T, o que foi muito gratificante”, completou o professor.

Para Ott, com ferramentas de alta resolução para dissecar as respostas imunes específicas da vacina, foi possível encontrar mudanças muito parecidas com o esperado após a vacinação: semanas após o tratamento, os genes que são importantes para matar as células tumorais foram regulados positivamente. Eventualmente, após vários meses, eles assumiram um tipo de célula T de memória.

O pesquisador ainda estimou que não deve levar tanto tempo até que os pacientes comecem a usar a vacina. “Pode-se dizer que é um campo em expansão, onde já existem estudos em andamento. Será dentro de poucos anos. Certamente há desafios que precisam ser superados, principalmente reduzindo o tempo e o custo de fabricação, mas também identificando a plataforma de vacina mais adequada para essa abordagem personalizada”.
Outra Vacina
A BNT111 é baseada em mRNA e o medicamento Libtayo (cemiplimabe), produzido pelas empresas Regeneron e Sanofi.

O ensaio clínico terá 120 pacientes com melanoma de Fase III ou IV (ou seja, que seriam casos terminais) para avaliar a eficácia, tolerabilidade e segurança da vacina experimental.

A vacina codifica um conjunto fixo de quatro antígenos específicos do câncer de pele: NY-ESO-1, MAGE-A3, tirosinase e TPTE. De acordo com a empresa alemã, mais de 90% dos melanomas em pacientes têm ao menos um dos quatro antígenos.

Assim como a vacina da covid-19 desenvolvida pela farmacêutica alemã, a vacina experimental contra o câncer usa a tecnologia de mRNA para ensinar o sistema imunológico a combater o câncer. Porém, como o imunizante não pode ser testado em pessoas saudáveis, a BioNTech busca pacientes com melanoma em estágio avançado.

Na Fase I dos ensaios clínicos, os resultados confirmaram “um perfil de segurança favorável em 89 pacientes com melanoma avançado”, como afirma a BioNTech em comunicado.

Agora, o ensaio foi revisado e aprovado por autoridades regulatórias dos países da União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos e Austrália. O primeiro paciente foi administrado na UE.

“Fomos capazes de demonstrar o potencial das vacinas de mRNA no tratamento da covid-19. Não devemos esquecer que o câncer também é uma ameaça à saúde global”, disse Özlem Türeci, cofundador da BioNTech.
A BioNTech planeja iniciar dois programas adicionais em 2021 para a realização de ensaios clínicos de Fase II.

Possível vacina contra o câncer usa células cancerígenas revestidas em sílica


Pesquisadores da Universidade do Novo México apresentaram, em novo estudo, o desenvolvimento do que pode ser, no futuro, uma vacina contra o câncer. O projeto foi desenvolvido através do revestimento das células cancerígenas com sílica, um composto químico, para depois ser injetado no organismo.
Grande parte das pesquisas para uma vacina contra o câncer é baseada no objetivo de estimular o sistema imunológico a ser mais agressivo na hora de enfrentar as células cancerígenas. Porém, o organismo humano não expressa antígenos de tumor de forma universal para o uso em vacinas em qualquer indivíduo. Portanto, o novo projeto visa usar células tumorais autólogas, ou seja, coletadas do mesmo paciente.
Assim, é possível criar vacinas individualizadas policlonais para o combate de determinados tipos de câncer. A partir desse ponto, é feita a silificação criogênica das células usando uma camada muito fina de sílica. Assim, os antígenos ficam protegidos para ficarem disponíveis para uso posterior. Por fim, é feito um revestimento final que ativa as células dendríticas, responsáveis por estimular os antígenos às células T.
Os primeiros testes foram feitos com fêmeas de ratos em laboratório, diagnosticadas com câncer de ovário. Os cientistas descobriram, então, que as células T se tornaram mais agressivas no momento de atacar as células cancerígenas, resultando na erradicação completa dos tumores dos animais.

Medicina – É possível reverter o tamanho da Próstata?


