Brasileiros conseguem reverter dois terços das metástases colorretais no fígado


MEDICINA simbolo

E levam técnica a consenso internacional nos Estados Unidos
Grupo de oncologistas do Hospital A.C.Camargo liderado pelo cirurgião Felipe Coimbra alcançou a cura de duas em cada três metástases de fígado (66,2% de sobrevida em cinco anos) utilizando a hepatectomia em dois tempos. Pouco utilizada mesmo nos principais centros oncológicos norte-americanos e europeus, a técnica é aplicada desde os anos 90 no hospital brasileiro visando a reversão da metástase de fígado originária de tumor colorretal, a mais frequente (cerca de 60%). No dia 18 de janeiro, em São Francisco, EUA, um consenso internacional reuniu especialistas do mundo todo e definiu novas abordagens terapêuticas na área. Diretor da Cirurgia Abdominal do A.C.Camargo, Coimbra foi o único médico sulamericano convidado.
Um grupo de médicos e cientistas brasileiros alcançou um resultado inédito na reversão de metástase de fígado originária de tumor colorretal e apresentou a técnica no dia 18 de janeiro, em São Francisco, Estados Unidos, em reunião de especialistas internacionais para a definição de novas terapêuticas na área. O evento, promovido pela SSC – Society of Surgical Oncology e AHPBA – American Hepato-Pancreato-Biliary Association, determinou um novo consenso mundial em abordagens terapêuticas para as metástases de câncer de intestino, terceiro tipo de câncer mais comum no Ocidente.
Pesquisas publicadas nas duas últimas décadas por pesquisadores de centros oncológicos como a Mayo Clinic, Memorial Sloan-Kettering e Pittsburgh Medical Center apontavam para índices de sobrevida em cinco inferiores a 36% para casos de câncer de intestino com metástase no fígado. Os estudos que resultaram na sobrevida de 66,2% em cinco anos, alcançados pela equipe de Cirurgia Abdominal do A.C.Camargo, acompanharam 240 pacientes tratados a partir de 1999, superando o melhor resultado mundial, de 58%, registrado em 2005 no M.D.Anserson por Pawlik et al, instituição que organiza o evento. Único sulamericano convidado para a conferência, o cirurgião oncológico Felipe Coimbra, diretor da área no A.C.Camargo, liderou o grupo brasileiro.
Seis entre dez casos de tumores que geram metástase hepática são originados no intestino. Os demais casos que se espalham para o fígado tiveram como ponto inicial os tecidos tumorais em órgãos como estômago, pâncreas, colo do útero, rim, melanoma e tumores neuroendócrinos. Segundo as estimativas 2012/2013 do INCA o câncer colorretal é o quarto tipo de tumor mais frequente no país, excetuando-se pele não-melanoma, com 30 mil novos casos anuais.

9421- Medicina – Oncologia – A Metástase


O nome vem do grego metastatis – mudanças de lugar, transferência – é a formação de uma nova lesão tumoral a partir de outra, mas sem continuidade entre as duas. Isto implica que as células neoplásicas se desprendem do tumor primário, caminhando através do interstício – ganham assim uma via de disseminação – sendo levadas para um local distante onde formam uma nova colônia neoplásica.
Em cada um destes passos, as células malignas têm de superar os sistemas de controle do organismo que mantêm as células nos seus sítios primitivos. Metástases só se formam em tumores malignos; contudo, nem todos os cancros originam metástases, mesmo os que são localmente invasivos, como o carcinoma basocelular. Metástases são o selo definitivo de malignidade (por definição, neoplasias benignas não originam metástase), sendo um sinal de mau prognóstico. Em muitos pacientes, a primeira manifestação clínica de um cancro está relacionada com suas metástases.
Quando as células cancerosas se disseminam pela corrente sanguínea e formam colônias em outros locais, as colônias são chamadas metástases. Esta condição agrava muito a situação da doença e dificulta o processo de cura. Apenas 1 em cada 1.000 células que se desprendam do tumor primário poderá formar metástase, isso porque elas precisam de habilidades específicas para transpor as barreiras celulares e se disseminar. É comum acontecer das células se “encalharem” em algum gânglio e ali originar um novo tumor.
Um tumor maligno é formado por milhares de células. Algumas delas podem desprender-se do tumor de origem e alojar-se em outras partes do organismo, formando uma ou mais metástases, também conhecidas como tumores secundários. Dessa forma, tão importante quanto saber os locais e o número das metástases, é saber qual o tumor que deu origem a elas, quais os tratamentos que já foram realizados e se elas apareceram durante ou após o tratamento.
Não importa onde as metástases tenham sido diagnosticadas, elas ainda assim são frutos do tumor primário, ou seja, a mesma doença.
Imagine um passarinho pegando uma semente de laranja junto a uma laranjeira.
Se um pé de laranja germinar em um pomar de maçãs, ainda assim ele será uma laranjeira e não uma macieira.
A metástase óssea não deve ser confundida com um tumor ósseo primário, ou seja, com um tumor de células do tecido ósseo, que se origina no osso.
Sendo assim, o tratamento do câncer secundário (ou metástase) depende do diagnóstico do câncer primário, pois o tipo de célula que está formando um tumor no osso não é célula óssea, mas sim, do órgão de origem.
Alguns tipos de câncer, como o de mama, próstata, pulmão, fígado e tiróide, tendem a desenvolver metástase em tecidos ósseos.
Em princípio, a metástase óssea pode afetar qualquer osso do organismo, mas ela costuma ocorrer, mais freqüentemente, na espinha dorsal, costelas, bacia, fêmur e ossos longos.

