Arquivo Mega – Empresa Itapemirim



Fundada em 4 de julho de 1953, no município de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo por Camilo Cola, a Itapemirim se consolidou por ser uma das viações mais utilizadas por passageiros que viajam pelo Brasil, sobretudo na região do Nordeste.Na década de 1960 a sede administrativa da viação Itapemirim foi transferida para a cidade de São Paulo no Terminal Tietê. Ficando a base de Cachoeiro de Itapemirim como sendo filial e o principal centro de manutenção da frota e treinamento.

Foi pioneira na utilização de ônibus de 3 eixos no Brasil, o que a própria empresa chamaria mais tarde de Tribus. A Itapemirim também se destaca por ter sido uma das primeiras do ramo de transporte no país a equipar seus veículos com tacógrafos.

Atuou em diversas capitais do país tendo também como principais destinos as cidades de Campina Grande, Feira de Santana, Alagoinhas, Campos dos Goytacazes, Niterói, Carangola, Caratinga, São Paulo, além de sua própria cidade de origem Cachoeiro de Itapemirim.
Numa época em que o Brasil de Getúlio Vargas vivia fissurado pelo petróleo por conta da recém descoberta do produto no Estado da Bahia, dando origem posteriormente à Campanha do Petróleo, o empresário capixaba Camilo Cola (já dono da ETA – Empresa de Transporte Autos Ltda.)[4] decide impulsionar seus negócios e funda, em 4 de julho de 1953 a Viação Itapemirim Ltda. Inicialmente, com 70 funcionários e 16 ônibus, a nova empresa era reservada apenas a fazer viagens pelo Espírito Santo, considerando que na época a situação das estradas brasileiras era bastante precária, onde muitos brasileiros ainda estavam acostumados a viajar para outros estados nos chamados paus-de-arara.
No ano de 1954, Camilo Cola vê o seu novo empreendimento crescer bem aos poucos quando a Itapemirim consegue aumentar sua frota para 22 veículos e com a empresa já ganhando condições de fazer viagens interestaduais tendo como seus primeiros destinos algumas cidades do Rio de Janeiro.

Durante toda a década de 50, a empresa cresceu cada vez mais: das simples jardineiras que a Itapemirim oferecia aos seus passageiros, a Viação começou a adquirir seus primeiros novos ônibus da General Motors, todavia, a manutenção e os reparos dos veículos eram feitos exclusivamente na oficina mecânica da empresa, que funcionava num barracão alugado.
Para garantir a expansão da empresa, a Itapemirim começa a oferecer destinos também para a região Norte do estado do Espírito Santo. Posteriormente, a viação começou a oferecer também, outros destinos como Campos dos Goytacazes (RJ), Niterói (RJ) até finalmente atender a então capital federal na época, o Rio de Janeiro. Nessa mesma época, é iniciada a construção de uma oficina de manutenção própria da Itapemirim na cidade natal da empresa.

Já no fim da década, a Itapemirim consegue incorporar um expressivo contingente de ônibus Alfa-Romeo. Dois anos depois, a viação começa a substituir toda a sua frota por novíssimos carros da Mercedes-Benz, tendo como principal vantagem de que os novos modelos da empresa alemã eram entregues já encarroçados, encurtando-se em meses o intervalo entre a compra do chassi e o recebimento do ônibus pronto.
A partir da década de 60, num país ainda carente de infraestrutura em suas rodovias, a Itapemirim começa a atender também as regiões Norte e Nordeste, sendo que nesta última a empresa se consolida de vez no transporte de passageiros, mantendo esse sucesso até a cessão das operações, em 2022.Durante uma viagem aos Estados Unidos nos anos 1960, Camilo Cola conheceu alguns modelos de ônibus que possuíam três eixos e que eram bastante comuns nas linhas rodoviárias estadunidenses, isso acabou por impressionar o patrono da Itapemirim a ponto de querer introduzir esse tipo de modelo em sua empresa. Naquela época nenhuma outra empresa brasileira do ramo de transportes usara o modelo de três eixos e Camilo quis trazer a novidade ao Brasil aproveitando o gigantesco crescimento da Itapemirim.
Com isso, no ano de 1971, a Itapemirim começa a operar seus novos veículos de 3 eixos sob uma forte propaganda, investindo fortemente no conforto dos passageiros.

Também era bastante comum de se ver as chamadas Rodonaves fabricadas pela Mercedes-Benz e encarroçadas pela Ciferal, que também conquistou gosto de seus usuários. A Itapemirim começa a prestar serviços também na cidade de São Paulo. Ainda nesse período, a Itapemirim passa a oferecer linhas que interligavam diretamente a Região Sudeste do Brasil ao Nordeste, consolidando ainda mais a participação da firma no ramo de transportes.[9]

Em 1973, a Itapemirim adquire a Empresa Nossa Senhora da Penha, de Curitiba. Com isso, a empresa de Camilo Cola passou a atuar ativamente também no Sul do país. Pegando carona no chamado milagre econômico brasileiro, as empresas de Camilo Cola (que mais tarde passariam a originar o Grupo Itapemirim) começavam a intensificar suas atividades passando a abranger segmentos de turismo, agropecuária e mineração.

