Ciência Impessoal – A fórmula química do amor


Tudo não passa de impulsos guiados por uma série de hormônios – dopamina, testosterona, ocitocina… Entenda como essas substâncias fazem você perder a cabeça.

Helen Fisher afixou no quadro de avisos para alunos de psicologia da Universidade do Estado de Nova York. Desde 1996, ela já pesquisava como o amor funcionava em 166 culturas, e seus estudos concluíram que o mecanismo que amarra os amantes é universal.

Inúmeros voluntários entraram em contato. Depois de entrevistas detalhadas, Fisher selecionou 20 homens e mulheres que estavam profundamente apaixonados e felizes. Para entender o que acontecia, ela comparou imagens por ressonância magnética de quando viam a fotografia do amado com as de quando olhavam a de um conhecido qualquer. Duas área do cérebro chamaram a atenção: a área tegmentar ventral (VTA, na sigla em inglês) e o núcleo caudado.

circuitos cerebrais responsáveis pela excitação e pelo prazer. Toda vez que nos sentimos satisfeitos, quem de fato se satisfaz é esse circuito, seja ao usar drogas, ao fazer sexo, ao gastar horas em  jogos de azar ou ao encontrar a pessoa amada. Se esse sistema estiver em baixa, buscaremos algum estímulo que o ative novamente para receber uma injeção de ânimo.

Quanto mais apaixonado o voluntário, maior a ativação do núcleo caudado ao ver a foto do objeto do seu amor. Mas a responsável por essa ativação é a VTA.

É ela que armazena em vesículas o neurotransmissor dopamina, a “molécula do prazer”, e o distribui por meio de seus axônios para diversos alvos no cérebro (como o próprio núcleo caudado), estimulando-os.

A principal descoberta foi a de que foi a de que o amor romântico não é uma emoção, mas sim um impulso. Emoções vêm e vão e se focam em diferentes objetos; já impulsos precisam ser resolvidos e se focam em um único objeto. Além disso, impulsos são associados a altos níveis de dopamina. Eles orientam nosso comportamento para atingir uma necessidade biológica, como a sede para procurar água, a sensação de frio para buscar calor, a fome para comida, o tesão para parceiros sexuais, e o instinto maternal para cuidar de nossos filhos. Tudo é química, apesar do instinto masculino de buscar o maior número de parceiras sexuais e do instinto feminino de buscar o homem com os melhores genes. 

Fisher acredita que o tesão também tem uma receita química: a testosterona, hormônio presente em homens e mulheres, mas com concentração maior nos homens, homens e mulheres com maiores níveis desse hormônio no sangue tendem a fazer mais sexo.

E não é só isso: atletas que aplicam testosterona também têm mais pensamentos sexuais e mais ereções; mulheres sentem mais desejo sexual na ovulação, quando seu nível de testosterona é mais alto, e  e homens têm seu pico de libido no início dos 20 anos, quando têm mais desse hormônio. Já a maioria das mulheres de meia-idade não sente queda do desejo, uma vez que a baixa do estrogênio com a menopausa tende a aumentar os níveis de testosterona.

Mas vamos com calma. Hormônios não controlam nosso comportamento sexual da mesma forma como fazem com o de ratos.  Em nós, os hormônios influenciam o tesão, mas quem controla tudo isso é a nossa mente. O amor nos faz sentir prazer. E isso basta para que nos viciemos nele.