O que pode causar metástases ósseas?
Com a evolução da doença neoplásica (câncer) a população de células tumorais aumenta e pode tornar-se mais agressiva, invadindo os vasos sanguíneos e ganhando acesso ao sistema circulatório, espalhando-se pelo corpo.
Paralelamente a isso, para crescer, uma população de células tumorais precisa desenvolver meios para sobreviver, o que significa obter oxigênio e nutrientes do hospedeiro (o paciente).
Só podem crescer as populações celulares que conseguem desenvolver vasos sangüíneos (angiogênese). E esse desenvolvimento também traz os vasos sanguíneos para mais perto das células tumorais, facilitando sua invasão.
Mas não basta a célula entrar no vaso sanguíneo, é preciso que ela sobreviva na corrente sanguínea e que consiga sair dela e alojar-se em um outro órgão, onde ela encontre as mesmas condições de crescimento e proliferação. Até que tudo se repita e novas células invadam outros vasos e desenvolvam novas metástases.
Sinais e sintomas mais freqüentes
Dor na área da lesão é o sintoma mais comum. Geralmente é persistente e piora com o esforço físico.

Em alguns casos, percebe-se um inchaço na região afetada. Quando o osso está muito enfraquecido, fica sujeito a fraturas patológicas, ou seja, pode quebrar-se sem que tenha ocorrido um motivo aparente, como uma queda, por exemplo.
Quando a metástase atinge a coluna vertebral, ela pode comprimir alguns nervos, provocando dor, enfraquecimento muscular e, em alguns casos, dormência nos braços e/ou pernas.

Como é feito o diagnóstico
Caso haja suspeita de metástases ósseas, o médico irá solicitar uma cintilografia óssea (um exame feito com a aplicação de um contraste radioativo), exames de sangue, bem como radiografias, tomografia ou ressonância nuclear magnética, que possam confirmar ou não a suspeita. Em alguns casos, é preciso, ainda, fazer uma biópsia, que poderá ser realizada de duas maneiras:

Biópsia por punção – uma amostra do tecido ósseo é retirada através de uma agulha, para ser examinada pelo patologista. Este procedimento não costuma demorar muito e, geralmente, é feito sob anestesia local, em ambulatório, sem que haja necessidade de internação. Você poderá sentir um certo desconforto no local, por alguns dias; caso isso aconteça, o médico irá prescrever-lhe algum analgésico.

Biópsia cirúrgica – uma pequena parte do osso é retirada enquanto o paciente está sob efeito de anestesia (que pode ser geral, peridural, raquimedular ou bloqueio plexular). Você ficará internado no hospital por um ou dois dias, mas o resultado do exame costuma demorar de três dias a uma semana para ficar pronto porque é necessário descalcificar o osso antes da análise.
Este período de espera costuma ser muito estressante e parece longo demais. Nesses momentos, o apoio de amigos e familiares pode ser de grande valia para ajudar o tempo a passar.

Tratamentos
O tratamento das metástases ósseas deve ser incorporado a um plano geral de tratamento da doença primária, que deu origem a elas. O objetivo mais imediato é aliviar os sintomas dolorosos e minimizar os riscos de complicações (fraturas), proporcionando-lhe conforto e qualidade de vida.

Radioterapia – A radiação é muito eficaz para amenizar as dores provocadas pelo câncer secundário, ao mesmo tempo em que destrói as células do câncer no local que está sendo tratado. Como a locomoção dos pacientes com metástases ósseas é dificultosa e incômoda, a radioterapia será feita numa série de aplicações (terapia fracionada) administradas no menor intervalo de dias possível.

Radioisótopos – Outra possibilidade de tratamento é injetar na corrente sangüínea material radioativo semelhante ao utilizado na cintilografia óssea (mapeamento ósseo), só que com uma energia de radiação maior do que a utilizada para o diagnóstico.
Esse método permite que o material “grude” no osso, fazendo uma radioterapia “de contado”, também conhecida como radioterapia metabólica.

