5804 – Gen(ética) – Cientistas obtêm células-tronco de embrião humano clonado


Pesquisadores afirmam em pesquisa publicada na revista “Cell” que conseguiram obter células-tronco de embriões humanos clonados, um objetivo há muito perseguido pelos cientistas e que pode levar a tratamentos contra parkinson e diabetes.

As células-tronco podem se transformar em qualquer célula do corpo, por isso os cientistas tentar criar, a partir delas, tecidos para tratar doenças. Um transplante de tecido pancreático poderia ser usado contra o diabetes, por exemplo.
Mas os transplantes trazem o risco de rejeição, então tem se tentado criar tecido de células-tronco que tenham o DNA do próprio paciente, por meio do chamado clone terapêutico.
Se o DNA de um paciente for colocado em um óvulo humano que se torne um embrião, as células-tronco desse embrião serão compatíveis geneticamente ao doente. Em teoria, tecidos criados a partir deles não seriam rejeitados pelo paciente.
O problema é que o embrião é destruído, o que levanta questões éticas.
Há mais de uma década se tenta fazer isso. Em 2004, um cientista sul-coreano afirmou ter conseguido, mas a pesquisa dele, descobriu-se depois, era uma fraude.
Na edição desta quarta da revista “Cell”, cientistas do Estado do Oregon, nos EUA, afirmam ter cultivado células-tronco de seis embriões criados a partir de óvulos doados. Dois embriões receberam DNA de células da pele de uma criança com um problema genético e outras receberam DNA de células fetais de pele.
Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Ciência e Saúde do Oregon, líder do estudo, afirma que o sucesso não veio de uma única inovação técnica mas da revisão de vários passos do processo. Ele levou seis anos para ter sucesso após ter conseguido resultados semelhantes em embriões de macacos.
Com base nesse trabalho com macacos, o pesquisador afirma que os embriões feitos com a técnica não podem se transformar em bebês clonados e que ele não tem interesse em fazer isso.
Cientistas já clonaram mais uma dúzia de mamíferos, começando pela ovelha Dolly.
George Daley, especialista em células-tronco do Hospital Infantil de Boston, que não participou do estudo, afirmou que os resultados são um marco em uma longa jornada até a criação de tecidos para transplante totalmente compatíveis.
Agora, disse ele, os cientistas precisam comparar a técnica de clonagem com outra tecnologia que reprograma células da pele e do sangue para criar substitutos às células-tronco embrionárias. Essa reprogramação é mais simples e não envolve embriões nem requer óvulos doados e foi aclamada quando publicada em 2007. Seu criador recebeu um Prêmio Nobel no ano passado.
O problema é que essas células substitutas apresentam diferenças moleculares em comparação com as de embrião, o que leva a questões sobre se podem ser usadas com segurança nos pacientes.
Para Daley, os cientistas vão preferir usar a reprogramação celular a não ser que se prove sem sombra de dúvida que a clonagem produz células melhores para os tratamentos.
Mitalipov afirma que sua técnica teria uma vantagem para tratar pacientes com certas doenças raras causadas por mutações em genes mitocondriais.
Religiosos americanos já afirmaram que o trabalho não é ético.

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