Recentemente, José Serra e Eliseu Padilha, duas das mais influentes figuras do cenário político brasileiro, tiveram que se afastar de seus cargos para cuidar da hiperplasia prostática benigna (HPB). Apesar do nome rebuscado, engana-se quem pensa que esse seja um quadro raro. Metade dos homens com 50 anos apresenta um crescimento da próstata, glândula responsável pela produção do líquido que nutre e transporta os espermatozoides. Desses, 30% precisarão de alguma intervenção médica mais cedo ou mais tarde.
Antes de tudo, vale dizer que a HPB não tem relação com o câncer. Ela é apenas o saldo final de um desbalanço, em que a partir de certa idade o número de células que nascem na região supera a quantidade daquelas que morrem.
Com isso, se expande e ganha terreno. O problema se inicia quando esse inchaço empurra a bexiga, que estoca o xixi, e estrangula a uretra, tubo que escoa o líquido amarelo para fora do corpo.
Se nada for feito, a situação se agrava e o sujeito sofre infecções urinárias, obstruções graves e até perda de função dos rins, dupla que filtra o sangue e retém impurezas do organismo.
A boa notícia é que não faltam tratamentos para evitar que muitas dessas complicações deem as caras.
Inclusive, um novo método cirúrgico minimamente invasivo, desenvolvido por um brasileiro, tem recebido destaque mundial como uma alternativa para encarar a HPB.
A operação consiste em inserir um cateter numa artéria da virilha. Ele transita pelo sistema circulatório até a glândula, onde injeta micropartículas de resina para entupir alguns vasos sanguíneos, provocando uma redução em suas dimensões.
Os benefícios não pararam por aí. “Como o procedimento exige apenas anestesia local, é possível dar alta ao paciente no mesmo dia, sem necessidade de internação”.
Decorridos dez anos dos trabalhos científicos pioneiros, mais de 300 indivíduos foram submetidos ao novo recurso terapêutico, que já está aprovado na Europa e na Coreia do Sul – e agora tabém nos EUA.
No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) permite que a técnica seja realizada como uma segunda via aos tratamentos convencionais.
Apesar da sinalização positiva, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) ainda não reconhece o método como uma saída para quem sofre com a HPB.
A SBU acredita que teremos de esperar cerca de cinco anos antes de tirar conclusões sobre o real papel da embolização.

Outros tratamentos para hiperplasia


Os remédios formam a linha de frente do combate aos estágios iniciais e intermediários da próstata gorda. Duas classes são prescritas: os alfabloqueadores, que promovem o relaxamento da musculatura da glândula, e os inibidores da 5-alfa-reductase, um repressor da testosterona, hormônio que alimenta o crescimento prostático.
Embora bem tolerados na maioria das vezes, algumas pessoas podem experimentar efeitos adversos, como baixas na pressão arterial, tontura, cansaço e queda na libido.
Se os fármacos não dão conta do recado ou a situação está num patamar emergencial, é preciso apelar para o bisturi. A principal cirurgia recebe a alcunha de ressecção transuretral e serve para retirar parte da massa da próstata por meio de radiofrequência ou laser.
Os instrumentos entram pelo pênis e chegam à área obstruída da uretra.Por lá, cavam as paredes e criam um canal largo para restabelecer a passagem da urina.
Agora, se a próstata pesa acima de 100 gramas (o habitual são 30), os experts preferem a cirurgia aberta, com um corte na barriga para facilitar a poda do tecido excedente.
“É importante ressaltar que todas essas técnicas não causam disfunção erétil”, pontua o urologista
A dificuldade de ereção é um desdobramento comum nas operações de câncer de próstata, em que pode ocorrer a lesão de nervos que transmitem os estímulos para deixar o órgão masculino duro.
Mas esses ramos nervosos não são acometidos na HPB. Na contramão, os métodos cirúrgicos que emagrecem a glândula têm como efeito colateral um fenômeno chamado ejaculação retrógrada.
“O orgasmo permanece inalterado, mas o sêmen, em vez de ser expelido, vai parar na bexiga e depois é descartado junto com a urina”, Com alguns exames básicos, como o PSA, o toque retal e o ultrassom, é possível diagnosticar a HPB e lançar mão de medidas para conter seu avanço.