Metástases originadas por câncer de mama ou de próstata costumam ser tratadas com injeção de estrôncio-89 ou samário-153; metástases de câncer de tireóide, com iodo-131.

A vantagem deste tipo de terapia é que todos os ossos do corpo que possam estar doentes recebem tratamento, pois o radioisótopo entra na corrente sangüínea, fixa-se nos locais afetados dos ossos e libera doses de radiação para todas as áreas atingidas.
No caso do estrôncio-89 e do samário-153, uma única injeção é aplicada na veia. O alívio da dor leva de 10 a 20 dias para ocorrer e seu efeito costuma prolongar-se por 3 a 6 meses.
O convívio com outras pessoas, inclusive crianças, é permitido, já que as doses de radiação emitidas são baixas, não representando perigo de contaminação.

O tratamento com iodo-131 é, geralmente, administrado em cápsulas e seu efeito radioativo pode levar de dois dias a duas semanas para desaparecer por completo. Por esta razão, o paciente deve ficar hospitalizado durante este período. As visitas ficam limitadas a um curto espaço de tempo e são proibidas para gestantes e crianças. Após este intervalo, a convivência com os outros fica liberada, sem qualquer restrição.
Hormonioterapia – algumas características das mulheres, como crescimento das mamas e acúmulo de gordura nos quadris, são determinadas pela presença dos hormônios sexuais femininos, enquanto no homem, o crescimento dos pelos e a maior massa muscular devem-se aos hormônios masculinos. Os hormônios sexuais influenciam o crescimento de alguns tumores malignos, como câncer de mama, endométrio e próstata.

Pelo alto grau de dependência que estes tumores costumam manter em relação aos hormônios, o bloqueio à ação hormonal permite inibir seu crescimento. Desta forma, a hormonioterapia tem como finalidade impedir que as células do tumor secundário continuem a receber o hormônio que estimula o seu desenvolvimento. Esse tratamento pode incluir o uso de drogas que modificam a forma de atuar dos hormônios.
Quimioterapia – é a utilização de medicamentos específicos para o tratamento de tumores, com o objetivo de destruir células cancerosas.

A aplicação da quimioterapia pode ser feita durante uma internação, em ambulatório hospitalar, no consultório do médico ou em casa. A escolha caberá a seu médico, dependendo dos medicamentos a serem usados.
A administração dos quimioterápicos pode ser:
via oral, em forma de comprimidos ou cápsulas;
através de injeções no músculo, subcutâneas (sob a pele) ou intravenosas (na veia);

através de cateteres.
Cirurgia – quando a metástase enfraquece os ossos das pernas ou dos braços a ponto de haver perigo de fratura, pode-se reforçá-los com pinos de aço, o que é feito por meio de cirurgia. Nem todos os ossos são passíveis de serem operados, devido a fatores como localização da metástase, estágio da doença ou estado geral do paciente.

Bisfosfonatos – As células cancerosas que se instalam no osso produzem substâncias que desequilibram a estrutura óssea, provocando descalficicação do osso ao redor da lesão. Bisfosfonatos são drogas que restringem a ação destas substâncias reduzindo, assim, a destruição do tecido ósseo. Em forma de comprimidos ou injetáveis, a medicação reduz o risco de fraturas, alivia da dor, além de diminuir o nível de cálcio no sangue.

O que é hipercalcemia?
Um osso com metástase pode sofrer perda de cálcio, que acaba entrando na corrente sangüínea, causando um excesso de cálcio em circulação sangüínea, chamado de hipercalcemia. Isto costuma provocar sintomas como cansaço, náusea, sede e confusão mental. Geralmente, a hipercalcemia é detectada através de exame de sangue, antes mesmo que alguns destes sintomas se manifestem.

O cálcio é um íon que está envolvido na contração muscular, inclusive do miocárdio (o músculo que forma o coração). Níveis muito elevados de cálcio no sangue podem vir a ser fatais, por isso a correção da hipercalcemia é uma URGÊNCIA. Quando o exame aponta para um nível alto de cálcio no sangue, internação no hospital por alguns dias, é recomendada, para receber medicação intravenosa, que estimulará os rins a liberarem o excesso de cálcio pela urina. Recomenda-se, também, beber muito líquido para acelerar o processo.

Dor
Felizmente, existe uma vasta gama de analgésicos disponíveis no mercado para os mais diferentes graus e tipos de dor. Portanto, você não precisa suportá-la. Seu médico tem condições de lhe receitar analgésicos leves, moderados ou potentes, sempre levando em consideração a intensidade da dor e a sua sensibilidade pessoal.