Fundação da Tecnobus
Ônibus da segunda geração do Tribus, lançado no final de 1984. Adentrando na década de 1980 com uma frota de aproximadamente 1500 ônibus, a Itapemirim começar a operar a rota Rio/SP/Rio,[10] paralelo a isso, a empresa lança em 1981 com bastante publicidade a primeira geração do Tribus, baseando-se no pioneirismo dos já citados ônibus de 3 eixos lançados na década anterior. A viação aproveitara um período de grande euforia econômica no país, embalado pelo fim do Regime Militar, no qual os transportes rodoviários cresciam a índices altíssimos.
Em 1999, o serviço foi reforçado com aquisições de veículos da marca Busscar e de alguns exemplares do Tribus 4 (lançado em 1997) equipados com ar condicionado. O serviço convencional também foi reforçado pelo modelo Tribus 4 sem ar.

Nessa época, Camilo Cola, também já sendo proprietário de outras empresas, decide incorporar a viação ao Grupo Itapemirim, englobando-se a mais 30 empresas do empresário a qual empregavam quase 20 mil pessoas na época.

No ano de 1998, a empresa lança o Golden Service, que oferece o conforto de um ônibus leito por uma tarifa econômica de um executivo. Os primeiros carros que estreariam o novo serviço eram inicialmente do modelo Tribus 4 fabricado pela empresa equipados com ar condicionado e depois vieram os carros da marca Busscar. No ano seguinte, o serviço leito Rodonave também foi reforçado com aquisições de veículos da marca Busscar na configuração leito. Ainda na época, a Itapemirim apresenta o Cinebus, o primeiro ônibus a possuir um telão a bordo, para exibição de dois filmes durante as viagens.
Nos anos 2000, a Viação Itapemirim consegue manter um ritmo considerado de crescimento se mantendo firme no mercado de transportes no Brasil. Contudo, a concorrência cresce, com destaque para sua maior rival Gontijo que em 2003, adquire a São Geraldo. A empresa passaria a enfrentar diversas outras dificuldades na segunda metade da década. Apesar disso, a empresa inicia aquisições de veículos da marca Marcopolo modelo Paraíso 1200 G6 com e sem ar condicionado sendo vários com chassis reencarroçado.

Em 2008, morre a esposa de Camilo Cola, Inês Massad Cola, originando uma disputa judicial entre alguns herdeiros.
Nessa mesma época, a empresa já acumulava uma dívida de 200 milhões de reais e amargava uma considerável queda nas vendas de suas passagens entre os anos de 2005 e 2006. Com a crise, a empresa não consegue adquirir novos ônibus, chegando a operar veículos com mais de 10 anos de uso na maioria de suas linhas.
Ainda em 2008, a empresa, sob um empréstimo de US$ 33 milhões do BNDES, constrói dois terminais de cargas nas cidades de São Paulo e no Rio, contudo a empresa vê o negócio ir mal quando a demanda cai para muito abaixo do esperado. Buscando se reestruturar, a Itapemirim vende uma garagem em Brasília por R$ 25 milhões. Posteriormente a empresa também decidiu vender mais dois terminais de cargas em São Paulo e no Rio de Janeiro por R$ 72 milhões e ainda se desfez da Empresa Nossa Senhora da Penha, que era pertencente a Camilo Cola desde 1973.
No ano de 2015, o grupo decide vender 40% de sua frota de veículos e transfere diversas linhas para a Viação Kaissara. Com isso, a Itapemirim passa a operar 50 linhas que equivalem a 43% da fatia de mercado em que atuava antes da venda. Na época, o diretor de operações da empresa, Marcos Poltronieri, negou que a empresa estivesse em um eventual “processo de falência”.
No fim de 2017, a empresa que locava os ônibus pra Itapemirim e Kaissara em ação judicial de reintegração de posse, recolheu grande parte da frota da empresa alegando falta de pagamento do aluguel e com isso acabou recorrendo a veículos de outras empresas para suprir a demanda das festas de fim de ano. No começo de 2018, 5 veículos da frota da empresa foram apreendidos em fiscalizações da PRF por estarem com as documentações vencidas e com isso reativando alguns modelos antigos como os Vissta Buss 1999 para suprir a demanda. Em março, mais 5 veículos foram apreendidos pelo mesmo motivo.
Em 19 de abril de 2022, a Justiça bloqueou bens de Sidnei Piva de Jesus, da esposa dele e de outras pessoas, além de empresas do grupo. A decisão também questiona a venda da ITA Transportes Aéreos a uma empresa de consultoria por simbólicos R$ 30 milhões. A empresa que a adquiriu, possui um capital social declarado de apenas R$ 100 mil. Um prazo de 48 horas foi expedido para que o grupo apresente um aditivo, caso contrário, a empresa pode falir por decisão judicial.
Em 20 de abril de 2022, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) suspendeu de forma cautelar todas as linhas que pertencem a empresa até que seja cadastrada frota compatível com as linhas a serem reativadas, num prazo de 30 dias. A decisão foi baseada na inadequação da frota, e de seu envelhecimento. Muitos dos veículos que a empresa tinha foram sucateados, vendidos ou devolvidos as empresas de leasing.